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Nota de esclarecimento: Falamos e escrevemos o Hunsrückisch!

 

NOTA DE ESCLARECIMENTO (uff Hunsrückisch)

Mea spreche unn schreiwe Hunsrückisch!

Weche Notícias, wo die Wuch publikeert gebb sinn, iwer en “Hunsrik” Sproch im Google Tradutor, finne mea uns als Pesquisadore unn Sprecher vom “Hunsrückische”, wie mea unser Sproch nenne, gezwung unser Sorche unn Erstaune iwer die Schrift unn der Oot, wie das Ganze gemacht gebb is, zum Ausdruck ze bringe. Was uns noch traurich macht, is, dass debei importante Pesquisas ignoreert gebb sinn, wo der Inventário Nacional von der Sprochdiversitet dorich der IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) ons Licht gebrung hot ( https://www.gov.br/iphan/pt-br/assuntos/noticias/mais-6-linguas-podem-se-tornar-referencia-cultural-brasileira )

In dem Sinn muss ma soohn, vor allem, dass die Schrift, wo der Google Tradutor verwendt, uff kee Fall unser Schrift vom Hunsrückische representeert, wo dorich der Inventário festgesetzt unn legitimeert gebb is, in en Inventário wo der IPOL (Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística) unn das Projekt ALMA-H (Sprochkontaktatlas von der Deitsche Minorias in der Bacia do Prata: Hunsrückisch) on der Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) von 2016 bis 2018 gemacht gebb is (meh dezu unner https://www.ufrgs.br/projalma/escrithu-sistema-de-escrita-do-hunsruckisch/).

Die Schrift, wo ohne Kriterie aleatorisch unner dem Noome Hunsrik verwendt wedd, is en fonetisch Schrift; das Wott “alemão” wedd somit als Taytx geschribb. Im Gecheteel die Schrift, wo dorich der Inventário vom Hunsrückische aproveert gebb is, heert der Tradition unn dem Schreiwe von Imigrante unn dene sein Nohkommenschaft iwer die 200 Johre in Brasilie (in dem Johr mit en Heerd Atividades gedenkt); das Wott for “alemão” schreibt ma uff der Oot als Deitsch. Der Diálogo mit der Herkunft unn mit der eichne Identitet is ausserondlich central for die Sprecher vom Hunsrückische, well dodemit erlaubt wedd, ooch annre Atikle von unser Kultur mitzerechne, wie, for em Beispiel ze gewwe, die Verschriftung von Schreibnoome zeicht (em Beispiel is das ooch in viele Noome wie Schneider, Einstein unn so weiter). Das heesst, das Festsetze von der Schrift im Inventário hot sich aus dem Diálogo mit der Sprecher unn ehr Geschicht ergebb, also net vom Ausland renn, wie die Schrift, wo im Google Tradutor verwendt wedd.

Der Oot, wie so das Hunsrik im Google Tradutor uffgenomm gebb is, ohne der Inventário vom Hunsrückische iwerhaupt ze erkenne, ohne die Sprecher unn Gemeende onzeheere unn ohne die Oorwet vom IPHAN mit der Parceria von der Gesellschaft for die bresilioonisch Sprochediversitet ze erkenne unn erhalle, stosst also derekt geche alles, was mit gross Mih gemacht gebb is, for das Hunsrückische ze erhalle unn ze schitze.

Ma muss noch soohn, dass der Inventário vom Hunsrückische, zu dem en Parecer Técnico im Diário Oficial da União vom 05.07.2022, ed. 125, seção 3, p. 127 rausgebb is, en importante Beweis is, for das Hunsrückische der Certificado als “referência cultural brasileira” ze kriehn. Das is uns vom IPHAN noch eenmol besteticht gebb, in en Reunião vom 12.07.2024. Debei is uns ooch gesichert gebb, dass der Certificado noch das Johr ausgestellt werre kann.

Mea hoffe zum Schluss, dass hiermit besser verstann wedd, wie ennst die Stuation is. Es hannelt sich um die Mottersproch von en Heerd Leit unn ehr Geschicht, wo net eenfach von en eenzich Aktion decidiert werre kann. Es solte die Interesse von der Sprecher zehle, well for die Hunsrückisch en Erebsproch is. Ma muss dem Google desweche vorschloohn, das Insetze von neie Sproche im Google Tradutor besser ze kontroleere, unn die Sicht von der viele Sprecher sowie ooch die Politik vom Inventário Nacional von der Sprochdiversitet ennst ze nehme, wo en important Institution wie der IPHAN unnerstizt hot, uff der Basis grood von ennst Dokumentation unn Zustimmung von der Sprecher.

Es danke for das Zuheere

 

Cléo V. Altenhofen (Projeto ALMA-H / UFRGS, Instituto de Letras)

Rosângela Morello (IPOL – Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística)

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NOTA DE ESCLARECIMENTO:

Falamos e escrevemos o Hunsrückisch!

Em virtude de notícias que têm sido veiculadas nesta semana, referindo-se à inclusão de uma língua Hunsrik, no Google Tradutor, viemos manifestar nossa surpresa e preocupação, como pesquisadores e falantes do Hunsrückisch, com o sistema de escrita usado e o modo como se deu esse processo de inclusão, ignorando trabalhos relevantes no âmbito do Inventário Nacional da Diversidade Linguística (https://www.gov.br/iphan/pt-br/assuntos/noticias/mais-6-linguas-podem-se-tornar-referencia-cultural-brasileira), conforme concebido pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

Nesse sentido, cabe esclarecer, antes de tudo, que a escrita usada no Google Tradutor não representa de modo algum a escrita definida e legitimada como escrita usual do Hunsrückisch, por meio do Inventário que o IPOL (Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística) e o projeto ALMA-H (Atlas Linguístico-Contatual das Minorias Alemãs na Bacia do Prata: Hunsrückisch), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), realizaram entre 2016 e 2018 (v. https://www.ufrgs.br/projalma/escrithu-sistema-de-escrita-do-hunsruckisch/)

