Línguas Africanas

Nova edição da NJINGA e SEPÉ: v. 2 n. Especial I (2022), confira!

v. 2 n. Especial I (2022): A educação na África lusófona e no Brasil: práticas, metodologias, métodos e gestão da educação
					Visualizar v. 2 n. Especial I (2022): A educação na África lusófona e no Brasil: práticas, metodologias, métodos e gestão da educação

A educação na África lusófona e no Brasil sempre foi um grande desafio. O grande desafio se prende nas metodologias de ensino, nas políticas educacionais falhas e na falta de compromisso por parte de governos com as novas gerações. Os esforços no desenvolvimento  e na qualidade da educação são esporáticas e não atendem a grande maioria das crianças, adolescentes e jovens. O problema da língua usada no ensino é ainda um desafio e que em muitos momentos impede a aprendizagem dos alunos. É nesse olhar que se organizou este Nº Especial , do Vol. 2 (2022) justamente para refletir sobre a gestão escolar, as metodologias e métodos de ensino por forma a encontrar caminhos que possam melhorar a qualidade de ensino na África lusófona e no Brasil. Atenção ao ler os textos porque os autores usam o português africano  e brasileiro e essas variedades devem ser respeitadas sem preconceito. Alguns autores nos brindam com a tradução do resumo  uma das suas línguas maternas.

Nova edição da NJINGA e SEPÉ: Revista Internacional de Culturas, Línguas Africanas e Brasileiras, confira!

v. 2 n. 2 (2022): Descrição e análise de línguas africanas e estudos socioculturais no Brasil

 Visualizar v. 2 n. 2 (2022): Descrição e análise de línguas africanas e estudos socioculturais no Brasil

O Vol.2, nº2, 2022 foi organizado e editado pela Profa. Dra. Ezra Alberto Chambal Nhampoca (Universidade Eduardo Mondlane, Moçambique/Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal) e pelo Prof. Dr. David Alberto Seth Langa (Universidade Eduardo Mondlane, Moçambique/Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil).  A publicação agrupa pesquisas científicas que têm o intuito de analisar e descrever as línguas nos aspectos Fonético-Fonologicos, Lexicográficos,  da Lexicologia, da Pragmática, da Semântica, da Sintaxe, da Terminologia e da Literatura. Os trabalhos apresentados revelam a necessidade de se continuar com estudos por forma a que as línguas não oficiais e ágrafas tenham o seu espaço no espaço científico e na sociedade.

ACESSE AQUI 

UFMG lança obra com série de escritos da etnolinguista Yeda Pessoa de Castro

O Laboratório de Edição (Labed) da Faculdade de Educação da UFMG divulga novo lançamento de sua editora, o livro Africanias em Terras Brasílicas, da etnolinguista Yeda Pessoa de Castro. A obra está disponível para download gratuito e pode ser adquirida no site do laboratório.

Sinopse

Série de textos escritos pela etnolinguista baiana Yeda Pessoa de Castro, apresentados oralmente em encontros acadêmico-científicos ou publicados em periódicos, entre as décadas de 1970 e 2020. Busca-se com esta edição em livro registrar a trajetória de mais de 40 anos de pesquisa nos dois lados do Atlântico sobre a participação de línguas africanas na constituição do português brasileiro. Destacam-se nesse percurso atualizações conceituais que superam a perspectiva do empréstimo lexical, assumindo o aporte como fenômeno constitutivo do português brasileiro, que recebe contribuições das diversas línguas africanas aqui faladas no período colonial e no Império, não só no âmbito do vocabulário, mas também da fonética e da morfo-sintaxe. Destaca-se, ainda, a valiosa contribuição dos estudos etnolinguísticos desenvolvidos por Yeda Pessoa de Castro na identificação das línguas africanas que contribuíram majoritariamente na formação da língua brasileira: kikongo, kimbundo e umbundo, do grupo banto, yorubá, do grupo benue-congo, e ewe-fon, do grupo kwa.

