Infográfico revela os idiomas mais falados do mundo
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O inglês não é um dos mais falados e apenas 23 línguas abrigam 4,1 bilhões de falantes.
A diversidade das línguas no mundo é um fenômeno fascinante. Como exemplo, existem estimativas de que apenas 3% da população fala 96% dos idiomas existentes. Essa realidade ressalta a presença de línguas hegemônicas, enquanto outras estão em risco de extinção.
A perda de uma língua representa uma diminuição significativa nos tesouros culturais da humanidade. No entanto, um infográfico produzido pelo South China Morning Post em 2015 revela que menos de 20 idiomas dominam amplamente o cenário global.
A colonização histórica influenciou a disseminação de certas línguas, como o francês, que ainda se destaca em antigas colônias. Dentro das grandes línguas, há uma variedade de dialetos que ilustram ainda mais a pluralidade linguística.
Os idiomas mais destacados são:
- Chinês
- Espanhol
- Hindu
- Inglês
- Francês
A língua portuguesa, por exemplo, é quase totalmente dominada pelo Brasil, com uma minoria de falantes em Portugal, de onde é originária.
Já o espanhol tem sua maior origem no México, seguido por Argentina e Colômbia.
Confira o gráfico completo a seguir:
Confira matéria no link: Infográfico revela os idiomas mais falados do mundo; veja
Confira também a publicaçConfira a publicação original:
https://www.scmp.com/infographics/article/1810040/infographic-world-languages
Debates sobre inclusão social e direitos indígenas marcam o III Congresso MPC-RR

A primeira manhã de palestras do III Congresso MPC/RR – Povos Originários e Direitos Humanos, realizada nesta sexta-feira, 23, na sede da OAB Roraima, foi marcada por debates sobre inclusão social, direitos indígenas e o papel das instituições públicas na promoção da igualdade. Com a presença de lideranças indígenas, acadêmicos e representantes de diversas instituições, o evento reafirmou seu compromisso com a construção de um diálogo amplo e participativo.
A palestra inicial foi ministrada pela escritora, poeta, rapper e ‘artivista’ Énia Lipanga, que abordou sua realidade enquanto mulher negra e de Moçambique. Seu discurso apresentou a importância do empoderamento feminino desde a infância, de políticas públicas que incentivem e protejam pequenas meninas e violações de direitos enfrentados pelas mulheres.

“Temos na cidade, famílias que não permitem meninas irem à escola pelo simples fato de serem meninas. Meninas meramente impulsionadas a aprenderem coisas ligadas à maternidade, ao cuidado de criança, à venda e cuidados do lar. Somente os rapazes eram incentivados a se formarem. Uma menina que cresce dentro desse ambiente, ela se torna totalmente vulnerável”, completou.
Na sequência, Junior Hekurari Yanomami, presidente da Urihi Associação Yanomami, frisou a importância da promoção de eventos como o III Congresso para dar voz aos povos indígenas e da floresta. Uma das suas abordagens foi justamente a garantia dos direitos de demarcação de terras indígenas e o Marco Temporal.
“A PEC nº 48 está sendo analisada no Congresso Nacional. Ela coloca em risco a nossa história, a cultura, o bem viver, a terra. O povo yanomami e os povos indígenas há muito tempo estão aqui. Estão sendo ameaçados por esse projeto e nós, indígenas, não nascemos dia 05 de outubro de 1988. Nós sempre estivemos aqui no Brasil. Os povos indígenas da Raposa Serra do Sol hoje estão na estrada [em protesto] mostrando a voz, de que é importante a sociedade se unir”, complementou.

O Procurador de Contas do Amazonas, Ruy Marcelo, e o conselheiro do Tribunal de Contas de Minas Gerais, Durval Ângelo, apresentaram em conjunto o painel sobre políticas públicas e direitos humanos, com mediação do Subprocurador Geral de Contas do MPC/AM, Evanildo Bragança.
Na sua fala, Evanildo pontuou a importância da valorização profunda de aspectos da realidade vivenciada no Brasil, com influências da sua ancestralidade indígena e africana, que durante muito tempo implicou na prevalência da civilização dita ocidental e europeia.
Durval Ângelo apresentou um panorama das comunidades indígenas de Minas Gerais, a luta pela demarcação de terras indígenas e o desenvolvimento de políticas públicas para proteção dos povos originários. O conselheiro defendeu ainda a atuação unida dos Tribunais de Contas em prol da população.
