Mortes de indígenas idosos por Covid-19 colocam em risco línguas e festas tradicionais que não podem ser resgatadas
São mais de 200 línguas indígenas faladas no Brasil, muitas em preservação pelos mais velhos. Guajajaras contam com festas para manter a tradição. Karipunas têm tatuagens históricas que podem se perder. No Rio Negro, um ilustrador da história local morre devido ao novo coronavírus.
Por Carolina Dantas, G1
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2020/0/y/PvIRQkRcqCumiGqgWZvQ/whatsapp-image-2020-07-08-at-15.17.29.jpeg)
Aripã e Katica em terra indígena Karipuna, em Rondônia, em 2019 — Foto: Fabio Tito/G1
A Covid-19 mata mais os idosos e são eles a fonte histórica dos indígenas brasileiros. Os antigos Guajajara, no Maranhão, cantam os rituais. Na aldeia dos karipuna, em Rondônia, Katica e Aripã têm as tatuagens tradicionais e mantêm a língua tupi-kawahib. Os anciãos, que ensinam os mais jovens, correm risco de morrer ou já foram perdidos para a doença.
Não há um balanço oficial de mortes indígenas por Covid-19 por idade. Sabe-se que são 187 mortes até esta quinta-feira (9), de acordo com a Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) do Ministério da Saúde. Ou, como diz o levantamento da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), 453 mortos. Não há consenso também sobre o número geral de vítimas da doença.
Cada caso é divulgado, então, por quem vive perto das aldeias. Aloisio Cabalzar, antropólogo do Instituto Socioambiental (ISA) no Rio Negro, diz que a tradição das sociedades indígenas é basicamente oral. Em geral, são as pessoas mais velhas que passam o conhecimento para as mais jovens.
“Os idosos são o principal grupo de risco. É o que está acontecendo: estamos perdendo o conhecimento” – Aloisio Cabalzar, antropólogo
São mais de 300 povos no Brasil e 200 línguas.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2020/5/e/RlKeQmT4uhQO27aonGhQ/rs53736-img-9571-scr.jpg)
Feliciano Lana, ilustrador da cultura indígena, morre de Covid-19 — Foto: Cortesia/Instituto Socioambiental
Na região do Rio Negro, o ilustrador Feliciano Lana, de 82 anos, desenhou por mais de 30 anos o que assistia na Amazônia. Era “calmo e generoso”, como descreveu Cabalzar.
“Produziu uma obra sensível, expressiva da cosmologia dos povos Tukano e quase onipresente nos trabalhos de antropólogos, historiadores e artistas que tratam do Rio Negro. Seus trabalhos estão em instituições diversas como o Museu de Arte de Belém, o Museu da Amazônia e o Museu Britânico, com o qual estava colaborando recentemente”.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2020/u/t/H881asThebwWhruYOGsg/rs57556-lana1-scr.jpg)
Obra de Feliciano Lana — Foto: Cortesia/Instituto Socioambiental
Feliz, como era conhecido Lana, morreu em maio de Covid-19. Pouco mais de um mês depois, o Rio Negro também perdeu Poani Higino Pimentel Tenório. Ele pegou a doença em São Gabriel da Cachoeira, chegou a ser tratado, e foi transferido para Manaus. O governo do Amazonas informou que ele foi internado na UTI em uma ala indígena, mas que apresentou um quadro agravado por insuficiência respiratória aguda.
Cabalzar diz: “Tenório foi o principal líder do povo Tuyuka e por 20 anos foi educador da língua original aos mais novos”. Ele tinha muitas profissões: construtor de canoa, artesão, químico, professor, tradutor trilíngue e intercultural, gestor de organização indígena, pesquisador, especializado em petróglifos, escritor, produtor cultural.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2020/9/8/tscxUwTGALeBESbYco0g/dsc04451.jpg)
Higino, em fotografia de Aloisio Cabalzar, em sua comunidade Tuyuka em 2008 — Foto: Cortesia/Instituto Socioambiental
“Ele buscou os filhos indígenas em outras escolas, ensinou a língua tuyuka. Garantiu muito material escrito, vários trabalhos publicados. Ele foi a principal liderança do processo de retomada da língua tuyuka”, disse o antropólogo.
No Maranhão, Sônia Guajajara, líder indígena e coordenadora da Apib, vê um processo parecido. Os idosos morrem e levam o que sabem, diz ela. A doença já chegou em territórios próximos a povos isolados: Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, no Amapá; terra indígena Momoadate, no Acre; Vale do Javari, no Amazonas.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2020/l/G/6CunxgSNawlBcWFYV9pg/mortes-indigenas-covid19-brasil.jpg)
Mortes de indígenas por Covid-19 no Brasil — Foto: Arte/G1
Seminario Web: Los Jóvenes Indígenas en el Frente Ante la Crisis de la COVID-19
VIERNES 12 DE JUNIO DE 2020, 11:00 AM – 12:30 AM HORA DE VERANO DEL PACÍFICO
(Encuentre su zona horaria AQUÍ)
En este seminario web se harán presentaciones sobre los efectos de la pandemia mundial de la COVID-19 en los jóvenes indígenas. Los jóvenes ponentes indígenas también compartirán ejemplos de su participación activa en las actividades de socorro y en las soluciones a largo plazo para sus familias, comunidades y pueblos.
PANELISTAS:
- Introducción: Chris Honahnie, Hopi/Diné, Asistente Administrativo y de Programas del CITI, Tucson Arizona
- Video corto: Voces de la Juventud Indígena sobre la pandemia de la COVID-19
- Francisco Cali Tzay, Relator Especial de las Naciones Unidas sobre los Derechos de los Pueblos Indígenas, Maya Kaqchikel, Guatemala: palabras de apertura y convocatoria de información
- Jessica Vega Ortega, Mixteco, Copresidenta del Cónclave Mundial de Jóvenes Indígenas, Coordinadora de la Red de Jóvenes Indígenas de América Latina y el Caribe, México
- Carson Kiburo, Endoris, Copresidente del Cónclave Mundial de Jóvenes Indígenas, Kenia, África
- Enildalia Betty Martínez Gil, Movimiento de la Juventud Kuna, Panamá
- Jaiden Willeto, Diné, Equipo de Labores de Auxilio por la COVID-19 para las Familias Navajo y Hopi, Nuevo México
- Víctor López-Carmen, Dakota/Yaqui, Copresidente del Grupo Global de Jóvenes Indígenas, estudiante de la Facultad de Medicina de Harvard
Moderador, Roberto Borrero, Confederación Unida del Pueblo Taíno
Haga clic en https://www.iitc.org/online-trainings-webinars/ para descargar los folletos sobre este seminario
Para inscribirse vía Zoom, haga clic en: https://us02web.zoom.us/webinar/register/WN_AJqC5y6rTTGX8hTMWLi6ew
Se proporcionará interpretación inglés/español. Haga clic en para obtener información sobre cómo utilizar la función de interpretación en Zoom.
Para obtener más información de contacto comuníquese con: communications@treatycouncil.org
Coronavirus: médicos podrán comunicarse con pacientes en siete lenguas originarias
Ministerio de Cultura (Peru) afina lanzamiento de la Central de Interpretación y Traducción que creará “puente comunicativo” entre galenos del Ministerio de Salud y pacientes de 37 grupos lingüísticos.
28/5/2020
José Vadillo Vila

Nota de pesar – Instituto Insikiran de Formação Superior Indígena da UFRR
Nota de pesar
O Instituto Insikiran de Formação Superior Indígena da UFRR vem a público informar com pesar o falecimento da acadêmica Bernita Miguel do Curso de Licenciatura Intercultural, hoje (21/05), por Covid-19. A estudante atuava como professora de Língua Macuxi, na Escola Estadual Indígena Artur Pinto, comunidade Nova Esperança/Alto São Marcos/T.I. São Marcos, município de Pacaraima/RR. A comunidade acadêmica do Insikiran se solidariza e expressa suas sinceras condolências aos familiares e amigos.