Diversidade linguística

Pesquisador colaborador do IPOL lança o Repositório Brasileiro de Legislações Linguísticas (RBLL)

 

Marcos Paulo, o mais novo pesquisador colaborador do IPOL, Doutor e Mestre em Letras na área de Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Sergipe e Doutorando em Direito na Universidade Federal da Bahia (UFBA), desenvolveu e apresenta o site Repositório Brasileiro de Legislações Linguísticas (RBLL)

Com a formação acadêmica iniciada emFilosofia, chegou a Licenciatura em Letras e através do PROUNI alcançou o Direito. Essa formação plural o conduziu a pesquisas que exploram interdisciplinaridades como Filosofia e Direito, mas foi a interface entre Linguística e Direito que o aproximou das comunidades nos cantos do país. Segundo Marcos, essa interface o conquistou “especialmente por ser uma questão sensível às minorias linguísticas, grupos radicalmente vulneráveis nos mais diversos contextos sociais, porque estão excluídos da comunicação considerada legítima e aceitável.”

Foi no percurso do desenvolvimento de sua tese que chegou ao entendimento de que “uma análise orgânica do sistema jurídico brasileiro em relação às línguas e aos direitos linguísticos seria mais útil e consistente”. Diz que “lidar com a intrincada amálgama entre relações jurídicas, práticas linguísticas e processos histórico-políticos que as conformaram, foi algo especialmente complexo porque a maior parte dos trabalhos que se propuseram a fazer algo semelhante quanto a regimes linguísticos de outros países situavam-se mais estritamente no campo das Ciências Jurídicas (é o caso da tese de Sophie Weerts da Universidade de Louvain, por exemplo). Considerando que nosso objeto já era em si mesmo interdisciplinar, nossa análise também foi construída a partir de interface: como método de trabalho e dispositivo analítico lançamos mão da Análise de Discurso de tradição pecheutiana; para situar, descrever e compreender (em parte) o corpus precisamos recorrer ao próprio Direito (especialmente os ramos Constitucional e Comparado), à Linguística Jurídica e a uma área de Linguística Aplicada denominado Política e Planejamento Linguístico.”

Como um desdobramento que surgiu a partir do levantamento de leis que fez na pesquisa doutoral, Marcos esclarece que “o  Repositório Brasileiro de Legislações Linguísticas (RBLL) procura ser um instrumento útil à tutela jurídica das línguas minoritárias do Brasil. Para os beneficiários dessa proteção, ele oferece acesso direto aos instrumentos legais que contém a formalização de seus direitos linguísticos. Para pesquisadores da área e estudiosos em geral, possibilita não apenas o acesso à materialidade textual das leis, mas também a recursos de busca e de agrupamento por língua, tipo de língua, Município, Estado etc. “

Marcos comenta “que durante a pesquisa realizada no Brasil e América Latina se deparou com uma intrincada e complexa teia de questões jurídicas e linguísticas que devem ser continuamente revisitadas do ponto de vista cientifico e acadêmico, mas também político e jurídico. Considerando que estas legislações são publicadas por força da lei mas que acabam ficando dispersas, se não ocultas, nos meandros da web, esboçou o Repositório como uma ferramenta que contribui para a divulgação do valoroso trabalho de cooficialização de línguas iniciado no Município de São Gabriel da Cachoeira, em 2002, contando com a intensa colaboração do IPOL, e que já alcança mais de 67 jurisdições (aí incluídos 66 Municípios e 1 Estado) e 38 línguas (26 indígenas, 10 alóctones e 2 gestuais). O Repositório possui atualmente a coleção “Normas de Cooficialização”, mas pretendemos ampliá-lo para exibir outras coleções de normas relacionadas a línguas minoritárias, bem como apresentar o levantamento de projetos legislativos em andamento, tendo em vista que essa é a fase mais sensível e crucial em termos políticos.”

