Tecnologias e Línguas

Museu da Língua Portuguesa inaugura mostra sobre línguas africanas

Publicado em 24/05/2024 – 07:48 Por Elaine Patrícia Cruz – Repórter da Agência Brasil – São Paulo

São Paulo (SP), 21/05/2024 - O cantor e compositor Tiganá Santana é o curador da mostra Línguas Africanas que Fazem o Brasil no Museu da Língua Portuguesa. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Fofoca, canjica, moleque, marimbondo e caçula. Algumas pessoas podem não saber, mas todas essas palavras – que já estão absolutamente incorporadas ao português escrito, falado e vivido no Brasil – são,em realidade, de origem africana. E é isso o que apresenta a nova exposição em cartaz no Museu da Língua Portuguesa, que será inaugurada nesta sexta-feira (24) na capital paulista. A curadoria é do músico e filósofo Tiganá Santana.

Chamada de Línguas Africanas que Fazem o Brasil, a mostra confirma a presença africana no dia a dia do povo brasileiro em diversas formas como nos expressamos: seja pela palavra escrita ou falada, seja pela entonação, pelo vocabulário ou até mesmo pela forma como construímos nossos pensamentos.

Durante o percurso, o visitante vai se deparar não só com experiências verbais, mas também com experiências não verbais que serão apresentadas por meio de vídeos, sons e instalações imersivas. A ideia é que o público não só conheça mais sobre as línguas africanas, mas também possa senti-las, “sorvendo o que se ouve e o que se vê”.

“É impossível falar de línguas africanas no Brasil sem considerar essas outras dimensões de linguagem e sem considerar as implicações do corpo nisso. Essa é uma oportunidade para a gente falar como a língua se faz presente nos tambores, nos gradis, na dimensão arquitetônica, nas estampas e no jogo de búzios”, disse o curador, em entrevista à Agência Brasil.

São Paulo (SP), 21/05/2024 - Mostra Línguas Africanas que Fazem o Brasil, com curadoria de Tiganá Santana, no Museu da Língua Portuguesa. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
São Paulo – Mostra Línguas Africanas que Fazem o Brasil é inaugurada no Museu da Língua Portuguesa – Foto Rovena Rosa/Agência Brasil

Essa presença poderá ser sentida também em outras manifestações culturais como a arquitetura, as festas populares e os rituais religiosos. E até em canções bastante populares como Escravos de Jó, jogavam caxangá. O trecho dessa canção, que aparece em uma parte da exposição, mostra que o “jó” advém das línguas quimbundo e umbundo e quer dizer “casa”, “escravos de casa”.

“Escravizados ladinos, crioulos e mulheres negras, que realizavam trabalho doméstico e falavam tanto o português de seus senhores quanto a língua dos que realizavam trabalhos externos, foram a ponte para a africanização do português e para o aportuguesamento dos africanos no sentido linguístico e cultural”, disse Tiganá Santana, com base nas pesquisas da professora Yeda Pessoa de Castro.

Legado

As línguas dos habitantes de terras da África Subsaariana – como o iorubá, eve-fom e as do grupo bantu – têm participação decisiva na configuração do português falado no Brasil e em nossa cultura de forma geral. De acordo com o Museu da Língua Portuguesa, essa é uma história e uma realidade que nos foram legadas por cerca de 4,8 milhões de pessoas africanas que foram trazidas de forma violenta para o Brasil entre os séculos 16 e 19, durante o período de regime escravocrata.

“Essa exposição é focada na presença das línguas africanas no português escrito, pensado e vivido no Brasil. Muito mais do que influências, essas línguas são constituição de como a gente pensa, do que a gente fala, como a gente escreve. Enfim, essa é uma oportunidade para que possamos falar de língua a partir de outro lugar, trazer à tona essas presenças que a colonialidade e o racismo trataram de dissociar da nossa consciência e é um acontecimento que chega pela necessidade”, disse o curador. Ele lembrou que essa é , provavelmente, a primeira vez em que há uma mostra dedicada às línguas africanas no país. “Isso já deveria ter chegado há muito tempo e em vários lugares do Brasil”, acrescentou.

