Funai seleciona instituições que queiram receber filmes indígenas para atividades arte-educativas

Foto: Acervo FUNAI
Instituições interessadas em realizar atividades arte-educativas por meio da exibição de filmes indígenas, com foco no povo Xavante, podem participar do processo de seleção da Funai que vai disponibilizar caixas de DVDs com sete filmes cada uma, por meio da Coordenação Regional (CR) Xavante. O material será distribuído gratuitamente para as 70 instituições selecionadas. As inscrições vão até dia 30 de junho de 2017.
As caixas foram produzidas pela Coordenação Técnica Local em Nova Xavantina/MT, com apoio do Museu do Índio, como parte do projeto “Cinema nas Aldeias Xavante: ver, ouvir e debater”, de 2015. Esse projeto promoveu sessões de cinema itinerante em aldeias Xavante da Terra Indígena Parabubure, em Campinápolis-MT, e distribuiu a coleção dos filmes exibidos para todas as escolas indígenas das nove terras indígenas do povo Xavante, por meio das Secretarias Municipais e Estadual de Educação.
Há um novo mapa da história das línguas bantas (e Angola é importante)
Já não é novidade que os povos bantos percorreram muitos quilómetros ao longo dos tempos. Agora há novos pormenores sobre as suas migrações contadas num artigo na revista Science.

Bantos numa estrada do Gabão LUC-HENRI FAGE
As línguas bantas estão bem presentes no continente africano: cerca de 310 milhões de africanos, a maioria em países da África subsariana, falam estas línguas. Mas se chegaram tão longe é porque há uma história da sua expansão. Um grupo internacional de cientistas, com três portuguesas, quis perceber que caminho percorreram mesmo as línguas bantas há cerca de quatro mil anos para cá. Para isso, seguiram-lhes o rasto através da genética e publicaram o “roteiro” na revista Science. E Angola foi um cenário decisivo neste novo mapa.
As línguas bantas fazem parte da família linguística nigero-congolesa e formam um grupo com mais de 500 línguas. Para tal, tiveram de fazer uma viagem muito longa. A grande jornada das línguas bantas pelo mundo iniciou-se há cerca de quatro mil anos. Nessa altura, os seus falantes viviam na zona ocidental de África, que hoje corresponde à fronteira entre a Nigéria e os Camarões. Depois começaram a espalhar-se para sul, para territórios abaixo da linha do equador.
Quanto aos motivos desta expansão, não são claros: “Não se sabe porquê”, começa por nos dizer Luísa Pereira, geneticista do Instituto de Investigação em Saúde (i3S), da Universidade do Porto e uma das autoras do artigo, que em Portugal também contou com Joana Pereira e Verónica Fernandes, ambas do i3S, e tem como principal autor, Etienne Patin, do Instituto Pasteur, em Paris. “Tinham a vantagem de ser povos agrícolas e ter o domínio da tecnologia do ferro. Está provavelmente relacionado também com o aumento populacional e de novas famílias que precisavam de novos terrenos”, explica.

Mapa com as migrações dos bantos através de África e do seu tráfico para os Estados Unidos PATIN ET.AL. SCIENCE/ETIENNE PATIN/INSTITUTO PASTEUR
Avançando mais de dois mil anos: os falantes de línguas bantas migraram então para sul, pelo Gabão até Angola. E como se chegou a estes resultados? “Com recursos às técnicas mais avançadas da genética de populações, os investigadores rastrearam marcas específicas que foram deixadas pelas misturas ocorridas com as populações autóctones durante a migração”, refere um comunicado do i3S, acrescentando que essas marcas podem ser analisadas nas populações actuais. Ao todo, a equipa investigou 2055 indivíduos de 57 populações. De alguns desses indivíduos já tinha dados genéticos e obteve ainda dados genéticos novos de 1318 indivíduos relativos a 35 populações.
Os cientistas observaram então que os falantes de línguas bantas do Leste e do Sul de África tinham mais semelhanças genéticas com as populações de Angola do que entre si, ou com a sua população mais originária, mais a norte (entre a Nigéria e os Camarões). E foi aí que perceberam que os bantos migraram primeiro para sul, através do Gabão até Angola, e que aí ocorreu uma divisão populacional há dois mil anos, com duas ondas migratórias: uma para sul através da costa Oeste, até à África do Sul; e outra para leste para a zona dos grandes lagos, seguindo depois para sul, através da costa Leste, chegando a Moçambique e, por fim, também à África do Sul.
“É esta a novidade do artigo: houve uma separação mais tardia e chegaram a Angola”, refere Luísa Pereira. Este estudo veio confirmar que essa divisão entre as populações bantas não tinha acontecido logo na sua expansão inicial há quatro mil anos.
“Das migrações mais importantes”
A viagem dos falantes de línguas bantas passou ainda para o outro lado do oceano durante o período da escravatura. “Deram assim material genético aos afro-americanos, o que resultou da mistura de várias populações de África [tanto de não bantos como de bantos]”, explica Luísa Pereira, acrescentando que não há dados genéticos disponíveis para o Brasil.
Os afro-americanos do Norte dos Estados Unidos têm 73% de ancestralidade africana e os dos estados do Sul têm 78%, de acordo com o comunicado. Desta ancestralidade africana nos EUA, 13% veio dos actuais Senegal ou Gâmbia (não bantos), 7% da Costa do Marfim e Gana (não bantos), 50% da região à volta do Benim (não bantos) e até 30% da costa ocidental da África Central (bantos), sobretudo de Angola. “Estes dados genéticos são surpreendentemente consistentes com os registos históricos sobre o transporte de escravos”, refere ainda o comunicado.
Inventário do Hunsrückisch (hunriqueano) como Língua Brasileira de Imigração (IHLBrI) vai a campo
No último sábado, 20 de Maio, a equipe técnica do IPOL, responsável pela execução do Inventário do Hunsrückisch (hunriqueano) como Língua Brasileira de Imigração (IHLBrI) foi a campo.

Fonte: acervo próprio
O município de Antonio Carlos, Estado de Santa Catarina, faz parte da área de abrangência de Inventário. Assim, foi realizado o primeiro encontro com moradores locais interessados em fazer parte do projeto. Em especial, nessa primeira vez, todos participaram da testagem dos instrumentos de coleta, bem como foi feita a reunião de apresentação de intenções e expectativas.
Ao longo, das atividades, divulgaremos os resultados alcançados.
Resgate de idiomas nativos será uma das propostas da Bienal do Mercosul em 2018
Instalação com gravações de línguas indígenas será uma das obras que integrará a próxima edição da Exposição

O curador Alfons Hug visita Porto Alegre regularmente para acompanhar os preparativos da da Bienal | Foto: Ricardo Giusti
A Bienal de Artes Visuais do Mercosul está sendo preparada para o ano que vem. O curador-geral desta 11ª Bienal, o alemão Alfons Hug, em recente visita a Porto Alegre para dar andamento aos trabalhos, revelou que o projeto está bastante adiantado. “Queremos celebrar a diversidade linguística e cultural com o tema ‘O Triângulo do Atlântico’”, apontou Hug.
A lista completa dos artistas integrantes será divulgada mais adiante, mas Hug disse que deve ter aproximadamente 60 nomes. Ele falou, contudo, de algumas propostas. Uma delas está definida. Será uma montagem que irá valorizar línguas nativas, algumas em vias de extinção. Esta será uma obra sonora chamada “Vozes indígenas”. O local também foi escolhido. Pela primeira vez, a Igreja Nossa Senhora das Dores (Rua dos Andradas, 387), no Centro Histórico, vai receber parte da exposição. A escadaria do lugar já foi palco de um concerto que marcou o início da preparação desta edição. O curador explica que o templo foi escolhido pelo seu caráter histórico.
O trabalho sonoro será coletivo. Para esta obra sonora, caixas de som serão colocadas umas em frente às outras, com espaço para o público caminhar entre elas, sugerindo um diálogo. De um lado línguas ameríndias e, de outro, africanas. “O artista terá total liberdade sobre o texto, que pode ser dele ou de alguém que ele entrevistou, e deve ter cerca de 2 a 3 minutos”, explicou Hug. “Valorizar o som aqui me pareceu apropriado, pois não há motivo para competir com o visual”, comentou Hug, fazendo alusão à arquitetura do prédio em restauração.
Queens: o distrito nova-iorquino que fala mais de 160 idiomas
Com 2,3 milhões de habitantes procedentes de todos os continentes, o multicultural distrito de Queens, em Nova York, se apresenta como a área urbana com maior diversidade linguística dos Estados Unidos.

Localização Bairro Queens, NY, EUA.
Segundo a prefeitura de Nova York, no Queens, onde quase metade dos moradores nasceu em outro país, são faladas mais de 160 línguas, especialmente espanhol, chinês, coreano, russo, italiano, tagalog (das Filipinas) e grego.
A pluralidade étnica do distrito, o mais extenso da cidade de Nova York, é tão grande que cada bairro pode ser identificado com os idiomas e dialetos falados por seus moradores. Um simples passeio por uma das principais avenidas do Queens se transforma em uma viagem por diferentes culturas e latitudes.
A avenida Roosevelt, no nordeste do Queens, atravessa bairros como Elmhurst, Jackson Heights e Corona, nos quais se concentram a maior proporção de imigrantes. Falantes de espanhol, nepalês, tibetano, javanês e indonésio compartilham um mesmo código postal.
A região está conectada com o centro da cidade pela linha 7 do metrô, conhecida como “International Express” pela significativa presença de turistas de diferentes países, em sua maioria chineses, equatorianos, mexicanos, colombianos e bengaleses.
“Há muita diversidade e você encontra muitas pessoas de seu próprio país. Isso torna a vida aqui mais cômoda”, disse Sudip Plama, um jovem nepalês que mora em Jackson Heights.
A grande diversidade demográfica e cultural do distrito se mostra em cada esquina: bancos, lojas e restaurantes com trabalhadores de raças diferentes, música vibrante e variedade, bem como panfletos e cartazes no transporte público em dezenas de idiomas.
Abertura do Seminário Inventário LIBRAS
Iniciou hoje, 08 de Maio de 2017, o Seminário LIBRAS

Mesa de abertura do Seminário do Inventário LIBRAS
Na manhã dessa segunda-feira, teve início o Seminário do Inventário Nacional da LIBRAS.
A mesa de abertura contou com representantes das três instituições responsáveis pela realização do Inventário: Regina Helena Meirelles Santiago, Chefe da Divisão Técnica da Superintendência do IPHAN em Santa Catarina, Rosângela Morello, Coordenadora Geral do IPOL e Marianne Stumpf, Chefe do Departamento de Libras da UFSC. As convidadas apresentaram ao público a importância desse evento no cenário nacional de promoção das línguas pelo INDL, considerando o papel das instituições por elas representadas .
Após a abertura, foi composta a mesa-redonda: INVENTÁRIO NACIONAL DA DIVERSIDADE LINGUÍSTICA, com Regina Helena (IPHAN), Ana Paula Seiffert e Cintia Vilanova, Coordenadora Executiva e Gestora Executiva do IPOL, respectivamente, em especial no Inventário LIBRAS, e Ronice Quadros, Coordenadora da Produção e Pesquisa em LIBRAS/UFSC. Foram tematizados aspectos históricos e metodológicos da política do INDL, além dos desafios implicados no processo de execução do Inventário da LIBRAS.
Para a participação do seminário foram convidados 27 surdos de referência que atuam diretamente na promoção da LIBRAS nas cinco diferentes regiões do país. Além deles, nesse primeiro dia, puderam participar professores, estudantes e interessados no tema. Assim, o auditório Henrique Fontes, do CCE/UFSC esteve completamente cheio durante todo o dia.