Por fim, Marcos anota que “somando-se a tudo isso, há o fato de que o Brasil está entre os dez países com a maior diversidade linguística do planeta, mas dispõe de uma proteção jurídica notadamente frágil em relação às línguas minoritárias e às suas comunidades de falantes; precisamos avançar em termos de justiça linguística e para isso é extremamente útil termos acesso aos passos já dados, às conquistas legais que podem tomar como ponto de partida para novas empreitadas. Então o Repositório foi construído animado por múltiplos propósitos: divulgar as leis que já conseguimos promulgar e publicar, que são conquistas a serem conhecidas por seus beneficiários e acompanhadas para que sejam efetivamente implementadas e não apenas documentos de arquivos; fornecer aos pesquisadores que queiram se aventurar pelo Direito Linguístico materialidades a serem melhor investigadas e também uma indicação mínima de seus efeitos jurídicos; ser um espaço de memória no que diz respeito às legislações linguísticas brasileiras.”

 

Siga o link para conhecer a primeira versão do RBLL:

https://direitolinguistico.com.br/repositorio/

RBLL – página de entrada com listagem de municípios (imagem do site)

 

RBLL – procura por municipios, estados, etnia, ou línguas (imagem do site)

RBLL – Distribuição geográfica(imagem do site)

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Saiba mais.

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Em 2015 o IPOL lançou durante a realização do 1 ENMP (Encontro Nacional de Municípios Plurilingues), realizado em Florianópolis, a publicação Leis e línguas no Brasil: o processo de cooficialização e suas potencialidades. Florianópolis: IPOL, 2015. 137p. MORELLO, Rosângela. (Org.).  A coordenadora do IPOL Rosangela Morello comenta que “este livro foi concebido no momento em que se imaginava o 1ºENMP. Considerando o objetivo do Encontro de promover uma discussão multifacetada sobre a diversidade linguística e a política de cooficialização de línguas por municípios no Brasil, decidimos reunir, comentando, as leis e demais documentos ligados ao processo de cooficialização com o intuito de oferecer ao leitor uma compreensão histórica desse fato político e social.”

 

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Mesa redonda com a participação de representantes dos municípios plurilíngues - Foto: IPOL Comunicação.

Veja a matéria sobre o livro: http://ipol.org.br/?s=leis+e+l%C3%ADnguas

 

IPOL participa de Congresso Internacional “DESAFÍOS EN LA DIVERSIDAD” em setembro

Quito, septiembre 12–15, 2023

Ecuador será la sede de uno de los encuentros transdisciplinarios de la Fundación Humboldt “Humboldt Kolleg 2023” que se enfocará en la diversidad y las complejidades que implica vivir en ella, así como en las estrategias emergentes surgidas desde los y las hablantes, la academia, sectores políticos, y activistas lingüístico-culturales.

Esta iniciativa parte de un esfuerzo conjunto entre asociaciones e individuos relacionados con la Fundación Humboldt y que tienen como objetivo reforzar el quehacer investigativo transdisciplinar con la creación de redes y la motivación a investigadores jóvenes, en la búsqueda de propuestas contextualizadas sustentables.

 

 

 

 

 

 

Desafíos en la Diversidad

CONGRESO INTERNACIONAL TRANSDISCIPLINARIO DESAFÍOS EN LA DIVERSIDAD (IV)

LENGUAS Y VARIEDADES EN DESPLAZAMIENTO: DOCUMENTACIÓN-REVITALIZACIÓN CON JUSTICIA SOCIAL

Este encuentro se propone, al igual que los tres encuentros que le precedieron (2011, 2016, 2018, 2019), reunir múltiples voces, lenguas, historias, cosmovisiones, culturas así como muchos otros aspectos de los pueblos indígenas y las lenguas minorizadas en todo el mundo, con el fin de crear conciencia hacia la complejidad de la diversidad y la necesidad de comprender mejor cómo un enfoque constructivo hacia otras lenguas puede contribuir a combatir el estigma y la discriminación, para favorecer la construcción de sociedades más justas.

 

 

Rosangela Morello, coordenadora do IPOL (Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística), participará dos trabalhos com a   apresentação Políticas para reparar la represión y la discriminación lingüística no dia 15/09/23

