Direitos Humanos

Língua Mirandesa O futuro do Mirandês está numa carta “esquecida numa gaveta”

Passaram 26 anos desde o reconhecimento oficial da língua mirandesa, mas a passos-largos pode estar a aproximar-se o fim do mirandês enquanto língua veicular. Por fazer está a ratificação da carta europeia das línguas minoritárias, a criação de um instituto da língua e de um quadro de professores.

Por Lara Castro / Grupo Renascença

 

17 de setembro de 1998. Passaram 26 anos do dia em que foi aprovada a lei que reconhece os direitos linguísticos da comunidade mirandesa.

Depois de aprovado o articulado, a língua mirandesa passou a ser reconhecida oficialmente em Portugal – é a segunda língua oficial do país.

 

A par da lei, foi publicada a Convenção Ortográfica e ,nos cinco anos iniciais, houve mais obras publicadas em mirandês do que nos anteriores 50 anos. “Os Lusíadas”, “Mensagem”, “O Principezinho”, “Os Quatro Evangelhos” e até Asterix e Obelix, são apenas alguns exemplos.

No entanto, ainda há um longo caminho a percorrer para a salvaguarda da língua, a começar pela ratificação da Carta Europeia das Línguas Regionais e Minoritárias, que foi assinada, a 7 de setembro de 2021, pelo então ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, mas que ainda não entrou em vigor.

Não ratificação da carta “é uma questão de inércia”

Alfredo Cameirão, da Associação de Língua e Cultura Mirandesa (ALCM) diz à Renascença que a carta “é um passo absolutamente determinante” para “o futuro e sobrevivência da língua”.

A carta permitirá que o mirandês seja usado como uma língua regional, em todos os campos da sociedade, sendo um instrumento internacional dedicado especificamente à proteção da língua.

Ratificar a carta permitirá, por exemplo, reforçar e dignificar a presença da língua na escola ou até mesmo obrigar o Estado Central a garantir que um mirandês que queira ser ouvido em tribunal em língua mirandesa tenha um tradutor para o fazer.

A ratificação da carta implicará também uma monitorização por parte do Conselho da Europa.

Em junho de 2023, foi aprovada pela Assembleia da República uma resolução que recomenda ao governo que conclua a vinculação da República Portuguesa à Carta Europeia.

Questionado pela Renascença sobre o que falta para a ratificação da Carta, Alfredo Cameirão garante desconhecer “onde está essa carta e o que falta para ratificar”, acreditando que “é uma questão de inércia” que explica o problema.

O dirigente da ALCM relembra ainda que não há razões para não ratificar, uma vez que “os eventuais encargos financeiros estão salvaguardados pela Câmara Municipal”.

espera é decisiva para o futuro da língua, já ameaçado pela perda de falantes e de população na região.

“Cada dia que passa na preservação da língua, é um atraso, porque as medidas [da carta europeia] são necessárias e até urgentes”, acrescentou.

Para a ratificação da Carta, é exigido que Portugal se comprometa a implementar pelo menos 35 medidas constantes na Carta. Destas, algumas delas já estão no terreno através de um protocolo estabelecido entre a ALCM com a Câmara Municipal de Miranda do Douro.

O processo de ratificação da carta está entregue ao Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), e está a ser conduzido pela Comissão Nacional para os Direitos Humanos (CNDH).

Fonte do MNE explica que “foram identificadas 21 das 35 medidas obrigatórias necessárias, permanecendo em falta as restantes”

Na última reunião plenária da CNDH, em julho deste ano, ficou decidido que “as diferentes áreas governativas no processo de instrução da ratificação deste instrumento jurídico iriam revisitar os seus pareceres e enviar ao Secretariado Executivo da CNDH, com a maior brevidade, novas propostas de medidas para que, no seu conjunto, se possam identificar as medidas em falta e, assim, se poder prosseguir com o processo de ratificação.”

Não havendo previsão de data para a entrada em vigor da carta, Alfredo Cameirão acredita que “esteja esquecida no fundo de alguma gaveta” por falta de interesse no tema e na preservação de uma língua com séculos de história. “Como somos muito poucos e estamos muito longe do poder, no sentido literal e no sentido figurado, presumimos que seja essa a única razão. Não há outra razão”, sublinhou.

Alfredo Cameirão reforça: “Os mirandeses começaram a pedir para Portugal assinar a carta logo a seguir à aprovação da lei do Mirandês, demorou 20 anos, se a ratificação demorar outros 20 – é uma coisa complicada.

Dois professores para 400 alunos “é manifestamente insuficiente”

Atualmente, o mirandês é ensinado, a todos os níveis de ensino, desde a pré-primária até ao 12º ano, como disciplina de opção nas escolas de Miranda do Douro.

Segundo a ALCM, cerca de 80% dos alunos optam por aprender mirandês. São cerca de 400 alunos, mas só existem dois professores para ensinar, o que “ é manifestamente insuficiente”, alerta Alfredo Cameirão.

Numa altura em que a língua já não se transmite de pais para filhos, o ensino na escola “ganha ainda mais importância na transmissão do mirandês para as novas gerações”.

“Para que o mirandês possa ganhar outra dignidade, e que não surja só como quase um aspecto mais folclórico” é fundamental criar condições para que possam haver mais professores de mirandês.

Os dois professores que atualmente ensinam mirandês lecionam tanto à pré-primária como ao 12º ano. Sem manuais, sem programa oficial e sem carreira de professores, seria importante criar um quadro de docentes “para dar alguma estabilidade às pessoas”.

