Vestibular dos Povos Indígenas do Paraná – número de inscritos é 40% maior que no ano passado

O Governo do Estado realizou, no último domingo (12) e na segunda-feira (13), o 21º Vestibular dos Povos Indígenas do Paraná. Os 780 inscritos concorrem a 52 vagas nas sete universidades estaduais e na Universidade Federal do Paraná (UFPR), para ingresso em 2022. Nesta edição, houve acréscimo de 40% nas inscrições, em relação ao ano passado, quando 550 indígenas participaram do vestibular.
A iniciativa tem amparo em política pública de ação afirmativa, que assegura a promoção da diversidade étnica paranaense, a garantia dos direitos culturalmente diferenciados e as conquistas das organizações indígenas na área da educação.
Esta edição do Vestibular dos Povos Indígenas do Paraná é coordenada pela Universidade Estadual do Paraná (Unespar), em parceria com a Comissão Universidade para os Povos Indígenas (Cuia) e a Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti).
A ação tem o apoio das universidades estaduais de Londrina (UEL), de Maringá (UEM), de Ponta Grossa (UEPG), do Oeste do Paraná (Unioeste), do Centro-Oeste (Unicentro), do Norte do Paraná (UENP) e a UFPR.
No Paraná, vivem mais de 25 mil pessoas indígenas pertencentes a diferentes etnias, como Kaingang e Guarani, além de familiares descendentes dos Xetás e Xoklengs. Atualmente, 265 estudantes indígenas estão matriculados em cursos de graduação, a partir dessa modalidade diferenciada de vestibular. Até 2021, 166 alunos concluíram os cursos, em diferentes áreas do conhecimento.
Por: Marechal News Fonte: Secom Paraná
Debate Público “Língua, Estado e Democracia”
O Debate Público “Língua, Estado e Democracia” promoveu discussões sobre educação, diversidade cultural e pluralidade linguística. Em sua programação, o evento contou com a presença de doutores em linguística e teve como objetivo chamar atenção dos agentes políticos e da sociedade para o tema e provocar ações do poder público. Assista!
Portal de Saberes divulga a cultura da Terra Indígena Laklãnõ
Lançado na última quarta-feira, 8 de junho, o Portal de Saberes Laklãno/Xokleng, é um site desenvolvido para compartilhar registros e materiais sobre os saberes do povo Laklãnõ/Xokleng da Terra Indígena (TI) Ibirama Laklãnõ, do Alto Vale do Itajaí, Santa Catarina. Com o objetivo de divulgar sua história, identidade e cultura para outros povos e pessoas não indígenas, a página reúne patrimônio oral, artístico-cultural e produção científica Laklãnõ/Xokleng.
O projeto foi selecionado pelo Prêmio Elisabete Anderle de Apoio à Cultura – Edição 2020 e executado com recursos do Governo do Estado de Santa Catarina, por meio da Fundação Catarinense de Cultura. O site tem curadoria do estudante de jornalismo da UFSC Jucelino de Almeida Filho e da egressa da UFSC e atual doutoranda em Arqueologia na Universidade de São Paulo (USP) Walderes Coctá Priprá, ambos do povo Laklãnõ. Também conta com a participação de todas as aldeias da terra indígena, onde vivem também os povos Guarani e Kaingang. A TI é dividida nas aldeias Takaty, Bugio, Sede, Pavão, Kóplág, Toldo, Coqueiro, Figueira, Palmeira e Plipatól.
Com ilustrações do artista João Pedro Ruiz, também indígena, e projeto gráfico e webdesign de Marcos Walickosky, o site é dividido em 11 áreas: arqueologia, arte, audiovisual, biblioteca, comida, cura, fotografias, línguas, mapa, sons e quem somos. Parte do acervo apresentado é resultado de contribuições dos moradores da TI e da pesquisa para o documentário Vãnh gõ tõ Laklãnõ, sobre a resistência do povo Laklãnõ, dirigido por Barbara Pettres, Flávia Person e Walderes Coctá Priprá. O portal é vivo, aceita contribuições de materiais e permite baixar as informações, depois de preencher um formulário indicando a finalidade de uso.
O desaparecimento de um idioma é o começo do fim de um povo

