Patrimônio Imaterial

Repercutindo a mensagem do Governador Wilson Lima do Amazonas

Após o envio da mensagem do governador à Assembleia Legislativa do Amazonas (ALEAM) a matéria ganha mais espaço. Siga os links:

Para João Paulo Tukano, a cooficialização das línguas indígenas do Amazonas significa o reconhecimento da existência de mais 60 povos indígenas (Foto: Junio Matos)

Amazonas terá 16 línguas indígenas cooficiais; veja quais

Gerson Severo Dantas

https://realtime1.com.br/am-pode-ter-16-linguas-indigenas-cooficiais-veja-quais/

 

Governo reconhece línguas indígenas como patrimônio cultural e imaterial

Por Robson Adriano – online@acritica.com

https://www.acritica.com/amazonia/governo-reconhece-linguas-indigenas-como-patrimonio-cultural-e-imaterial-1.311703

 

Avanço evangélico ameaça religiões afro em quilombos de Pernambuco

Em matéria da Pública,  primeira agência de jornalismo investigativo sem fins lucrativos do Brasil, Géssica Amorim aborda a religiosidade afro-descendente e o confronto com evangélicos.

Foto: Géssica Amorim/Agência Pública

 

 

Umbandistas resistem à pressão pela conversão em quatro comunidades tradicionais de Betânia (PE), onde há nove igrejas

3 de julho de 2023 – 17:40
Géssica Amorim

Entre as imagens de Santa Luzia, Cosme e Damião, São Jorge, Nossa Senhora da Conceição, Preto Velho, Iemanjá e da Cabocla Jurema, Abel José, 43 anos, sacerdote da Umbanda, acende algumas velas, apanha suas guias de proteção e acomoda o seu chapeu de palha na cabeça. Ele se prepara para atender quatro pessoas de povoados vizinhos, que vieram à sua casa em busca de ajuda espiritual e para tratar de problemas de saúde.

(Siga o link para ler a matéria: https://apublica.org/2023/07/avanco-evangelico-ameaca-religioes-afro-em-quilombos-de-pernambuco/?utm_source=twitter&utm_medium=post&utm_campaign=betania)

 

Em ação da Unesco, Governo do Estado desenvolve plano estadual para preservar línguas indígenas em MS

 

Por Natalia Yahn, Comunicação Governo de MS

 

Para atender a Década Internacional das Línguas Indígenas (International Decade of Indigenous Languages – IDIL 2022-2032) proclamada pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), o Governo do Estado desenvolve o Plano Estadual para a Década das Línguas Indígenas, como forma de preservar a cultura das comunidades que vivem em Mato Grosso do Sul.

Com 80 mil indígenas de oito etnias – guarani, kaiowá, terena, kadwéu, kinikinaw, atikun, ofaié e guató –, o Estado tem a segunda maior comunidade do Brasil.

A professora Denise Silva, pós-doutora em Linguística e técnica da SED (Secretaria de Estado de Educação), é a representante da Unesco no Estado e atua em três frentes para a preservação das línguas indígenas.

“Neste Plano Estadual das Línguas Indígenas, a gente está trabalhando em três frentes bem distintas. A primeira é para as três línguas em vias de extinção, com ação específica, que são kinikinau, ofaié e guató. A outra é com a Língua Terena de Sinais, que é a única língua indígena de sinais reconhecida no Brasil. E o Alfabetiza MS que envolve as quatro línguas mais faladas, terena, kadwéu, guarani e kaiowá”.

Como parte das ações desenvolvidas em relação a Língua Terena de Sinais, a SED realiza nesta terça-feira (18) em Miranda, o primeiro encontro de indígenas surdos, da etnia terena. “É um encontro da comunidade terena surda com pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que tem expertise na área e temos parceria. Também vamos lançar uma história em quadrinhos em língua terena de sinais e o curso de formação de tradutores interpretes”, explicou a professora Denise.

A língua também é mantida viva pelos anciãos, indígenas mais velhos que ouviam e falavam em suas comunidades

O curso de formação de tradutores interpretes para a língua terena de sinais envolve os municípios de Miranda, Dois Irmãos do Buriti, Anastácio, Aquidauana e Sidrolândia, que vivem indígenas surdos da etnia terena.

