Livro do Edital Quilombagens promove enfrentamento ao racismo
em 19/06/24 Juiz de Fora – FUNALFA (Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage)
Explicar e explicitar o funcionamento do racismo e da branquitude é o objetivo do livro eletrônio “Ubuntu se faz com Sankofa: pretuguês básico para a luta antirracista”, que será lançado no próximo domingo, 23, às 14h, no Museu Ferroviário de Juiz de Fora, localizado na Avenida Brasil 2001, Centro. A tarde terá ainda uma mesa-redonda, reunindo as autoras do e-book: Ana Paula Santos, que também é a organizadora da obra, Carla Cristina Carvalho Pereira e Giovana de Carvalho Castro. Com entrada franca e livre para todos os públicos, o evento terá acessibilidade em libras.
A publicação tem como referência central o “pretuguês”, termo cunhado pela intelectual Lélia Gonzalez para se referir à influência dos idiomas de origem africana no português falado no Brasil. São apresentadas releituras de textos, explanação de conceitos e sugestões de músicas, filmes e livros que traduzem a ancestralidade intelectual da população negra no Brasil. “Ubuntu se faz com Sankofa: pretuguês básico para a luta antirracista” agrega informações estratégicas, constituindo uma ferramenta de leitura de mundo.
O livro eletrônico tem financiamento do Edital Quilombagens, do Programa Cultural Murilo Mendes, mantido pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) e gerido pela Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (Funalfa), e foi ilustrado por Luíso Camargo. Após o lançamento, o book será disponibilizado gratuitamente.
“Os desdobramentos da obra são infinitos: capacita lideranças, amplia caminhos de luta, instrumentaliza para o enfrentamento, ressignifica memórias e altera visões de mundo, redimensionando as possibilidades de fruição estética de produção e consumo de saberes e de articulação cultural”, argumenta a organizadora Ana Paula Santos. Ela acrescenta que a publicação explora a relação visceral entre racismo e linguagem e propõe uma prática do “pretuguês” na construção de sujeitos sociais populares, contribuindo para a conservação da história e da memória, em particular por intermédio da linguagem e de seu papel na construção da consciência negra, antirracista e do cuidado de nós mesmos.
Leia a matéria na fonte: https://www.pjf.mg.gov.br/noticias/view.php?modo=link2&idnoticia2=84056
Saiba mais puxando a rede IPOL:
. Sobre o Sankofa
O conceito de Sankofa (Sanko = voltar; fa = buscar, trazer) origina-se de um provérbio tradicional entre os povos de língua Akan da África Ocidental, em Gana, Togo e Costa do Marfim. Em Akan “se wo were fi na wosan kofa a yenki” que pode ser traduzido por “não é tabu voltar atrás e buscar o que esqueceu”. Como um símbolo Adinkra, Sankofa pode ser representado como um pássaro mítico que voa para frente, tendo a cabeça voltada para trás e carregando no seu bico um ovo, o futuro.
Também se apresenta como um desenho similar ao coração ocidental. Os Ashantes de Gana usam os símbolos Adinkra para representar provérbios ou ideias filosóficas. Sankofa ensinaria a possibilidade de voltar atrás, às nossas raízes, para poder realizar nosso potencial para avançar. Sankofa é, assim, uma realização do eu, individual e coletivo. O que quer que seja que tenha sido perdido, esquecido, renunciado ou privado, pode ser reclamado, reavivado, preservado ou perpetuado. Ele representa os conceitos de auto identidade e redefinição. Simboliza uma compreensão do destino individual e da identidade coletiva do grupo cultural. É parte do conhecimento dos povos africanos, expressando a busca de sabedoria em aprender com o passado para entender o presente e moldar o futuro.
Deste saber africano, Sankofa molda uma visão projetiva aos povos milenares e aqueles desterritorializados pela modernidade colonial do “Ocidente”. Admite a necessidade de recuperar o que foi esquecido ou renegado. Traz aqui, ao primeiro plano, a importância do estudo da história e culturas africanas e afro-americanas, como lições alternativas de conhecimento e vivências para a contemporaneidade. Desvela, assim, desde a experiência africana e diaspórica, uma abertura para a heterogeneidade real do saber humano, para que nós possamos observar o mundo de formas diferentes. Em suma, perceber os nossos problemas de outros modos e com outros saberes. Em tempos de homogeneização, esta é a maior riqueza que um povo pode possuir” (Revista de História da África e de Estudos da Diáspora Africana).