“As palavras-chaves para os Tribunais de Contas se entenderem é a efetividade dos direitos humanos. Na garantia de direitos fundamentais, os Tribunais de Contas devem ser Tribunais de Cidadanias”, acrescentou.

Por sua vez, o Procurador de Contas do Amazonas, Ruy Marcelo, abordou os perigos que as condições climáticas oferecem adicionalmente a todos os desafios existentes para implementar os direitos humanos, em especial, os impactos da estiagem, da queimada e do desmatamento. “A Amazônia deixou de ser homenageada como a solução para o problema, para ser reconhecida como a região vulnerável e candidata a perecer. Não adianta ter um crescimento econômico a qualquer preço se isso vai se transformar num enorme pesadelo”, pontuou.
O Procurador de Contas de Sergipe e presidente da Associação Nacional do Ministério Público de Contas, João Bandeira de Mello, foi responsável por encerrar as palestras da manhã com uma fala sobre a educação como instrumento de mudança social. “Precisamos ter resultados práticos da atuação controladora. Se há direitos violados, se a educação não está cumprindo seus objetivos, precisamos ter uma atuação de órgãos que façam esse objetivo ser cumprido. A grande mola propulsora dessa sociedade livre, justa e solidária é a educação”, destacou.
Oficina de Jornalismo reúne profissionais e acadêmicos de Comunicação
Também pela manhã, o jornalista Daniel Camargos, do Repórter Brasil, ministrou a oficina de Comunicação “Como investigar conflitos em áreas indígenas e como investigar ruralistas”. O evento contou com a participação de profissionais da área e acadêmicos de Jornalismo e Gestão Territorial Indígena.
A programação do III Congresso MPC/RR seguiu no período da tarde, com palestras sobre demarcação de terras, antropologia e direitos humanos. O evento foi transmitido ao vivo pela TV Assembleia, canal 57.3, e pelas redes sociais da Assembleia Legislativa de Roraima.
Luan Guilherme Correia
Confira a matéria no link: https://roraimaemfoco.com/debates-sobre-inclusao-social-e-direitos-indigenas-marcam-o-iii-congresso-mpc-rr/
Blumenau amplia rede de escolas bilíngues com novas línguas em 2025
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O prefeito de Blumenau, Mário Hildebrandt, anunciou a implantação da primeira escola municipal bilíngue em espanhol, a EBM Lauro Müller, no bairro Badenfurt. A iniciativa faz parte de um plano que prevê a expansão do ensino bilíngue na rede pública municipal.
A partir de 2025, mais seis escolas passarão a oferecer ensino bilíngue, incluindo as línguas polonês, alemão, inglês e Libras, ampliando o número total para 27 escolas bilíngues, o que representa quase 60% da rede municipal.
Novidades para 2025
- Espanhol: EBM Lauro Müller (Badenfurt)
- Polonês: EM Carlos Manske (Vila Itoupava) – primeira escola bilíngue em polonês do município
- Alemão:
- EBM Lore Sita Bollmann (Itoupava Central)
- EIM Dr. Blumenau (Itoupava Central)
- EIM Willy Müller (Vila Itoupava)
- Inglês: EBM Machado de Assis (Itoupava Seca)
- Libras: EBM Profª Zulma Souza da Silva (Velha Central)
Expansão contínua do bilinguismo
O programa de ensino bilíngue começou em 2019 com apenas duas escolas e, em 2024, alcança números expressivos. O prefeito destacou os benefícios da iniciativa:
“A educação transforma a sociedade, e construir oportunidades para nossas crianças e jovens é uma das nossas missões enquanto gestão pública. A segunda língua abre portas para o mundo.”
O secretário de Educação, Alexandre Matias, complementou:
“Os resultados são positivos, com impacto direto nos índices educacionais e mais oportunidades profissionais para as crianças.”
Processo seletivo para professores de espanhol
Para atender à demanda do ensino bilíngue em espanhol, a Prefeitura abriu vagas para professores licenciados em Letras com habilitação em Espanhol. As inscrições para o Processo Seletivo 002/2024 estão abertas até 28 de novembro no site concursos.furb.br.
Escolas bilíngues já existentes
Blumenau já conta com uma rede diversificada de escolas bilíngues:
- Inglês: 14 escolas, incluindo a EBM Profº Fernando Ostermann e a EBM Bilíngue Annemarie Techentin.