A escrita usada nessa inclusão aleatória do que se chama Hunsrik é fonética; por exemplo, para a palavra ‘alemão’, escreve-se a forma Taytx. Em contrapartida, a escrita aprovada no Inventário do Hunsrückisch dialoga com a tradição e as práticas de escrita dos imigrantes e seus descendentes ao longo dos 200 anos de presença no Brasil (rememorados em uma série de atividades deste ano de 2024); a palavra equivalente a ‘alemão’ é escrita, por isso, como Deitsch. Esse diálogo com as raízes e a identidade local é central para os falantes de Hunsrückisch, pois possibilita alinhar as práticas de escrita com outros setores da cultura, como por exemplo mostra a grafia de sobrenomes (neste caso, com o mesmo grafema em Schneider, Einstein etc.). Ou seja, a definição do sistema de escrita, no âmbito do Inventário, deu-se em diálogo com as comunidades, e não foi artificialmente introduzido de fora para dentro, como no caso da escrita do Google Tradutor.

A inserção, de forma aleatória, da língua Hunsrik no Google Tradutor, sem consideração do Inventário do Hunsrückisch, em que se fez ampla consulta e pesquisa junto às comunidades de falantes, e que representa um esforço do IPHAN, junto com a sociedade, para reconhecer e salvaguardar a diversidade linguística brasileira, se choca, portanto, com os esforços legitimamente empreendidos para a manutenção e salvaguarda do Hunsrückisch.

Vale acrescentar que o Inventário do Hunsrückisch, com parecer técnico publicado no DOU de 05/07/2022, ed. 125, seção 3, p. 127, é requisito essencial para o Hunsrückisch obter o certificado de “referência cultural brasileira”. Essa postura foi corroborada em reunião realizada com o IPHAN, no último dia 12/07/2024, em que se acenou com a concessão do certificado ainda este ano.

Esperamos, enfim, que esta nota esclareça a situação, pois a língua materna de toda uma comunidade e de sua história não pode ficar à mercê de uma decisão isolada, motivada por interesses que não os dos falantes, para quem o Hunsrückisch constitui uma língua de herança. Caberia, por isso, alertar ao Google, para rever o processo de inclusão de línguas no Google Tradutor, sem ferir ou passar por cima da visão das comunidades de falantes e da política do Inventário Nacional da Diversidade Linguística, conduzida por um órgão extremamente importante como o IPHAN, que ampara suas ações justamente na documentação e anuência das comunidades.

Att.

Cléo V. Altenhofen (Projeto ALMA-H / UFRGS, Instituto de Letras)

Rosângela Morello (IPOL – Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística)

 


 

DISCLAIMER:

We speak and write Hunsrückisch!

As a result of the news that has been published this week, referring to the inclusion of a Hunsrik language in Google Translate, we would like to express our surprise and concern, as researchers and speakers of Hunsrückisch, about the writing system used and how this process of inclusion has taken place, ignoring relevant work within the scope of the National Inventory of Linguistic Diversity (https://www.gov.br/iphan/pt-br/assuntos/noticias/mais6-linguas-podem-se-tornar-referencia-cultural-brasileira), as conceived by IPHAN (Institute of National Historical and Artistic Heritage).

First and foremost, it should be clarified that the writing used in Google Translate in no way represents the writing defined and legitimized as the usual writing of Hunsrückisch, through the Inventory that IPOL (Institute for Research and Development in Linguistic Policy) and the ALMA-H project (Linguistic-Contact Atlas of German Minorities in the River Plate Basin: Hunsrückisch), of the Federal University of Rio Grande do Sul (UFRGS), carried out between 2016 and 2018 (see https://www.ufrgs.br/projalma/escrithu-sistema-de-escrita-do-hunsruckisch/).

The writing used in this random inclusion of what is called Hunsrik is phonetic; for example, for the word ‘German’, the form Taytx is written. On the other hand, the writing approved in the Hunsrückisch Inventory dialogues with the tradition and writing practices of immigrants and their descendants over the 200 years of their presence in Brazil (commemorated in a series of activities in 2024); the word equivalent to ‘German’ is therefore written as Deitsch. This dialogue with roots and local identity is central to Hunsrückisch speakers, as it makes it possible to align writing practices with other sectors of culture, as, for example, the spelling of surnames shows (in this case, with the same spelling <ei> in Schneider, Einstein, etc.). The definition of the writing system, in the context of the Inventory, took place in dialogue with the communities and was not artificially introduced from outside, as in the case of the Hunsrik writing now present in Google Translate.

The random inclusion of the Hunsrik language in Google Translate, without taking into account the Hunsrückisch Inventory, in which there was extensive consultation and research with the communities of speakers, and which represents an effort by IPHAN, together with society, to recognize and safeguard Brazilian linguistic diversity, therefore clashes with the efforts legitimately undertaken to maintain and protect this language.

Furthermore, the Hunsrückisch Inventory, with a technical opinion published in the DOU of 05/07/2022, ed. 125, section 3, p. 127, is an essential requirement for Hunsrückisch to obtain the certificate of “Brazilian cultural reference”. This stance was corroborated at a meeting held with IPHAN on July 12, 2024, in which the certificate was expected to be granted this year.

Finally, we can only hope that this disclaimer clarifies the situation since the mother tongue of an entire community and its history cannot be at the mercy of an isolated decision, motivated by interests other than those of the speakers, for whom Hunsrückisch is a heritage language. It would therefore be appropriate to alert Google to review the process of including languages in Google Translate, without hurting or bypassing the vision of the communities of speakers and the policy of the National Inventory of Linguistic Diversity, conducted by a body as important as IPHAN, which bases its actions precisely on the documentation and consent of the communities.