A par da assinatura da carta europeia das línguas regionais e minoritárias e a par da dignificação da intensificação da presença da língua na escola, é outra grande prioridades a criação de um instituto da língua que possa responsabilizar-se por operacionalizar estratégias de defesa, desenvolvimento e salvaguarda do mirandês.

No Orçamento do Estado de 2023, estava uma proposta submetida pelo deputado do Livre, Rui Tavares, que foi aprovada, mas não chegou a sair do papel. Em 2024, o OE voltou a incluir a mesma proposta com o dobro do montante – 200 mil euros, para a criação do Instituto. Com a queda do governo, tudo voltou para a “gaveta”.

Por que é importante o mirandês?

Para Alfredo Cameirão a explicação para a importância da conservação da língua é simples: “O mirandês não serve para nada, é mais ou menos como a poesia que também não serve para nada.”

Atualmente, todos os falantes de mirandês são também falantes de português e, por isso, do ponto de vista pragmático, o mirandês “tem muito pouco utilidade porque efetivamente é redundante”. Todavia, do ponto de vista cultural, “tem um valor único e insubstituível”, além de que poderá assumir valor do ponto de vista económico. “Bem aproveitado, pode render muito em termos financeiros”, afiança.

Uma língua “descoberta” pela curiosidade

Desde a existência de Portugal como reino independente, o mirandêsfoi sempre falado, naquela região do país, por gerações e gerações.

O mirandês é a versão em território português de uma realidade linguística que também existe em Espanha, já desde a Idade Média, o asturo-Leonês. Durante séculos e séculos a língua mirandesa foi falada em território português, com o desconhecimento de toda a gente. A “descoberta” da língua só chegou ao resto da comunidade nacional no final do século XIX, e tudo graças a um jovem curioso de ouvido atento.

José Leite de Vasconcelos, na altura estudante de medicina na Universidade do Porto, nascido em Viseu, foi surpreendido pelo facto de haver na camarata um colega que era português, mas cuja língua materna não era portuguesa. Falava a denominada língua “charra”.

“Não é o Português a única língua usada em Portugal (…) fala-se aqui também o mirandês”, anunciou em 1882, José Leite de Vasconcelos no “Dialecto Mirandês”

Confira a matéria na fonte:  https://rr.sapo.pt/noticia/amp/pais/2024/09/17/o-futuro-do-mirandes-esta-numa-carta-esquecida-numa-gaveta/393917/


Saiba mais na matéria publicada em RTP ensina:  https://ensina.rtp.pt/artigo/salvar-o-mirandes-para-que/

Salvar o Mirandês? Para quê?

Salvar o Mirandês? Para quê?

Dia 17 de setembro, celebra-se o Dia Oficial da Língua Mirandesa, cujo reconhecimento foi consagrado pela Lei n.º 7/99. Herança do asturo-leonês, passou pela fala de geração em geração, e conheceu um novo impulso pelo trabalho do filólogo Leite de Vasconcelos, que tentou fixá-la por escrito. Nas últimas décadas, os portugueses empenharam-se na salvação do lince ibérico. E que tal ajudarem agora a salvar uma língua?

Não se espere menos do que um texto provocatório nesta ocasião em que um pequeno grupo (de umas centenas? de uns milhares?) de pessoas tenta dar um impulso determinante na vida da única língua oficial falada em Portugal para lá da língua dominante (o “grave”, como se diz em Terras de Miranda). Afinal, estamos a falar de história, património, uma riqueza única e ameaçada. O Dia Oficial da Língua Mirandesa é uma nova ocasião para que se juntem as boas vontades daqueles que resistem, que viram reconhecido o direito a cultivar e promover a língua mirandesa, enquanto património cultural, instrumento de comunicação e de reforço de identidade da terra de Miranda”. Uma passagem da legislação que consagra igualmente “o direito da criança à aprendizagem do mirandês”.

Historicamente, o mirandês remonta a tempos medievais e resistiu à assimilação total pelo português ao longo dos séculos. Em muitas regiões do mundo, outras línguas foram marginalizadas ou postas de lado em favor de línguas dominantes, e o mesmo ocorreu em Portugal. No entanto, o mirandês sobreviveu, refletindo a resiliência do povo transmontano e a sua ligação profunda com o território e com as suas raízes. Salvá-lo é, portanto, assegurar que as gerações futuras têm acesso a este legado.

Economia e desenvolvimento sustentável

Do ponto de vista económico, a promoção do mirandês pode impulsionar o turismo cultural e fortalecer a economia local. A autenticidade da língua pode atrair visitantes interessados em explorar esta zona de Portugal, proporcionando uma experiência cultural genuína. Além disso, a língua mirandesa pode ser uma mais-valia na educação e na criação de iniciativas locais, fortalecendo a coesão comunitária e promovendo o desenvolvimento sustentável. Ao promover o uso do mirandês, também se cria uma base sólida para fomentar o comércio de produtos e serviços culturais únicos da região.

Salvar a língua mirandesa é, assim, um dever histórico, cultural e económico, a que o projeto Ensina, da RTP, se associa. Publicamos hoje um conjunto de animações em mirandês (mais seguirão nas próximas semanas) e um pequeno dicionário português-mirandês.   Estamos empenhados em ajudar os professores de mirandês e as escolas – não apenas as locais mas também aquelas que ensinam o mirandês noutros pontos do país – a beneficiar de materiais audiovisuais atraentes e simples de utilizar. E esperamos que este pequeno contributo tenha um papel neste movimento que parece, finalmente, ganhar uma nova vida.