“Existe uma língua terena de sinais que é diferente da Libras (Língua Brasileira de Sinais), são línguas distintas. Desde o ano passado, dentro do Plano Estadual para as Línguas Indígenas, fizemos uma parceria com a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), em Aquidauana e Campo Grande”, explicou a pós-doutora.

No município de Miranda as línguas terena, kinikinau e a língua terena de sinais são cooficializadas. “Isso já é resultado desse plano de trabalho para a década das línguas indígenas. O Brasil tem 12 municípios com línguas indígenas cooficializadas, dois são no Estado, Miranda e Tacuru”, explicou Denise.

Alfabetiza MS

A professora Denise Silva com alunos indígenas da Rede Estadual de Ensino

O Governo do Estado, por meio da SED, vai produzir materiais didáticos para alfabetização e letramento de crianças indígenas nas línguas Guarani, Kaiowá, Kadiwéu e Terena.

A adequação linguística de material didático para as quatro línguas indígenas foi anunciada em maio deste ano como parte do “Alfabetiza MS Indígena”, uma ramificação do programa MS Alfabetiza, criado em 2021 e em prática na rede pública de ensino desde o início do ano passado.

“O Alfabetiza MS envolve as quatro línguas que são mais faladas. Estas línguas estão ameaçadas de extinção, mas com um nível de vitalidade melhor do que as outras três que estão diante dos últimos falantes. Então o trabalho é de formação de professores, fortalecimento linguístico. Em relação as outras línguas o trabalho é emergencial de revitalização”, esclareceu a professora Denise.

A previsão é de que, a partir do ano letivo de 2024, o material para alfabetização estará disponível nas respectivas línguas maternas – mencionadas – para as crianças do 1° e 2° ano do ensino fundamental, que estudam em unidades escolares indígenas (inclusive em aldeias urbanas). O trabalho é um reconhecimento a língua e a cultura indígena, e vai auxiliar na preservação dos costumes dos povos originários.

O programa “MS Alfabetiza – Todos pela Alfabetização da Criança” estabelece condições necessárias para que os estudantes matriculados nas redes públicas de ensino em todo o Estado adquiram o domínio das competências de leitura e escrita adequados a idade e ao nível de escolarização.

Década Internacional das Línguas Indígenas

Cerca de 97% da população mundial fala somente 4% dessas línguas, e somente 3% das pessoas do mundo falam 96% de todas as línguas existentes. A grande maioria dessas línguas, faladas sobretudo por povos indígenas, continuarão a desaparecer em um ritmo alarmante.

Por isso, a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou em dezembro do ano passado, o período entre 2022 e 2032 como a Década Internacional das Línguas Indígenas (International Decade of Indigenous Languages – IDIL 2022-2032), para chamar a atenção mundial sobre a situação crítica de muitas línguas em perigo de desaparecimento e a necessidade de usá-las e preservá-las para as gerações futuras.

Essa Década é um apelo global à ação para preservar, revitalizar e promover as línguas indígenas em todo o mundo. Os usuários das línguas indígenas optam por mudar para uma língua dominante para evitar discriminação, estigmas, exclusão ou para ter mais oportunidades econômicas e sociais.

Leia na fonte: https://agenciadenoticias.ms.gov.br/em-acao-da-unesco-governo-do-estado-desenvolve-plano-estadual-para-preservar-linguas-indigenas-em-ms/

Natalia Yahn, Comunicação Governo de MS

Fotos: Denise Silva

Puxando a rede, leia também:

Para preservar cultura, Governo do Estado desenvolve material didático em línguas indígenas

https://agenciadenoticias.ms.gov.br/para-preservar-cultura-governo-do-estado-desenvolve-material-didatico-em-linguas-indigenas/

Sem dados sobre alfabetização indígena, projeto quer manter língua originária

CREDITO: CAMPO GRANDE NEWS

https://www.campograndenews.com.br/cidades/capital/sem-dados-sobre-alfabetizacao-indigena-projeto-quer-manter-lingua-originaria

 

Línguas indígenas do AM podem se tornar patrimônio cultural imaterial

A Aleam recebeu nesta segunda-feira (10) a mensagem governamental enviada pelo governador Wilson Lima (UB).