Con el regreso a la democracia, a partir de la década de 1990, Brasil se convirtió en escenario de un conjunto de iniciativas destinadas a garantizar los derechos lingüísticos y educativos para numerosas partes de la población brasileña históricamente excluida de las políticas públicas. Entre estas iniciativas, hay dos específicamente dirigidas a la promoción y el reconocimiento de las lenguas brasileñas: la Política del Inventario Nacional de la Diversidad Lingüística de Brasil, una política pública creada por el Decreto Federal número 7.387, del 9 de diciembre de 2010, y la Política de Cooficialización de Lenguas por Municipios, que comenzó en 2002 en el Municipio de São Gabriel da Cachoeira, Amazonas. Ambas son políticas públicas de reconocimiento y producción de conocimiento sobre las lenguas brasileñas, con importantes impactos para cuestionar la ideología del monolingüismo que predomina en el país y para proponer una política de gestión de las lenguas destinada a fomentar la diversidad lingüística. Comenzamos este texto con una breve contextualización histórica y política de la actuación del Estado brasileño en el tratamiento de las lenguas y, a continuación, presentamos de manera concisa las políticas de cooficialización e inventario, señalando algunos de sus resultados. Por último, indicamos, a modo de ejemplo, vías de articulación para planificar acciones futuras destinadas a apoyar las lenguas brasileñas.

 

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Saiba mais IPOL puxando a rede:

Visite o site OralidModernidad, desenvolvido por Marleen Haboud, uma das coordenadoras do evento, no Equador.

 

 

El Ecuador es un país multiétnico, multilingüe y multicultural en el que existen al menos 13 lenguas indígenas todavía vitales. Oralidad Modernidad es un programa de investigación interdisciplinaria que busca determinar la situación de las lenguas indígenas en el Ecuador mediante la recopilación de entrevistas sociolingüísticas, testimonios, conversaciones libres y el desarrollo de actividades comunitarias que facilitan la creación de espacios de intercambio multicultural. A partir del contacto permanente y el trabajo conjunto con comunidades indígenas del país, Oralidad Modernidad trata de comprender la compleja situación de las lenguas indígenas del Ecuador de hoy. Para esta ardua tarea desarrolla, desde la Lingüística, actividades interdisciplinarias con estudiosos de la Antropología, Sociología, Literatura, Comunicación, Arte, Diseño y Geografía.

Visite o site Oralidad Modernidad

Idiomas pouco conhecidos e seus peculiares dialectos

Explore línguas pouco comuns que ainda são faladas ao redor do mundo, revelando suas origens, estruturas e algumas palavras ou expressões únicas.

Foto ilustrativa

A diversidade linguística do mundo é um reflexo da riqueza cultural da humanidade. Enquanto muitos de nós estamos familiarizados com idiomas amplamente falados como o inglês, espanhol ou chinês, há uma infinidade de línguas menos conhecidas que apresentam peculiaridades e dialectos que cativam os estudiosos da linguagem. Neste artigo, exploraremos alguns idiomas pouco conhecidos e os intrigantes dialectos que os acompanham.

1. Pirahã – A Língua Sem Números

O Pirahã, falado pelo povo Pirahã, na Amazônia brasileira, é conhecido por sua notável ausência de palavras para números. A língua é focada no presente imediato e não possui conceitos para quantidades exatas. Essa característica desafia as noções tradicionais de linguagem e cognição.

2. Whistled Language de Silbo Gomero – O Assobio como Comunicação

Na ilha de Gomera, nas Ilhas Canárias, Espanha, existe uma linguagem assobiada chamada Silbo Gomero. Os habitantes locais usam assobios para se comunicar à distância em terrenos montanhosos. Surpreendentemente, essa linguagem transmite as mesmas informações que o espanhol falado.

3. Xhosa – Os Clics e Sons Únicos

O Xhosa, um idioma Bantu falado na África do Sul, apresenta cliques em sua fonética. Esses sons únicos, produzidos pela sucção ou estalo da língua, são considerados consoantes na língua. Os cliques são essenciais para a comunicação e têm diferentes significados quando associados a diferentes tons.

4. Ainu – A Língua Indígena do Japão

O Ainu é a língua do povo indígena Ainu do Japão. Essa língua é altamente aglutinante, o que significa que as palavras podem ser alongadas por meio da adição de sufixos. Além disso, o Ainu possui uma rica variedade de sons, incluindo vogais nasalizadas e consoantes finais que desafiam as expectativas linguísticas japonesas.

5. Rotokas – O Menor Alfabeto do Mundo

Falado em Bougainville, uma ilha da Papua-Nova Guiné, o Rotokas é notável por seu pequeno alfabeto de apenas 12 letras. A simplicidade do sistema de escrita é um exemplo de como as línguas podem se adaptar e evoluir para se adequarem às necessidades locais.