O mirandês é um símbolo da resistência cultural e uma prova viva da diversidade de Portugal. Defendê-lo é garantir que esta riqueza linguística continua a florescer e a contribuir para a identidade nacional.

Matéria publicada em RTP ensina:  https://ensina.rtp.pt/artigo/salvar-o-mirandes-para-que/

NJINGA e SEPÉ: v. 4 n. 2 (2024): Línguas, literaturas e outras artes no espaço angolano

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Apresentação do Vol. 4, nº 2 (2024): Línguas, literaturas e outras artes no espaço angolano

Autor: Jorge Gumbe “Oferendas para Kiàndà”. Técnica: acrílico sobre tela. Ano: 1999

Este dossiê é dedicado aos estudos e pesquisas sobre as Línguas, as Literaturas e Artes no espaço angolano. Angola localiza-se na costa ocidental da África Austral, ao Sul do Equador, limitando-se ao norte e ao nordeste pela República Democrática do Congo, ao leste pela Zâmbia, ao sul pela Namíbia e ao oeste pelo Oceano Atlântico. O nome Angola, etimologicamente deriva da palavra “Ngola”, nome atribuído a uma dinastia dos povos Ambundo, fixados no médio-Kwanza. A adaptação para o nome Angola resulta de processos históricos e da colonização portuguesa.
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 O país possui uma diversidade linguística composta por línguas do grupo bantu, do grupo khoisan e outras ainda sem classificação, para além da língua gestual. O português é língua oficial de acordo com a Constituição da República de 2010, no artigo 19º. A cultura também é diversa e observa-se atualmente uma mistura de culturas e práticas devido às migrações e imigrações, devido às influencias e contatos como outros povos, por vezes impulsionados pelas tecnologias e pelo mundo globalizado. Existe uma relação histórica entre o Brasil e Angola que dura desde o período colonial quando milhares de africanos, a maioria proveniente da região onde hoje é Angola foram presos, transportados e escravizados no Brasil. Aliás, a formação do povo brasileiro também resulta da presença de africanos naquele espaço geográfico.Foi em 1975 que o país finalmente proclamou a sua independência total passando a criar suas próprias infraestruturas e sistemas de governação. A educação tem sido um grande desafio em todos os setores da sociedade por isso, há abrir alas para que haja debates e estudos que possam buscar soluções para os problemas da educação em Angola.
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Este dossiê intitulado Línguas, literaturas e outras artes no espaço angolano foi pensado no intuito de reunir estudos sobre angola para que sejam divulgados e conhecidos em Angola e além-fronteiras. A Revista Njinga & Sepéé um espaço importante de divulgação e de compartilhamento dos saberes porque esses saberes poderão ser acessados e visualizados por bibliotecas internacionais demanda que é atendida pela indexação. Estamos cientes ao fato de que há vários estudos produzidos em Angola e que não são conhecidos porque os autores não têm oportunidades de acesso à revistas gratuitas. Encontramos na Revista Njinga & Sepé um lugar especial onde estudos sobre Angola possam ser apresentados e discutidos por forma a que a ciência avance com maior celeridade.
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Este dossiê visa dar a conhecer à comunidade acadêmica e não só sobre temáticas específicos de Angola, contribuindo, desta feita, para a melhor compreensão possível sobre a pluralidade das realidades socioeconômicas, literárias, linguísticas, políticas, antropológicas e culturais dos angolanos. Encontramos na Revista Njinga & Sepé um parceiro que olha para os países africanos(e não só)como parceiros prioritários para que a cooperação Sul-Sul se efetive por meio desta Revista da Universidade de Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira.Estas parcerias impactam outras esferas de políticas públicas, como as culturais e educacionais que, a despeito das reformas significativas que Angola vem conhecendo marcadas de retrocessos que, mais do que meras políticas de estado, atingem os sujeitos angolanos social e historicamente constituídos; é o caso, por exemplo, do sistema de ensino que se pensa plural, porém deixa a desejar, quando se questiona o perfil de professores monolíngues, cuja formação, na maior parte dos casos, não responde eficazmente à educação intercultural em todas as suas nuances. Ora, essas e outras preocupações elencadas são abordadas criticamente pelos autores, na ordem em que seus trabalhos estão apresentados neste vol.4, nº2, 2024.Este dossiê é composto por vinte e quatro (24) textos dedicados às discussões e debates sobre educação, a descrição linguística, diversas literaturas africanas e artes.
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Clique no link abaixo para acessar esta apresentação completa e resumos dos artigos publicados neste dossiê:

As publicações científicas permitem a circulação do conhecimento e a busca de novos saberes. É fundamental que os saberes conquistados por meio de pesquisas e estudos sejam compartilhados e discutidos no meio científico. O método hipotético-dedutivo de Karl Popper (1902-1994) nos mostra que onde termina uma pesquisa, inicia outra e assim sucessivamente. A ciência é inesgotável. Neste Vol.4, nº2 (2024) organizado pelos professores Daniel Peres Sassuco, Nsimba José e Manuel da Silva Domingos encontraremos contribuições de estudos das áreas de Linguística, Literatura, Artes e Educação relativos à Angola. São estudos que falam sobre Angola na sua profundidade e visam promover um espaço de debate permanente para que o conhecimento circule  e seja compartilhado nacionalmente e além fronteiras. As pesquisas apresentadas neste dossiê criticam o rumo que Angola está trilhando, especialmente na formação de professores, na descrição e ensino de línguas, de Química e de Biologia. Para além de criticar, os trabalhos publicados apontam caminhos possíveis para a melhoria da qualidade do ensino em Angola. Os autores clamam pelo apoio das autoridades para que situação se reverta o mais breve possível, pensando numa Angola mais desenvolvida. A formação de profissionais com qualidade evita a multiplicação de analfabetos funcionais que não poderão efetivamente contribuir o necessário. Com relação às linguas, Angola precisa dar atenção especial e urgente para descrição, revitalização e políticas de ensino das línguas autóctone respeitando assim a Declaração Universal dos Direitos Linguísticos (1996). Desejamos a todos uma leitura atenta, crítica, colaborativa e não se esqueçam de compartilhar a Revista com estudantes, colegas, docentes e outros interessados. Visitem o Canal da Revista Njinga & Sepé e lá vão encontrar palestras e seminários que reforçam a divulgação do conhecimento gratuito, de qualidade e de acesso livre. Este é um compromisso desta Revista. BOA LEITURA!

Publicado: 17-09-2024

 

Acesse a revista no link: https://revistas.unilab.edu.br/index.php/njingaesape/issue/view/55

A UFSC no Fórum Municipal dos Países BRICS em Moscou (IMBRICS)

 

 

Cátedra UNESCO em Políticas Linguísticas para o Multilinguismo (UCLPM) da UFSC, representada pelo Prof. Gilvan Müller de Oliveira (DLLV), participa nesta quarta-feira, 28 de agosto, do Seminário Preservação e apoio ao multilinguismo dos povos indígenas. Melhores práticas da Federação Russa e dos países BRICS”, promovido pela Agência Federal de Assuntos Étnicos da Federação Russa no âmbito do grande Fórum Municipal dos Países BRICS em Moscou

 

Na ocasião, o Prof. Gilvan apresentará uma contribuição sobre a situação do multilinguismo no Brasil – um dos fundadores do Grupo de Países dos BRICS – centrada n’ “As Línguas Indígenas Brasileiras e sua Equipagem para o Ciberespaço”.

 

A Cátedra UNESCO LPM / UFSC (2018-26), é responsável pelos dados brasileiros do Atlas UNESCO das Línguas do Mundo, em andamento, que inclui informação sobre o uso das línguas brasileiras minorizadas na Internet e permite constatar a sua incipiente preparação, até o momento, para o ambiente digital.

A principal proposta será a da criação, no âmbito da Organização e da Presidência do Brasil em 2025, do Quadro Comum de Referência das Línguas dos BRICS (QuaLinBRICS), que permitirá acompanhar a situação das línguas de cada país, fomentar a sua equipagem tecnológica e o seu ensino no âmbito nacional e internacional em uma estratégia de consenso entre os países membros.

Leia a nota na fonte: Secretaria de Relações Internacionais | Office of International Relations (ufsc.br)


Saiba mais sobre a Cátedra em:

https://orbicom.ca/brazil-florianopolis/

. Atlas UNESCO das Línguas no Mundo

https://en.wal.unesco.org/

Primeira mestranda indígena do Amazonas defende dissertação na UEM

Por MARILAYDE COSTA  

indígena amazonense Neidemara Souza 01

Pesquisa de Neidemara Souza revela que apenas 14% dos professores indígenas de município amazonense têm graduação

Pela primeira vez, uma estudante indígena de mestrado de fora do Paraná defendeu sua dissertação na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Neidemara Araújo de Souza, de 27 anos, da etnia Ticuna, é da região do Alto Solimões, no Amazonas. Ela foi aprovada pela banca do Programa de Pós-graduação em Educação (PPE) no último dia 31 de julho. Sua pesquisa revelou que a maioria dos professores indígenas em Santo Antônio do Içá, sua cidade natal, não possui formação universitária.

Segundo a pedagoga, dados de 2023 da Secretaria Municipal de Educação (Semed) indicam que, dos 268 professores indígenas das escolas municipais, apenas 38 possuem ensino superior, representando apenas 14% do total. “Isso é preocupante, pois revela um índice muito baixo de professores graduados. Temos muito que avançar na formação educacional do meu povo. Não adianta termos 14 escolas indígenas Ticuna em Santo Antônio de Içaí se não cuidarmos da qualificação dos professores indígenas”, alerta a mestranda.

 

indígena amazonense Neidemara Souza 04

Neidemara Souza, ladeada por sua orientadora Maria Christine Menezes (centro) e demais alunas indígenas

“Neidemara é exemplo de mulher indígena. Ela teve uma boa organização em seus estudos e passava horas no Laboratório de Apoio Pedagógico (LAP) estudando e produzindo a dissertação. Seguiu com as orientações e fez um belo trabalho que irá contribuir muito com as discussões sobre a formação de professores indígenas”, avaliou a orientadora, professora Maria Christine Berdusco Menezes.

Qualificação estagnada

A pesquisa revelou ainda que a Organização Geral dos Professores Ticunas Bilíngues (OGPTB), que foi uma das principais iniciativas para a qualificação dos educadores dessa etnia, está atualmente estagnada devido à falta de recursos e apoio governamental.

