Que língua os Yanomamis falam?
Dentro do grupo étnico yanomami, são falados seis idiomas nativos. Três deles estão ameaçados de desaparecer.
Em yanomama, um dos idiomas yanomamis, televisão é utupë taamotima thë (mostrador de imagens); garfo se diz pore nahasi (unha de fantasma); e hospital, hanɨpratima yano (casa onde [as pessoas] são cortadas).
Já a palavra para “helicóptero” é tixo, que significa “beija-flor”, exemplifica o Instituto Socioambiental (ISA), organização da sociedade civil que atua na defesa da diversidade socioambiental brasileira, no livro Línguas Yanomami no Brasil, publicado pelo instituto em 2020.
Os yanomamis formam um dos grupos linguísticos mais relevantes para o patrimônio etnolinguístico nacional, segundo afirma o ISA. No total, existem seis idiomas falados pelos moradores da Terra Indígina Yanomami: yanomami, sanöma, ninam, yanomam, ỹaroamë e yãnoma.
A informação é do projeto de pesquisa de 2019 intitulado “Diversidade Linguística na Terra Indígena Yanomami”, desenvolvido pelo ISA, em parceria com a Hutukara Associação Yanomami e outras organizações indígenas, que identificou a sexta língua falada por este povo no país: o yãnoma. O livro Línguas Yanomami no Brasil deriva deste projeto de pesquisa.
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O projeto faz um perfil de cada língua da família yanomami e aponta uma grande diversidade de dialetos dentro dos idiomas identificados, com pelo menos dezesseis variações dialetais. Das existentes, a língua yanomami mais falada no Brasil é o yanomam, com cerca de 11 mil e 700 falantes.
Além disso, a pesquisa mostra que essas nuances de idioma se misturam em pelo menos nove zonas de bilinguismo no território. “Essas zonas são ilustrações eloquentes do intenso contato que os yanomamis têm entre si”, afirma Ana Maria Machado, antropóloga do ISA, em artigo publicado no site oficial do instituto.
Idiomas yanomamis estão ameaçados
O projeto do ISA avaliou, ainda, como está a saúde dos idiomas dessa família linguística. Entre as principais ameaças a que estão submetidos está a intensificação do contato com a sociedade não indígena.
Segundo diz a antropóloga do ISA, “as línguas em maior contato com os brancos, seja por estarem em regiões de fronteira da Terra Indígena Yanomami ou por terem um fluxo muito grande de relações com os não índios, são as mais ameaçadas”. Por exemplo, o yanomami falado no Alto Rio Negro e as três línguas do limite leste da Terra Indígena Yanomami – ninam, ỹaroamë e yãnoma – são as que estão sob maior risco.
(Leia também: Pode a música salvar uma língua em extinção?)
Além disso, o livro Línguas Yanomami no Brasil revela algumas misturas e a “yanomização” das palavras após o contato com os brancos (ou os napëpë, no idioma yanomami). Por exemplo, para “piloto de avião” se usa apiama xẽe e, ou literalmente “sogro do avião”. No caso, o avião estaria trabalhando a serviço de quem o pilota porque, na cultura yanomami, os genros devem trabalhar para seus sogros.
https://www.nationalgeographicbrasil.com/cultura/2023/05/que-lingua-os-yanomamis-falam
Lançamento: NJINGA e SEPÉ: Revista Internacional de Culturas, Línguas Africanas e Brasileiras
Os estudos que ensejaram a publicação desta edição são resultados de abordagens variadas de pesquisas de naturezas qualitativas, quantitativas e mistas, com métodos que envolvem pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo e análises de dados. São muitos os ganhos desta Edição Especial I. Muitos desses estudos são enriquecidos de dados históricos robustos acerca das modalidades da educação (básica, secundária, técnica e superior) – desde os tempos da colônia até os dias atuais. Além dos dados históricos acerca da educação, muito se dá a conhecer também acerca da linguagem e da cultura tantos dos países africanos quanto do Brasil. É assim que esta edição se converte em uma leitura avaliativa e crítica da evolução da educação, da cultura, das tradições, das línguas e da política. É assim que a publicação dos textos que compõem esta edição especial se converte, enfim, em um turno de fala, no diálogo do conhecimento científico com a sociedade africana e brasileira.
Organizadores:
Prof. Dr. Antônio Félix de Souza Neto (Universidade Federal de Sergipe)
Prof. Dr. Alexandre António Timbane (Universidade Federal de Sergipe/Universidade de Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira)
Acesse a publicação: https://revistas.unilab.edu.br/index.php/njingaesape/issue/view/47
Conheça todas as línguas do Brasil que se tornaram oficiais
O Brasil é um país enorme, carregado de histórias, com diferentes paisagens, culturas e estilos de vida, muitas vezes desconhecido pela maior parte dos brasileiros.