- Alemão: 5 escolas, como a EM Bilíngue Erich Klabunde e a EBM Duque de Caxias.
- Libras: EBM Bilíngue Profª Norma D. Huber.
Com esse avanço, Blumenau se consolida como uma referência em educação bilíngue, oferecendo às crianças ferramentas essenciais para um futuro globalizado.
Fonte e Imagem: PMB.
Leia diretamente na fonte: https://blogdojaime.com.br/blumenau-amplia-rede-de-escolas-bilingues-com-novas-linguas-em-2025/
Saiba mais:
Blumenau terá primeiras escolas municipais bilíngues em espanhol e em polonês
VALORIZAÇÃO: leis aprovadas na ALERR mantêm vivos costumes e tradições indígenas
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Textos aprovados valorizam línguas indígenas, artesanatos produzidos em comunidades locais e incentivo à produção agrícola
Por ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DE RORAIMA
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Roraima tem quase cem mil pessoas declaradas indígenas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para valorizar os povos originários, a Assembleia Legislativa (ALE-RR) aprovou textos que enaltecem e preservam os costumes e tradições das comunidades. Além disso, a Casa tem a Comissão de Políticas Indigenistas, que trata e discute as necessidades dos indígenas no estado.
Em setembro deste ano, os parlamentares aprovaram a Lei nº 2055/2024, que reconhece as línguas indígenas faladas em Roraima como patrimônio cultural imaterial, estabelece a cooficialização de todas elas e cria a Política Estadual de Proteção das línguas indígenas. Além do português, o texto menciona como idiomas cooficiais: Hixkaryana, Ingarikó, Maku, Makuxi, Ninam, Patamona (Kapon), Sanumá, Taurepang (Pemón), Wai-wai, Wapixana, Yanomami, e Yekwana (Maiongong)
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Línguas indígenas faladas em Roraima são patrimônio cultural imaterial — Foto: Eduardo Andrade/ SupCom ALE
A lei é uma iniciativa do presidente do Poder Legislativo, deputado Soldado Sampaio, e reforça a Lei nº 1782/2023, do ex-deputado Evangelista Siqueira, que reconhece as línguas locais como de relevante interesse cultural.
Para Sampaio, a diversidade linguística existente em meio aos povos originários precisava ser materializada em um texto legislativo, já que a Constituição Federal assegura às comunidades indígenas a utilização das línguas maternas em processos próprios de aprendizagem. Por essa razão, muitas comunidades adotam o ensino da língua indígena e do português.
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Presidente da ALE-RR, deputado Soldado Sampaio — Foto: Nonato Sousa/ SupCom ALE-RR
“É dever do Estado proteger e manter vivos os idiomas como direito dos povos indígenas. Essa é também uma política internacional da qual o Brasil é signatário, e esses tratados determinam a implementação de iniciativas e ações de valorização e o reconhecimento das línguas indígenas no âmbito da cultura, da educação, da ciência, da tecnologia, em todos os níveis. Então a lei discutida e aprovada por este parlamento vai ao encontro da valorização dos povos originários e tudo o que eles representam para o país”, declarou Sampaio.
Para a ativista pelos direitos indígenas Marilena da Silva Ramos, que possui o nome artístico Mari Makuxi, as leis que abordam as pautas indigenistas são importantes para o movimento. Filha de Makuxi com Monaikó, nasceu na comunidade Contão, em Pacaraima, e morou na comunidade Pacú, localidade de difícil acesso na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, Normandia.
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Ativista Mari Makuxi fala da necessidade de leis para preservar cultura indígena — Foto: Marley Lima/ SupCom ALE-RR
“Falo um pouco Makuxi e entendo um pouco Taurepang. Hoje, sei a importância da língua materna na família ou nas comunidades. Nossa cultura milenar, as nossas ancestralidades, que nos preparou, nossos costumes, estão se perdendo. Já não se faz o que a minha avó ou meu avô repassou para a família. As leis são importantes para dar segurança de cada povo e dos povos originários como um todo, para que possam [influenciar a visibilidade indígena] nos jogos, nas músicas, nas histórias, nas memórias, no teatro, para as nossas crianças manterem nossa cultura viva”, enfatizou Mari Makuxi.