(Trecho extraído da página https://portal.fiocruz.br/noticia/projeto-sankofa-discute-questoes-e-relacoes-etnico-raciais)
. Sankofa- matéria na revista vida simples
. Em novembro de 2023 foi notícia: Novembro Negro: Cinco publicações com temática racial serão lançadas Teatro Paschoal.
https://www.pjf.mg.gov.br/noticias/view.php?modo=link2&idnoticia2=82062
. UNICAMP – Sobre Lélia Gonzalez
https://www.blogs.unicamp.br/mulheresnafilosofia/lelia-gonzalez/
. WIKIPEDIA
https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%A9lia_Gonzalez
. El País – ONIPRESENTE
https://brasil.elpais.com/cultura/2020-10-25/lelia-gonzalez-onipresente.html
. UFMG – literafro – Portal da literatura afro-brasileira
http://www.letras.ufmg.br/literafro/ensaistas/1204-lelia-gonzalez
. Revista Cult: O ‘pretuguês’ na psicanálise: reflexões de Lélia Gonzalez
https://revistacult.uol.com.br/home/lelia-gonzalez-pretugues-psicanalise/
. Emicida: PRETUGUÊS: a africanização da língua portuguesa brasileira | O Enigma da Energia Escura
No episódio dessa semana, vamos aprofundar no conceito de “pretuguês”, que foi introduzido pela filósofa Lélia González e é definido como a africanização da nossa língua. Emicida e convidados como Flavia Rios (professora da UFF e Pesquisadora do Afro/CEBRAP), Winnit (artista, músico e compositor) e Tiganá Santana (artista e educador) entram na conversa e refletem sobre o tema.
. Jana Viscardi
Longe da sua cultura e da sua terra, a indígena mexicana Rita ficou 12 anos em hospital psiquiátrico porque não entendiam sua língua
O realizador mexicano Santiago Esteinou lançou em abril seu novo documentário em longa-metragem sobre Rita Patiño Quintero e conta que ela ao ser encontrada no Kansas a “levaram um tradutor e ele faz um relato ridículo. Concluiu que ela devia ser indígena e que tinha vindo de algum país latino-americano. Mas mesmo não entendendo nada do que ela lhe dizia, ele comentou que as palavras de Rita não faziam sentido. Eles a levaram ao tribunal e concluíram que ela não estava em pleno domínio de sua capacidade mental, que era um perigo para si mesma, então a levaram para um hospital psiquiátrico”, explica Esteinou à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC.
O fato: A polícia chegou à igreja no dia 8 de junho de 1983. A mulher, com as roupas sujas, os pés machucados e confusa, pronunciou algumas palavras que os agentes não conseguiram entender. Ela foi interrogada em inglês, mas a comunicação não foi possível. E como ninguém sabia o que aquela desconhecida dizia, ela perdeu a liberdade durante os 12 anos seguintes.
Seu nome era Rita Patiño Quintero, uma indígena Rarámuri, originária do Estado de Chihuahua, no norte do México. Naquele dia, ela se refugiava no porão do templo metodista da cidade de Manter, no oeste do Kansas, nos Estados Unidos.
Antes da chegada das autoridades, um pastor a descobriu enquanto Rita comia ovos crus.
Acredita-se que ela chegou lá vindo diretamente de solo mexicano. Isso porque rarámuri significa “corredores ligeiros” e vem de Rará, que signigica pé, e muri, leve. Os rarámuri habitam as encostas da Serra Tarahumara, cuja complicada topografia os obriga a superar obstáculos, atravessar riachos e escalar montanhas. É preciso ser rápido e ainda mais resiliente para enfrentar as condições da área em que vivem. No Kansas, Rita pode ter enfrentado condições mais secas e frias do que nas montanhas.
Ela foi levada para uma delegacia, onde bateu em um policial que tentava limpá-la, conta o cineasta Santiago Esteinou, que em abril de 2024 lançou o documentário La Mujer de Estrellas y Montañas” (“A Mulher de Estrelas e Montanhas”, em tradução livre), no qual a história dela é contada a partir de uma longa apuração em arquivos e por meio de entrevistas.
“Levaram um tradutor e ele faz um relato ridículo. Concluiu que ela devia ser indígena e que tinha vindo de algum país latino-americano. Mas mesmo não entendendo nada do que ela lhe dizia, ele comentou que as palavras de Rita não faziam sentido. Eles a levaram ao tribunal e concluíram que ela não estava em pleno domínio de sua capacidade mental, que era um perigo para si mesma, então a levaram para um hospital psiquiátrico”, explica Esteinou à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC.