Foto: Joédson Alves/ Agência Brasil

 

Manaus (AM) – O governador do Amazonas, Wilson Lima (UB), enviou à Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) uma mensagem governamental que propõe o reconhecimento das línguas indígenas faladas no estado como patrimônio cultural imaterial.

O documento também “estabelece a cooficialização de línguas indígenas e institui a Política Estadual de Proteção das Línguas Indígenas do Estado do Amazonas”.

A mensagem foi apresentada na Aleam nesta segunda-feira (10) e esta será analisada pelas Comissões da Casa e, posteriormente, entra em pauta para ser votada.

Conforme o texto, cabe às instituições públicas a implementação de medidas voltadas à difusão, preservação e reconhecimento das línguas tradicionais no âmbito das políticas públicas do estado.

“Serão igualmente reconhecidas como patrimônio cultural imaterial do Estado do Amazonas outras línguas que sejam revitalizadas após a publicação desta Lei”, diz parte da matéria.

O documento deixa claro que as línguas não causam “prejuízo do idioma oficial brasileiro. No Amazonas, são cooficiais as línguas indígenas, dentre outras: Apurinã, Baniwa, Desána, Kanamari, Marubo, Matis, Matsés, Mawé, Múra, Nheengatu (Língua Geral Amazônica) Tariána, Tikuna, Tukano, Waiwái, Waimirí e Yanomami.

“O reconhecimento e a garantia do direito fundamental das pessoas e comunidades indígenas ao pleno uso público da própria língua, dentro ou fora das terras indígenas”, ressalta o projeto.

Leia a matéria na fonte acessando o link: https://amazonas1.com.br/linguas-indigenas-do-am-podem-se-tornar-patrimonio-cultural-imaterial/

_______________________

Leia mais sobre a mensagem do Governador

Na mensagem o Governador afirma que “considerando que a linguagem envolve diretamente uma compreensão de mundo e códigos de conduta próprios, é de suma importância o reconhecimento das línguas faladas pelos povos indígenas do Amazonas como patrimônio cultural imaterial, bem como sua cooficialização. Tais medidas garantem que os direitos dos povos indígenas se consolidem por meio de ações e serviços, promovendo sua visibilidade, preservando as particularidades socioculturais de cada etnia, fundamentais para a manutenção da organização social, costumes, línguas, crenças e tradições.

Foto: Diego Peres / Secom

Além disso, compreendendo que o reconhecimento, a valorização e a institucionalização das línguas indígenas requer um conjunto de medidas amplas e contínuas, propõe-se a instituição de uma Política Estadual de Proteção das Línguas Indígenas, que deve considerar as condições sociais, econômicas, ambientais e da saúde dos falantes indígenas, bem como políticas linguísticas indígenas já desenvolvidas pelas próprias comunidades.

A política Estadual reunirá ações destinadas a assegurar a manifestação das línguas indígenas maternas e garantir a necessária base para que sejam implementadas medidas concretas em defesa dos direitos linguísticos de todos os povos.”

Leia a mensagem governamental na íntegra!

https://sapl.al.am.leg.br/media/sapl/public/materialegislativa/2023/163776/mg_57_23.pdf

 

IPOL puxando a rede:

 

https://novocantu.com.br/noticia/159199/projeto-do-governo-do-amazonas-reconhece-linguas-indigenas-como-patrimonio-cultural-imaterial

 

Amazonas terá Política Estadual de Proteção das Línguas Indígenas

 

Wilson Lima propõe que línguas indígenas usadas no Amazonas se tornem patrimônio cultura imaterial do estado

 

Sustentabilidade na Amazônia: Wilson Lima destaca importância de dar lugar de fala para quem vive na região

 

Wilson e Lula se unem para fortalecer políticas públicas a indígenas do AM

Lançamento: Revista NJINGA & SEPÉ, Vol. 3, nº2

v. 3 n. 2 (2023): Cultura & Sociedade – Que Literacia(s) para uma Justiça Económica e Social?

