Línguas Africanas

Feira Gastronômica dos Imigrantes – 4ª Edição

Fonte: Divulgação

A 4ª edição da querida Feira Gastronômica dos Imigrantes chega em setembro! O sol com friozinho promete pra esse dia ser mais lindo ainda! Será mais um encontro de pessoas e culturas onde celebraremos os trânsitos humanos e continuaremos lutando para que sejam livres.

Esta Feira é uma cocriação entre imigrantes e brasileiros que buscam a integração ao proporcionar um espaço tão multicultural. Quando falamos em integração social e troca entre culturas, pensamos que o alimento possilita a melhor maneira de conhecer um pouco mais sobre o outro.

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Há um novo mapa da história das línguas bantas (e Angola é importante)

Já não é novidade que os povos bantos percorreram muitos quilómetros ao longo dos tempos. Agora há novos pormenores sobre as suas migrações contadas num artigo na revista Science.

Bantos numa estrada do Gabão LUC-HENRI FAGE

Bantos numa estrada do Gabão LUC-HENRI FAGE

As línguas bantas estão bem presentes no continente africano: cerca de 310 milhões de africanos, a maioria em países da África subsariana, falam estas línguas. Mas se chegaram tão longe é porque há uma história da sua expansão. Um grupo internacional de cientistas, com três portuguesas, quis perceber que caminho percorreram mesmo as línguas bantas há cerca de quatro mil anos para cá. Para isso, seguiram-lhes o rasto através da genética e publicaram o “roteiro” na revista Science. E Angola foi um cenário decisivo neste novo mapa.

As línguas bantas fazem parte da família linguística nigero-congolesa e formam um grupo com mais de 500 línguas. Para tal, tiveram de fazer uma viagem muito longa. A grande jornada das línguas bantas pelo mundo iniciou-se há cerca de quatro mil anos. Nessa altura, os seus falantes viviam na zona ocidental de África, que hoje corresponde à fronteira entre a Nigéria e os Camarões. Depois começaram a espalhar-se para sul, para territórios abaixo da linha do equador.

Quanto aos motivos desta expansão, não são claros: “Não se sabe porquê”, começa por nos dizer Luísa Pereira, geneticista do Instituto de Investigação em Saúde (i3S), da Universidade do Porto e uma das autoras do artigo, que em Portugal também contou com Joana Pereira e Verónica Fernandes, ambas do i3S, e tem como principal autor, Etienne Patin, do Instituto Pasteur, em Paris. “Tinham a vantagem de ser povos agrícolas e ter o domínio da tecnologia do ferro. Está provavelmente relacionado também com o aumento populacional e de novas famílias que precisavam de novos terrenos”, explica.

Mapa com as migrações dos bantos através de África e do seu tráfico para os Estados Unidos PATIN ET.AL. SCIENCE/ETIENNE PATIN/INSTITUTO PASTEUR

Mapa com as migrações dos bantos através de África e do seu tráfico para os Estados Unidos PATIN ET.AL. SCIENCE/ETIENNE PATIN/INSTITUTO PASTEUR

Avançando mais de dois mil anos: os falantes de línguas bantas migraram então para sul, pelo Gabão até Angola. E como se chegou a estes resultados? “Com recursos às técnicas mais avançadas da genética de populações, os investigadores rastrearam marcas específicas que foram deixadas pelas misturas ocorridas com as populações autóctones durante a migração”, refere um comunicado do i3S, acrescentando que essas marcas podem ser analisadas nas populações actuais. Ao todo, a equipa investigou 2055 indivíduos de 57 populações. De alguns desses indivíduos já tinha dados genéticos e obteve ainda dados genéticos novos de 1318 indivíduos relativos a 35 populações.

Os cientistas observaram então que os falantes de línguas bantas do Leste e do Sul de África tinham mais semelhanças genéticas com as populações de Angola do que entre si, ou com a sua população mais originária, mais a norte (entre a Nigéria e os Camarões). E foi aí que perceberam que os bantos migraram primeiro para sul, através do Gabão até Angola, e que aí ocorreu uma divisão populacional há dois mil anos, com duas ondas migratórias: uma para sul através da costa Oeste, até à África do Sul; e outra para leste para a zona dos grandes lagos, seguindo depois para sul, através da costa Leste, chegando a Moçambique e, por fim, também à África do Sul.

“É esta a novidade do artigo: houve uma separação mais tardia e chegaram a Angola”, refere Luísa Pereira. Este estudo veio confirmar que essa divisão entre as populações bantas não tinha acontecido logo na sua expansão inicial há quatro mil anos.

“Das migrações mais importantes”

A viagem dos falantes de línguas bantas passou ainda para o outro lado do oceano durante o período da escravatura. “Deram assim material genético aos afro-americanos, o que resultou da mistura de várias populações de África [tanto de não bantos como de bantos]”, explica Luísa Pereira, acrescentando que não há dados genéticos disponíveis para o Brasil.