Sincerely,

 

Cléo V. Altenhofen (Projeto ALMA-H / UFRGS, Instituto de Letras)

Rosângela Morello (IPOL – Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística)

Longe da sua cultura e da sua terra, a indígena mexicana Rita ficou 12 anos em hospital psiquiátrico porque não entendiam sua língua

.10 junho 2024 – por Ronald Ávila-Claudio – BBC News MundoA história de Rita Patiño Quintero, uma mulher Rarámuri que foi internada numa clínica psiquiátrica nos Estados Unidos devido a um erro no trabalho dos médicos que a encaminharam, foi o que motivou o cineasta Santiago Esteinou a dar a conhecer a sua vida através do cinema documentário.La Mujer de Estrellas y Montañas - Documental 2023 - SensaCine.com.mx

O realizador mexicano Santiago Esteinou lançou em abril seu novo documentário em longa-metragem sobre Rita Patiño Quintero e conta que ela ao ser encontrada no Kansas a  “levaram um tradutor e ele faz um relato ridículo. Concluiu que ela devia ser indígena e que tinha vindo de algum país latino-americano. Mas mesmo não entendendo nada do que ela lhe dizia, ele comentou que as palavras de Rita não faziam sentido. Eles a levaram ao tribunal e concluíram que ela não estava em pleno domínio de sua capacidade mental, que era um perigo para si mesma, então a levaram para um hospital psiquiátrico”, explica Esteinou à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC.

O fato: A polícia chegou à igreja no dia 8 de junho de 1983. A mulher, com as roupas sujas, os pés machucados e confusa, pronunciou algumas palavras que os agentes não conseguiram entender. Ela foi interrogada em inglês, mas a comunicação não foi possível. E como ninguém sabia o que aquela desconhecida dizia, ela perdeu a liberdade durante os 12 anos seguintes.

Foto: Piano produções

Seu nome era Rita Patiño Quintero, uma indígena Rarámuri, originária do Estado de Chihuahua, no norte do México. Naquele dia, ela se refugiava no porão do templo metodista da cidade de Manter, no oeste do Kansas, nos Estados Unidos.

Antes da chegada das autoridades, um pastor a descobriu enquanto Rita comia ovos crus.

Acredita-se que ela chegou lá vindo diretamente de solo mexicano. Isso porque rarámuri significa “corredores ligeiros” e vem de Rará, que signigica pé, e muri, leve. Os rarámuri habitam as encostas da Serra Tarahumara, cuja complicada topografia os obriga a superar obstáculos, atravessar riachos e escalar montanhas. É preciso ser rápido e ainda mais resiliente para enfrentar as condições da área em que vivem. No Kansas, Rita pode ter enfrentado condições mais secas e frias do que nas montanhas.

Ela foi levada para uma delegacia, onde bateu em um policial que tentava limpá-la, conta o cineasta Santiago Esteinou, que em abril de 2024 lançou o documentário La Mujer de Estrellas y Montañas” (“A Mulher de Estrelas e Montanhas”, em tradução livre), no qual a história dela é contada a partir de uma longa apuração em arquivos e por meio de entrevistas.

“Levaram um tradutor e ele faz um relato ridículo. Concluiu que ela devia ser indígena e que tinha vindo de algum país latino-americano. Mas mesmo não entendendo nada do que ela lhe dizia, ele comentou que as palavras de Rita não faziam sentido. Eles a levaram ao tribunal e concluíram que ela não estava em pleno domínio de sua capacidade mental, que era um perigo para si mesma, então a levaram para um hospital psiquiátrico”, explica Esteinou à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC.

Rita quase não falava espanhol, sua língua materna era o rarámuri. No sistema judiciário do Kansas e na instituição para onde ela foi levada, não havia tradutores que pudessem ajudar no seu caso. A mulher não entendia o processo legal contra ela, não sabia onde estava nem por que estava presa. O resto da sua vida foi marcado pela exclusão, violência médica, burocracia institucional e solidão. Mas ela também era uma mulher cercada de mitos e mistérios.

Quem era Rita Patiño Quintero

Para saber siga a leitura diretamente na matéria seguindo o link abaixo:

La mujer de estrellas y montañas

 

 


Saiba mais sobre o fato e o documentário e seu realizador:

Santiago Esteinou, documentarista

. Entrevista com Santiago Esteinou, diretor do documentário LA MUJER DE ESTRELLAS Y MONTAÑAS

Assista: https://www.youtube.com/watch?v=hJtHcjyQ2ZQ

La mujer de estrellas y montañas: Todo lo que tienes que saber del nuevo documental de Santiago Esteinou

https://www.procine.cdmx.gob.mx/comunicacion/nota/la-mujer-de-estrellas-y-montanas-todo-lo-que-tienes-que-saber-del-nuevo-documental-de-santiago-esteinou

. Matéria publicada na Revista Espejo

https://revistaespejo.com/2024/04/08/la-mujer-de-estrellas-y-montanas-el-relato-de-una-vida-atravesada-por-la-injusticia/

La mujer de estrellas y montañas. Una vida marcada por la injusticia

https://www.paginazero.com.mx/la-mujer-de-estrellas-y-montanas-una-vida-marcada-por-la-injusticia

 

https://www.eltiempo.com/mundo/mexico/rita-patino-la-indigena-mexicana-que-fue-encerrada-12-anos-en-un-psiquiatrico-de-ee-uu-porque-no-entendian-su-lengua-3350921

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https://larepublica.pe/estados-unidos/2024/06/10/la-conmovedora-historia-de-la-indigena-mexicana-encerrada-12-anos-en-un-psiquiatra-de-eeuu-por-no-hablar-ingles-lrtmus-906150

 

LA MUJER DE ESTRELLAS Y MONTAÑAS’ DE SANTIAGO ESTEINOU: UNA RARÁMURI ATRAPADA EN KANSAS

https://www.imcine.gob.mx/Pagina/Noticia/la-mujer-de-estrellas-y-montanas-de-santiago-esteinou–una-raramuri-atrapada-en-kansas

. Falleció Rita, la mujer que Cayó del Cielo. Su historia denunció las agresiones siquiátricas a mujeres indígenas migrantes en EUA

https://difusionnorte.com/fallecio-rita-la-mujer-que-cayo-del-cielo/

. La mujer que cayó del cielo. Acesse o texto para teatro de  Víctor Hugo Rascón Banda

https://pdfcoffee.com/la-mujer-que-cayo-del-cielo-3-pdf-free.html

 