Comissão permanente na Casa
Criada no ano de 1999, a Comissão de Políticas Indigenistas tem papel crucial no parlamento, pois é responsável por discutir as propostas de lei que tratam de temas relacionados aos indígenas, promover audiências públicas e debates com as comunidades. Hoje, o grupo é formado pelo deputado Dr. Meton, que está como presidente, Armando Neto, que é vice-presidente, e os membros Marcelo Cabral, Soldado Sampaio e Odilon.
Na atual legislatura, Armando Neto conseguiu aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 004/2023, que mudou o termo “índio” para “indígenas” e “povos indígenas” na Constituição Estadual. A Casa Legislativa também aprovou a Lei nº 1818/2023, que mudou o nome da Secretaria de Estado do Índio para Secretaria dos Povos Indígenas, como forma de valorizar a diversidade das comunidades. Também foi apreciada pelos parlamentares a Lei nº 1877/2023, de Dr. Meton, que criou a Semana da Mulher Indígena em Roraima.
Já a Lei nº 1180/2017 institui o Dia Estadual do Professor Indígena, como forma de homenagear esse profissional que é considerado uma autoridade nas comunidades indígenas, além de fortalecer a categoria. Importante ressaltar que a Educação roraimense é pioneira no reconhecimento de uma educação indígena específica, diferenciada, bilingue e intercultural, tendo sido Roraima o primeiro estado a criar a carreira do professor indígena.
O presidente da Comissão de Políticas Indigenistas, deputado Dr. Meton lembrou que a Casa Legislativa tem desempenhado um importante trabalho de valorização das comunidades, aprovando os projetos de lei que enaltecem as línguas, os costumes e as tradições dos povos originários. Para ele, os indígenas representam um legado de luta, resistência, conhecimento e conquistas, que são essenciais para a preservação da história brasileira.
Ele destacou que, nos últimos meses, fez indicações ao Governo de Roraima para atender as demandas das comunidades. Entre as requisições estão uma ambulância para atender a unidade de saúde Bom Samaritano, e a reforma das escolas indígenas Hermenegildo Sampaio, Marechal Cândido Rondon e Professor Geraldo Crispim, localizadas, respectivamente, nas comunidades Barata, Boqueirão e Coqueirinho.
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Deputado Dr. Meton é presidente da Comissão de Políticas Indigenistas — Foto: Marley Lima/ SupCom ALE-RR
Na infraestrutura, Dr. Meton solicitou a retomada da obra das vicinais 6 e 10, na região da Vila Reislândia, a reconstrução da ponte de madeira no Boqueirão, a construção urgente de um novo destacamento da Polícia Militar na Vila do Taiano, a destinação definitiva de um trator e equipamentos agrícolas para atender produtores da Comunidade Indígena do Coqueirinho. A mais recente indicação se trata da criação de uma galeria em memória dos povos originários e tradicionais na Assembleia Legislativa de Roraima.
“Somos o estado com a maior população indígena do Brasil, em termos proporcionais, e os deputados estão atentos às pautas indigenistas. Por toda a contribuição que os indígenas tiveram ao longo dos séculos, compartilhando seus saberes com a sociedade, a medicina tradicional, mostrando o respeito pela natureza, este parlamento tem debatido suas necessidades, mantendo o diálogo com as lideranças, para continuar atuando em benefício das comunidades. As indicações que fizemos têm por objetivo contribuir com a qualidade de vida de quem vive nas comunidades”, declarou Dr. Meton.
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Textos enaltecem artesanato produzido em comunidades locais — Foto: Nonato Sousa/ SupCom ALE-RR
A Lei nº 864/2012 trata do Programa Estadual de Incentivo à Produção nas Comunidades Indígenas, como forma de dar autonomia às localidades, respeitando as diferenças culturais. Recentemente, os parlamentares estaduais aprovaram a Lei nº 1848/2023 que cria um plano de fomento para a agricultura familiar indígena, bem como discute a destinação de recursos financeiros.
Também estão em vigor as Leis nº 1591/2021 e 1594/2021 que criou o Selo de Qualidade Artesanal Indígena e o programa de certificação do artesanato indígena, para atestar e incentivar o consumo de produtos feitos pelos indígenas do estado.
E com o intuito de promover a inclusão econômica e social, além de fomentar a produção com sustentabilidade, foi aprovada a Lei nº 942/2013 que criou o Programa de Incentivo e Apoio à Produção Agrícola Familiar e Indígena em Roraima. A norma estimula o consumo e a valorização dos alimentos produzidos pela agricultura familiar e indígena, melhorando as condições de vida, gerando emprego e renda no campo.
