II Encontro ULG/SIPLE
O II Encontro ULG/SIPLE celebra o o5 de maio como Dia Internacional da Língua Portuguesa. Participe!
A data foi oficializada em 2009, no âmbito da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), com o propósito de promover o sentido de comunidade e de pluralismo dos falantes do português e coloca em evidência o fato de que o português é a quinta língua mais falada no mundo, a terceira mais falada no hemisfério ocidental e a mais falada no hemisfério sul.
O evento acontece no dia 5 de maio de 2023, próxima sexta-feira, em formato híbrido. É gratuito e haverá emissão de certificados aos inscritos.
Os curdos e a sua língua em estilhaços
Por Margarita Correia, Professora e investigadora, coordenadora do Portal da Língua Portuguesa, em 30 Janeiro 2023
Muito se falou nos últimos meses do Curdistão e do povo curdo, devido ao veto que a Turquia pretende impor à adesão da Suécia à NATO, com base no argumento de este país dar proteção a nacionalistas curdos e militantes do PKK (Partidos dos Trabalhadores do Curdistão), que a Turquia considera e quer ver considerados internacionalmente como terroristas.
O Curdistão é uma grande região histórico-cultural de cerca de 500 mil km2, que abrange regiões da Turquia, Síria, Irão e Iraque; nestes dois países são reconhecidas, respetivamente, a província do Curdistão e a Região Autónoma Curda. Estima-se que haja entre 30 e 45 milhões de curdos, distribuídos pelos quatro países referidos (cerca de metade na Turquia) e por uma extensa diáspora, especialmente na Alemanha. Os curdos constituem a quarta maior etnia da Ásia Ocidental, depois dos árabes, persas e turcos, mas o “Estado Curdo”, prometido pelos aliados ocidentais em 1922, nunca se concretizou e o nacionalismo curdo é duramente reprimido na região e convenientemente obnubilado pela comunidade internacional: a Suécia constitui uma exceção. De resto, a história recente dos curdos é feita de luta armada, genocídio, massacres e de traições da comunidade internacional.
“O facto de a língua curda não se encontrar estandardizada – i.e. a sua forma convencional não estar estabelecida e codificada – contribui também para a sua fragilidade.”
A língua curda reflete a conturbada história do povo – aqueles que o reprimem atacam também a sua identidade e a sua língua, através de processos sistemáticos de assimilação, que têm conduzido a um decréscimo significativo de falantes de curdo no Curdistão do Norte (Turquia) e à sua substituição pelo turco. O facto de a língua curda não se encontrar estandardizada – i.e. a sua forma convencional não estar estabelecida e codificada – contribui também para a sua fragilidade.
O curdo é uma língua indo-europeia, pertencente ao ramo iraniano, juntamente com o persa, o pastó e o balúchi, com as quais partilha muitas características. Não é consensual a divisão dos dialetos (variedades regionais) do curdo, mas fontes académicas defendem a existência de quatro dialetos: o curdo setentrional ou curmânji, o mais falado de todos, na Turquia, Síria, Iraque, nordeste e noroeste do Irão; o curdo central ou sorâni, falado sobretudo no Curdistão Iraquiano e na província iraniana do Curdistão; o curdo meridional ou pehlewani, falado em províncias do Iraque e do Irão; e o zaza-gorani (duas línguas iranianas faladas no noroeste do Irão) que, embora não seja estritamente curdo do ponto de vista linguístico, é incluído nos dialetos desta língua porque os seus falantes se afirmam como membros da etnia curda, constituindo uma “comunidade imaginada” (Anderson, 1999, Imagined Communities). Devido à grande dispersão geográfica e a variadas e difíceis condições sociais e linguísticas, a inteligibilidade entre falantes dos vários dialetos de curdo (linguisticamente, condição sine qua non para se falar de dialetos e não de línguas diferentes) encontra-se fortemente comprometida.
O curdo não possui uma escrita unificada específica, sendo escrito em alfabetos diferentes de acordo com as regiões onde é falado: uma forma de alfabeto árabe modificado (Irão e Iraque), uma forma de alfabeto latino adaptado (Turquia e Síria); alfabeto cirílico, pelos curdos de regiões de domínio soviético.