6. N|uu – O Idioma dos Clics do Kalahari

O N|uu é falado por um pequeno grupo de pessoas no deserto do Kalahari, na Namíbia. Assim como o Xhosa, o N|uu também incorpora cliques em sua fonética. Esse idioma é importante como parte da cultura e identidade do povo da região.

7. Línguas Uto-Aztecas – Verbos Complexos

Algumas línguas Uto-Aztecas, como o Nahuatl, apresentam construções verbais extremamente complexas. Os verbos são frequentemente modificados por meio de prefixos e sufixos para expressar informações sobre sujeito, objeto, tempo e outras nuances, tudo em uma única palavra.

8. WALS – A Linguagem dos Silvos

Os Silvos, habitantes das montanhas da ilha de La Gomera, nas Canárias, têm uma linguagem de assobio distinta chamada WALS. Essa linguagem permite a comunicação à distância em um ambiente montanhoso e é transmitida de geração em geração.

9. A Língua dos Pássaros – Silbo Biskra

Em uma área rural da Argélia, existe um dialeto conhecido como Silbo Biskra, que é compreendido por humanos e pássaros. Os habitantes locais imitam os sons dos pássaros para se comunicarem entre si e também com as aves.

10. Ithkuil – A Língua da Precisão

O Ithkuil é uma língua construída criada por John Quijada, que visa alcançar um nível extremo de precisão e concisão na comunicação. Com gramática complexa e uma vasta gama de formas verbais, o Ithkuil foi desenvolvido para expressar pensamentos e sentimentos de maneira detalhada.

Esses exemplos destacam a maravilhosa diversidade e complexidade das línguas ao redor do mundo. A linguagem é uma expressão única da cultura, identidade e criatividade humana, e cada língua, por mais desconhecida que seja, oferece insights sobre a riqueza da comunicação humana.

 

Publicado em https://jornaldafronteira.com.br/Publicacao.aspx?id=431500

Renascença do talian

Renascença do talian: cursos, projetos e concursos culturais ajudam a valorizar a língua em Caxias e na região

Reconhecimento como Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro foi divisor de águas na luta para manter viva a língua de referência cultural dos imigrantes italianos

ANDREI ANDRADE

 

Neimar De Cesero / Agencia RBS
Vida dedicada ao talian: Ladir Brandalise, radialista e vocalista do Girotondo, irá receber o título de cidadão caxiense no próximo dia 31( Neimar De Cesero / Agencia RBS)

Pelo menos nove grupos musicais e uma polenta de mais de 70 quilos irão transformar a Câmara Municipal de Caxias do Sul no palco de um grande filó na sessão do próximo dia 31. Pelo menos assim promete o músico e radialista Ladir Brandalise, que nesta data irá receber dos vereadores o título de cidadão caxiense, reconhecendo uma trajetória que tem no esforço pela preservação da língua Talian o sentido maior.

A questão é que Ladir e outros abnegados, que ao longo de décadas se esforçam para manter viva a língua que unifica dialetos falados nas regiões de colonização italiana, já não parecem tão utópicos em sua missão – que continua árdua. Desde 2014, quando o talian foi reconhecido como Língua de Referência Cultural Brasileira pelo Instituto de Patrimônio Artístico e Histórico Nacional (Iphan), sendo alçado à qualidade de Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro, percebe-se um movimento de valorização e resgate, pontuado por iniciativas especialmente no âmbito da cultura e da educação.

– Acho que vivemos um momento espetacular de resgate e salvaguarda, desde que se passou a reconhecer o talian como uma língua com gramática própria, com professores habilitados ao ensino e com muitos projetos sendo apresentados e aprovados, dentro desta temática de valorização. Durante a pandemia, por exemplo, fizemos uma série de filós formativos, com recursos da Lei Aldir Blanc, que foram muito emocionantes e serviram de impulso para iniciativas futuras – destaca Ladir Brandalise, que é natural de São Jorge, na Serra.

 

Siga a leitura… leia mais aqui neste link!