A MEDIAÇÃO LINGUÍSTICA COMO GARANTIA DE DIREITOS NO BRASIL: RUMO A POLÍTICAS INSTITUCIONAIS DE TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO NA DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO – Dossiê

Os recentes fluxos migratórios para o Brasil demandam do Estado um novo olhar sobre as necessidades sociais dos indivíduos recém-chegados ao país. A implementação de uma política linguística e de tradução é também, muitas vezes, condição de acesso da população imigrante aos sistemas de prestação de serviços públicos. Nesse sentido, incumbida da missão de garantidora de direitos humanos, a Defensoria Pública da União (DPU), visando ampliar e aperfeiçoar os serviços de assistência jurídica prestados a imigrantes no Brasil, criou a Coordenação de Tradução (CTRAD), antes Núcleo de Tradução (NuTrad), em parceria com a Universidade de Brasília (UnB). Inicialmente responsável pela tradução de documentos processuais, a CTRAD, frente ao aumento exponencial das demandas de atendimento por não falantes de português, vem ampliando suas atividades com a criação de um serviço de mediação linguística entre o agente público e o solicitante de direito.

Acesse o link para o dossiê de autoria de Sabine Gorovitz e Letícia de Souza Sá, UNB

https://www.scielo.br/j/tla/a/XwPmvWxF7GTgMWFwr9ySfzQ/

 

. Sem tradutores e sem direito a rituais, mutirão pede proteção a indígenas presos – Matéria da “Pública – Agência de jornalismo investigativo”

Audiência pública discutiu criação de lei para tratar indígenas presos dada a frequente violação de seus direitos. Siga o link para a leitura:

https://apublica.org/2023/11/sem-tradutores-e-sem-direito-a-rituais-mutirao-pede-protecao-a-indigenas-presos/#_

III Congreso Internacional Lenguas Migraciones Culturas – CILMIC 2024

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“Subjetividades migrantes en un ‘mundo feroz’: debates relacionales sociolingüísticos y culturales en ambientes geofísicos y mediados”

En su tercera instancia, el Congreso Internacional de Lenguas Migraciones y
Culturas propone poner nuevamente el foco en el cruzamiento de fenómenos
sociolingüísticos y culturales que atraviesan y experimentan las subjetividades
migrantes. A partir de diferentes perspectivas y dentro de los márgenes de un
horizonte interdisciplinario, desde la construcción del congreso se pretende debatir
sobre los principales problemas conceptuales y metodológicos que conllevan los
estudios interseccionales que confrontan e interrogan a las interfaces de múltiples
sistemas de poder.
Las subjetividades migrantes como construcciones identitarias son un fenómeno
físico y social que implican tanto el cambio de posición de los cuerpos como el
legado de huellas en distintas trayectorias personales y comunitarias. La noción de
migración alude al desplazamiento, y a la concreción de los procesos de mudanza a
ámbitos transnacionales donde se entrecruzan diferentes lenguas, culturas y
experiencias. La metáfora de “mundo feroz”, tomada del libro de Gita Sen y Marina
Durano (2014), titulado “Refundando los contratos sociales: Feministas en un
mundo feroz” remite a un espacio de tránsito social y lingüístico convulsionado, a un lugar de fracciones políticas y fricciones culturales, a un territorio de promesas que
reordenan las dimensiones de la vida, los comportamientos y los deseos, y a un
ambiente físico o mediado virtualmente, pleno de incertidumbres y contradicciones.
Asimismo, es en este “mundo feroz” donde se erige el encuentro, el intercambio y la
reciprocidad.

El campo de estudio de los fenómenos sociolingüísticos y culturales abre un camino
interesante para explorar el mundo feroz en el que vivimos, y a través de diferentes
miradas interdisciplinarias e intersectoriales nos acerca el impacto que toca,
interpela y transforma a las subjetividades migrantes.

Acesse o programa aqui: Programa Publicado CILMIC 2024.docx

. Rosângela Morello, coordenadora do IPOL, participa do evento com a exposição “Saúde Multilíngue: tradução e interdição no atendimento à saúde” refletindo sobre necessidades urgentes que envolvem o uso das línguas e o sistema de saúde brasileiro, em especial nas regiões fronteiriças.

Dados do relatório consolidado do Observatório das Migrações Internacionais (OBMigra – 2023)
revelam tendência de crescimento dos processos migratórios internacionais e a consolidação do
eixo migratório do Sul Global em direção ao Brasil. Os dados disponibilizados mostram o aumento e a capilaridade dos imigrantes nas diferentes regiões do país, com um número estimado de 1,5 milhão de imigrantes entre 2011 e
2022, somando os de registros migratórios para solicitantes de refúgio e refugiados. Tal situação
geopolítica têm impacto direto nos repertórios e nas práticas linguísticas locais, bem como
produzem tensões, hierarquias e desigualdades em diversos setores da sociedade, como é o caso
do atendimento à saúde. Acrescenta-se a esse cenário, a diversidade das comunidades indígenas,
das populações transfronteiriças e das comunidades surdas que vivem e se deslocam no território
nacional.
Leia mais sobre a proposta de curso desenvolvida em parceria entre o Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Políticas Linguísticas (IPOL), o Grupo de Estudos em Linguagem e Transculturalidade (GELT/CNPq/UFGD), a Cátedra UNESCO de Políticas Linguísticas para o Multilinguismo. Confira o link: http://ipol.org.br/linguas-e-politicas-linguisticas-no-atendimento-a-saude-um-curso-para-compartilhar-desafios-e-solucoes/


Saiba mais puxando a rede IPOL:

AMANHECER Feminista

. DAWN (Development Alternatives with Women for a New Era / Alternativas de Desenvolvimento com Mulheres para uma Nova Era)  é uma rede feminista transnacional de acadêmicas, pesquisadoras e ativistas do Sul global. A DAWN trabalha no âmbito do quadro de género, ecologia e justiça económica (GEEJ), que destaca as ligações entre estas três áreas de advocacia. A rede oferece um fórum para a defesa feminista, investigação e análise sobre questões sociais, políticas e económicas globais que afetam as mulheres, com foco nas mulheres pobres e marginalizadas do Sul global. Saiba mais sobre as atividades  da organização DAWN visitando sua página: https://www.dawnfeminist.org/about-us

 

. “Refundando los contratos sociales. Feministas en un mundo feroz”  O livro citado na apresentação do evento tem em sua introdução que “Este libro indaga, desde una perspectiva feminista del Sur, el potencial
que tiene un enfoque interrelacionado de los derechos humanos para confrontar y
transformar el mundo feroz en el que vivimos. El libro no pretende brindar fórmulas.
Es un esfuerzo por abrir debates en la búsqueda de la comprensión de los complejos
y difíciles dilemas existentes en terrenos políticamente tensos.”

acesse o link para ver o índice da publicação: http://biblio.trabajosocial.unlp.edu.ar/meran/opac-detail.pl?id1=14109

Acesse um resumo do livro aqui:

https://dawnnet.org/sites/default/files/articles/20160914_socialcontractsabridgedespbooklet.pdf



. Leia entrevista com Gita Sen sobre o “mundo feroz”:

https://dialogosdelsur.operamundi.uol.com.br/mundo/56945/gita-sen-define-este-mundo-feroz

GT NACIONAL NO COLÓQUIO INTERNACIONAL DE LÍNGUAS INDÍGENAS – Paris

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GT NACIONAL NO COLÓQUIO INTERNACIONAL DE LÍNGUAS INDÍGENAS NO COLLÈGE DE FRANCE

 

O GT Nacional da Década das Línguas Indígenas estará presente no Colóquio Internacional de Línguas Indígenas no Collège de France em Paris no próximo dia 15 de março. O evento marca também a abertura da exposição Nhe’ẽ Porã na sede da Unesco, que vai ficar em exibição entre os dias 14 e 26 desse mês.

Altaci Rubim, integrante do GT Brasil da DILI, vai participar da mesa “Língua e Memória: transmissão de saberes originários”. Na apresentação, a professora e pesquisadora Kokama vai tratar da concepção de língua-espírito como proposta de renovação epistemológica no estudo das línguas indígenas, bem como das atividades do GT Nacional da Década das Línguas Indígenas no Brasil, que desde 2021 tem implementado o Plano de Ação para salvaguarda e fortalecimento dos idiomas originários no país.

 

 

 

 

 

 

 

 

. Confira aqui a programação: 

Programacao-Coloquio-College-de-France

 

“Nhe’ẽ Porã: Memória e Transformação”

A exposição “Nhe’ẽ Porã: Memória e Transformação”, criada pelo Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, ocupará entre 14 e 26 de março o Hall Ségur, no prédio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em Paris. A exibição estará disponível para visitação ao longo do Conselho Executivo da entidade, com 195 observadores — além de 58 estados-membros participantes. No museu paulistano, a exibição foi vista entre outubro de 2022 e abril de 2023 e recebeu 189 mil visitantes.

Museu da Língua Portuguesa lança exposição virtual de 'Nhe'ẽ Porã ...

São Paulo para crianças - Línguas indígenas! Nhe'ẽ Porã: Memória e ...

. Museu da Língua Portuguesa “Nhe’ẽ Porã: Memória e Transformação”

https://www.museudalinguaportuguesa.org.br/memoria/exposicoes-temporarias/nhee-pora-memoria-e-transformacao/

 

 

 

 


Saiba mais puxando a rede IPOL:

“Nhe’ẽ Porã: Memória e Transformação” em Paris

 

Conferência  “UNIVERSIDADE E A GARANTIA DE DIREITOS A POPULAÇÕES REFUGIADAS, MIGRANTES E APÁTRIDAS”, 23 de março. Participe!

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Conferência Livre Nacional das Cátedras Sérgio Vieira de Mello (CL_CSVM): UNIVERSIDADE E A GARANTIA DE DIREITOS A POPULAÇÕES REFUGIADAS, MIGRANTES E APÁTRIDAS                                                     23 DE MARÇO DE 2024 das 8:00h às 13:00h (Horário de Brasília)
Esse formulário de inscrição ficará aberto até às 23:59h do dia 19/03/2024. O tempo estimado para preenchimento é de 2 (dois) minutos.
 

Esse formulário se destina a todos docentes, discentes, técnicos em educação, servidores e membros da comunidade acadêmica das Instituições de Ensino Superior que fazem parte da Rede de Cátedras SVM/ACNUR, bem como beneficiários das políticas de ensino, pesquisa e extensão das CSVMs, e que irão participar da Conferência Livre Nacional das CSVMs. As vagas finais para participação na CL_CSVM serão distribuídas entre as Universidades, visando garantir representação proporcional e regional.

 

A Conferência tem como objetivo estimular a discussão sobre temas afeitos à política de migrações, refúgio e apatrídia e organizar propostas para subsidiar os trabalhos da 2a. Conferência Nacional de Migrações, Refúgio e Apatrídia (COMIGRAR). A II COMIGRAR está sendo capitaneada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública e terá lugar entre os dias 7-9 de junho de 2024, em Foz do Iguaçu.

As Cátedras Sérgio Vieira de Mello são fruto de uma parceria entre universidades (públicas e privadas) e o ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados) desde 2003, totalizando atualmente 42 instituições compromissadas com as temáticas de migrações, refúgio e apatrídia, tendo sua atuação voltada sobretudo ao acesso a direitos dessas populações em nosso país. Nesse sentido, dentre as ações realizadas pelas Cátedras, há o oferecimento de curso de português (PLAc), atendimento médico/ psicológico e assistência jurídica a pessoas migrantes, em situação de refúgio e apatridia que frequentam os espaços das universidades. Somando-se a isso, há a produção de pesquisas e o ensino (em nível de graduação e pós-graduação) a respeito de tais temas, que corroboram a importância de se conhecer questões relativas a essas populações e debatê-las com a sociedade.