SAPL
Para conferir todas as normas aprovadas pela Casa Legislativa, basta entrar no Sistema de Apoio ao Processo Legislativo (SAPL), ferramenta implementada em parceria com o Senado Federal, que facilita o acesso da população às matérias em tramitação, pautas das sessões plenárias, informações institucionais, normas em vigor e a outros assuntos referentes ao parlamento estadual.
Visite o Repositório Brasileiro de Legislações Linguísticas
Caçula, babá, cafuné: como mulheres negras escravizadas ajudaram a criar o português brasileiro
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- Julia Braun – BBC Brasil em Londres
Caçula, babá, moleque, dengo, cafuné. Algumas palavras que usamos no nosso dia a dia escondem traços e fonemas de uma herança africana que está profundamente ligada às mulheres e ao trabalho doméstico exercido pelas negras escravizadas no Brasil dos séculos 16 a 19.
Estima-se que cerca de 4 a 5 milhões de africanos foram traficados para o país durante o período. Destes, cerca de 75% eram bantos, um grupo que se espalhou por uma vasta área ao sul da Linha do Equador na África.
A característica mais evidente que une esses povos é justamente o fato de eles falarem línguas da família linguística banto — de onde emprestamos algumas palavras que seguem até hoje em nosso vocabulário.
A maioria dos que foram enviados à força ao Brasil tinha origem em Angola e República Democrática do Congo, e posteriormente, Moçambique.
No ambiente da família colonial, esses escravizados aprenderam o português na convivência diária com seus senhores — e também imprimiram em seu falar hábitos e características de suas próprias línguas.
Ao mesmo tempo, os colonizadores portugueses foram se apropriando pouco a pouco de termos africanos, que passaram a ser usados principalmente para designar os objetos e atividades do dia a dia.
Nesse contexto, as mulheres africanas tiveram um papel especial, seja por meio do cuidado com as crianças, do seu trabalho na cozinha ou como amas de companhia e curandeiras.
‘Grande mãe ancestral dos brasileiros’
Autora de diversos livros e artigos sobre o tema, a etnolinguista baiana Yeda Pessoa de Castro vê no passado brasileiro um processo que invisibilizou a força de trabalho da mulher negra escravizada na historiografia.
Mas para a pesquisadora, que se dedica ao estudo das línguas africanas e sua influência no Brasil, essas mulheres tiverem um protagonismo na família e vida diária do colonizador que foi muito além do serviço doméstico prestado.
Em seu livro Camões com Dendé, Castro descreve como as mulheres africanas influenciaram as famílias brasileiras por meio da contação de histórias do seu universo fantástico afrorreligioso, do compartilhamento de seu conhecimento nato de folhas e ervas medicinais, como cozinheiras introduzindo elementos de sua dieta nativa na comida diária da casa e como amas de companhia das jovens solteiras e cuidadoras das crianças.
Siga a leitura na fonte:
Pepetela lamenta desvalorização das línguas nacionais angolanas
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Autor de “Mayombe” está preocupado com a forma como “estamos a perder as nossas línguas”, pois a maioria das crianças em Angola só brinca, lê e fala em português
Artur Pestana “Pepetela” lamentou, sexta-feira, em Lisboa, a desvalorização das línguas nacionais, que têm cada vez menos falantes. O escritor reflectiu, entre outros assuntos, sobre a questão da necessidade de políticas de promoção das línguas nacionais durante a sua intervenção na rubrica literária “Autor do Mês”, promovida pela Livraria Lello, sediada em Lisboa, Portugal.
“Estamos a perder as nossas línguas. A maioria das crianças angolanas só brinca, lê e fala em português”, lamentou.
Figura incontornável da literatura lusófona da actualidade, Pepetela foi o autor escolhido do mês de Novembro pela emblemática livraria portuguesa.
Moderada pelo jornalista português Sérgio Almeida, a sessão de conversa com o autor aconteceu na tarde de sexta-feira e contou com a presença de vários amantes da literatura deste autor que tem nas transformações da sociedade angolana a sua maior fonte de inspiração, que se expressa tanto em romances sarcásticos ou hilariantes. Em mais de uma hora de conversa, leitores e admiradores da obra do escritor angolano tiveram a oportunidade de ouvir e conhecer mais sobre a história e a contribuição de Pepetela para a literatura e cultura de língua portuguesa.