Idiomas minoritários: pesquisas investigam a morfossintaxe das línguas Pykobyê e Changana

Inéditos em seus campos, trabalhos foram defendidos no primeiro semestre deste ano no Programa de Pós-graduação em Estudos Linguísticos da Fale

O pesquisador João Henrique em trabalho de campo, em comunidade do povo Gavião do Maranhão
O pesquisador João Henrique em trabalho de campo (Foto: Arquivo pessoal)

Apesar da riqueza e da diversidade apresentadas pelas línguas indígenas brasileiras e pelas línguas africanas, as especificidades das suas morfossintaxes são ainda pouco conhecidas até mesmo pela comunidade científica especializada, em razão do histórico privilégio dado, no Brasil, ao estudo e à investigação do português. Duas pesquisas defendidas no Programa de Pós-graduação em Estudos Linguísticos (PosLin) da Faculdade de Letras (Fale) da UFMG no primeiro semestre deste ano incorporam essa tendência experimentada nas últimas décadas, com o surgimento de grupos, laboratórios e pesquisadores dedicados ao estudo de idiomas minoritários.

Em maio, a pesquisadora Clauâne Pâmela Leal Dias Carolino defendeu a primeira dissertação brasileira de mestrado sobre a morfossintaxe do Changana, a terceira língua mais popular de Moçambique, falada atualmente por cerca de 2 milhões de pessoas, somadas as suas cinco variações. As outras duas são o Emakhuwa, que tem cerca de 5,8 milhões de falantes, e o Português, com 3,6 milhões. Dois meses antes, em março, João Henrique Santos de Souza já havia defendido tese sobre a morfossintaxe da língua indígena brasileira gavião Pykobyê, falada pelo povo Gavião do Maranhão.

Os trabalhos foram orientados pelo professor Fábio Bonfim Duarte, que coordena o Laboratório de Línguas Indígenas e Africanas (Laliafro) da Faculdade de Letras, instituição que já há alguns anos vem promovendo uma transformação no estudo de línguas minoritárias na Universidade. Com efeito, os trabalhos integram projeto maior de descrição, documentação, análise teórica e promoção de línguas indígenas e africanas desenvolvido pelo laboratório. Além da orientação de Duarte, a pesquisa de Clauâne Carolino contou com a coorientação do professor David Alberto Seth Langa, do Departamento de Línguas da Universidade Eduardo Mondlane, de Maputo, Moçambique.

A pesquisadora Pâmela Leal pesquisou a morfossintaxe da Changana, terceira língua mais popular de Moçambique
Clauâne Carolino pesquisou a morfossintaxe do Changana, terceira língua mais falada em Moçambique (Foto: Arquivo pessoal)

Memória e fortalecimento
O Changana integra o grupo linguístico bantu, que pertence à família Congo-Kordofaniana, tronco Níger-Congo. As línguas bantu se estendem desde Camarões até a Leste e ao Sul do continente africano. A língua Changana, especificamente, é falada em países como Moçambique, África do Sul e Zimbábue. Em Moçambique, é um dos vários idiomas nacionais, muito falado nas províncias de Inhambane, Gaza e Maputo. O estudo desenvolvido por Clauâne fornece uma descrição detalhada de aspectos da estrutura gramatical da língua.

O Pykobjê, por sua vez, é uma língua do complexo dialetal Timbira, que faz parte da família Jê, do tronco linguístico Macro-Jê. Em sua pesquisa, João Henrique Santos descreveu aspectos da gramática e investigou o seu sistema de Caso – particularmente, o seu elaborado sistema de marcação diferencial do sujeito.

A pesquisa nasceu de pedido do próprio povo Gavião do Maranhão, que, sob as conhecidas ameaças que oprimem os diversos povos indígenas brasileiros, teme o risco de ver a sua língua morrer, em razão da crescente diminuição de seus falantes e da morte dos seus integrantes mais velhos. Hoje, cerca de 1,2 mil indivíduos vivem na comunidade. “A preservação de uma língua é parte importante da própria humanidade, de sua história e diversidade. Trata-se, portanto, de um registro para as futuras gerações”, afirma Fábio Duarte.

“O trabalho de João Henrique opera como memória e como fortalecimento da língua”, acrescenta o professor. “A sua semente surgiu quando o próprio povo solicitou um linguista para estudá-la. Por se tratar de uma língua minoritária, sua preservação se torna urgente, e este trabalho cumpre importante tarefa”, afirma. O povo Gavião – também denominado Gavião-Pykobjê – habita a Terra Indígena Governador, no município de Amarante, no Maranhão, no Sudoeste do estado, próximo ao município de Imperatriz.

Dissertação: O comportamento dos objetos pós-verbais em construções aplicativas do Changana
Pesquisadora: Clauâne Pâmela Leal Dias Carolino
Defesa: maio de 2023

Tese: Pyhcop Cati Ji Jarcwaa: alinhamentos morfossintáticos e marcação diferencial
Pesquisador: João Henrique Santos
Defesa: março de 2023

João Henrique em pesquisa de campo junto ao povo Gavião, do Maranhão
João Henrique em pesquisa de campo junto ao povo Gavião, do Maranhão (Foto: Arquivo pessoal)

Ewerton Martins Ribeiro

Leia diretamente na fonte: https://ufmg.br/comunicacao/noticias/idiomas-minoritarios-pesquisas-investigam-a-morfossintaxe-das-linguas-pykobye-e-changana

O que nos faz humanos?

Publicado em 4 de agosto de 2023

Como parte de seu plano de ação para a Década Internacional das Línguas Indígenas 2022-2032, a UNESCO firmou parceria com editoras excepcionais de todo o mundo para apresentar “O que nos faz humanos”, o livro infantil ilustrado de Victor D. O. Santos e Anna Forlati.

“What Makes Us Human”, cover image. Eerdmans/UNESCO, USA. Release date: 5 March 2024.

Muitas vezes, os livros infantis marcantes e inovadores devem sua existência à frustração de adultos criativos quando tentam encontrar o livro adequado para presentear seus próprios filhos. Um dos exemplos mais notáveis que rapidamente vem à mente é o de “Der Struwwelpeter” (de 1844, traduzido como “João Felpudo”), do psiquiatra alemão Heinrich Hoffmann. Trata-se de uma coleção aterrorizante e delirante de histórias curtas inventadas de forma engenhosa para ensinar às crianças o que fazer e o que não fazer, ao mesmo tempo em que as estimula a questionar a legitimidade da autoridade dos adultos. É uma combinação de ideias poderosas que o autor criou por falta de melhores opções..

Algo bastante semelhante está na origem de um novo livro de imagens, de cuja produção a UNESCO tem orgulho de ser parceira: “O que nos faz humanos”. Este é um livro que, em 2022, antes de seu lançamento no Brasil, foi selecionado pelo júri especializado da mostra “The Unpublished Picture Book Showcase by dPICTUS“, pelas ilustrações deslumbrantes da artista italiana Anna Forlati e pelo texto contundente do autor e linguista brasileiro Victor D.O. Santos. Além disso, o livro foi selecionado para ser exposto na Feira do Livro Infantil de Bolonha de 2023, “Beauty and the World: The New Nonfiction Picture Book” (A beleza e o mundo: o novo livro ilustrado de não ficção).

Victor and Anna at the Unpublished Picture Book Showcase by dPICTUS stand, Bologna Children’s Book Fair 2022. © Victor Santos

 

Em um mundo no qual 40% das cerca de 7 mil línguas faladas podem desaparecer na virada do século XXI devido à falta de falantes, Victor Santos, um linguista apaixonado, perguntou-se como poderia transmitir a seus próprios filhos a noção simples, mas poderosa, de que nossa língua está no cerne do que nos define como humanos. Que cada língua, independentemente do número de falantes que possua, é um veículo para a cultura: uma multiplicidade de tradições, crenças e visões de mundo que merecem ser preservadas. Segundo Victor, quanto mais diversidade linguística houver, mais ricos nós seremos como seres humanos. A consciência e o respeito pela diversidade humana, como a UNESCO afirma desde a sua fundação, é a chave para a compreensão mútua.

 

Illustration for “What Makes Us Human”. © Anna Forlati

 

https://www.unesco.org/pt/articles/o-que-nos-faz-humanos#:~:text=A%20UNESCO%20copublica%20edições%20em,Dia%20Internacional%20dos%20Povos%20Ind%C3%ADgenas.

Leia mais puxando a Rede:

 

https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/ansa/2023/08/09/unesco-lanca-livro-infantil-sobre-diversidade-linguistica.htm

Conheça a página da ilustradora Anna Forlati: http://www.annaforlati.com

E também a página de Victor: https://www.linguacious.net

Seu Facebook: https://www.facebook.com/linguacious/

E uma entrevista com trajetória e ideias: https://languagemuseum.org/interview-with-victor-santos-founder-and-ceo-of-linguacious-llc/

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