O  Vol. 3, nº2/2023 (Jul./dez.) resulta de parcerias de vários docentes e investigadores  que participaram da 2ª Conferência Internacional sobre Cultura & Sociedade – Que Literacia(s) para uma Justiça Económica e Social?, realizada na Universidade Zambeze, Moçambique, em formato online/remoto, nos dias 27 e 28 de maio de 2021. O dossier é composto por  quinze (15) artigos avaliados aos pares e selecionados por um comitê Científico. Para além dos artigos do dossier (Seção I), foi publicado uma entrevista (Seção II), materiais literários/poesias (Seção III), artigos sobre as línguas de sinais (seção VI) e vários outros artigos científicos de diversas áreas afins (Seção VII). Participaram da organização desta publicação os seguintes docentes e investigadores: Hilarino da Luz (Portugal/Cabo Verde), Esperança Ferraz (Angola), Noemi Alfieri (Alemanha/Portugal), Mbiavanga Fernando (Angola), Elizabeth Olegário(Portugal), Martins JC-Mapera (Moçambique) e Moisés de Lemos Martins (Portugal). Agradecemos as parcerias e desejamos a todos uma boa leitura. Podem (com)partilhar o link da Revista com outros interessados.

Publicado: 12-07-2023

 

https://revistas.unilab.edu.br/index.php/njingaesape/issue/view/46

Pode a música salvar uma língua em extinção?

Um movimento liderado pela música está revitalizando a língua garífuna na América Central. Em Belize, os viajantes são convidados a participar.

POR STEPHANIE VERMILLION   PUBLICADO 1 DE AGO DE 2022 19:22 

 

 

FOTO DE ROIJOY GETTY IMAGES

 

Biodiversidade e belos locais para snorkel e mergulho atraem os aventureiros para a Barreira de Corais de Belize, uma das histórias bem-sucedidas de conservação da América Central. Mas em terra firme, existe outro impressionante movimento de restauração em curso: a luta para reviver uma língua ameaçada de extinção.

Durante séculos, o povo afro-indígena garífuna da América Central manteve viva a história oral da cultura por meio da língua nativa de seus ancestrais. Mas décadas de modernização, pouco e aleatório treinamento da língua nativa nas escolas garífunas, casamentos entre diferentes culturas e o preconceito linguístico, coletivamente, levaram o garífuna a ser listado no Atlas de Línguas Ameaçadas da Unesco, em 2001. Hoje, os linguistas estimam que só existem cerca de 100 mil falantes.

Hopkins, uma pequena vila de pescadores

Hopkins, uma pequena vila de pescadores na costa do distrito de Stann Creek, é frequentemente considerada o epicentro da cultura garífuna em Belize. FOTO DE HEMIS ALAMY STOCK PHOTO

A ameaça de extinção de uma língua não é nova. Alguns linguistas estimam que uma delas morre a cada duas semanas, já que algumas se tornam ferramentas dominantes para o intercâmbio social e econômico, enquanto outras são marginalizadas.

Mas também existem maneiras de salvar idiomas em risco. A chave é deixar de pensar a língua como preservada, “e sim como parte do seu presente e do seu futuro”, diz Liliana Sánchez, linguista e professora da Universidade de Illinois em Chicago.

É exatamente isso que os garinagu (povo garífuna) estão fazendo. Nas últimas duas décadas, os artistas garífunas usaram um ponto importante da sua cultura – música de dança animada – para inspirar os jovens garinagu a aprender e compartilhar sua língua nativa. Hoje, com um novo projeto da Trilha de Turismo Garífuna em Belize, os viajantes também podem vivenciar e apoiar o renascimento cultural.

Garífuna: uma cultura orgulhosa

De acordo com a história oral, os garinagu descendem de um grupo de africanos ocidentais que sobreviveram ao naufrágio de seu navio negreiro no Mar do Caribe em 1600. Os sobreviventes nadaram até a ilha de São Vicente, que agora faz parte do país caribenho de São Vicente e Granadinas. Eles passaram mais de um século se estabelecendo e se misturando com a população indígena carib-arawak da ilha, criando a cultura garífuna.

Uma dançarina garinagu realiza o jankunu para uma multidão em Dangriga

Uma dançarina garinagu realiza o jankunu para uma multidão em Dangriga, Belize. A apresentação satírica é uma mistura de canto, mímica e dança. FOTO DE EDWIN REMSBERG VWPICS, REDUX

Por quase 100 anos, os garinagu lutaram contra a colonização de São Vicente. Os britânicos tomaram a ilha no final de 1700, depois exilaram os garinagu sobreviventes para Honduras. A partir daqui, eles se dispersaram para a Nicarágua, Guatemala e Belize, onde, como uma cultura centrada na pesca, se estabeleceram em comunidades costeiras.