São Paulo (SP), 21/05/2024 - Mostra Línguas Africanas que Fazem o Brasil, com curadoria de Tiganá Santana, no Museu da Língua Portuguesa. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
São Paulo – Mostra Línguas Africanas que Fazem o Brasil é aberta no Museu da Língua Portuguesa – Foto Rovena Rosa/Agência Brasil

A mostra também discute a ausência do ensino de línguas africanas nos currículos brasileiros. “Essas línguas africanas não são uma abstração. As pessoas pensam com base nelas. Antes de a gente ter uma língua-cultura luso-brasileira, essa língua se africanizou. Ela se africanizou para ser brasileira. É por isso que a gente fala caçula e não benjamim; é por isso que a gente fala cochilar, não fala dormitar; é por isso que a gente tem fofoca, que vem de òfófó do Yorubá. E é por isso que temos as duplas negações e a queda do ‘r’ dos verbos no infinitivo, que são uma presença do tronco linguístico bantu. A língua brasileira e os corpos que falam essa língua fundamentalmente são constituídos por presenças africanas”, disse o curador.

Percurso

Entre espelhos e búzios suspensos, conectando o mundo físico e o espiritual, a mostra tem início com a apresentação de palavras oriundas de línguas africanas e que fazem parte do nosso cotidiano. O público será recebido com 15 palavras que foram impressas em estruturas ovais de madeira e que estão penduradas pela sala. Caminhando entre essas estruturas, o visitante poderá ouvir essas mesmas palavras gravadas pelas vozes de pessoas que residem no território da Estação da Luz, onde o museu está localizado.

Seguindo pelo espaço expositivo, os adinkras aparecem espalhados pelas paredes. Os adinkras são símbolos utilizados como sistema de escrita pelo povo Ashanti, que habita países como Costa do Marfim, Gana e Togo, na África. Eles podem representar desde diferentes elementos da cultura até sentenças proverbiais inteiras em um único ideograma.

À parede de adinkras seguem-se duas videoinstalações da artista visual Aline Motta, que fazem com que o público passe entre um corredor de projeções e se sinta parte da obra. A primeira videoinstalação é projetada no chão. Nela a artista destaca formas milenares de grafias centro-africanas, especificamente as do povo bakongo, presente em territórios como o angolano. Já a segunda obra é projetada em duas paredes e foi criada exclusivamente para o museu. Nela são apresentados quatro provérbios em quicongo, umbundo, iorubá e quimbundo, que são traduzidos para o português. Entre eles está o provérbio Luar Claro não é Sol.

São Paulo (SP), 21/05/2024 - Mostra Línguas Africanas que Fazem o Brasil, com curadoria de Tiganá Santana, no Museu da Língua Portuguesa. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
São Paulo – Mostra Línguas Africanas que Fazem o Brasil, com curadoria de Tiganá Santana, é aberta no Museu da Língua Portuguesa – Foto Rovena Rosa/Agência Brasil

Além disso, a exposição apresenta um mapa dos fluxos linguísticos, esculturas de Rebeca Carapiá, tecidos da designer Goya Lopes e uma obra do multiartista J. Cunha, além de fotografias. Há ainda uma cenografia constituída por tambores e uma projeção criada pela artista Aline Motta, que explora trechos do texto Racismo e Sexismo na Cultura Brasileira, da intelectual Lélia Gonzales, que cunhou a expressão pretuguês.

A exposição se encerra com televisores exibindo registros de manifestações culturais afro-brasileiras e uma sala imersiva e interativa, que surpreenderá o público com projeções artísticas quando forem enunciadas palavras como axé, afoxé e zumbi.

Programação especial

Além do espaço expositivo, a mostra se completa com uma programação paralela. Entre elas estão um clube literário e um sarau, informou Roberta Saraiva, diretora técnica do museu.

A exposição Línguas Africanas que Fazem o Brasil ficará em cartaz até janeiro do próximo ano, com entrada gratuita aos sábados. Mais informações sobre ela podem ser obtidas no site do Museu da Língua Portuguesa.

Leia diretamnte na fonte:  https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2024-05/museu-da-lingua-portuguesa-inaugura-mostra-sobre-linguas-africanas


Saiba mais, visite:

“Línguas africanas que fazem o Brasil” no Museu da Língua Portuguesa

 

 

 

LÍNGUA MÃE, encontro com curadoria de Ailton Krenak, Suely Rolnik e Andreia Duarte, discute a diversidade das línguas indígenas

O evento acontece no Museu das Culturas Indígenas (São Paulo) e no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro, com convidados de vários territórios brasileiros, para tratar do apagamento histórico das línguas maternas e também apontar os esforços para revitalização dessas línguas.