A OGPTB, criada pelos próprios professores indígenas, desempenhou um papel crucial ao oferecer uma formação específica e direcionada às necessidades dos educadores da etnia Ticuna. Inicialmente, a organização promoveu dois projetos importantes: o Projeto Educação Ticuna e o curso de licenciatura para a formação dos professores indígenas na região do Alto Solimões. Esses projetos possibilitaram que os professores tivessem acesso ao ensino fundamental e médio, e posteriormente, à formação superior.

Neidemara conta que, apesar do sucesso inicial, a OGPTB paralisou suas atividades, deixando uma lacuna na formação contínua dos professores Ticuna. A interrupção das atividades da organização ocorreu principalmente por causa da falta de apoio financeiro e institucional, tanto por parte do governo federal quanto dos municípios da região.

Atualmente, os professores Ticuna têm buscado alternativas para continuar sua formação. Muitos estão participando do Programa Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor), promovido pelo governo federal, e se matriculando em instituições de ensino superior, como a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e a Universidade Federal do Amazonas (UFAM).

A situação destacada pela pedagoga reflete a necessidade urgente de políticas públicas mais eficazes e de maior apoio para garantir a continuidade e a qualidade da formação dos professores indígenas, essencial para a preservação e fortalecimento das culturas e línguas nativas na região do Alto Solimões.

Formada em Pedagogia pelo Instituto de Natureza e Cultura, da UFAM, que fica situado no câmpus de Benjamin Constant, Neidemara pretende voltar para o seu município com o resultado de seus estudos para conscientizar os governantes sobre a importância da criação de políticas públicas que ampliem a formação da população indígena.

“Pretendo dar continuidade na minha formação, mas antes disso eu quero voltar para o meu município para discutir sobre esses dados da minha pesquisa com a Secretaria de Educação, com os professores indígenas Ticunas e também com a OGTPB. Quero debater sobre esses resultados, a importância do apoio que a Semed deve oferecer para dar continuidade na formação desses professores, justamente pensando na melhoria e alcançar esse objetivo que eles tanto dizem, que é a qualidade no ensino”, frisa Neidemara.

Neidemara escolheu Maringá para estudar em 2022, acompanhando o marido, que já cursava doutorado em Engenharia Química na UEM. Pouco mais de um ano atrás, o casal teve um filho na cidade, e seu marido deve concluir os estudos no final deste ano. Com a conclusão do Mestrado, Neidemara pretende continuar sua formação acadêmica, ingressando no doutorado na UEM.

“Quero seguir estudando, pois essa é uma luta pessoal minha, fruto das experiências que tive como pedagoga específica da minha etnia na Secretaria Municipal de Educação do meu município. Meu objetivo é tentar solucionar os problemas que vivi e contribuir para o fortalecimento da formação dos professores indígenas Ticunas. Precisamos lutar para que as políticas existentes nos âmbitos estadual e municipal sejam realmente aplicadas. É essencial que entendamos essas políticas e as compartilhemos com os professores. De fato, a educação é muito importante e valiosa para nós”, conclui a indígena amazonense Neidemara.

Universidade para os Índios (Cuia): A UEM lidera a formação de estudantes indígenas no Paraná, apesar de sua localização distante das terras indígenas. A universidade já formou 49 indígenas e conta atualmente com 69 matriculados, dos quais 39 estudam em cursos de graduação a distância (EaD). Entre os cursos mais procurados estão Enfermagem, História e Pedagogia, mas há indígenas também em áreas como Administração, Arquitetura, Ciências Biológicas, Direito, Educação Física, Física, Geografia, Letras, Medicina, Odontologia e Serviço Social. No campo da pós-graduação, a UEM se destaca por ter formado o primeiro mestre indígena do Paraná. Até o momento, quatro indígenas concluíram o mestrado na instituição, que atualmente possui um estudantes indígena no mestrado e dois no doutorado.

Leia  a matéria diretamente na fonte: https://www.asc.uem.br/index.php?option=com_content&view=article&id=29349:primeira-mestranda-indigena-do-amazonas-defende-tese-de-mestrado-na-uem&catid=987:notas&Itemid=220

‘Nosso modo de lutar’ apresenta mobilização nacional indígena pelo olhar de cineastas mulheres indígenas

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Da esquerda para a direita, Vanuzia Pataxó, Francy Baniwa e Kerexu Martim durante as filmagens no 20º ATL 📷 Luiza de Souza Barros/ISA

A maior mobilização indígena do país é também lugar de encontro entre os multidiversos saberes e fazeres dos povos indígenas no Brasil. Pelo olhar de três cineastas mulheres indígenas, o público é convidado a conhecer o cotidiano do 20° Acampamento Terra Livre (ATL) e a descobrir como os diferentes modos indígenas de existir se expressam também como modos singulares de lutar.

‘Nosso modo de lutar’ apresenta mobilização nacional indígena pelo olhar de cineastas mulheres indígenas,  por Tatiane Klein – Pesquisadora do ISA

Sexta-feira, 9 de Agosto de 2024

Realizado pelas cineastas Francy Baniwa, Kerexu Martim e Vanuzia Pataxó, documentário filmado durante o 20º Acampamento Terra Livre (ATL) enfoca os muitos modos indígenas de existir e de resistir aos ataques a seus direitos.