Rita quase não falava espanhol, sua língua materna era o rarámuri. No sistema judiciário do Kansas e na instituição para onde ela foi levada, não havia tradutores que pudessem ajudar no seu caso. A mulher não entendia o processo legal contra ela, não sabia onde estava nem por que estava presa. O resto da sua vida foi marcado pela exclusão, violência médica, burocracia institucional e solidão. Mas ela também era uma mulher cercada de mitos e mistérios.
Quem era Rita Patiño Quintero
Para saber siga a leitura diretamente na matéria seguindo o link abaixo:
La mujer de estrellas y montañas
Saiba mais sobre o fato e o documentário e seu realizador:
. Entrevista com Santiago Esteinou, diretor do documentário LA MUJER DE ESTRELLAS Y MONTAÑAS
Assista: https://www.youtube.com/watch?v=hJtHcjyQ2ZQ
. La mujer de estrellas y montañas: Todo lo que tienes que saber del nuevo documental de Santiago Esteinou
. Matéria publicada na Revista Espejo
. La mujer de estrellas y montañas. Una vida marcada por la injusticia
https://www.paginazero.com.mx/la-mujer-de-estrellas-y-montanas-una-vida-marcada-por-la-injusticia
. LA MUJER DE ESTRELLAS Y MONTAÑAS’ DE SANTIAGO ESTEINOU: UNA RARÁMURI ATRAPADA EN KANSAS
. Falleció Rita, la mujer que Cayó del Cielo. Su historia denunció las agresiones siquiátricas a mujeres indígenas migrantes en EUA
https://difusionnorte.com/fallecio-rita-la-mujer-que-cayo-del-cielo/
. La mujer que cayó del cielo. Acesse o texto para teatro de Víctor Hugo Rascón Banda
https://pdfcoffee.com/la-mujer-que-cayo-del-cielo-3-pdf-free.html
. A MEDIAÇÃO LINGUÍSTICA COMO GARANTIA DE DIREITOS NO BRASIL: RUMO A POLÍTICAS INSTITUCIONAIS DE TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO NA DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO – Dossiê
Os recentes fluxos migratórios para o Brasil demandam do Estado um novo olhar sobre as necessidades sociais dos indivíduos recém-chegados ao país. A implementação de uma política linguística e de tradução é também, muitas vezes, condição de acesso da população imigrante aos sistemas de prestação de serviços públicos. Nesse sentido, incumbida da missão de garantidora de direitos humanos, a Defensoria Pública da União (DPU), visando ampliar e aperfeiçoar os serviços de assistência jurídica prestados a imigrantes no Brasil, criou a Coordenação de Tradução (CTRAD), antes Núcleo de Tradução (NuTrad), em parceria com a Universidade de Brasília (UnB). Inicialmente responsável pela tradução de documentos processuais, a CTRAD, frente ao aumento exponencial das demandas de atendimento por não falantes de português, vem ampliando suas atividades com a criação de um serviço de mediação linguística entre o agente público e o solicitante de direito.
Acesse o link para o dossiê de autoria de Sabine Gorovitz e Letícia de Souza Sá, UNB
https://www.scielo.br/j/tla/a/XwPmvWxF7GTgMWFwr9ySfzQ/
. Sem tradutores e sem direito a rituais, mutirão pede proteção a indígenas presos – Matéria da “Pública – Agência de jornalismo investigativo”
Audiência pública discutiu criação de lei para tratar indígenas presos dada a frequente violação de seus direitos. Siga o link para a leitura:
Museu da Língua Portuguesa inaugura mostra sobre línguas africanas
Publicado em 24/05/2024 – 07:48 Por Elaine Patrícia Cruz – Repórter da Agência Brasil – São Paulo
Fofoca, canjica, moleque, marimbondo e caçula. Algumas pessoas podem não saber, mas todas essas palavras – que já estão absolutamente incorporadas ao português escrito, falado e vivido no Brasil – são,em realidade, de origem africana. E é isso o que apresenta a nova exposição em cartaz no Museu da Língua Portuguesa, que será inaugurada nesta sexta-feira (24) na capital paulista. A curadoria é do músico e filósofo Tiganá Santana.