Um dos maiores escritores da língua portuguesa, Pepetela disse que escreve porque a escrita o ajuda a pensar melhor aquilo que vê, tendo argumentando que nunca quis ser professor mas que acabou por ser na maior parte da sua vida, tendo leccionado no ensino universitário. O autor explicou que há mais de dez anos que já não dá aulas, uma profissão que escolheu por acreditar que lhe permitiria continuar a escrever.
Artur Pestana “Pepetela” – Prémio Camões 1997
“Ser escritor profissional tem as suas vantagens e desvantagens, como a falta do convívio com a classe de jovens com os quais cruzava quando dava aulas na faculdade. Comecei a escrever histórias com os 8 ou 9 anos de idade, ainda nas redacções escolares. Os professores entenderam me apoiar, ao invés de me castigarem”, recordou.
Pepetela revelou que ao longo de décadas de carreira continua a escrever por prazer, sem permitir que isso seja um esforço, razão pela qual disse não “se sentir pressionado” em atender aos pedidos de admiradores e editoras sobre novas sequelas das obras já publicadas.
Questionado sobre o espaço dominante que a música assume no panorama cultural em relação à literatura, Pepetela reconheceu que este cenário é antigo. O escritor fez saber que a música sempre foi a expressão principal de manifestação, sublinhado que mesmo quando a escrita se desenvolve, a música já era um meio de grande relevância no país nos séculos passados.
Novo livro a caminho
Figura obrigatória da literatura angolana actual, Pepetela completou, no dia 29 de Outubro, 83 anos de vida, dos quais mais de metade dedicada a narrar em livros a história recente da vida do país. Na semana de celebração de aniversário comunicou a notícia do lançamento do seu novo romance, intitulado “Tudo-Está-Ligado”, sob chancela da editora Dom Quixote, uma das mais prestigiadas da lusofonia.
Segundo a sinopse, no novo romance Pepetela leva os leitores numa viagem que vai desde a formação dos reinos no Planalto Central à actualidade, explorando episódios pouco conhecidos da história do país. Ainda sem data de lançamento a história do novo livro inicia em Benguela, sua terra natal. O muito aguardado novo romance de Pepetela já está à venda nas livrarias portuguesas e marca o regresso do conceituado autor, seis anos após o seu último livro, “Sua Excelência, de Corpo Presente”.
Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos “Pepetela” nasceu em Benguela, em 1941. Licenciou-se em Sociologia, em Argel (Argélia), durante o exílio, e foi guerrilheiro do MPLA, político e governante. Fez o ensino primário na sua cidade natal, partindo depois para o Lubango (Huíla), onde prosseguiu os estudos.
Em 1958 foi para Lisboa, ingressando no Instituto Superior Técnico, onde frequentou o curso de Engenharia até 1960. Pepetela tornou-se militante do MPLA em 1963 e quando abandonou a vida política, optou pela carreira de docente, na Faculdade de Arquitectura de Luanda, onde deu aulas de sociologia. Traduzidos em diversas línguas, em 1997 foi reconhecido com o Prémio Camões, a maior distinção literária da língua portuguesa.
Tem publicados entre outros, os livros “As Aventuras de Ngunga” (1973), “Muana Puô” (1978), “Mayombe” (1980), “O Cão e os Caluandas” (1985), “Yaka” (1985), “Lueji” (1989), “Geração da Utopia” (1992), “O Desejo de Kianda” (1995), “Parábola do Cágado Velho” (1997), “A Gloriosa Família” (1997), “A Montanha da Água Lilás” (2000) e “Jaime Bunda, Agente Secreto” (2001) e “Sua Excelência de Corpo Presente” (2018).
Na sua galeria constam ainda os prémios Correntes de Escrita, em 2020, Rosalia de Castro, do Centro PEN Galiza, em 2014, Nacional de Literatura (1981), Nacional de Cultura e Artes (2002), Especial dos Críticos Literários de São Paulo (1993), Internacional da Associação de Escritores Galegos (2007), Prince Claus da Holanda (1993) e Grau de Doutor Honoris Causa pela Universidade do Algarve, conferido em 28 de Abril de 2010.
Pepetela foi, igualmente, distinguido com o título Doutor Honoris Causa, pelo Conselho da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil, em 2022.
Leia diretamente na fonte:
Pepetela lamenta desvalorização das línguas nacionais angolanas – Ecos do Henda