A manutenção e/ou reposição da unidade da língua curda é crucial para sustentar as ambições nacionalistas do povo curdo. Atualmente, porém, ela parece resultar mais de um desejo e de um sentimento de “curdidade” do que de condições sociais, políticas e linguísticas favoráveis.
https://www.dn.pt/opiniao/os-curdos-e-a-sua-lingua-em-estilhacos-15746054.html
VII Conferência Mundial sobre Línguas Pluricêntricas e III Conferência Internacional da Cátedra UNESCO em Políticas Linguísticas para o Multilinguismo.
Estão abertas até o dia 31 de março de 2020 as inscrições para a VII Conferência Mundial sobre Línguas Pluricêntricas e III Conferência Internacional da Cátedra UNESCO em Políticas Linguísticas para o Multilinguismo.
Local: Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Brasil.
Data: 6 a 8 Julho 2020.
Informações: PRIMEIRA CHAMADA VII Conferência PLuricentric Languages
(disponível também em Inglês e Espanhol)
Página: http://www.pluricentriclanguages.org/
https://www.facebook.com/linguas.pluricentricas.3/about
Participe e divulgue!
Em luta contra o “separatismo islâmico”, Macron limita ensino do árabe e presença de imãs estrangeiros
O Presidente francês diz que não quer “estigmatizar, mas antes integrar” a comunidade muçulmana francesa, mas toma a ofensiva, a menos de um mês das eleições municipais.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, quer lutar contra o que chama de “separatismo islâmico” em França, e por isso anunciou o fim do ensino de línguas originais dos filhos de imigrantes nas escolas, ministradas por professores dos países de origem – o seu alvo são os países muçulmanos, que ministram o árabe e o turco, por exemplo. Pretende também acabar com o sistema através do qual países como a Argélia, Marrocos e Turquia enviam líderes religiosos (imãs) para as mesquitas francesas.
“Na República, não há lugar para o islão político. Não devemos jamais aceitar que as leis da religião possam ser superiores às leis da República”, declarou Macron, numa deslocação a Mulhouse, no Leste de França.
Cerca de 300 imãs são enviados todos os anos para França por aqueles países muçulmanos, e o facto de as autoridades francesas não terem uma palavra a dizer sobre a sua escolha tem sido um motivo de irritação. Muitas vezes estes imãs não falam francês e estão sob suspeita de espalharem ideias radicais. O Presidente francês garantiu que 2020 é o último ano em vigora este sistema.
A integração, ou falta dela, da população muçulmana francesa, é um tema de ataque constante da líder da extrema-direita Marine Le Pen a Macron. Frisando que não quer “estigmatizar, mas antes integrar”, relata o Le Monde, o Presidente tenta tomar a iniciativa. Até porque as eleições municipais estão à porta – a primeira volta é já a 15 de Março –, e não se prevê um resultado muito famoso a nível nacional para o seu partido, A República em Marcha, sendo este o género de assunto fácil de capitalizar em campanha por Le Pen.
Além da questão dos imãs, prometeu também acabar com o ensino da língua de origem dos estudantes imigrantes ou filhos de imigrantes na escola pública, pago por nove governos estrangeiros. Este programa vai ser substituído por um de ensino de línguas estrangeiras. Macron disse ter chegado a acordo com todos os países, excepto a Turquia. “Não se pode deixar ter a lei turca em solo francês. Não pode ser”, declarou.
Mas Najat Vallaud-Belkacem, ministra da Educação no anterior Governo socialista, do qual Macron fazia parte, ouviu este discurso e diz quase ter caído da cadeira. No Twitter, garantiu que ela própria tinha lançado o fim deste programa (que Portugal integrava) em 2016. O actual ministro da Educação, Jean-Michel Blanquer, respondeu na rádio Franceinfo que o fim do programa “foi pensado pelo Governo anterior, mas apenas foi terminado com Portugal e a Tunísia”. “Vamos fazê-lo com todos os países, de verdade.”