Sobre a autora

A etnolinguista Yeda Pessoa de Castro é doutora em línguas africanas pela Universidade Nacional do Zaire, consultora técnica em línguas africanas do Museu da Língua Portuguesa de São Paulo, membro da Academia de Letras da Bahia e consultora técnica na Pró-reitoria de Extensão (Proex) na Universidade do Estado da Bahia (Uneb). Pertence ao Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Línguas e Culturas Africanas. Escreveu as obras Falares africanos na Bahia: um vocabulário afro-brasileiro e A língua mina-jeje no Brasil: um falar africano em Ouro Preto do século XVIII. Foi condecorada, no grau comendadora, pela Ordem Rio Branco do Ministério das Relações Exteriores do Brasil e com a Comenda Maria Quitéria pela Câmara Municipal de Salvador. Também, foi coroada rainha da Guarda 13 de Maio dos Congos e Moçambiques de Minas Gerais.

Link para download: Clique aqui

Babalorixá pai Ivo de Xambá é o novo Doutor Honoris Causa pela UFPE

 (Foto: Anderson Lima/UFPE)
Foto: Anderson Lima/UFPE
O babalorixá pai Ivo de Xambá recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) em cerimônia presencial realizada no Salão Nobre da Faculdade de Direito do Recife (FDR) no dia 23. Ivo é primeiro representante de religião matriz africana a receber o título no estado. A honraria é concedida a personalidades eminentes com contribuição para o progresso da Universidade, da região ou do país ou que se distinguiram pela sua atuação em favor das ciências, das letras, das artes ou da cultura em geral. A solenidade foi transmitida ao vivo pelo canal oficial da UFPE no YouTube e pode ser conferida na íntegra naquela plataforma.
Adeildo Paraíso da Silva, o pai Ivo de Xambá, há 25 anos, lidera o Terreiro Xambá e o Quilombo do Portão de Gelo, situado no bairro de São Benedito, em Olinda, e é considerado difusor da religião, práticas, costumes, cultura e memória de matriz africana no Brasil. O babalorixá considera que o título integra o início de um reconhecimento de trajetórias de povos e pessoas cuja memória foi apagada da história do Brasil. “Nós vamos começar a contar a história de cada povo importante desse país. Eu sinto que é uma nova história do povo preto, do povo cigano, do povo de candomblé, porque nós precisamos ser reconhecidos nesse país. O negro teve dupla morte, a morte física e morte do esquecimento”, afirmou.
Para a proponente do título, a professora Auxiliadora Martins, do Departamento de Métodos e Técnicas de Ensino do Centro de Educação (CE) da UFPE, a relevância do reconhecimento ao pai Ivo de Xambá reside na manutenção das tradições culturais de matriz africana a partir de rituais do candomblé e da vivência do calendário de festas que une toda a comunidade e convidados, a exemplo o Dia da Consciência Negra, o Coco de Xambá, o Dia do Quilombo Urbano de Xambá, dentre outras comemorações.
A honraria também se deve à preservação do idioma Iorubá como referência da ancestralidade africana, repassado, para familiares e pessoas da comunidade, e à criação do Memorial Severina Paraíso da Silva, primeiro Museu Afro de Pernambuco, que contém diversos artefatos religiosos do candomblé e pertences da yalorixá Severina Paraíso da Silva, que, por mais de 50 anos, manteve o quilombo e sua herança cultural. Em seu discurso panegírico, lido por seu irmão, Fátimo José da Silva, a docente destacou que o título de Doutor Honoris Causa concedido pela UFPE “contribui para tirar do silenciamento, da invisibilidade e da ocultação, pelas academias brasileiras, a nossa história, cultura, memória, formas diversas de produção do conhecimento científico que a população brasileira negra, historicamente”.
Para o reitor Alfredo Gomes, a realização da solenidade no prédio da FDR guarda um significado especial. “Escolhemos o Salão Nobre da FDR porque era preciso que um prédio símbolo da Universidade acolhesse um título que representa mudança, afirmação, diversidade étnica, racial, política e de pluralidade de ideias. Que essa mensagem da necessidade permanente de um país de instituições democráticas, diversas e plurais fique bem gravada na memória das gerações atuais e futuras”, comemorou.
A coordenadora do Núcleo de Políticas de Educação das Relações Étnico-Raciais (Núcleo Erer), Conceição Reis, afirmou que o título é o agradecimento da UFPE pelo trabalho de educação afrocentrada que pai Ivo desenvolve no Terreiro de Xambá. “Uma educação que centraliza a comunidade a partir da relação humana entre as pessoas e, dessas, com a natureza. Esse título também é um presente que Ivo de Xambá entrega à comunidade acadêmica da UFPE, enquanto um chamado para a reflexão sobre suas práticas e para um posicionamento político a favor de uma educação antirracista”, analisou.
Tradição
A Nação Xambá instalou-se em 1951 no bairro de São Benedito, em Olinda, num espaço geográfico conhecido como o Portão do Gelo. Essa nação de origem africana teve como precursor, no Brasil, o babalorixá Artur Rosendo Pereira, que fugiu de Alagoas para Pernambuco em 1912 devido a um movimento chamado o Quebra de Xangô. “No espaço do quilombo e do terreiro, são cotidianamente recebidos estudantes e professores da UFPE como campo de ensino, pesquisa (com vasta produção de dissertações e teses) e extensão, bem como estudantes e professores de escolas públicas e privadas de Pernambuco/Nordeste/Brasil, que passam ali por processos educativos”, registra o documento de proposição do título.
A Nação Xambá recebeu, em 2008, do Ministério da Cultura, em conjunto com a Fundação Cultural Palmares e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o título de primeiro Quilombo Urbano do Brasil. História e memória desse quilombo, ao serem resgatadas, recontadas, veiculadas através de vídeo-documentário, colaboraram na elaboração de subsídios teóricos, práticos, curriculares e imagéticos para implementação da Lei 10.639/03 e das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico Raciais nas escolas públicas e particulares de todos os níveis e modalidades de ensino. A referida lei alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, incluindo no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da presença da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Africana”.