Chamada de Línguas Africanas que Fazem o Brasil, a mostra confirma a presença africana no dia a dia do povo brasileiro em diversas formas como nos expressamos: seja pela palavra escrita ou falada, seja pela entonação, pelo vocabulário ou até mesmo pela forma como construímos nossos pensamentos.
Durante o percurso, o visitante vai se deparar não só com experiências verbais, mas também com experiências não verbais que serão apresentadas por meio de vídeos, sons e instalações imersivas. A ideia é que o público não só conheça mais sobre as línguas africanas, mas também possa senti-las, “sorvendo o que se ouve e o que se vê”.
“É impossível falar de línguas africanas no Brasil sem considerar essas outras dimensões de linguagem e sem considerar as implicações do corpo nisso. Essa é uma oportunidade para a gente falar como a língua se faz presente nos tambores, nos gradis, na dimensão arquitetônica, nas estampas e no jogo de búzios”, disse o curador, em entrevista à Agência Brasil.
Essa presença poderá ser sentida também em outras manifestações culturais como a arquitetura, as festas populares e os rituais religiosos. E até em canções bastante populares como Escravos de Jó, jogavam caxangá. O trecho dessa canção, que aparece em uma parte da exposição, mostra que o “jó” advém das línguas quimbundo e umbundo e quer dizer “casa”, “escravos de casa”.
“Escravizados ladinos, crioulos e mulheres negras, que realizavam trabalho doméstico e falavam tanto o português de seus senhores quanto a língua dos que realizavam trabalhos externos, foram a ponte para a africanização do português e para o aportuguesamento dos africanos no sentido linguístico e cultural”, disse Tiganá Santana, com base nas pesquisas da professora Yeda Pessoa de Castro.
Legado
As línguas dos habitantes de terras da África Subsaariana – como o iorubá, eve-fom e as do grupo bantu – têm participação decisiva na configuração do português falado no Brasil e em nossa cultura de forma geral. De acordo com o Museu da Língua Portuguesa, essa é uma história e uma realidade que nos foram legadas por cerca de 4,8 milhões de pessoas africanas que foram trazidas de forma violenta para o Brasil entre os séculos 16 e 19, durante o período de regime escravocrata.
“Essa exposição é focada na presença das línguas africanas no português escrito, pensado e vivido no Brasil. Muito mais do que influências, essas línguas são constituição de como a gente pensa, do que a gente fala, como a gente escreve. Enfim, essa é uma oportunidade para que possamos falar de língua a partir de outro lugar, trazer à tona essas presenças que a colonialidade e o racismo trataram de dissociar da nossa consciência e é um acontecimento que chega pela necessidade”, disse o curador. Ele lembrou que essa é , provavelmente, a primeira vez em que há uma mostra dedicada às línguas africanas no país. “Isso já deveria ter chegado há muito tempo e em vários lugares do Brasil”, acrescentou.
A mostra também discute a ausência do ensino de línguas africanas nos currículos brasileiros. “Essas línguas africanas não são uma abstração. As pessoas pensam com base nelas. Antes de a gente ter uma língua-cultura luso-brasileira, essa língua se africanizou. Ela se africanizou para ser brasileira. É por isso que a gente fala caçula e não benjamim; é por isso que a gente fala cochilar, não fala dormitar; é por isso que a gente tem fofoca, que vem de òfófó do Yorubá. E é por isso que temos as duplas negações e a queda do ‘r’ dos verbos no infinitivo, que são uma presença do tronco linguístico bantu. A língua brasileira e os corpos que falam essa língua fundamentalmente são constituídos por presenças africanas”, disse o curador.
Percurso
Entre espelhos e búzios suspensos, conectando o mundo físico e o espiritual, a mostra tem início com a apresentação de palavras oriundas de línguas africanas e que fazem parte do nosso cotidiano. O público será recebido com 15 palavras que foram impressas em estruturas ovais de madeira e que estão penduradas pela sala. Caminhando entre essas estruturas, o visitante poderá ouvir essas mesmas palavras gravadas pelas vozes de pessoas que residem no território da Estação da Luz, onde o museu está localizado.
Seguindo pelo espaço expositivo, os adinkras aparecem espalhados pelas paredes. Os adinkras são símbolos utilizados como sistema de escrita pelo povo Ashanti, que habita países como Costa do Marfim, Gana e Togo, na África. Eles podem representar desde diferentes elementos da cultura até sentenças proverbiais inteiras em um único ideograma.