“Língua mãe”, que dá nome a este encontro-ritual, se insere no horizonte de um fenômeno da maior importância que vem acontecendo no século XXI em nosso país. Trata-se da eclosão de centenas de expressões das diversas línguas indígenas na cena da disputa política pelos territórios originários, objeto da violência do rapto colonial que funda o Brasil. Compartilhar e colocar em diálogo distintas experiências deste outro modo de existir para que se incremente mais e mais sua circulação.

As línguas indígenas não apenas preservam a história e a violência sofrida, mas também contêm a memória da gestão da “fábrica de mundos”. A administração colonial das culturas indígenas envolve apagar suas línguas.
O evento, que promove o retorno dessas línguas à esfera pública, terá duas mesas de debates com pesquisadores e autoridades indígenas, além da performance vocal de Carlos Tukano (RJ).
Curadoria: Ailton Krenak, Andreia Duarte e Suely Rolnik.
Confira a programação na página:

https://www.outramargem.art/lingua-mae

 


Saiba mais:

https://www.pretajoia.com/2024/05/lingua-mae-linguas-indigenas-com-ailton.html

 

 

 

Translation in India: Theories, Policies and Practices. Call for Papers – vol. 45, Special Issue 1, 2025

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Pode ser uma imagem de texto que diz "CADERNOS ERNOS de TRADU RADUÇÃO"

 

 

Com o crescente crescimento da informação e da tecnologia, o campo da tradução tem visto vários desenvolvimentos em todo o mundo. Em linha com isto, Cadernos de Tradução  em colaboração com a Cátedra UNESCO sobre Políticas Linguísticas para o Multilinguismo prepara-se para lançar uma edição especial intitulada Tradução na Índia: Teorias, Políticas e Práticas.

Envio de resumos! Até 20 de junho de 2024

Call for Papers – vol. 45, Special Issue 1, 2025 Translation in India: Theories, Policies and Practices

 

Guest Editor

Umarani Pappuswamy

Central Institute of Indian Languages
Mysuru, Karnataka, India
umarani.ctindia@gmail.com

https://orcid.org/0000-0002-4105-9530

 

Saiba mais detalhes sobre a chamada no link:

[EN] CfP – Translation in India (vol. 45 – Special Issue 1) (3)

 


Sobre a Revista

Cadernos de Tradução foi criada em 1996 por professores da Universidade Federal de Santa Catarina. A revista publica artigos inéditos, resenhas, resenhas de tradução, entrevistas e artigos traduzidos. Atualmente, Cadernos de Tradução está vinculada à Pós-Graduação em Estudos da Tradução da Universidade Federal de Santa Catarina (PGET-UFSC) e representa um reconhecido fórum de discussão nacional e internacional sobre pesquisas na área dos Estudos da Tradução. A revista está indexada em diversas bases de dados nacionais e estrangeiras, avaliada como A1, no Qualis/Capes e classificada com Q1 na Scimago Journal & Country Rank da Scopus. A Cadernos de Tradução faz parte da Coleção SciELO Brasil.

O objetivo principal da revista é publicar resultados de pesquisas no campo dos Estudos da Tradução no Brasil e no exterior e acompanhar o debate na área, cuja interdisciplinaridade lhe é inerente. Publica regularmente artigos, resenhas e entrevistas de alta qualidade, com efetiva contribuição científico-acadêmica para os Estudos da Tradução. Além disso, os critérios adotados para a seleção dos trabalhos são: ineditismo, originalidade, clareza, relevância para a área.

A partir de 2022, a revista Cadernos de Tradução passou a publicar em fluxo contínuo seguindo os princípios da ciência aberta.

Cadernos de Tradução encontra-se em formato exclusivamente on-line e trabalha em acesso aberto, não cobrando nenhum tipo de taxas para publicação.

STF apoia iniciativa de guias eleitorais em cinco línguas indígenas

Material foi lançado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Pará.

em 09/05/2024

 

Em comemoração ao “Abril Indígena”, o Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE-PA) lançou cinco guias bilíngues para algumas das populações indígenas que vivem no estado.

A iniciativa, apoiada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), apresenta de forma didática informações importantes sobre o processo eleitoral, como noções básicas sobre o voto, as campanhas eleitorais, o dia das eleições e a segurança da votação eletrônica.

Entre as 34 línguas indígenas faladas no Pará, foram escolhidas a Mebêngokrê, do tronco linguístico Jê; a Wai-Wai, do tronco linguístico Karib; e as línguas Munduruku, Nheengatu e Tenetehara, todas ligadas ao tronco linguístico Tupi.