Assim, a Conferência das Cátedras SVM tem como tema “UNIVERSIDADE E A GARANTIA DE DIREITOS A POPULAÇÕES REFUGIADAS, MIGRANTES E APÁTRIDAS”. Objetiva discutir e compilar propostas com ênfase em políticas públicas para essas populações dentro do quadro de defesa e promoção de direitos humanos, em especial a partir das experiências e atividades desenvolvidas pela comunidade universitária envolvida na Rede das Cátedras. Nas propostas, sugere-se foco nas dimensões de ensino (disseminação e aprendizagem de conhecimento), pesquisa (produção e sistematização de conhecimento) e extensão (atividades de articulação entre universidade e comunidade, em especial pessoas migrantes, refugiadas e apátridas). As discussões se darão em torno de 6 eixos temáticos (alinhados à COMIGRAR): 1. Igualdade de tratamento e acesso a serviços públicos; 2. Inserção socioeconômica e promoção do trabalho decente; 3. Enfrentamento a violações de direitos; 4. Governança e participação social; 5. Regularização migratória e documental; 6. Interculturalidade e diversidades.

A Conferência Livre das CSVMS acontecerá em formato virtual no dia 23 de março de 2024 de 8:00h às 13:00h na plataforma TEAMS.

A proposta do regimento interno da CL_CSVM/24 será enviada aos inscritos até o dia 21/03/24 para leitura e aprovação dos participantes.

Apenas pessoas devidamente inscritas receberão o link de acesso por e-mail, até dia 21/03/24.

Confira a programação!

Saiba mais puxando a rede IPOL:

Cidadania em Movimento > https://help.unhcr.org/brazil/2a-comigrar-cidadania-em-movimento/

 

 

 

. A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) está participando #ComOsRefugiados da 2ª Conferência Nacional de Migrações, Refúgio e Apatridia (2ª COMIGRAR).

 

 

Organizado pela Secretaria Nacional de Justiça do Ministério da Justiça e Segurança Pública, a iniciativa mobiliza diversos atores sociais, políticos e institucionais para o debate inclusivo e desenvolvimento conjunto de políticas públicas que aprimorem o acesso a direitos para pessoas refugiadas, migrantes e apátridas.

As agências das Nações Unidas (ACNUR, OIM e OIT) se somam aos esforços do Estado brasileiro para que a nova Política Nacional para Migrações, Refúgio e Apatridia reflita os interesses dessa população em face da realidade vivenciada por elas.

Acompanhe abaixo os destaques de cada etapa estadual da 2ª COMIGRAR:

https://www.acnur.org/portugues/ii-comigrar/

心 Kokoro | Coração – Ailton Krenak e Hiromi Nagakura – CONVERSA NA REDE

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“Conversa na Rede” é uma série de Conversas Selvagem onde os pensamentos fluem com a delicadeza e frescor do balanço das redes, objeto repleto de simbologia na história do Brasil e de seus povos nativos. São conversas sobre a vida, realizadas entre Ailton Krenak e uma constelação de pensadores.

“O coração podia ser pensado como a chave para todas as transformações que a gente deseja no mundo.” – Ailton Krenak “Talvez seja aí que resida o poder dos povos originários: manter as portas abertas para o futuro. É o que penso.” – Hiromi Nagakura Neste quarto episódio da série “Conversa na Rede” – ‘心 Kokoro’, que quer dizer ‘coração’ em japonês –, Ailton Krenak e Hiromi Nagakura se encontram na casa-ateliê de Tomie Ohtake, em São Paulo. Reunidos após muitos anos, os dois amigos relembram episódios de suas vivências na Amazônia enquanto refletem sobre temas como as fronteiras no mundo contemporâneo, a relação entre floresta e metrópole e a possibilidade de conexão verdadeira entre as pessoas. A conversa conta ainda com a participação musical de Marlui Miranda, trazendo uma camada sensível com cantigas e histórias dos povos indígenas com os quais conviveu.

Rio de Janeiro (RJ), 27/02/2024 - O fotógrafo, Hiromi Nagakura e o filósofo indígena, Ailton Krenak, se emocionam em frente a uma foto dos dois, da década de 90. Exposição fotográfica “Hiromi Nagakura até a Amazônia com Ailton Krenak”, no CCBB, centro da cidade . Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Foto by Tania Rego

Entre 1993 e 1998, Ailton e Nagakura viajaram juntos por diferentes territórios indígenas. A exposição traz os registros dos encontros com os povos Krikati, Guarani Mbya, Ñandeva e Kaiowá, Yawanawá, Yanomami, Huni Kuï – Kaxinawá, Akrãtikatêjê – Gavião da Montanha e Ashaninka. Essa conversa foi filmada no âmbito da exposição “Hiromi Nagakura até a Amazônia com Ailton Krenak”, que foi inaugurada em outubro de 2023 no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, com a presença de ambos. O livro “Um rio, um pássaro” (Dantes Editora, 2023), com reflexões feitas por Ailton durante essas viagens, também foi lançado durante a semana de abertura da exposição. “Conversa na Rede” é uma série de Conversas Selvagem onde os pensamentos fluem com a delicadeza e frescor do balanço das redes, objeto repleto de simbologia na história do Brasil e de seus povos nativos. AILTON KRENAK é pensador, ambientalista e uma das principais vozes do saber indígena. Criou, juntamente com a Dantes Editora, o Selvagem – ciclo de estudos sobre a vida. Vive com sua família na aldeia Krenak, nas margens do rio Doce, em Minas Gerais. É autor dos livros “Ideias para Adiar o fim do mundo” (Companhia das Letras, 2019), “O amanhã não está à venda” (Companhia das Letras, 2020), “A vida não é útil” (Companhia das Letras, 2020), “Futuro ancestral” (Companhia das Letras, 2022) e “Um rio um pássaro” (Dantes Editora, 2023). Em 2022, foi eleito imortal pela Academia Brasileira de Letras. HIROMI NAGAKURA nasceu em 1952 na cidade de Kushiro, ao norte da ilha de Hokkaido, no Japão. Desde criança, amou gente e a natureza, interessado em pessoas e culturas de outros lugares do mundo. Em 1979, com 27 anos, Nagakura decidiu tornar-se fotojornalista independente, caminho que o levou à África do Sul, União Soviética, Afeganistão, Turquia, Peru, Brasil e vários outros países, em todos os continentes. Sua obra, já reconhecida no Japão, é exposta pela primeira vez no Brasil na exposição Hiromi Nagakura até a Amazônia com Ailton Krenak, com curadoria desse amigo e personagem de seu trabalho.