Para celebrar a diversidade e a comunicação indígena, neste Dia Internacional dos Povos Indígenas (09/08), o Instituto Socioambiental (ISA) em parceria com a Rede Katahirine lança o documentário Nosso modo de lutar, que traz a perspectiva de três cineastas mulheres indígenas sobre um dos principais espaços de mobilização indígena do país na atualidade, o Acampamento Terra Livre (ATL).

 

Realizado por Francy Baniwa, Kerexu Martim e Vanuzia Pataxó, da Katahirine – Rede Audiovisual das Mulheres Indígenas, em colaboração com o Programa Povos Indígenas no Brasil do ISA, o vídeo foi filmado em abril de 2024, durante a 20ª edição do Acampamento, e dá atenção à pluralidade de formas dos movimentos indígenas. “Nós mulheres podemos perceber muitas coisas que ninguém percebe”, destaca Vanuzia.

Para compor este retrato, as cineastas abordaram cerca de 50 representantes de povos distintos, em sua maioria mulheres, explorando os saberes e fazeres que cada uma delas traz, ano a ano, para a mobilização. São cantadoras, cozinheiras, artistas, estudantes, anciãs e jovens lideranças – personagens como Cleide da Silva Pedro, do povo Guarani Kaiowá, que, na última edição, se dividia entre a equipe de segurança geral e atuava como cozinheira na delegação de seu povo no contraturno. “A gente vê aqui que a mobilização é coletiva, não é separado, não é juventude, homens, mulheres. É uma luta coletiva entre crianças ao ancião”, avalia Francy Baniwa.

kerexy martim gravando no ATL
Vanuzia Pataxó, cineasta indígena da Rede Katahirine, durante as gravações de “Nosso modo de lutar”, no ATL 2024 📷 Tatiane Klein/ISA
gravações de "nosso modo de lutar"
Francy Baniwa entrevista Janete Desana, liderança do Rio Negro e vice-presidente da FOIRN 📷 Moreno Saraiva/ISA
gravações de "nosso modo de lutar"
Kerexu Martim entrevista Vanuzia Pataxó e o filho Txoeki Turymatã Pataxoop 📷 Tauani Lima/ISA

Transitando pelo cenário de lonas pretas e cordas amarelas que marcam o cotidiano do acampamento, as imagens transportam o público desde os acampamentos das delegações até as  barracas de artesanato, passando, é claro, pelas reuniões, plenárias e marchas em defesa dos direitos indígenas. Tudo isso a partir das câmeras e das vozes das cineastas, que são também personagens do vídeo e iniciaram a pesquisa audiovisual pelas contribuições de seus próprios povos.

Entre os Guarani, por exemplo, um dos temas geradores foram os cantos mborai, muitos dos quais tratam da luta pela terra, como revela a cineasta Kerexu Martim, lembrando os versos de um deles: “Pemeē jevy, pemeē jevy ore yvy / Devolvam nossas terras, devolvam nossas terras”. Já entre os povos do Rio Negro, Francy Baniwa inicia enfocando as pinturas faciais das mulheres desana, feitas não só para embelezar, mas para proteger e preparar os corpos para a mobilização.

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Dona Coruja, liderança histórica do povo Pataxó 📷 Mariana Soares/ISA

É relembrando ensinamentos dos anciãos do seu povo, que Vanuzia Pataxó nos introduz a uma das linhas de força do vídeo: a ideia de que entre os povos indígenas, as danças e cantos são armas fundamentais da ação política, tão importantes ou mais nestes contexto quanto discursos ou documentos. É ela quem nos apresenta os cantos e histórias de Dona Coruja, uma das grandes cantadoras e lideranças do povo Pataxó, que, nas palavras da cineasta “dá uma aula de história inteirinha por meio de um canto”.

“Adeus adeus a Brasília, até o ano que vem

Adeus adeus a Brasília, até o ano que vem

Se eu não morrer eu volto

Se deus quiser eu venho” – Dona Coruja

Ao longo do documentário, o público é convidado a entender por que enfeites corporais, alimentos tradicionais, instrumentos musicais, cantos e danças coletivas, entre outros, não são apenas elementos para mostrar as culturas de cada povo, mas têm usos e potências próprias, capacidades de comunicação e transformação da realidade. É o que ensina, por exemplo, a liderança do povo Rikbaktsa ao explicar que seu cocar é usado especificamente para ir à guerra ou a liderança do povo Maxakali, ao contar que os desenhos que enfeitam seu vestido estão conectados aos rituais feitos junto dos espíritos yamīyxop.

Para além dos cantos e danças, palavras de ordem como “Diga ao povo que avance!”, também ganham destaque, em especial nas cenas das duas grandes marchas feitas durante o 20° ATL contra os retrocessos aos direitos indígenas.

Relembre:
No Congresso e nas ruas de Brasília, movimento indígena grita: não ao Marco Temporal!

Pelas palavras e cantos dos personagens, também entendemos por que reivindicar direitos indo a Brasília, com grandes manifestações coletivas, é, há mais de vinte anos, um movimento central para inúmeros coletivos indígenas – e por que, certamente, eles seguirão repetindo esse movimento nos anos por vir.

Sobre “Nosso modo de lutar”

Sinopse

A maior mobilização indígena do país é também lugar de encontro entre os multidiversos saberes e fazeres dos povos indígenas no Brasil. Pelo olhar de três cineastas mulheres indígenas, o público é convidado a conhecer o cotidiano do 20° Acampamento Terra Livre (ATL) e a descobrir como os diferentes modos indígenas de existir se expressam também como modos singulares de lutar.