Vamos conhecer as regiões do Brasil onde existem outros idiomas oficiais além do português. No Brasil são falados mais de 140 idiomas, entre línguas indígenas, línguas europeias trazidas pelos imigrantes e outras, e temos inclusive brasileiros que não falam português. No vídeo de hoje vamos mostrar para você cada uma dos idiomas falados no Brasil que se tornaram oficiais, são 22 línguas oficializadas em 51 municípios diferentes, para que você entenda de uma vez por todas a diversidade cultural e linguística que existe no nosso país.
Assista aqui o vídeo: “Não falamos português!”
“Conhecendo o Brasil” é um canal do Youtube dedicado a mostrar neste algumas histórias, informações, curiosidades e lugares do país. Visite:
https://www.youtube.com/@ConhecendooBrasiloficial/about
(texto e informação extraída diretamente do canal Youtube)
Nunca mais um Brasil sem nós!
A campanha “Nunca mais um Brasil sem nós” é uma ação que propõe dar visibilidade a luta dos 305 povos indígenas que resistem e existem no Brasil, e que garantem a preservação de 274 línguas faladas. Os povos indígenas habitam todos os biomas brasileiros e são os protagonistas da sua preservação.
http://www.abi.org.br/nunca-mais-um-brasil-sem-nos/
https://www.instagram.com/reel/CrmKXlXgkkX/?utm_source=ig_web_copy_link
Línguas de povos originais se tornam “segundo idioma” em cidade cheia de aldeias – CREDITO: CAMPO GRANDE NEWS
“Eu creio que é um avanço, uma conquista para nossos direitos”, comentou morador da aldeia Lagoinha
Por Geniffer Valeriano | 26/04/2023 09:21
Mais três línguas são acrescentadas como “cooficiais” no município de Miranda, cidade que fica a 201 km da Capital. São como outras formas de comunicação paralelas à língua portuguesa. Desde 2017, a língua Terena já faz parte dessa lista, mas no dia 11 de abril deste ano, a língua Kinikinau, Libras (Língua Brasileira de Sinais) e a LTS (Língua Terena de Sinais) começaram a fazer parte também.
Morador da aldeia Lagoinha, Arildo Cebalio, de 49 anos, conta que vê a nova emenda publicada como um incentivo a preservação da cultura indígena. “Alguns anos atrás, crianças quando começavam a aprender a falar, primeiro aprendiam a falar o terena e depois a falar português. Hoje está bem diferente, nós vemos as nossas crianças a falar o português e não o terena”, disse.
Cercados pela língua portuguesa, Arildo conta que atualmente tem sido um desafio passar o ensinamento da língua Terena para os mais novos. “Hoje é até difícil de passar para os filhos, mesmo que eles tenham apoio e nós como pais, os mais velhos que ensinam, mas a gente já está rodeado de tanta coisa que já vem em português pra gente, né?”.
Com o novo decreto, fica estabelecido que não pode haver descriminação de nenhuma das línguas, sendo ela oficial ou cooficial. Sendo garantido o direito à escolha da opção pedagógica que mais parecer adequada às famílias.
“No caso dos estudantes que apresentem necessidades de comunicação, o acesso aos conteúdos deve ser garantido por meio da utilização de linguagens e códigos aplicáveis, como o sistema de Braille, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) e a Língua Terena de Sinais (LTS), sem prejuízo do aprendizado”, diz trecho do parágrafo único.
CREDITO: CAMPO GRANDE NEWS
Lançado aplicativo de dicionário da língua Wai Wai
Na quarta-feira, 22, foi lançado o aplicativo Dicionário Wai Wai, em sua versão beta, no miniauditório do Instituto de Ciências da Sociedade (ICS) da Ufopa, e o evento contou com a presença da equipe do projeto e de autoridades.
O dicionário consiste de um aplicativo para celulares com Android e de um site, ambos desenvolvidos pela equipe do projeto “Wai Wai Tapota: tradução, conhecimento e interculturalidade”. O projeto contou com recursos do Programa Integrado de Ensino, Extensão e Pesquisa (PEEX) e articulou docentes, técnicos e estudantes do ICS, do Isco, dos cursos de Ciências Biológicas e Sistemas de Informação do Campus Oriximiná e do programa de Pós-Graduação em Biociências.