Lançamento oficial da primeira edição da Revista NJINGA & SEPÉ

 

Assista na integra, no canal da revista no youtube

 

 

Cooperação linguística em prol do bilinguismo

As línguas africanas na história da educação angolana

Filipe Zau |*

Em 1986, o Ministério da Educação realizou um diagnóstico sobre a eficiência do ensino obrigatório, à época, apenas as primeiras quatro classes de escolarização, tendo chegado à seguinte conclusão: “em cada 1.000 crianças que ingressa na 1ª classe, somente 142 concluíam o 1º nível de ensino de base, das quais, 34 transitam sem repetições, 43 com uma, e 65 com duas ou três repetições.”

Dentro de uma visão sistémica, foram oficialmente apresentadas várias soluções, mas descuradas as interferências no diálogo pedagógico, já que a língua de escolaridade nem sempre é suficientemente dominada pela maioria dos alunos, nem pela maioria dos docentes.
Se, à época, analisássemos quem eram as pouco mais de 30 crianças, que, em cada 1.000, tiveram sucesso escolar, provavelmente constataríamos, que as mesmas viviam maioritariamente nas grandes cidades e tinham a língua oficial e de escolaridade interiorizada como língua materna. Do ponto de vista histórico, apesar da política de aculturação imposta, antes da proclamação da República, em 1910, a administração colonial também se preocupou em validar a aprendizagem das línguas africanas.
Entre 1482 e 1845, a visão eurocêntrica recorreu à militância cristã, para, através da cerimónia do baptismo e da catequização, modificar os hábitos culturais dos africanos. Só no início da segunda metade do século XVIII, por iniciativa do governador-geral, D. Francisco Inocêncio de Sousa Coutinho, surgiu, em Luanda, a primeira escola pública de ler, escrever e contar, na sequência da expulsão dos jesuítas.
Através do decreto de 14 de Agosto de 1845, assinado por Joaquim José Falcão, o Estado chamou a si a responsabilidade do ensino e o crescimento de mais escolas de primeiras letras surgiram apenas em Luanda e Benguela, mas destinadas sobretudo aos europeus e seus descendentes. Mas, antes de qualquer preocupação com a escolarização dos africanos, o governador-geral de Angola, em 1867, mandou para Lisboa dois filhos do régulo e barão de Cabinda, Manuel José Puna, para serem educados por conta do Estado, já que ele próprio havia sido educado e baptizado em Portugal, sendo seus padrinhos o rei D. Luís I e a rainha D. Maria Pia.
Por decreto do dia 21 de Setembro de 1904, do governo de Lisboa, os governadores das províncias de Angola, Moçambique e Cabo Verde, foram autorizados a criarem em cada uma delas uma escola prática para o ensino de algumas matérias de estudo, nomeadamente a língua portuguesa, a língua francesa ou inglesa (uma delas) e também os idiomas africanos mais difundidos e de maior importância nas relações entre portugueses, angolanos, moçambicanos e cabo-verdianos. O governador de Angola foi autorizado a abrir o crédito de doze contos por ano para poder implantar essa escola. Além das línguas acima indicadas, nela dever-se-ia também ensinar rudimentos de contabilidade, incluindo a prática das operações comerciais mais úteis, mais simples e mais correntes.