Ficha técnica

Direção e imagens: Francy Baniwa, Kerexu Martim e Vanuzia Pataxó / Rede Katahirine

Produção executiva: Tatiane Klein, Luiza de Souza Barros, Mariana Soares, Moreno Saraiva Martins e Luma Prado / ISA; Sophia Pinheiro, Mari Corrêa, Victoria Moawad / Instituto Catitu

Montagem: Manoela Rabinovitch / Instituto Catitu

Finalização: Cama Leão

Realização: Instituto Socioambiental (ISA),  Katahirine – Rede Audiovisual das Mulheres Indígenas e Instituto Catitu

Ano: 2024

País: Brasil

Duração: 15 min

Apoio: Fundação Moore, União Europeia e Catholic Agency for Overseas Development (CAFOD)

Sobre o Dia Internacional dos Povos Indígenas

Instituído pelas Nações Unidas em 1995, o dia 9 de agosto tem como objetivo chamar atenção para a importância dos povos indígenas e das garantias previstas a eles na Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos Indígenas. Entre outros direitos, a declaração assegura o direito desses povos à autodeterminação, à comunicação e à diferença: “Os povos indígenas são iguais a todos os demais povos e reconhecendo ao mesmo tempo o direito de todos os povos a ser diferentes, a considerar-se a si mesmos diferentes e a ser respeitados como tais”. Saiba mais

Sobre a Rede Katahirine

A Katahirine – Rede Audiovisual das Mulheres Indígenas surge com o objetivo de criar um espaço coletivo para fortalecer e visibilizar a produção audiovisual das mulheres indígenas do Brasil e América Latina. Como primeira iniciativa de mapeamento do cinema indígena feminino no Brasil, desejamos que esta seja uma importante ferramenta de conhecimento e divulgação sobre o cinema realizado por nós, mulheres indígenas, além de uma fonte de dados para pesquisas e acessos públicos. Um espaço com foco no protagonismo das mulheres indígenas,  na agência e no papel político em nossos contextos, dentro e fora das aldeias: agimos nas tomadas de decisões e gestão de recursos de realizações audiovisuais e criamos de acordo com nossas concepções de mundo e de vida. Katahirine é uma palavra da etnia Manchineri que significa constelação. Assim como o próprio nome sugere, Katahirine é a pluralidade, conexão e a união de mulheres diversas que se apoiam e promovem mulheres indígenas no audiovisual brasileiro. Trata-se de uma articulação coletiva, onde podemos discutir e construir um espaço seguro de narrativas, levando em conta não só o corpo coletivo da rede, mas a subjetividade de cada participante, como uma pessoa pensante e atuante em todos os espaços.

As cineastas se apresentam

Vanuzia Bonfim Vieira

Sou indígena pataxó. Trabalho como cineasta e professora. Dirigi e gravei o longa-metragem Força das Mulheres Pataxó da Aldeia Mãe (2019). Na comunidade, além de professora, sou mãe, artesã e participante de vários eventos culturais. Me formei em Ciências Sociais e Humanas pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e fiz meu mestrado em Ensino e Relações Étnico-Raciais pela Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB). Atualmente trabalho com direção e produção de vídeos relacionados aos movimentos indígenas e à aldeia Barra Velha, Porto Seguro (BA).

Kerexu Martim

Tenho 20 anos, moro na aldeia Kalipety na Terra Indígena Tenondé Porã, em São Paulo – SP. Participei de dois cursos de audiovisual. Um deles foi na minha aldeia e teve duas semanas de duração. O segundo foi no Acre. Fui para lá com mais duas amigas Guarani da comunidade e fizemos a edição dos nossos filmes. Em 2023, lancei meu primeiro filme “Aguyjevete Avaxi’i”, produzido pelo Instituto Catitu. O filme recebeu menção honrosa no Festival É Tudo Verdade 2024 e o prêmio Helena Ignez na 27ª Mostra de Cinema Tiradentes.

Francy Baniwa

Sou Francineia Bitencourt Fontes, também conhecida como Francy Baniwa. Mulher indígena, antropóloga, fotógrafa, cineasta e pesquisadora do povo Baniwa, nasci na comunidade de Assunção, no Baixo Rio Içana, Terra Indígena Alto Rio Negro, município de São Gabriel da Cachoeira (AM). Engajada nas organizações e no movimento indígena do Rio Negro há uma década, atuo, trabalho e pesquiso nas áreas de etnologia indígena, gênero, organizações indígenas, memória, narrativa, fotografia e audiovisual. Fiz minha Licenciatura em Sociologia em 2016 pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Sou mestra (2019) e doutoranda em Antropologia Social pelo Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGAS-MN/UFRJ). Em 2008, fiz o curso técnico em Etnodesenvolvimento pelo Instituto Federal do Amazonas (IFAM) e, em 2009, em Gestão Ambiental pelo Centro Amazônico de Formação Indígena da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (CAFI/COIAB). Entre 2010 e 2013, atuei como professora do Ensino Fundamental na Escola Estadual Indígena Kariamã, em minha comunidade. Fui presidente da Associação de Mulheres do Baixo Içana (AMIBI) em 2013, e coordenadora do Departamento de Mulheres Indígenas do Rio Negro da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (DMIRN/FOIRN) entre 2014 e 2016. Coordeno o Projeto de Cooperação Técnica Internacional “Salvaguarda de Línguas Indígenas Transfronteiriças”, produzido por uma parceria entre a UNESCO e o Museu do Índio, intitulado “Vida e Arte das Mulheres Baniwa: Um olhar de dentro para fora”, fazendo a qualificação das peças de cerâmica do primeiro acervo de pesquisadora indígena, editando vídeos sobre cerâmica, roça e seus derivados e tucum, além de produzir catálogo de fotografias e fazer uma exposição virtual. Sou pesquisadora do Laboratório de Antropologia da Arte, Ritual e Memória (LARMe) e do Núcleo de Antropologia Simétrica (NAnSi) da UFRJ, e do Núcleo de Estudos da Amazônia Indígena (NEAI) da UFAM. No audiovisual, atuei na direção da obra Kupixá asui peé itá – A roça e seus caminhos (2020). Atualmente, coordeno o projeto ecológico, sustentável e pioneiro de produção de absorventes de pano Amaronai Itá – Kunhaitá Kitiwara, financiado pelo Fundo Indígena do Rio Negro (FIRN/FOIRN), junto à Organização da Comunidade Indígena do Distrito de Assunção do Içana (OCIDAI), cujo propósito é o empoderamento e a autonomia das mulheres no território indígena alto-rio-negrino.