O material faz parte do “Projeto Exercendo a Cidadania” e foi produzido em parceria com a Universidade do Estado do Pará (UEPA), a Secretaria dos Povos Indígenas e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

Constituição indígena

Em julho de 2023, em ação inédita, o STF lançou a primeira Constituição brasileira traduzida para a língua indígena Nheengatu.

A CF em Nheengatu foi feita por um grupo de 15 indígenas bilíngues da região do Alto Rio Negro e Médio Tapajós, em comemoração ao marco da Década Internacional das Línguas Indígenas (2022-2032) das Nações Unidas.

Para acessar a CF em Nheengatu, clique aqui.

Leia a matéria na fonte: https://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=536460&ori=1


 

Saiba mais puxando a rede IPOL____________________________

 

.  Programa Inclusão Sociopolítica dos Povos Indígenas

O projeto visa construir instrumentos de efetivação plena dos direitos de cidadania dos povos indígenas. A efetivação de direitos e garantias individuais e coletivas tem amparo na Constituição Federal, precisamente nos artigos 1º e 3º, quando, respectivamente, estabelece a cidadania como fundamento do Estado Democrático de Direito, e constitui objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil construir uma sociedade livre, justa e solidária. É também objetivo promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Aos povos indígenas são reconhecidas sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições (art. 231, da CF/88). Entretanto, a realidade dos povos indígenas, nomeadamente no que tange à efetivação dos direitos decorrentes da cidadania tem se mostrado cada vez mais desafiadora. A inclusão sociopolítica dos povos indígenas pressupõe dialogo e conhecimento dos obstáculos que prejudicam o exercício pleno da cidadania. Acesse o link abaixo e confira cartilhas, vídeos e relatórios do Programa.

https://www.tre-to.jus.br/institucional/escola-judiciaria-eleitoral/inclusao-sociopolitica-dos-povos-indigenas

. Em 2018 foi realizado no estado de Tocantins o Projeto Inclusão Sociopolítica dos Povos Indígenas.

TRE-TO lança cartilhas bilíngues e traduz informações eleitorais para línguas indígenas do Tocantins

3ª ediçãoSérie Abril Indígena - TRE do Tocantins - 13.04.2023

A Justiça Eleitoral do Tocantins imbuída da missão de promover o pleno exercício e aperfeiçoamento da democracia lançou na tarde desta segunda-feira (24/9), quatro cartilhas bilíngues editadas em português e nas línguas maternas dos povos Panhi, (Apinajé), Iny (Karajá – Javaé – Xambioá), Meri (Krahô), Povo Akwe (Xerente). As publicações integram o projeto de Inclusão Sociopolítica dos Povos Indígenas e, de forma bastante didática, fornecem ao eleitor indígena informações importantes para que todos possam compreender e participar de forma consciente e efetiva do processo eleitoral.

Acesse o link para saber mais:

https://www.tre-to.jus.br/comunicacao/noticias/2018/Setembro/tre-to-lanca-cartilhas-bilingues-e-traduz-informacoes-eleitorais-para-linguas-indigenas-do-tocantins

. Em 2020 Eleições 2020: Justiça Eleitoral do Tocantins lança série de vídeos voltados ao eleitor indígena

Programa Inclusão Sociopolítica dos ...

Ao todo oito vídeos voltados ao eleitor indígena foram produzidos pelo Tribunal Regional Eleitoral do Tocantins (TRE-TO) e contam com a participação de indígenas para promover a inclusão cidadã e incentivar a participação política dos povos indígenas. A iniciativa faz parte do projeto de Inclusão Sociopolítica dos Povos Indígenas do Tocantins, realizado desde 2017, e que é um programa permanente do TRE-TO.

https://www.tre-to.jus.br/comunicacao/noticias/2020/Agosto/eleicoes-2020-justica-eleitoral-do-tocantins-lanca-serie-de-videos-voltados-ao-eleitor-indigena

Acesse o canal do TRE-TO no Youtube para assistir a série de vídeos:

https://www.youtube.com/watch?v=a3qgsKuzECw&list=PLdNdie2j-5WJYwZ_qaRvVy4b7uaCzur2L&index=1

 

.  Abril Indígena: TRE do Tocantins realiza programa de inclusão sociopolítica dos povos originários

Série Abril Indígena 10.04.2023

São diversas ações, como cartilha bilíngue, vídeos, momentos de conversa, orientação e troca de experiências em comunidades de diferentes etnias. Acesse a matéria no link abaixo:

https://www.tse.jus.br/comunicacao/noticias/2023/Abril/abril-indigena-tre-do-tocantins-realiza-programa-de-inclusao-sociopolitica-dos-povos-originarios

 

Programa Língua Indígena Viva no Direito

© Edgar Kanaykõ WWF-Brasil

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PORTARIA INTERMINISTERIAL AGU/MPI/MJSP Nº 1, DE 18 DE ABRIL DE 2024

Institui o Programa Língua Indígena Viva no Direito.