Os afro-americanos do Norte dos Estados Unidos têm 73% de ancestralidade africana e os dos estados do Sul têm 78%, de acordo com o comunicado. Desta ancestralidade africana nos EUA, 13% veio dos actuais Senegal ou Gâmbia (não bantos), 7% da Costa do Marfim e Gana (não bantos), 50% da região à volta do Benim (não bantos) e até 30% da costa ocidental da África Central (bantos), sobretudo de Angola. “Estes dados genéticos são surpreendentemente consistentes com os registos históricos sobre o transporte de escravos”, refere ainda o comunicado.

Ministro da Educação timorense quer política nacional de uso de línguas oficiais

O ministro da Educação timorense defendeu hoje a aprovação de uma política do uso das línguas oficiais nos vários níveis de ensino, acompanhada de medidas para o uso das línguas oficiais em todos os órgãos do Estado.

2017.05.25

Sem apontar qualquer preferência entre português e tétum, as duas línguas oficiais do país, António da Conceição considerou esta decisão crucial para ultrapassar os grandes desafios que a questão linguística tem colocado a todo o sistema educativo timorense.

Numa intervenção no 3º Congresso Nacional da Educação, que decorre até quarta-feira em Díli, Conceição disse que se deve “elaborar e aprovar uma política do uso das Línguas Oficiais em cada um dos níveis do sistema de ensino”.

“Essa política, caso seja entendida como uma boa opção, teria de ser desenhada de forma a se enquadrar no âmbito de uma política nacional para o uso das línguas oficiais em todos os órgãos do Estado”, disse.

O uso das línguas oficiais no sistema de ensino tem sido um dos temas de maior debate político em Timor-Leste, com o Governo a testar, ao longo dos anos, vários modelos nenhum dos quais mostrou ainda ser suficientemente eficaz.

Críticos da política linguística questionaram a falta de um consenso e a definição de uma política geral clara, a falta de recursos para a implementação adequada das duas línguas oficiais, deficiente formação de professores e outros desafios.

“O Ministério da Educação, desde a restauração da independência, desenvolveu e implementou diferentes estratégias e metodologias para esta matéria, não se registando, no entanto, uma concordância e uma aceitação por todos os agentes educativos”, disse.

“Esta questão tem condicionado o processo de implementação das diferentes estratégias e a consequente concretização dos resultados ambicionados por toda a comunidade educativa”, considerou.

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Ministro da Educação timorense quer política nacional de uso de línguas oficiais

O ministro da Educação timorense defendeu hoje a aprovação de uma política do uso das línguas oficiais nos vários níveis de ensino, acompanhada de medidas para o uso das línguas oficiais em todos os órgãos do Estado.

Sem apontar qualquer preferência entre português e tétum, as duas línguas oficiais do país, António da Conceição considerou esta decisão crucial para ultrapassar os grandes desafios que a questão linguística tem colocado a todo o sistema educativo timorense.

Numa intervenção no 3º Congresso Nacional da Educação, que decorre até quarta-feira em Díli, Conceição disse que se deve “elaborar e aprovar uma política do uso das Línguas Oficiais em cada um dos níveis do sistema de ensino”.

“Essa política, caso seja entendida como uma boa opção, teria de ser desenhada de forma a se enquadrar no âmbito de uma política nacional para o uso das línguas oficiais em todos os órgãos do Estado”, disse.

O uso das línguas oficiais no sistema de ensino tem sido um dos temas de maior debate político em Timor-Leste, com o Governo a testar, ao longo dos anos, vários modelos nenhum dos quais mostrou ainda ser suficientemente eficaz.

Críticos da política linguística questionaram a falta de um consenso e a definição de uma política geral clara, a falta de recursos para a implementação adequada das duas línguas oficiais, deficiente formação de professores e outros desafios.

“O Ministério da Educação, desde a restauração da independência, desenvolveu e implementou diferentes estratégias e metodologias para esta matéria, não se registando, no entanto, uma concordância e uma aceitação por todos os agentes educativos”, disse.

“Esta questão tem condicionado o processo de implementação das diferentes estratégias e a consequente concretização dos resultados ambicionados por toda a comunidade educativa”, considerou.

Para Conceição, “as línguas oficias no sistema educativo devem ser entendidas enquanto meios, instrumentos e recursos para um único fim, ou seja, o acesso a uma educação de qualidade por todos os cidadãos”.

As recomendações do ministro foram feitas tendo em conta um diagnóstico detalhado ao setor educativo timorense e que avaliou seis áreas chave de todo o sistema, desde currículos, a infraestruturas escolares, formação de professores a envolvimento dos pais, entre outros assuntos.

António da Conceição recordou aos participantes que o diagnóstico do setor educativo foi realizado apenas por funcionários timorenses permanentes do Ministério (ou seja, sem apoio de assessores externos), num sinal da crescente capacitação dos quadros locais.

Entre outros aspetos, o diagnóstico reconheceu a falta de “consistência e coerência no que se refere aos conteúdos e metodologias dos diferentes níveis de ensino” e as dificuldades de implementação do currículo, entre outros desafios.

O ministro defendeu ainda a criação de um Conselho Nacional da Educação (CNE), que funcione como órgão autónomo do Ministério para responder “à necessidade de garantir a coerência e consistência dos conteúdos e metodologias curriculares”.

Esta estrutura deve ser “composta por reconhecidos pedagogos, académicos e peritos nacionais, nomeados pelo Conselho de Ministros, que possam promover a criação de consensos técnicos, científicos e pedagógicos”, disse.

Dentro do CNE deve ser criada uma Comissão Científica Especializada para avaliar a adequação dos currículos nacionais, incluindo nas áreas de História e Geografia, “essenciais para fortalecer os traços diferenciadores da identidade” timorense.

O ministro quer ainda a definição de uma política que regule a atribuição de materiais didáticos em cada nível de ensino, de acordo com as exigências curriculares, permitindo ‘desafiar’ o princípio da gratuitidade no ensino “através da participação dos pais e encarregados de educação”.

Fonte: DN

Gociante Patissa: Em Angola línguas nacionais tem um “status” secundário

Política linguística deve ser revista para dar um estatuto as outras línguas nacionais, reivindica escritor e linguista Gociante Patissa. Para ele, promoveu-se o português e descurou-se das outras, promovendo a exclusão.

Fonte: DW

Fonte: DW

Autor de vários livros, entre poesia, crónicas e contos, preocupa-se também com a valorização das línguas angolanas. E dá especial atenção ao umbundo, sua língua materna. A língua oficial em Angola é o português, adotada como tal a partir da independência, em 1975. Entretanto, a seu ver, desde então as outras línguas foram sendo marginalizadas. A DW África conversou com Gociante Patissa sobre o assunto.

DW África: É linguista e o seu primeiro prémio deveu-se ao seu empenho na divulgação do Umbundo. Alia sempre a sua formação às suas obras?

Gociante Patissa (GP): É inevitável por um lado. Por outro lado, sou um ser insatisfeito em relação à questão da política linguística em Angola. Penso que criamos um monstro chamado língua portuguesa e descuramos do resto. E às vezes compreendo, penso que houve uma necessidade  ao longo dessas décadas de conseguir um equilíbrio enquanto nação, fazendo desse conjunto de nações uma só, já que por detrás da língua há outros fatores. Mas é altura de repensarmos, há pessoas que vão nascer, crescer  e morrer sem lhes fazer falta a língua portuguesa. Então, uso as técnicas científicas para ao meu nível promover a minha língua, o que é difícil porque temos ainda o problema da dualidade de grafias. Não entendo porque uma língua tem de ter duas grafias diferentes, vamos falar da colonização e da igreja, mas as línguas são anteriores a colonização e a igreja. O católico e o protestante falam a mesma coisa, mas quando chega a hora de codificar codificam diferente. Isso depois tem como consequência o desencorajamento da produção em línguas nacionais, como é que vão ler?

DW África: Ainda sobre a política linguística em Angola, no que se refere a promoção das outras línguas nacionais o que gostaria de ver melhorado?

GP: Muita coisa, primeiro é a questão da política do Estado e o Estado tem de assumir isso, mais do que tem feito até agora. Sei que há um estudo de harmonização. Em 2012 fui entrevistado por uma jornalista inglesa e soube através dela que tinha sido encomendado um estudo a um académico africano para a harmonização ortográfica das línguas de matriz Bantu. Até hoje, volvidos 20 anos, não se sabe pelo menos o ponto de situação. Depois é a maneira como se olha [para elas], o status secundário que é atribuído as línguas nacionais. O jornalismo, por exemplo, é feito em língua portuguesa, mas quando se fala em jornalismo em línguas nacionais na verdade não é jornalismo, é tradução a quente do texto em português e as deturpações que disso advém. Portanto, é preciso dar as línguas os estatutos que elas merecem. Tem de se fazer muita coisa, estou a reclamar do Estado porque ele é o decisor e quem superintende ao nível macro as políticas. Mas depois há também há questão do cidadão, por exemplo, na rua, eu falo muito bem o umbundo melhor até que o português, se eu saudar uma varredora de rua [em umbundo] ela vai-me automaticamente responder em português, porque ela interpreta que lhe estou a desqualificar. Naturalmente há algumas províncias que dão algumas expetativas, eu gosto de ir ao Humabo, lá há menos complexos do que há em Benguela e em outras províncias, mas ainda assim não satisfaz. É preciso dar um suporte a isso. Por dia a televisão tem cerca de meia hora de noticiário em umbundo, o que é meia hora? É nada.

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Linguas Bantu unem Universidade Pedagógica ( FCLCA) e Instituto de Línguas

As duas instituições assinaram na manhã do dia 25 de Janeiro, um Protocolo de Parceria Académica no âmbito da introdução do Ensino de Línguas Bantu Moçambicanas.

No essencial, com este protocolo docentes de língua bantu moçambicanas formados pela UP, vão apoiar o Instituto de Línguas no ensino destas línguas, que passam a integregar o leque de ofertas de cursos desta instituição que tradicionalmente tem cursos de Inglês e Françes. Assinaram o Protocolo a Directora da FCLCA, Profa. Doutora Sarita Monjane Henriksen e a Directora do IL, Mestre Nália Francisco.

Fonte: Universidade Pedagógica

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