TRT África vai iniciar a sua emissão nas línguas inglesa, francesa, suaíli e haúça
A “TRT África”, o novo canal de notícias digitais da Empresa Turca de Rádio e Televisão (TRT), vai iniciar a sua emissão.
De acordo com a declaração feita pela TRT, a “1ª Cimeira de Radiodifusão”, que será realizada pela primeira vez este ano pela TRT e pela União Africana de Radiodifusão (The African Union of Broadcasting), terá lugar em Istambul, amanhã e dia 1 de abril.
Os representantes da União Africana de Radiodifusão reunir-se-ão na cimeira.
No primeiro dia da cimeira, que terá início amanhã, a TRT dará formação a jornalistas africanos.
A formação será frequentada por 23 jornalistas de 16 países africanos.
No segundo dia da cimeira, a TRT, que visa anunciar a voz da Türkiye ao mundo através de organizações internacionais de radiodifusão como parte do seu plano de expansão global, apresentará a TRT África, a plataforma de notícias digitais criada após a TRT World, TRT Árabe, TRT Russo, TRT Alemão, TRT Francês e TRT Balcãs.
O Presidente das Comunicações da Presidência, Fahrettin Altun, o Diretor-geral da TRT Mehmet Zahid Sobaci e o executivo sénior da União Africana de Radiodifusão, Gregoire Ndjaka, farão discursos de abertura no evento.
A TRT África, que estará ativa em dezenas de países africanos, da Gâmbia a Marrocos, da Nigéria aos Camarões, transmitirá nas línguas inglesa, francesa, suaíli e haúça, com a missão de mostrar a imagem real do continente a todo o mundo.
Publicado em 29 de março de 2023
Mestre Chico, o griô que planta palavras em Quimbundo, Iorubá e Lingala
Nos dedos, uma tartaruga. No pulso, um bracelete de metal. Nos olhos, fogo. Mestre Chico é um homem de Xangô. Para conhecer o seu terreiro, o Ponto de Cultura Tambores de Angola, assentado na Zona Norte de Porto Alegre, é preciso tirar os calçados. Ao entrar pela porta, e atravessar um longo corredor, saúda-se o dono da Casa, Exu, o senhor dos caminhos, que fez este encontro acontecer. “Eu não sabia as perguntas que você iria fazer, mas ele sabia”, diz o Mestre.
Francisco Paulo Jorge Pinto, o Mestre Chico, completa 70 anos este ano, e pelo menos 60 destes foram dedicados a vivenciar profundamente as tradições africanas e afro-brasileiras. Percussionista, artistas plástico e capoeirista nascido em Pelotas, ele é uma das únicas pessoas falantes de Iorubá, Quimbundo e Lingala no Rio Grande do Sul. Ele ensina a outros mestres e crianças, e acredita que as línguas africanas são como heranças ancestrais recebidas. São como vasos, preciosos e perecíveis, que, se não são alimentados na continuidade, desaparecem.
A Casa de Mestre Chico é um lar para os tambores, instrumentos recebidos ou confeccionados ao longo de sua vida, reunidos em uma única sala, que guarda também seus livros, fotografias, e um acervo com pedaços da história dos Sopapos, do Batuque e dos mestres e mestras do sul do país. Angola, Nigéria e África do Sul são alguns dos lugares de origem dos tambores que o Mestre têm. Os Sons de África vivem ali.
Siga a leitura da matéria aqui:
Lançado aplicativo de dicionário da língua Wai Wai
Na quarta-feira, 22, foi lançado o aplicativo Dicionário Wai Wai, em sua versão beta, no miniauditório do Instituto de Ciências da Sociedade (ICS) da Ufopa, e o evento contou com a presença da equipe do projeto e de autoridades.
O dicionário consiste de um aplicativo para celulares com Android e de um site, ambos desenvolvidos pela equipe do projeto “Wai Wai Tapota: tradução, conhecimento e interculturalidade”. O projeto contou com recursos do Programa Integrado de Ensino, Extensão e Pesquisa (PEEX) e articulou docentes, técnicos e estudantes do ICS, do Isco, dos cursos de Ciências Biológicas e Sistemas de Informação do Campus Oriximiná e do programa de Pós-Graduação em Biociências.