Art. 1º Fica instituído o Programa Língua Indígena Viva no Direito, destinado a facilitar a interpretação, a integração e o entendimento recíproco de:

I – direitos e deveres estabelecidos na legislação nacional e internacional; e

II – valores culturais, tradições, usos e costumes aceitos como normas pelas diferentes comunidades indígenas, não necessariamente formalizados pela escrita ou por processos legislativos, que devam ser reconhecidos e considerados nas políticas públicas e na produção e aplicação de normas jurídicas.

Medida foi publicada nesta segunda-feira no Diário Oficial da União

Publicado em 22/04/2024 – 09:44 Por Fabíola Sinimbú – Repórter da Agência Brasil – Brasília

O entendimento recíproco entre os povos indígenas e os formuladores e aplicadores das legislações brasileiras é o principal objetivo do Programa Língua Indígena Viva no Direito desenvolvido pela Advocacia-Geral da União (AGU) com os Ministérios dos Povos Indígenas e da Justiça e Segurança Pública. A iniciativa lançada em cerimônia em Brasília, na última quinta-feira (18), com a participação presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve seus princípios e objetivos publicados nesta segunda-feira (22), no Diário Oficial da União.

Entre as medidas previstas pela política pública a tradução da legislação brasileira, dos termos e conceitos jurídicos para as línguas indígenas, assim como a capacitação de legisladores e profissionais do Direito em conhecimentos relacionados a diversidade cultura e social desses povos. Os membros das comunidades também serão capacitados para maior acesso às legislações nacionais e internacionais, assim como às políticas públicas.

Segundo divulgação feita pela AGU, por meio de nota, o texto da Constituição Federal será o primeiro a ser traduzido nas línguas Guarani-Kaiowá, Tikuna e Kaingang, por serem as mais faladas no país. E para garantir a integridade cultural, o processo terá a participação de líderes e membros dos povos indígenas, que ajudarão a construir textos onde serão considerados a interação com os sistemas legais indígenas.

Os novos conteúdos serão divulgados entre as comunidades, advogados, órgãos dos Três Poderes, colegiados, universidades e organizações da sociedade civil que atuam em políticas públicas e em iniciativas que tratam dos direitos dos povos indígenas.

Acesse o link para ler a a Portaria na íntegra:

http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-interministerial-agu/mpi/mjsp-n-1-de-18-de-abril-de-2024-555196304

Acesse aqui o link da matéria: https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2024-04/programa-promove-integracao-entre-linguas-indigenas#

‘Nheengatu App’: conheça o 1º aplicativo voltado para o ensino de língua indígena no Brasil

Por Bruna Yamaguti, g1 DF em 

Além do português, estima-se que mais de 250 línguas sejam faladas no Brasil, segundo o Instituto do Patrimonio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Sobrevivendo ao tempo, os idiomas indígenas são parte importante da identidade do país e, pensando nisso, a pesquisadora Suellen Tobler criou o primeiro aplicativo voltado para o ensino de um idioma indígena brasileiro: o Nheengatu App.

A pesquisadora Suellen Tobler, à direita, e a professora Dailza Araújo, à esquerda — Foto: Arquivo pessoal

Vídeo /  Veja como funciona: https://g1.globo.com/df/distrito-federal/video/veja-como-funciona-o-nheengatu-app-12479505.ghtml

  • 📱A ferramenta foi apresentada na 6ª edição da Campus Party Brasília, festival de tecnologia, criatividade e inovação que termina neste domingo (31), no Estádio Mané Garrincha;
  • 📱Funciona assim: depois de baixar a ferramenta, o usuário tem acesso a vários exercícios com imagens, para aprender diferentes palavras e frases (veja vídeo acima);
  • 📱Os áudios dos exercícios são feitos por George Borari, professor de Nheengatu da Escola Indígena Borari de Alter do Chão, no Baixo Tapajós;
  • 🗣 O Nheengatu tem origem no tronco linguístico do tupi, com algumas influências do português, assim como o português brasileiro tem influências do tupi.