Alvin Laredo, um guia turístico garífuna da vila de Barranco, no sul de Belize, diz que os garinagu modernos precisam não apenas de histórias, mas de uma língua real para compreender a corajosa posição de seus ancestrais contra a escravidão. Sem isso, diz ele, sua cultura nunca será completa. “Se você está perdendo seu idioma, está perdendo suas raízes”, alerta. “Isso desmantelará todo o esforço dos seus antepassados.”

O Garifuna Collective se apresenta no Festival de Jazz e Patrimônio de Nova Orleans

O Garifuna Collective se apresenta no Festival de Jazz e Patrimônio de Nova Orleans no hipódromo Fair Grounds em abril de 2016. Durante as apresentações de jankuku, os homens usam trajes coloniais e máscaras brancas para zombar de seus escravizadores britânicos. FOTO DE JOSH BRASTED WIREIMAGE, GETTY IMAGES

Laredo acrescenta que grande parte da história dos antepassados é transmitida não apenas por palavras, mas por músicas e danças, como o jankunu. Nesta dança satírica, executada ao ritmo dos tambores durante os feriados de Natal e Ano Novo, os garinagu usam máscaras brancas e trajes coloniais para zombar dos escravizadores ingleses.

O poder da canção na cultura garífuna

Em 2001, elementos da cultura garífuna – como a música, a dança e a língua – foramlistados como Obra-Prima do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade da Unesco. Na mesma época, músicos e ativistas culturais garífunas traçaram um plano: criar melodias contagiantes, cantadas inteiramente em garífuna, com o objetivo de incentivar os jovens garinagu na valorização da cultura e aprendizagem da língua.

As apresentações de jankunu ocorrem frequentemente durante as celebrações de Natal e Ano Novo.

As apresentações de jankunu ocorrem frequentemente durante as celebrações de Natal e Ano Novo. As mulheres podem cantar com o grupo, mas tocar bateria e dançar é exclusividade dos homens garífunas FOTO DE KACIE CRISP GETTY IMAGES

Ou, como disse o cantor, compositor e Artista da Paz da Unesco Andy Palácio, de Belize, em uma entrevista de 2007: Torne a cultura garífuna “legal”.

O Punta rock fez exatamente isso. A música punta tradicional é tocada com tambores e maracas, com sons que ecoam os dos ancestrais africanos dos garinagu. Paranda, outro estilo clássico de música garífuna, adiciona guitarra às melodias, o que sugere a influência da cultura centro-americana.

Punta rock é “o que realmente explode”, diz Laredo. É semelhante à punta, mas com teclado, guitarra elétrica e buzinas – a mistura perfeita para impressionar no cenário mundial.

Palácio, líder no renascimento cultural, reuniu músicos garífunas em toda a América Central para formar a banda Garifuna Collective, em 2007. Suas letras garífunas enviaram uma poderosa mensagem: é hora de defender nossa cultura.

Depois de várias turnês mundiais e prêmios internacionais de música, a banda “colocou a cultura garífuna no mapa internacional e levou Belize junto com ele”, destaca Laredo. Mesmo após a morte de Palácio, em 2008, suas letras e o trabalho de ativistas musicais garífunas em toda a América Central acenderam uma chama cultural para garinagu em todo o mundo.

“A música me deixou intrigado com a cultura; tornou-se uma identidade”, comenta Kevin Ramirez, músico e produtor garífuna radicado em Nova York, onde seus pais, ambos garífunas, imigraram de Honduras. Ramirez cresceu aprendendo sobre a cultura de sua família, mas, como garífuna-americano, lutou para compreender sua identidade. “Sou negro, mas os negros americanos não me acolheram porque eu falava espanhol. Eu falava espanhol, mas os latinos não me acolheram por ser negro”.