Para Cauan Ferreira Araújo, que representou a Reitoria no evento, “o PEEx é um modelo inovador, promovendo ensino-pesquisa-extensão em interação com a educação básica, em grupos de pesquisa interdisciplinares. No projeto Wai Wai Tapota temos ainda a dimensão da interculturalidade, que adiciona outra dimensão riquíssima. Além disso, temos o protagonismo discente com a participação de vários cursos, de indígenas e não indígenas, contando ainda com a execução CBSI Jr, empresa júnior do Campus Oriximiná. Gostaria ainda de destacar a funcionalidade de dicionário aberto, com contribuições de usuários, o que possibilita o acréscimo de termos e traduções para aplicação por alunos de todos os cursos da Ufopa”.
A coordenadora do projeto, Camila Pereira Jácome, ressaltou que “ele foi pensado por professoras e professores que já têm pesquisa com os Wai Wai, em diversas áreas do conhecimento, como Arqueologia, Antropologia, Biologia, mas, como professoras e orientadoras desses estudantes, entendemos que as diferenças linguísticas trazem dificuldades no percurso acadêmico aos estudantes. Essas dificuldades com o português dizem respeito à comunicação falada, escrita e também à compreensão de termos técnicos ou específicos das diferentes áreas acadêmicas”.
Ainda de acordo com Jácome, a expectativa é de que o dicionário possa facilitar a vida dos estudantes na Ufopa e também dos que estão na educação básica, seja nas aldeias ou nas cidades. Segundo ele, o projeto trouxe uma parceria com estudantes indígenas Wai Wai, que vivenciaram a experiência de registrar e valorizar suas línguas, entendendo que elas estão inseridas em contextos históricos dinâmicos. “É importante ressaltar que essa é uma experiência colaborativa de documentação da língua, na qual os estudantes se engajam, e não são apenas informantes ou tradutores”.
O projeto devolve para a sociedade uma metodologia participativa para a documentação e revitalização das línguas indígenas e alia-se ao esforço da Década Internacional das Línguas Indígenas (2022-2032), decretada pela Unesco.
O aplicativo foi desenvolvido pela empresa júnior do Campus Oriximiná, e possibilitou a capacitação dos estudantes na elaboração de soluções tecnológicas para as demandas das comunidades indígenas.
Para Flávia Pessoa, professora do curso de Sistemas de Informação do Campus Oriximiná e membro do projeto, a participação da empresa júnior é um diferencial: “A CBSI Jr é uma empresa feita por cidadãos da região, aplicando seus conhecimentos para a resolução de problemas em tecnologia com o olhar de quem nasceu aqui, executando um trabalho de qualidade e com um custo justo. Tudo isso com a orientação e coordenação de docentes doutoras e mestres dos cursos de Ciências Biológicas e Sistemas de Informação”.
Envolvidos diretamente na tradução de termos técnicos utilizados no cotidiano dos estudos na Universidade, o projeto contou com bolsistas indígenas Wai Wai. Para Elaide Tapuri Wai Wai, aluna do curso de Saúde Coletiva e bolsista do projeto, “esse dicionário pode ajudar estudantes Wai Wai dentro da universidade para aprender o significado das palavras e verificar como são escritas, porque os estudantes têm muitas dificuldades em falar a língua portuguesa, e pode ajudar também aquelas pessoas que querem aprender a falar a língua”.
Carolina Wanaperu Wai Wai, estudante do curso de Arqueologia e bolsista do projeto, destaca que o dicionário é muito importante para os indígenas que não têm a língua portuguesa como primeira língua, além de ajudar nas pesquisas e estudos.
Elisio Wai Wai, estudante do curso de gestão pública e coordenador do coletivo indígena da Calha Norte da Ufopa, considera o aplicativo muito importante para auxiliar na comunicação dos professores, da Ufopa e fora dela, com os estudantes Wai Wai.
O projeto do dicionário continua em fase de aperfeiçoamento das ferramentas, inclusão de novos verbetes e com a participação da comunidade falante Wai Wai de estudantes e professores inseridos em diferentes espaços de ensino.
Para mais informações sobre o projeto e acesso ao aplicativo para Android, clique AQUI.
Comunicação/Ufopa, com informações da coordenação do projeto Wai Wai Tapota
27/03/2023
Fotos: Arquivo do projeto Wai Wai Tapota.
Publicado em27 de Março de 2023 às 17:15
http://www.ufopa.edu.br/ufopa/comunica/noticias/lancado-aplicativo-de-dicionario-em-lingua-wai-wai/
Julgamento de Nuremberg: exposição mostra humanidade por trás da interpretação simultânea
‘1 Julgamento, 4 Línguas’ está exibida no Tribunal de Justiça de São Paulo e apresenta a modalidade de tradução que foi peça chave no processo que revelou crimes dos nazistas
De 20 de novembro de 1945 até 1 de outubro de 1946, aconteceu o julgamento de Nuremberg, na Alemanha, que revelou ao mundo os crimes e atrocidades cometidos pelo Terceiro Reich durante a Segunda Guerra Mundial. Para que as audiências ocorressem, foi elaborada a primeira interpretação simultânea oficial no mundo, com fones de ouvido, microfones, cabos e cabines de vidro. Eram 36 intérpretes, que traduziam interrogatórios e depoimentos em inglês, francês, russo e alemão.
Com curadoria da intérprete alemã Elke Limberger-Katsumi, a mostra “1 Julgamento, 4 Línguas” chegou pela primeira vez ao Brasil no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. A exposição é apresentada não apenas em português, mas também nos quatro idiomas falados nas audiências de Nuremberg.
Formada por totens com biografias de intérpretes que trabalharam no caso, a mostra já foi exibida em dez países, entre eles Alemanha, Suíça, França, Grécia, Estados Unidos e Itália. Em São Paulo, a organização é da AIIC Brasil, capítulo brasileiro da Associação Internacional de Intérpretes de Conferência, que completa 70 anos em 2023.
A educadora da exposição, Pauline Mingroni, explicou a Opera Mundi que a interpretação simultânea, foco da exposição, foi “importante para que a Justiça acontecesse, para que os réus pudessem entender o que estava acontecendo e também se defendessem”.
“Antes do julgamento, o sistema de interpretação era consecutivo, uma pessoa falava, todos escutavam na língua original, e depois a outra pessoa traduzia, e assim por diante”, explicou.
A educadora completou, afirmando que, em Nuremberg, “havia um outro contexto, que reunia mais países e que era mais urgente”. Portanto, “o julgamento que não durou um ano iria durar quase cinco anos utilizando o método antigo”.
A humanidade e a barreira linguística
A interpretação simultânea foi, dentro do contexto de Nuremberg, não apenas uma inovação tecnológica, mas também uma chave para o processo. Uma barreira linguística foi quebrada, permitindo que as atrocidades cometidas pelos nazistas fossem compreendidas em toda a sua amplitude pela comunidade internacional.
Ao abordar o método de interpretação, em contraste com a tradução, Mingroni lembrou: “somos humanos, temos tom de voz, temos emoção, temos tudo isso”. E afirmou à reportagem que, quando uma pessoa interpreta, ela “precisa realmente sentir e conseguir passar a mensagem adiante. Essa função da interpretação envolve o lado humano também”.
Diversos intérpretes foram refugiados da Alemanha nazista, pessoas que tiveram seus familiares condenados ou executados pelo Terceiro Reich, e se refugiavam em outros países, como Estados Unidos, Reino Unido, França e União Soviética.
Entre as diversas histórias abordadas dentro da exposição, destaca-se a de Evgenia Rossof (1916-1967), intérprete de inglês e russo para o francês, que foi presa política e passou pelo campo de concentração de Ravensbruck, tendo trabalhado de forma forçada na fábrica da Siemens. Durante seu tempo dentro do julgamento, criou retratos artísticos de nazistas que estavam sendo julgados, utilizando de traços fortes e sombras.
Além dela, há também Hugh Wolfe Frank (1913-1988), que fugiu para a Inglaterra em 1936 e se tornou um inimigo estrangeiro, recebendo cidadania inglesa apenas após o fim da Segunda Guerra Mundial. Intérprete do inglês para o alemão, ficou conhecido como “voz da condenação”, por interpretar em tempo real as sentenças para os nazistas enquanto elas eram proferidas pelo juiz britânico Geoffrey Lawrence.
Serviço:
Exposição: 1 Julgamento, 4 Línguas
Data: 10 de março a 10 de abril de 2023. Segunda a sexta, das 13h às 17h.
Local: Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
Praça da Sé, s/nº – Centro Histórico de São Paulo