Assista aqui a conversa entre Krenak e Hiromi Nagakura relembrando 30 anos de memórias e sobre a floresta e a vida. Ouça o canto de Marlui Miranda, cantora, compositora, arranjadora, pesquisadora e produtora cultural nascida em Fortaleza. É considerada a mais importante intérprete e pesquisadora da música indígena do Brasil, realizando turnês no Brasil e no exterior. Gravou, interpretou e realizou turnês com importantes nomes da música popular brasileira, entre os quais Egberto Gismonti, Gilberto Gil e Naná Vasconcelos.

 


Selvagem – ciclo de estudos sobre a vida é um projeto que realiza atividades e diálogos entre saberes a partir de perspectivas indígenas, acadêmicas, científicas, tradicionais e de outras espécies.

Todas as atividades são gratuitas e incluem rodas de conversas, publicação de cadernos, ciclos de leituras e conteúdos audiovisuais (conversas online, vídeos e bate-papos), com enfoque na diversidade de saberes [1].

O Selvagem também realiza ações de apoio a projetos indígenas de fortalecimento e transmissão de saberes tradicionais, através de uma rede intitulada de Escolas Vivas. As escolas recebem repasses financeiros mensais, com o intuito de apoiar sua manutenção.

História

Selvagem – ciclo de estudos sobre a vida foi criado por Anna Dantes, pesquisadora e editora, e Ailton Krenak, escritor, ativista e liderança indígena, com a proposta inicial de realizar um ciclo de estudos presencial [2] que promovesse conversas e encontros relacionando conhecimentos de diferentes perspectivas.

A primeira edição do ciclo de estudos aconteceu nos dias 13, 14 e 15 de novembro de 2018 no teatro do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, e foi mediada por Ailton Krenak, assim como as edições posteriores.[3] Nesse ano, foram abordados temas como as origens da vida, as plantas mestras e o DNA. A edição foi construída a partir de uma diversidade de perspectivas, recebendo nomes relevantes da antropologia, como Els Lagrou e Jeremy Narby [4], lideranças indígenas, como Moisés Piyãko e Torami-Kehiri (Luiz Luna), e cientistas, como Gustavo Porto de Mello e Alexandre Quinet. [5][6]

 

Assista aqui a Conversa na Rede com Krenak e : https://www.youtube.com/watch?v=j_wBZgh6wcs


 

Saiba mais puxando a rede com IPOL:

. Visite o canal Youtube SELVAGEM ciclo de estudos sobre a vida

https://www.youtube.com/c/SELVAGEMciclodeestudossobreavida

. Visite e conheça os conteúdos na página https://selvagemciclo.com.br/

. Matéria “Amazônia entre amigos ” publicada por Nelson Gobbi em O Globo

Confira na fonte: https://oglobo.globo.com/cultura/artes-visuais/noticia/2024/02/29/amazonia-entre-amigos-mostra-no-ccbb-do-rio-traz-160-fotos-de-viagens-de-hiromi-nagakura-e-ailton-krenak-nos-anos-1990.ghtml

Hiromi Nagakura é a imagem; Ailton Krenak, a palavra. Vindos de realidades distintas, separados por milhares de quilômetros e quase um ano de nascimento (o japonês é de outubro de 1952 e o brasileiro é de setembro de 1953), o fotógrafo e o escritor se conheceram em 1993, quando o primeiro veio registrar o povo krikati, no sudoeste do Maranhão, e pediu ajuda ao segundo, para acompanhá-lo nas viagens à floresta que fazia na época.

Do primeiro contato, a dupla fez expedições, de cerca de 40 dias cada uma, entre 1993 e 1998. Viajando pelos estados de Amazonas, Acre, Pará, Roraima, Mato Grosso, Maranhão e São Paulo, o fotógrafo registrou o cotidiano de sete etnias: ashaninka, xavante, krikati, gavião, yawanawá, yanomami e kaxinawá, além da população ribeirinha e de trabalhadores da floresta. Toda essa trajetória está documentada na mostra “Hiromi Nagakura até a Amazônia com Ailton Krenak”, que acaba de chegar ampliada ao Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) do Rio, após ser montada no ano passado no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo.

Além das 160 fotos, vídeos e objetos dos povos visitados, a mostra é um registro da amizade entre Nagakura e Krenak, que perdura por mais de três décadas após o fim das jornadas dos anos 1990. Mesmo sem trocarem nenhuma palavra em japonês ou português (assim como nas viagens, Nagakura é acompanhado todo o tempo por uma tradutora), os dois passam todo o tempo brincando e se comunicando por gestos e expressões faciais, como na tarde em que O GLOBO acompanhou a finalização da montagem da exposição.

Krenak, que assina a curadoria da mostra junto de Angela Pappiani, Eliza Otsuka e Priscyla Gomes, lembra com precisão o dia em que Nagakura chegou à sede da Aliança dos Povos da Floresta, no bairro do Butantã, em São Paulo, acompanhado da própria Eliza Otsuka (que seria sua intérprete nas expedições), para apresentar seu plano de segui-lo “como uma sombra” em suas futuras viagens.