A morte dos falantes e a falta de continuidade pelos mais novos são aspectos determinantes para o fim de uma língua – Fotomontagem sobre línguas nativas com imagem de Tiago Zenero/PNUD Brasil no Flickr – Arte: Ana Júlia Maciel
O idioma é parte fundamental de um povo. A preservação histórica de determinado grupo está diretamente relacionada à língua falada por ele. Diversos idiomas estão desaparecendo ou correm risco de extinção. Esse esvaziamento cultural é um sintoma decisivo e muito perigoso para o fim da história de uma comunidade. Conforme dados veiculados pelo Atlas das línguas em perigo da Unesco, a situação brasileira é alarmante. O Brasil possui 190 línguas em risco de extinção e, com isso, inúmeros grupos ameaçados.
O professor Eduardo de Almeida Navarro, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, analisa os motivos que levam ao desaparecimento de línguas: “O que provoca o desaparecimento de línguas nacionais, por exemplo, é o enfraquecimento do Estado ou o domínio de um outro povo sobre aquele Estado, como foi o caso da língua latina. O latim desaparece quando o Império Romano é invadido por outros povos e, a partir de um certo momento, se transforma completamente nas chamadas línguas neolatinas”.
“Traduzir-nos: Acessibilidade e Diversidade na Defesa dos Direitos Humanos”
O evento é uma homenagem ao NuTrad – Núcleo de Tradução da DPU – Defensoria Pública da União, parceiro do IPOL.
Jovens guineenses contra discriminação da língua portuguesa e exigem respeito pela história

Um grupo de jovens guineenses está a exigir um debate nacional sobre a utilização da língua portuguesa no país, que está a ser discriminada em empresas e outras instituições a operar na Guiné-Bissau, e exigem respeito pela história
“A língua portuguesa na Guiné-Bissau tem uma história e não podemos só pelo facto de querer integrar as outras comunidades ignorar a história. Temos de ser conservadores com aquilo que é nosso e depois integrarmo-nos na sociedade que queremos”, afirmou Amiel de Carvalho, porta-voz de um grupo de jovens que quer um debate nacional sobre o assunto.
Amiel de Carvalho sublinhou que não estão contra as línguas francesa e inglesa, mas não querem ver anulada a história da Guiné-Bissau, nem a ligação que os guineenses têm com a língua portuguesa.
Em causa está, por exemplo, segundo Amiel de Carvalho, a divulgação de concursos públicos em língua francesa.
“Estamos a ser discriminados no mercado de trabalho na Guiné-Bissau, somos guineenses, e estamos a ter dificuldades em conseguir emprego devido a esta situação da língua francesa e inglesa”, disse Amiel de Carvalho.
“Eu, por exemplo, estudei num país francófono e falo fluentemente o francês, mas sinto discriminação, porque no meu país se deve falar a língua portuguesa e não a francesa”, sublinhou.
Para Amiel de Carvalho, às empresas que se instalam na Guiné-Bissau devia ser exigida a tradução de todos os documentos para português, porque o “povo guineense precisa de entender”.
“Eu trabalhei nove anos num banco e deparei-me com essa situação. Era tudo em francês. O extrato bancário está em francês. Eu não posso ser lusófono para depois interpretar o extrato da minha conta bancária, do meu dinheiro, em francês”, afirmou.
Amiel de Carvalho explicou que até os contratos no âmbito de empréstimos são feitos em francês e muitos guineenses nem sabem o que estão a assinar, pois não conhecem a língua.
“Isto acontece não só com as instituições bancárias, mas também com organizações não-governamentais, que estão no país”, apontou.
O porta-voz do grupo de jovens salientou que numa era globalizada é preciso acompanhar essa evolução, mas quem investe no país deve adaptar-se à realidade.
“Estamos aqui com uma longa história com a língua portuguesa e não podemos dizer, de um dia para o outro, já não vamos falar o português, temos de passar para o francês ou para o inglês”, concluiu.
Via Plataforma Media