Leia a matéria na íntegra no link abaixo:

https://www.socioambiental.org/noticias-socioambientais/nosso-modo-de-lutar-apresenta-mobilizacao-nacional-indigena-pelo-olhar-de

 

Rede Katahirine: www.redekatahirine.org.br Ficha técnica: Direção e imagens: Francy Baniwa, Kerexu Martim e Vanuzia Pataxó/Rede Katahirine Produção executiva: Tatiane Klein, Luiza de Souza Barros, Mariana Soares, Moreno Saraiva Martins e Luma Prado/ISA; Sophia Pinheiro, Mari Corrêa, Victoria Moawad/Instituto Catitu Montagem: Manoela Rabinovitch/Instituto Catitu Finalização: Cama Leão Realização: Instituto Socioambiental (ISA), Katahirine – Rede Audiovisual das Mulheres Indígenas e Instituto Catitu Ano: 2024 País: Brasil Duração: 15 min Apoio: Fundação Moore, União Europeia e Catholic Agency for Overseas Development (CAFOD)

Plano de parto é traduzido para quatro idiomas visando garantir acesso a gestantes migrantes

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Iniciativa contempla população que não tem o português como primeira língua

O plano de parto lançado pelo governo do Estado em março, juntamente do Guia do Pré-natal e Puerpério na Atenção Primária à Saúde, foi traduzido para quatro idiomas. O objetivo é alcançar migrantes que vivem no Rio Grande do Sul e não tem o português como língua materna. A iniciativa é mais uma estratégia de qualificação do pré-natal da Secretaria da Saúde (SES).

Instrumento essencial que deve ser utilizado por profissionais da saúde e por gestantes e acompanhantes, o plano de parto é um recurso no qual são expressos os desejos e as preferências sobre o processo de parir e recomendadas práticas assistenciais.

De acordo com a área técnica do Departamento de Atenção Primária e Políticas de Saúde da SES, nos últimos anos tem havido uma tendência de aumento de mulheres na migração para o Estado. Percebeu-se, então, que as políticas de planejamento sexual e reprodutivo precisavam incluir populações migrantes na abordagem pré-concepcional, no acompanhamento da gestação na Atenção Primária à Saúde, na estratificação de risco gestacional e na consulta puerperal.

Versão wolof

 

Já foram impressas 500 cópias em espanhol e 500 em francês. As versões em wolof e créole ficarão disponíveis digitalmente para as equipes de saúde. Os municípios podem fazer impressões ou até mesmo solicitar recursos para impressão dos planos conforme demanda via Programa Estadual de Incentivos para Atenção Primária à Saúde (Piaps), componente de incentivo à equidade. O próximo passo é organizar a logística de distribuição em conjunto com o setor de Saúde da Mulher.

As traduções do material para o espanhol e o francês foram realizadas com apoio do grupo de extensão da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Mobilang. No caso dos idiomas wolof e créole, a SES contou com o apoio do Médico Sem Fronteiras, que também viabilizou a impressão de mil cópias dos planos de parto traduzidos.

 

Como funciona 

O plano de parto busca reduzir intervenções desnecessárias, melhorar a comunicação entre profissionais e usuárias e assegurar a continuidade do cuidado, garantindo melhores resultados obstétricos e neonatais. Como ferramenta, o planejamento estimula a confiança e favorece a comunicação com a equipe hospitalar, do pré-natal à maternidade.

O documento deve ser elaborado em conjunto entre gestante, acompanhante e profissionais da saúde durante as consultas de pré-natal. Ao longo das consultas, a equipe deve explicar as condutas que podem ser adotadas durante o trabalho de parto, parto e pós-parto, tais como:

  • práticas assistenciais recomendadas e não recomendadas;
  • opções disponíveis para alívio da dor;
  • orientações sobre os direitos da pessoa gestante;
  • possibilidade de intercorrências e necessidade de realização de cirurgia (cesariana);
  • identificação de pessoas e apoio que estarão presentes;
  • posições corporais que deseja adotar durante o trabalho de parto e parto;
  • cuidados consigo e com o recém-nascido, considerando valores e necessidades pessoais, contribuindo para evitar intervenções indesejadas ou desnecessárias.

Versões do plano de parto

Texto: Ascom SES
Edição: Felipe Borges/Secom

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