— No primeiro contato houve uma desconfiança natural. Pensei: como vou levar esse cara que não conheço para andar no meio do mato, pelas aldeias, e se acontece alguma coisa com ele? Ficava com aqueles versos de “Bye, bye, Brasil” na cabeça: “Mas a ligação tá no fim/Tem um japonês ’trás de mim” — brinca o imortal da ABL, citando a canção de Chico Buarque e Roberto Menescal. — Fiz uns comentários assustadores para ver se ele mudava de ideia, sobre onça, sucuri, mas ele era duro na queda e não se assustava com qualquer barulho.

Antes de decidir vir ao Brasil, Nagakura já era um fotógrafo premiado, que cobriu a guerra civil em El Salvador, a ocupação soviética no Afeganistão, e o fim do apartheid na África do Sul. Após ler um artigo sobre a luta dos krikatis pela demarcação de suas terras, decidiu iniciar um projeto no Brasil.

— Além de ficar impressionado com o relato, tinha uma simpatia pela causa porque acredito que os indígenas têm uma identidade étnica com os japoneses. Quando cheguei ao Brasil, ouvi falar muito sobre o Ailton, que era envolvido nos projetos de demarcação de terras, e que seria ideal para me conduzir pelas aldeias — relembra Nagakura. — Não queria fotografar um conflito, de forma abrangente, como já havia feito. Minha ideia era ir para a Amazônia com alguém que conhecesse profundamente a sua cultura, e registrar como essa luta (pela demarcação) influencia cada família, cada indivíduo.

Criança yanomâmi — Foto: Divulgação/Hiromi Nagakura
Criança yanomâmi — Foto: Divulgação/Hiromi Nagakura

Maior exposição de Nagakura dedicada às suas viagens no Brasil, a mostra no CCBB conta com um conjunto inédito de fotos, com o registro dos bastidores das expedições e da amizade desenvolvida a cada ano, além de um vídeo gravado com os dois no Tomie Ohtake.

— Eu não tenho que saber japonês para conversar com ele, nem ele tem que saber português para falar comigo. A gente se comunica há 30 anos assim, sem ficar preso à barreira do idioma, da gramática — comenta Krenak. — O Nagakura-san é um fotógrafo com os ouvidos abertos para a palavra. Tem grandes fotógrafos que preferem publicar só suas imagens. Ele não, ele sabe que são coisas complementares. Essa série continua me dando muitos presentes. Um deles é ver um profissional da sua estatura, aos 71 anos, vindo do Japão novamente só para acompanhar essa abertura.

O fotógrafo conta que, nas aldeias, viu que a barreira da língua não seria um impedimento principalmente pela forma com que as crianças se aproximavam dele. E brinca, dando uma explicação para a longa amizade com Krenak.

— O Ailton também é uma criança, o seu coração é assim. Adultos criam barreiras para a comunicação, as crianças, não. Por isso nossa amizade deu certo — diz Nagakura, sorrindo.

Diversidade étnica

Em cartaz no Rio até 27 de maio, e contando com rodas de conversas com lideranças ashaninka, huni kuin, krikati, entre outras, a mostra vai seguir para os CCBBs de Brasília (11/6 a 18/8) e Belo Horizonte (24/09 a 18/11). A curadora adjunta Angela Pappiani torce para que a mostra possa passar também pela Região Norte.

— Nosso desejo é que ela siga, mesmo em tamanho reduzido, para a Amazônia. Ainda há muita discriminação contra os indígenas nas regiões próximas as aldeias, inclusive com o risco de violência física — comenta Angela. — Seria uma forma de reforçar a identidade e a autoestima dessas populações e mostrar aos não-indígenas toda essa beleza. Há uma dificuldade logística e de recursos, mas vamos batalhar por isso.

Mãe yanomâmi amamentando — Foto: Divulgação/Hiromi Nagakura
Mãe yanomâmi amamentando — Foto: Divulgação/Hiromi Nagakura

Para Krenak, a exposição pode também alertar para a responsabilidade dos brasileiros de todo o país com a proteção da floresta e com a autonomia dos povos nativos sobre os seus territórios.

— Esse ideia da Amazônia como patrimônio da Humanidade nos parece desgastada, diante da situação em que nos encontramos. Mas é real, sobretudo para nós, brasileiros, que temos a maior parte deste bioma no nosso território — ressalta o escritor. — Mesmo com fotos feitas há 30 anos, a mostra eleva a nossa autoestima por pertencer a uma comunidade tão plural, com uma diversidade étnica e cultural magnífica. Muitas dessas fotos não poderiam ser mais feitas hoje, com várias destes locais devastados pelo desmatamento, o garimpo. Gostaria que a euforia trazida pela beleza e a vida dessas imagens fosse compartilhada por todos, para mudarmos essa realidade.

Nagakura lembra que os problemas citados por Krenak já eram vistos por ele nos anos 1990.

— Infelizmente, é algo que não mudou, embora tenha piorado. Naquela época já víamos garimpeiros e os ianomâmis já enfrentavam problemas. Na época não existia a demarcação das terras, mas mesmo hoje, pelos relatos que acompanho, ainda está difícil — compara o fotógrafo. — Eu nunca quis fazer nada exótico, essa não é uma série sobre “indígenas”. Somos todos seres humanos, nascidos em lugares diferentes. Você não precisa ter conhecimento sobre cada um dos povos retratados para ver o lado humano em cada imagem.

Após os anos 1990, Nagakura voltou ao Brasil em outras oportunidades para encontrar Krenak (para a foto que ilustra a capa desta edição, eles posaram diante de um registro de ambos feito em 2004, de volta ao território Krikati). O fotógrafo planeja voltar às aldeias em breve, com um equipamento bem diferente do usado há 30 anos.

— Fotografava com cromo 35mm, com câmera analógica. No processo, não sinto uma grande diferença em usar o digital agora. Você tem mais opções e é um formato mais amigável. Antes, havia muita curiosidade das pessoas em saberem como foram fotografadas, e poder mostrar para elas na hora facilita a comunicação.

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