Para Cauan Ferreira Araújo, que representou a Reitoria no evento, “o PEEx é um modelo inovador, promovendo ensino-pesquisa-extensão em interação com a educação básica, em grupos de pesquisa interdisciplinares. No projeto Wai Wai Tapota temos ainda a dimensão da interculturalidade, que adiciona outra dimensão riquíssima. Além disso, temos o protagonismo discente com a participação de vários cursos, de indígenas e não indígenas, contando ainda com a execução CBSI Jr, empresa júnior do Campus Oriximiná. Gostaria ainda de destacar a funcionalidade de dicionário aberto, com contribuições de usuários, o que possibilita o acréscimo de termos e traduções para aplicação por alunos de todos os cursos da Ufopa”.
A coordenadora do projeto, Camila Pereira Jácome, ressaltou que “ele foi pensado por professoras e professores que já têm pesquisa com os Wai Wai, em diversas áreas do conhecimento, como Arqueologia, Antropologia, Biologia, mas, como professoras e orientadoras desses estudantes, entendemos que as diferenças linguísticas trazem dificuldades no percurso acadêmico aos estudantes. Essas dificuldades com o português dizem respeito à comunicação falada, escrita e também à compreensão de termos técnicos ou específicos das diferentes áreas acadêmicas”.
Ainda de acordo com Jácome, a expectativa é de que o dicionário possa facilitar a vida dos estudantes na Ufopa e também dos que estão na educação básica, seja nas aldeias ou nas cidades. Segundo ele, o projeto trouxe uma parceria com estudantes indígenas Wai Wai, que vivenciaram a experiência de registrar e valorizar suas línguas, entendendo que elas estão inseridas em contextos históricos dinâmicos. “É importante ressaltar que essa é uma experiência colaborativa de documentação da língua, na qual os estudantes se engajam, e não são apenas informantes ou tradutores”.
O projeto devolve para a sociedade uma metodologia participativa para a documentação e revitalização das línguas indígenas e alia-se ao esforço da Década Internacional das Línguas Indígenas (2022-2032), decretada pela Unesco.
O aplicativo foi desenvolvido pela empresa júnior do Campus Oriximiná, e possibilitou a capacitação dos estudantes na elaboração de soluções tecnológicas para as demandas das comunidades indígenas.
Para Flávia Pessoa, professora do curso de Sistemas de Informação do Campus Oriximiná e membro do projeto, a participação da empresa júnior é um diferencial: “A CBSI Jr é uma empresa feita por cidadãos da região, aplicando seus conhecimentos para a resolução de problemas em tecnologia com o olhar de quem nasceu aqui, executando um trabalho de qualidade e com um custo justo. Tudo isso com a orientação e coordenação de docentes doutoras e mestres dos cursos de Ciências Biológicas e Sistemas de Informação”.
Envolvidos diretamente na tradução de termos técnicos utilizados no cotidiano dos estudos na Universidade, o projeto contou com bolsistas indígenas Wai Wai. Para Elaide Tapuri Wai Wai, aluna do curso de Saúde Coletiva e bolsista do projeto, “esse dicionário pode ajudar estudantes Wai Wai dentro da universidade para aprender o significado das palavras e verificar como são escritas, porque os estudantes têm muitas dificuldades em falar a língua portuguesa, e pode ajudar também aquelas pessoas que querem aprender a falar a língua”.
Carolina Wanaperu Wai Wai, estudante do curso de Arqueologia e bolsista do projeto, destaca que o dicionário é muito importante para os indígenas que não têm a língua portuguesa como primeira língua, além de ajudar nas pesquisas e estudos.
Elisio Wai Wai, estudante do curso de gestão pública e coordenador do coletivo indígena da Calha Norte da Ufopa, considera o aplicativo muito importante para auxiliar na comunicação dos professores, da Ufopa e fora dela, com os estudantes Wai Wai.
O projeto do dicionário continua em fase de aperfeiçoamento das ferramentas, inclusão de novos verbetes e com a participação da comunidade falante Wai Wai de estudantes e professores inseridos em diferentes espaços de ensino.
Para mais informações sobre o projeto e acesso ao aplicativo para Android, clique AQUI.
Comunicação/Ufopa, com informações da coordenação do projeto Wai Wai Tapota
27/03/2023
Fotos: Arquivo do projeto Wai Wai Tapota.
Publicado em27 de Março de 2023 às 17:15
http://www.ufopa.edu.br/ufopa/comunica/noticias/lancado-aplicativo-de-dicionario-em-lingua-wai-wai/