À parede de adinkras seguem-se duas videoinstalações da artista visual Aline Motta, que fazem com que o público passe entre um corredor de projeções e se sinta parte da obra. A primeira videoinstalação é projetada no chão. Nela a artista destaca formas milenares de grafias centro-africanas, especificamente as do povo bakongo, presente em territórios como o angolano. Já a segunda obra é projetada em duas paredes e foi criada exclusivamente para o museu. Nela são apresentados quatro provérbios em quicongo, umbundo, iorubá e quimbundo, que são traduzidos para o português. Entre eles está o provérbio Luar Claro não é Sol.
Além disso, a exposição apresenta um mapa dos fluxos linguísticos, esculturas de Rebeca Carapiá, tecidos da designer Goya Lopes e uma obra do multiartista J. Cunha, além de fotografias. Há ainda uma cenografia constituída por tambores e uma projeção criada pela artista Aline Motta, que explora trechos do texto Racismo e Sexismo na Cultura Brasileira, da intelectual Lélia Gonzales, que cunhou a expressão pretuguês.
A exposição se encerra com televisores exibindo registros de manifestações culturais afro-brasileiras e uma sala imersiva e interativa, que surpreenderá o público com projeções artísticas quando forem enunciadas palavras como axé, afoxé e zumbi.
Programação especial
Além do espaço expositivo, a mostra se completa com uma programação paralela. Entre elas estão um clube literário e um sarau, informou Roberta Saraiva, diretora técnica do museu.
A exposição Línguas Africanas que Fazem o Brasil ficará em cartaz até janeiro do próximo ano, com entrada gratuita aos sábados. Mais informações sobre ela podem ser obtidas no site do Museu da Língua Portuguesa.
Leia diretamnte na fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2024-05/museu-da-lingua-portuguesa-inaugura-mostra-sobre-linguas-africanas
Saiba mais, visite:
“Línguas africanas que fazem o Brasil” no Museu da Língua Portuguesa
Translation in India: Theories, Policies and Practices. Call for Papers – vol. 45, Special Issue 1, 2025
.
Com o crescente crescimento da informação e da tecnologia, o campo da tradução tem visto vários desenvolvimentos em todo o mundo. Em linha com isto, Cadernos de Tradução em colaboração com a Cátedra UNESCO sobre Políticas Linguísticas para o Multilinguismo prepara-se para lançar uma edição especial intitulada Tradução na Índia: Teorias, Políticas e Práticas.
Envio de resumos! Até 20 de junho de 2024
Call for Papers – vol. 45, Special Issue 1, 2025 Translation in India: Theories, Policies and Practices
Guest Editor
Umarani Pappuswamy
Central Institute of Indian Languages
Mysuru, Karnataka, India
umarani.ctindia@gmail.com
https://orcid.org/0000-0002-4105-9530
Saiba mais detalhes sobre a chamada no link:
[EN] CfP – Translation in India (vol. 45 – Special Issue 1) (3)
Sobre a Revista
Cadernos de Tradução foi criada em 1996 por professores da Universidade Federal de Santa Catarina. A revista publica artigos inéditos, resenhas, resenhas de tradução, entrevistas e artigos traduzidos. Atualmente, Cadernos de Tradução está vinculada à Pós-Graduação em Estudos da Tradução da Universidade Federal de Santa Catarina (PGET-UFSC) e representa um reconhecido fórum de discussão nacional e internacional sobre pesquisas na área dos Estudos da Tradução. A revista está indexada em diversas bases de dados nacionais e estrangeiras, avaliada como A1, no Qualis/Capes e classificada com Q1 na Scimago Journal & Country Rank da Scopus. A Cadernos de Tradução faz parte da Coleção SciELO Brasil.
O objetivo principal da revista é publicar resultados de pesquisas no campo dos Estudos da Tradução no Brasil e no exterior e acompanhar o debate na área, cuja interdisciplinaridade lhe é inerente. Publica regularmente artigos, resenhas e entrevistas de alta qualidade, com efetiva contribuição científico-acadêmica para os Estudos da Tradução. Além disso, os critérios adotados para a seleção dos trabalhos são: ineditismo, originalidade, clareza, relevância para a área.
A partir de 2022, a revista Cadernos de Tradução passou a publicar em fluxo contínuo seguindo os princípios da ciência aberta.
“Não há Vale Europeu em Terra Indígena”, dizem lideranças indígenas sobre lei que dá nome de Vale Europeu para o Vale do Itajaí
.