O Garifuna Collective toca no Festival Paleo em Nyon, Suíça

O Garifuna Collective toca no Festival Paleo em Nyon, Suíça, em 2017. A banda foi formada, em 2007, pelo cantor garifuna Andy Palácio para ajudar a revitalizar a música garífuna e trazê-la para o público internacional. FOTO DE LOONA ABACA, SIPA USA, AP

Ele encontrou um sentimento de pertencimento depois de visitar Honduras e assistir a shows ao vivo de música garífuna. Essas viagens o inspiraram a fundar a Hagucha Records, uma das principais gravadoras garífunas da atualidade. Sua história de recuperação cultural, aprimoramento e difusão da cultura e da língua por meio da música espelha a trajetória de muitos artistas garífunas contemporâneos.

O músico James Lovell, por exemplo, adotou a língua aos 16 anos para seguir os passos de seu músico belizenho favorito, e promotor cultural, Pen Cayetano, “o rei do punta rock”. Lovell tornou-se parte de um esforço de base maior para ensinar o idioma em Nova York. Hoje há cada vez mais aulas de língua garífuna disponíveis on-line.

(Você pode se interessar por: Os melhores destinos do mundo em 2022)

A mensagem de Palácio inspirou outros grupos de músicos: os fundadores da Battle of the Drums, uma competição internacional de música em Belize. Esta reconhecida equipe ajuda escolas de ensino fundamental e médio em Belize com o ensino da cultura e a língua garífuna através da música – uma estratégia emprestada por outros professores de línguas que ensinam garífuna por meio da música.

A música salvará a língua garífuna? O tempo vai dizer. O garífuna permanece na lista de línguas ameaçadas da Unesco, atualizada pela última vez em 2010. E, como os havaianos aprenderam ao revitalizar sua própria língua após a colonização, esse tipo de renascimento é um caminho longo que envolve várias gerações.

Apoio do turismo em Belize

O renascimento da língua garífuna tem um novo e bem-vindo impulso: a Trilha de Turismo Garífuna de Belize, lançada formalmente em março de 2022. Semelhante às experiências culturais maias do país, esta trilha é o primeiro esforço coletivo de Belize para promover experiências de turismo garífuna. Em vez de seguir um modelo turístico de “dançarinos em resorts”, os garinagu convidam os viajantes a experimentar e se conectar com eles onde eles moram e em seus termos.

A iniciativa é financiada por doações, liderada pelo Conselho de Turismo de Belize e pela Organização de Turismo do Caribe, e inclui 50 empresas de proprietários garífunas em Dangriga e Hopkins, dois centros culturais na costa sul de Belize. À medida que o caminho avança, os organizadores esperam adicionar mais negócios locais.

As experiências vão desde aulas de música no Centro de Percussão Lebeha, em Hopkins, até admiração da arte tradicional na Galeria de Arte e Artesanato Garinagu, em Dangriga. As metas para a conclusão da trilha em 2024 incluem treinamento de guias turísticos e expansão para outras cidades garífunas.

O turismo por si só não salvará uma língua. Um renascimento sustentável deve criar raízes com os próprios falantes nativos. Mas o turismo pode fornecer uma motivação eficaz para a retenção da língua: renda. Sánchez acredita que mais oportunidades econômicas, juntamente com o orgulho de identidade cultural, podem ajudar a motivar os jovens garinagu a continuar aprendendo o idioma.

Há outro lugar, talvez inesperado, onde Laredo e Ramirez encontram esperança para o futuro da cultura de seus antepassados: o TikTok, onde vídeos de punta-rock com novas versões de músicas e danças tradicionais garífunas acumularam 800 milhões de visualizações – número que continua crescendo.

Veja a matéria na fonte: https://www.nationalgeographicbrasil.com/viagem/2022/07/pode-a-musica-salvar-uma-lingua-em-extincao

IPOL Pesquisa

Receba o Boletim

Facebook

Revista Platô

Revistas – SIPLE

Revista Njinga & Sepé

REVISTA NJINGA & SEPÉ

Visite nossos blogs

Forlibi

Forlibi - Fórum Permanente das Línguas Brasileiras de Imigração

Forlibi – Fórum Permanente das Línguas Brasileiras de Imigração

GELF

I Seminário de Gestão em Educação Linguística da Fronteira do MERCOSUL

I Seminário de Gestão em Educação Linguística da Fronteira do MERCOSUL

Clique na imagem

Arquivo

Visitantes