Segundo a desenvolvedora, o Nheengatu já foi a língua mais falada da região amazônica. “Ela já foi conhecida como ‘língua geral amazônica'”, diz.

“Lancei o aplicativo em outubro de 2021. Desde então, ele tem sido usado dentro de salas de aula de escolas indígenas da região do Baixo Tapajós. Essa primeira versão do aplicativo contempla apenas a variação ‘Nheengatu Tapajowara’, que é língua da região do Baixo Tapajós, mas existem outras variações”, explica Suellen Tobler.

Ela conta que depois do lançamento do Nheengatu App, muitos povos indígenas que estão na luta pela permanência de suas culturas ficaram interessados em também fazer um aplicativo para suas próprias línguas.

“Algumas comunidades me procuraram e felizmente conseguimos viabilizar outros dois aplicativos que estão em desenvolvimento”, comemora a pesquisadora.

Imagem mostra diferentes tipos de exercícios do Nheengatu App — Foto: Reprodução

Ao todo, o aplicativo conta com 6 diferentes exercícios: de memória, de selecionar palavras, de completar frases, de selecionar frases, de escrever frases, e de formar pares (veja figura acima).

Como tudo começou

A desenvolvedora do projeto, Suellen Tobler, conta que tudo começou com o livro “Nheengatu Tapajowara”, que ela ganhou de presente da professora Dailza Araújo, da escola indígena Suraraitá Tupinambá, na Aldeia São Francisco, em Santarém, no Pará.

“Fui olhar o livro e percebi que a língua Nheengatu tinha certa semelhanças com o alemão, então eu fiquei muito curiosa e resolvi procurar cursos através de aplicativos para línguas, mas não achei nenhum voltado para línguas indígenas de povos do Brasil. Mas curiosamente, achei muitos aplicativos da Bíblia Judaico Cristã traduzida para diversas línguas indígenas. Foi quando eu percebi essa problemática”, conta Suellen.

O Nheengatu App foi lançado em outubro de 2021, com o apoio da Lei Aldir Blanc e da Secretaria de Cultura do Pará. Segundo Suellen, até setembro do ano passado, cerca de 2,2 mil usuários únicos da ferramenta já haviam sido registrados, mas nas comunidades, o uso do aplicativo costuma ser coletivo.

“Em sala de aula, em algumas escolas indígenas, o app é usado através do projetor. Também não são todas as pessoas que possuem dispositivos móveis, então elas costumam compartilhar os aparelhos”, diz a pesquisadora.

‘Quanto maior o número de falantes, mais viva a língua estará’

Imagem animada mostra funcionamento do Nheengatu App — Foto: Reprodução

Suellen conta que viajou por muitas aldeias e comunidades ribeirinhas para fazer oficinas de produção de conteúdo digital por meio de aplicativos gratuitos para celular. Assim, ela percebeu que era grande a demanda por materiais que pudessem documentar e apoiar a retomada linguística nessas regiões.

“São os anciões das comunidades que preservam o conhecimento da língua, e poucos são os jovens que falam, atualmente”, explica a pesquisadora.

Suellen pontua que os jovens, não apenas os de comunidades indígenas, falam a linguagem da tecnologia. Ou seja, a informação digitalizada chega muito mais rápido para as novas gerações e este fator é fundamental para o processo de retomada linguística.

Na página inicial do Nheengatu App, o usuário vê a seguinte frase: “Com a pressão linguística civilizatória, essa língua foi silenciada ao longo do tempo, mas continua viva. Quanto maior o número de falantes, mais viva ela estará!”

  • 👉 A ferramenta de aprendizagem está disponível para download no celular, e também pode ser acessada por meio do site.

Siga a leitura em:

https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2024/03/31/nheengatu-app-conheca-o-1o-aplicativo-voltado-para-o-ensino-de-lingua-indigena-no-brasil.ghtml

 

 

Saiba mais puxando a rede:

. Aplicativos para o ensino-aprendizagem de línguas indígenas de povos do Brasil – Palco: Petrobras

Palestrante(s): Suellen Tobler

https://www.youtube.com/watch?v=JruE_3yy-bw

Comentário de Adauto Soares – UNESCO aos 32 minutos e 34s

 

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