Em
porLideranças Laklãnõ Xokleng da região distribuíram um manifesto contra a Lei Estadual Complementar 495, que denominou a Região Metropolitana do Vale do Itajaí como Região Metropolitana do Vale Europeu, de autoria do deputado estadual Egidio Ferrari (PL).
Segundo os autores do manifesto, a lei ignora que milhares de indígenas foram assassinados por colonizadores europeus que chegaram aqui no passado.
Confira o manifesto.
Não há Vale Europeu em Terra Indígena!
A Assembleia Legislativa de Santa Catarina – ALESC realizou uma “Sessão itinerante” na cidade de Blumenau no dia 07 de maio de 2024, onde aprovou um Projeto de Lei para alterar a Lei Complementar n.495, de 26 de janeiro de 2010, e denominar a Região Metropolitana do Vale do Itajaí como Região Metropolitana do Vale Europeu, essa lei foi feita sem que nenhum povo originário tenha sido consultado sendo que um número incalculável de nossos ancestrais foram assassinados justamente nesta região e expulsos e perseguidos até a morte, justamente pelos invasores europeus que lhes usurparam as terras, as florestas, as águas e inclusive nossas próprias vidas.
O povo Laklãnõ está profundamente ofendido com a possibilidade de o local onde estão depositados os restos mortais dos nossos ancestrais receba um nome que homenageia e enaltece os genocidas que aqui ceifaram milhares de vidas indígenas.
Independente das alegadas heranças “europeias”, “alemãs” ou “italianas” dos atuais residentes desta região, é fundamental que uma eventual mudança do nome da região seja realizada com consulta aos povos originários e que o novo nome seja respeitoso para os milhares de indígenas que foram mortos, as mulheres que foram repetidamente violentadas e as crianças que foram sequestradas. A história deste massacre é bastante documentada, e já não estamos mais no século XIX quando os jornais e os políticos locais enalteciam os genocidas como heróis da colônia que foram contratados para serviços mercenários. A situação só começou a mudar mesmo no início do século XX após a criação do SPI (que atualmente é a FUNAI), um órgão que foi criado JUSTAMENTE para tentar interromper o genocídio que era provocado ESPECIFICAMENTE contra os ancestrais do povo Laklãnõ / Xokleng.
Caso o a Funai desconheça a história deste massacre ela pode ser encontrada facilmente em alguns materiais, sendo o mais introdutório e direto o livro derivado da tese de doutoramento do professor Silvio Coelho dos Santos (“Índios e brancos no sul do Brasil”, publicado pela primeira vez em 1973) e fartamente disponível em qualquer biblioteca pública de nosso estado. Após a publicação do livro de Silvio Coelho dos Santos algumas situações se agravaram nos ataques contra o povo Laklãnõ / Xokleng, com destaque para os episódios envolvendo a Barragem Norte, e mais recentemente todo o descaso envolvendo a pandemia de COVID-19. Além disso, antigas situações foram descritas no relatório Figueiredo, que até então eram desconhecidos do grande público.
Mais recentemente tivemos, e ainda temos, toda a situação envolvendo o Marco Temporal, que vale lembrar, surge e ocorre na T. I. Laklãnõ e que há menos de 30 dias teve uma de suas lideranças locais assassinada no exato ponto do conflito que gerou toda a discussão sobre o Marco Temporal.
Sobre a Barragem Norte, é necessário lembrar o que o mesmo governador defensor do Marco Temporal, fez para garantir a execução da última oktoberfest, invadindo o Território Laklãnõ Xokleng com a Polícia Militar, descumprindo acordos e violando nossos direitos. Além de ameaçar nossas vidas, o fechamento da barragem causa o risco de um possível rompimento de uma barragem que é vinte vezes maior que Mariana e setenta vezes maior que Brumadinho. Vale lembrar que são cinco décadas de descaso e falta de manutenção na estrutura da Barragem Norte.
Para além das questões envolvendo os contextos históricos e antropológicos que atingem os Laklãnõ desde o século XVIII, há questões jurídicas bastante básicas que estão sendo ignoradas e é onde entendo que surge o papel da Funai como interventor, seja com uma recomendação direta à ALESC e/ou ao governo do estado, seja com uma ação junto à DPU.
A primeira questão é que os indígenas não foram consultados, em quatro das cidades que fazem parte da dita região que passará a se chamar “Vale Europeu” temos aldeias indígenas maioritariamente ocupadas pelo povo Laklãnõ, algumas delas com mais de cem anos de ocupação contínua APÓS o confinamento forçado que ocorreu em 1914 com a criação do SPI.