Há muitas dúvidas sobre a eventual concretização deste projecto. Contudo, o estudo das línguas africanas continuou a despertar algum interesse e Henrique de Paiva Couceiro determinou, em 23 de Julho de 1907, que o certificado de frequência do curso de kimbundu, ou curso de intérpretes Eduardo Costa, seria daí em diante um elemento a ter em conta na determinação da preferência para o provimento de lugares da administração ultramarina e outros, dependentes do Governo-Geral. A escola de intérpretes Eduardo Costa foi oficialmente inaugurada, no dia 17 de Julho de 1907, pelo príncipe real D. Luís Filipe de Bragança, que, nessa data aportara a Luanda, para a sua visita a esta cidade.
Em 9 de Janeiro de 1908, Paiva Couceiro encarregou o cónego P. Joaquim de Oliveira Gericota, o Pe. Manuel António Alves e o Pe. António Moreira Basílio, de redigirem uns guias, em que se encontrassem reunidas e em método reduzido as mais importantes regras de gramática, vocabulário de palavras e frases de uso corrente nas línguas indígenas de maior importância. No dia seguinte, 10 de Janeiro, encarregava também a Junta de Saúde de redigir um guia médico em que se definissem claramente algumas prescrições de higiene tropical, de pequena cirurgia, vacinação, tratamentos a fazer em casos de urgência ou acidente, em doenças mais vulgares em climas tropicais.
Com a implantação da República em 1910, a Constituição de 1911 manteve a obrigação dos indígenas trabalharem, mas limitava os contratos a dois anos e proibia os patrões de utilizar castigos corporais. No Estado Novo, o Diploma Legislativo n º 238, de 17 de Maio de 1930, estabelecia as principais diferenças entre o ensino indígena – «elevar gradualmente da vida selvagem à vida civilizada dos povos cultos a população autóctone das províncias ultramarinas» – e o ensino primário elementar para os não indígenas. Este último «visava dar à criança os instrumentos fundamentais de todo o saber e as bases de uma cultura geral, preparando-a para a vida social».
Com o Estado Novo, a lógica de cooperação linguística passou a dar lugar à política de exclusão das línguas africanas, que, até em tempo de pandemia, revelaram a sua real importância.

* Ph. D em Ciências da Educação e Mestre em Relações Intercultura

Via http://jornaldeangola.sapo.ao/

IPOL Pesquisa

Receba o Boletim

Facebook

Revista Platô

Revistas – SIPLE

Revista Njinga & Sepé

REVISTA NJINGA & SEPÉ

Visite nossos blogs

Forlibi

Forlibi - Fórum Permanente das Línguas Brasileiras de Imigração

Forlibi – Fórum Permanente das Línguas Brasileiras de Imigração

GELF

I Seminário de Gestão em Educação Linguística da Fronteira do MERCOSUL

I Seminário de Gestão em Educação Linguística da Fronteira do MERCOSUL

Clique na imagem

Arquivo

Visitantes