A consulta aos indígenas é obrigatória, ela nem mesmo foi considerada em qualquer momento da discussão da dita lei. A lei em questão, seus trâmites, suas votações e encaminhamentos para governador em tempo recorde, durante a dita “ALESC itinerante”, deixam explícitos quais são os interessados na questão. O turismo que se embriaga em uma suposta identidade europeia e que para manter gente bêbada por altas horas da madrugada não vê problema em colocar centenas de indígenas debaixo d´água, fazendo inclusive uso de aparato policial de choque de uma força estadual que nem mesmo possui competência para atuar naqueles moldes dentro de Terras da União.
A nossa constituição também tem alguns artigos, dentre eles vale citar o 5º, o 231 e o 232 e a OIT 169, que garantem alguns direitos aos indígenas e que colidem frontalmente com um dispositivo estadual que valoriza genocidas como engenheiros de uma nova sociedade e identidade local. Enquanto o legislativo nacional discute o impedimento de homenagens a racistas e escravocratas, o legislativo de Santa Catarina dá três passos em marcha ré para não apenas os homenagear, como o faz no território que deve ser entendido como o maior cemitério de indígenas que temos na região sul.
Vale ressaltar que se pesquisarem nas aldeias Laklãnõ Xokleng e perguntar para qualquer indígena o que eles acham da mudança de nome de Vale do Itajaí para “Vale Europeu” não fará sentido na visão do povo. Não faz muito tempo que este mesmo vale, antes de ser chamado de “do Itajaí” era chamado de “Vale dos Bugres”. Parece que estamos voltando no tempo. E legitimando novas – que são antigas – violências contra os originários destas terras. finalizando pedimos que a Funai nos fortaleça neste movimento de luta contra os usurpadores das vidas Laklãnõ Xokleng.
Assinam esse documento as Lideranças Laklãnõ Xokleng:
Samuel Priprá
Dili Gakran
Neli Indilli
Marlene Patte
Setembrino kamlem
Nandja Priprá
Nandja Patté
Luis Nambla Priprá
Djeison Nhepan Gakran
Saiba mais sobre o povo Xokleng puxando a rede IPOL:
. XOKLENG
Os indígenas Xokleng da TI Ibirama, em Santa Catarina, são os sobreviventes de um processo brutal de colonização do sul do Brasil iniciado em meados do século passado, que quase os exterminou em sua totalidade. Apesar do extermínio de alguns subgrupos Xokleng no Estado, e do confinamento dos sobreviventes em área determinada, em 1914, o que garantiu a “paz” para os colonos e a conseqüente expansão e progresso do vale do rio Itajaí, os Xokleng continuaram lutando para sobreviver a esta invasão, mesmo após a extinção quase total dos recursos naturais de sua terra, agravada pela construção da Barragem Norte.
https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Xokleng
. Visite o acervo do Instituto Socioambiental (ISA) https://acervo.socioambiental.org/
. visite a Biblioteca Digital Curt Nimuendajú, e siga o link para o livro de Sílvio Coelho – Índios e brancos no sul do Brasil: http://www.etnolinguistica.org/biblio:santos-1973-indios
A Biblioteca Digital Curt Nimuendaju é um repositório de recursos sobre línguas e culturas indígenas sul-americanas, incluindo livros raros, artigos, dissertações e teses, com o objetivo de torná-los mais acessíveis a pesquisadores e outros interessados. Acesse esta obra de Sílvio Coelho e encontre outros links para mais obras sobre o o povo Xokleng.
. Armazém da Memória – O Centro de Referência Virtual Indígena apresenta a série especial Território e Resistência, que retrata, em uma página especial, a história de luta dos povos indígenas em defesa das terras tradicionais em que vivem. Reúne em uma linha do tempo documentos destacados do Armazém Memória e outras fontes, abrindo uma janela para se olhar um conflito histórico e permanente entre nossa sociedade e os povos indígenas, percorrendo distintos momentos de nossa história. Nos ajuda a compreender o presente em que vivemos, entender os mecanismos seculares de opressão e desrespeito vivido pelo povo Xokleng do sul do Brasil, retratado neste especial, bem como a justeza da luta por demarcação de suas terras e respeito a seus direitos constitucionais.
Xokleng, território e resistência
https://armazemmemoria.com.br/especial-xokleng/
STF apoia iniciativa de guias eleitorais em cinco línguas indígenas
Material foi lançado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Pará.
em 09/05/2024
Em comemoração ao “Abril Indígena”, o Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE-PA) lançou cinco guias bilíngues para algumas das populações indígenas que vivem no estado.
A iniciativa, apoiada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), apresenta de forma didática informações importantes sobre o processo eleitoral, como noções básicas sobre o voto, as campanhas eleitorais, o dia das eleições e a segurança da votação eletrônica.
Entre as 34 línguas indígenas faladas no Pará, foram escolhidas a Mebêngokrê, do tronco linguístico Jê; a Wai-Wai, do tronco linguístico Karib; e as línguas Munduruku, Nheengatu e Tenetehara, todas ligadas ao tronco linguístico Tupi.
O material faz parte do “Projeto Exercendo a Cidadania” e foi produzido em parceria com a Universidade do Estado do Pará (UEPA), a Secretaria dos Povos Indígenas e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).
Constituição indígena
Em julho de 2023, em ação inédita, o STF lançou a primeira Constituição brasileira traduzida para a língua indígena Nheengatu.
A CF em Nheengatu foi feita por um grupo de 15 indígenas bilíngues da região do Alto Rio Negro e Médio Tapajós, em comemoração ao marco da Década Internacional das Línguas Indígenas (2022-2032) das Nações Unidas.
Para acessar a CF em Nheengatu, clique aqui.
Leia a matéria na fonte: https://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=536460&ori=1
Saiba mais puxando a rede IPOL____________________________
. Programa Inclusão Sociopolítica dos Povos Indígenas
O projeto visa construir instrumentos de efetivação plena dos direitos de cidadania dos povos indígenas. A efetivação de direitos e garantias individuais e coletivas tem amparo na Constituição Federal, precisamente nos artigos 1º e 3º, quando, respectivamente, estabelece a cidadania como fundamento do Estado Democrático de Direito, e constitui objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil construir uma sociedade livre, justa e solidária. É também objetivo promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Aos povos indígenas são reconhecidas sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições (art. 231, da CF/88). Entretanto, a realidade dos povos indígenas, nomeadamente no que tange à efetivação dos direitos decorrentes da cidadania tem se mostrado cada vez mais desafiadora. A inclusão sociopolítica dos povos indígenas pressupõe dialogo e conhecimento dos obstáculos que prejudicam o exercício pleno da cidadania. Acesse o link abaixo e confira cartilhas, vídeos e relatórios do Programa.
. Em 2018 foi realizado no estado de Tocantins o Projeto Inclusão Sociopolítica dos Povos Indígenas.
TRE-TO lança cartilhas bilíngues e traduz informações eleitorais para línguas indígenas do Tocantins
A Justiça Eleitoral do Tocantins imbuída da missão de promover o pleno exercício e aperfeiçoamento da democracia lançou na tarde desta segunda-feira (24/9), quatro cartilhas bilíngues editadas em português e nas línguas maternas dos povos Panhi, (Apinajé), Iny (Karajá – Javaé – Xambioá), Meri (Krahô), Povo Akwe (Xerente). As publicações integram o projeto de Inclusão Sociopolítica dos Povos Indígenas e, de forma bastante didática, fornecem ao eleitor indígena informações importantes para que todos possam compreender e participar de forma consciente e efetiva do processo eleitoral.
Acesse o link para saber mais:
. Em 2020 Eleições 2020: Justiça Eleitoral do Tocantins lança série de vídeos voltados ao eleitor indígena
Ao todo oito vídeos voltados ao eleitor indígena foram produzidos pelo Tribunal Regional Eleitoral do Tocantins (TRE-TO) e contam com a participação de indígenas para promover a inclusão cidadã e incentivar a participação política dos povos indígenas. A iniciativa faz parte do projeto de Inclusão Sociopolítica dos Povos Indígenas do Tocantins, realizado desde 2017, e que é um programa permanente do TRE-TO.
Acesse o canal do TRE-TO no Youtube para assistir a série de vídeos:
https://www.youtube.com/watch?v=a3qgsKuzECw&list=PLdNdie2j-5WJYwZ_qaRvVy4b7uaCzur2L&index=1
. Abril Indígena: TRE do Tocantins realiza programa de inclusão sociopolítica dos povos originários
São diversas ações, como cartilha bilíngue, vídeos, momentos de conversa, orientação e troca de experiências em comunidades de diferentes etnias. Acesse a matéria no link abaixo: