Museu lança dicionários multimídia de línguas indígenas amapaenses
O Museu do Índio (MI), órgão científico-cultural da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), lançou nos dias 25 e 29 de julho, os dicionários multimídia Kheuól Galibi-Marworno e Kheuól Karipuna. Ambos estão disponíveis para consulta online na plataforma Japiim, desenvolvida para reunir e disponibilizar dicionários de línguas indígenas produzidos pela instituição.
O lançamento do dicionário Kheuól Galibi-Marworno foi na aldeia Kumarumã, e o Kheuól Karipuna, na aldeia Espírito Santo, ambas situadas na Terra Indígena (TI) do Uaçá, no município de Oiapoque (AP), na fronteira entre a França e o Brasil.
Além do lançamento dos dicionários multimídias nas aldeias, foram realizadas duas oficinas pedagógicas com cada povo para explicar como tais ferramentas podem ser utilizadas como instrumento didático em sala de aula.
A língua Kheuól – que é derivada do guianense, surgido em Caiena, atual Guiana Francesa – é falada e compartilhada pelos Karipuna e pelos Galibi-Marworno que habitam TI Uaçá. Após a consolidação da fronteira brasileira a Região Norte, tornou-se língua de identidade dos dois povos. Contudo, há variações na gramática adotada por cada um deles.
Documentação de línguas indígenas
As pesquisas para desenvolvimento de dicionários de línguas indígenas envolvem equipes de pesquisadores indígenas, não indígenas e sábios dos povos cujas atividades se baseiam na organização de oficinas de documentação das línguas, descrição de cada palavra e de sua fonética, contextualização de seus usos, e na gravação de áudios com sua pronúncia.
O lançamento dos dicionários é um dos resultados dos subprojetos de pesquisa desenvolvidos no âmbito do Projeto de Documentação de Línguas Indígenas (Prodoclin), coordenado pelo MI.
Sobre o Prodoclin
O Prodoclin é uma iniciativa do MI realizada desde 2008 cujo objetivo é contribuir para a valorização, revitalização e salvaguarda de línguas indígenas ameaçadas, por meio da pesquisa e documentação dessas línguas, bem como da formação de pesquisadores indígenas no uso de ferramentas e metodologias de pesquisa nessa área.
Apesar de ser um dos países com maior diversidade linguísticas do mundo, com registro de 274 línguas indígenas, o Brasil vem convivendo com uma significativa perda linguística desde a chegada dos europeus. As mais de mil línguas então existentes foram progressiva e irreparavelmente perdidas. E as que continuam a existir correm sérios riscos de extinção até o fim deste século.
Esse risco decorre, entre outros fatores, do reduzido número de falantes de algumas línguas. E mesmo entre aquelas que contam com milhares de falantes, como Guarani, Tikuna, Terena, Macuxi e Kaingang, nenhuma está a salvo, porque são minoritárias, faladas em contextos submetidos a rápidas e profundas transformações.
Outros fatores que agravam esse quadro são a falta de documentação, a redução da transmissão linguística intergeracional e o consequente abandono das línguas pela população mais jovem. Esse contexto coloca em risco as próprias culturas, pois o eventual desaparecimento de uma língua leva à perda de diversos conhecimentos – culturais, ecológicos, históricos – a ela incorporados, comprometendo práticas tradicionais e a organização social dos povos.
Num esforço de documentar, preservar e valorizar as línguas indígenas, o Museu do Índio atualmente é uma das principais instituições de pesquisa do país na área de documentação de línguas indígenas e, por meio do Prodoclin, vem produzindo uma grande variedade de materiais em parceria com povos tradicionais, a exemplo de cartilhas, gramáticas pedagógicas, dicionários, acervos digitais multimídia e outros materiais didáticos e de divulgação do patrimônio linguístico dos povos indígenas do país.
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Saiba mais puxando a rede:
Visite a página do Projeto de Documentação de Línguas Indígenas
Visite o site do PORTAL JAPIIM https://japiim.museudoindio.gov.br/index.php
Leia também:
I Encontro do Grupo de Trabalho Nacional para a Década Internacional das Línguas Indígenas (DILI – 2022-2032)
Começou o I Encontro (DILI – 2022-2032)” que está sendo realizado na cidade de Manaus, entre os dias 9 a 11 de agosto de 2023. Com o objetivo de discutir e elaborar um conjunto de diretrizes para a criação de políticas linguísticas para línguas indígenas no Brasil, o evento reúne indígenas e não indígenas envolvidos com o GT Nacional.
Aprovado parecer do Projeto de Lei 2935/22, que valoriza a atuação de professores, tradutores e intérpretes da Língua Indígena
O parecer do Projeto de Lei 2935/22, de autoria da ex-deputada e atual presidenta da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, foi aprovado nesta quinta-feira (03), na Câmara dos Deputados, pela Comissão da Amazônia e dos Povos Indígenas e Tradicionais. Em trâmite desde 2022, o projeto prevê criar e regulamentar as categorias de professor (a), intérprete e tradutores de Língua Indígena.
Presidida pela deputada Célia Xakriabá (MG), a Comissão da Amazônia e dos Povos Indígenas e Tradicionais aprovou o parecer a favor da relatora Helena Lima (RR) durante a sessão deliberativa ocorrida nesta quinta. A aprovação representa um avanço político no que diz respeito ao fortalecimento da língua e cultura indígena, além de valorizar e incentivar o trabalho de indígenas que atuam como professores, intérpretes e tradutores.
Atualmente, um dos desafios para os povos indígenas é ter acesso aos sistemas básicos de saúde, educação e justiça. Diante disso, um dos objetivos do projeto é facilitar o uso desses serviços públicos por meio de melhorias na comunicação, como consta na própria matéria do PL:“Esta proposição se norteia em experiências já realizadas no ensino, na interpretação e na tradução em línguas indígenas, nas áreas de ciências sociais, educação, saúde, administração, justiça, imigração e serviços sociais, respeitando a necessidade do diálogo intercultural entre diferentes povos, favorecendo o respeito, a justiça e a equidade na resolução de problemas e conflitos”.
Se sancionado, o PL 2935/22 resultará em melhorias na disseminação de educação de qualidade nas comunidades e, principalmente, garantirá os seus direitos linguísticos como povos originários.
Assessoria de Comunicação / Funai
Ipol puxando a rede:
Conheça o PROJETO DE LEI No 2.935, DE 2022
Mapa chinês mostra dimensão dos idiomas no mundo
Mapa chinês mostra dimensão dos idiomas no mundo. Existem cerca de 7 mil idiomas na Terra. Porém, só alguns saíram das suas origens e passaram a ser utilizados como meio de comunicação global.
Saiba mais puxando a rede de informações e noticias:
1 . As fronteiras estão entre as mais fascinantes criações humanas. O ponto exato em que escolhemos nos diferenciar uns dos outros é arbitrário e maleável e, portanto, permite uma infinidade de experimentos. O mesmo acontece com sua representação gráfica: a forma geográfica do mundo é imutável, mas seu aspecto demográfico, econômico, comercial ou cultural varia enormemente em um mapa, dependendo do que queremos representar. Há uma abundância de exemplos. Um deles, que é muito interessante, se trata dos idiomas.
Mapa mostra o tamanho de cada idioma
2 . All World Languages in One Visualization
https://www.visualcapitalist.com/a-world-of-languages
3 . Aqui a publicação original de 27 de maio, 2015, autoria de Alberto Lucas López
4. Portal SMPC – South China Morning Post
Cartilha traduzida em quatro idiomas alerta para riscos do tráfico de pessoas
27 julho 2023 – 11h37 Assessoria, MPT-MS
Distribuir informações sobre o tráfico de pessoas é um forte instrumento para combater o problema. Seguindo essa premissa, o Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso do Sul (MPT-MS) traduziu a cartilha “Tráfico de Pessoas: Enfrentar é preciso!” nos idiomas inglês, espanhol, francês e crioulo haitiano e reeditou a versão dela em português, listando diversas recomendações de enfrentamento ao crime, direcionadas principalmente para imigrantes e refugiados que vivem no estado.
Produzida em parceria com o Comitê Estadual do Combate ao Tráfico de Pessoas (Cetrap-MS), a cartilha foi concebida inicialmente em português e, agora, está sendo lançada em outras quatro línguas, justamente para promover acesso à informação ao maior número possível de pessoas, dentro do eixo de prevenção ao tráfico humano.
A cartilha traz definições sobre o que é o tráfico de pessoas, como a prática ocorre, suas principais finalidades exploratórias, populações mais vulneráveis e quais medidas podem e devem ser tomadas para a prevenção e enfrentamento ao tráfico de pessoas. A publicação pode ser acessada, na versão digital, por meio do link www.prt24.mpt.mp.br/informe-se/cartilhas.
“Entre as finalidades do tráfico de pessoas estão a exploração do trabalho, seja por meio da submissão a condições análogas à escravidão, a exploração sexual ou a remoção de órgãos, além de outros objetivos nominados na nossa legislação. A cartilha surge com o propósito de trazer às pessoas as informações necessárias para a prevenção ao tráfico humano”, enfatizou o procurador regional do Trabalho Jonas Ratier Moreno.
Campanha Coração Azul
O lançamento da cartilha está programado para ocorrer na próxima sexta-feira (28), em Campo Grande, durante o evento “Coração Azul – Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas”, realizado pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul, por meio da Escola Superior do Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul e do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça dos Direitos Constitucionais do Cidadão, dos Direitos Humanos e das Pessoas com Deficiência.
A iniciativa foi idealizada em alusão ao Dia Mundial de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, celebrado em 30 de julho, e contará com palestra proferida pelo procurador Jonas Ratier Moreno sobre o tema “Prevenção do tráfico de pessoas em aeroportos”, além da participação de outros especialistas no assunto. O evento acontece no auditório da Procuradoria-Geral de Justiça e visa mobilizar a sociedade civil, governos e setor privado no combate ao tráfico de pessoas e na proteção às vítimas desse crime.
O ciclo de palestras tem o apoio do MPT-MS, da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Mato Grosso do Sul, do Comitê de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas do Governo do Estado e da Defensoria Pública do Mato Grosso do Sul.
Tráfico de Pessoas
Conforme a legislação brasileira, o tráfico de pessoas é caracterizado pelo “recrutamento, transporte, transferência, abrigo ou recebimento de pessoas, por meio de ameaça ou uso da força ou outras formas de coerção, de rapto, de fraude, de engano, do abuso de poder ou de uma posição de vulnerabilidade ou de dar ou receber pagamentos ou benefícios para obter o consentimento para uma pessoa ter controle sobre outra pessoa, para o propósito de exploração”. A definição está inserida no Protocolo de Palermo, ratificado pelo Brasil por meio do Decreto nº 5.017/2004 e da Lei nº 13.344/2016.
Antes da lei, o Código Penal brasileiro criminalizava o tráfico de pessoas apenas na modalidade para exploração sexual. Com a norma, o artigo 149-A passou a criminalizar também o tráfico de seres humanos para fins de trabalho análogo à escravidão, adoção ilegal e comércio ilegal de órgãos.
Liberdade no Ar
Para conscientizar a sociedade quanto à importância do combate ao tráfico de pessoas e ao trabalho análogo à escravidão, o Ministério Público do Trabalho promove no decorrer do mês de julho uma campanha específica abrangendo o tema.
A iniciativa faz parte do Projeto Liberdade no Ar, instituído em 2020 e voltado para sensibilizar passageiros, funcionários de aeroportos e empresas aéreas sobre a necessidade de prevenir, reconhecer e reprimir esses crimes.
Para denunciar casos de tráfico de pessoas, contrabando de migrantes e outros crimes semelhantes às autoridades brasileiras, disque 100 ou ligue 180.
Serviço
Evento: Coração Azul – Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas
Data: 28 de julho (sexta-feira)
Horário: A partir das 14h
Endereço: Sede da Procuradoria-Geral de Justiça (Av. Pres. Manoel Ferraz de Campo Sales, 214 – Jardim Veraneio, Campo Grande)
Leia a matéria na fonte e saiba mais:
Berço da 1ª língua indígena de sinais, MS quer tradutor em locais públicos
Após oficialização da língua de sinais Terena, MS aguarda registro como língua de instrução para garantir direito a tradução em escolas
atualizado
Sinal Mandioca, parte 1
Sinal Mandioca, parte 2
Símbolo dos povos da etnia Terena, a primeira língua indígena de sinais oficial do país, registrada pelo governo do Mato Grosso do Sul (MS), aguarda o reconhecimento como língua de instrução pelo Conselho Estadual de Educação. Caso aprovada, a medida garantirá aos indígenas surdos o direito a um tradutor no próprio idioma em locais públicos, como escolas e postos e saúde.
O Brasil tem mais de 270 línguas indígenas identificadas no país, das quais 17 estão oficializadas. Em termos de linguagem de sinais, as mais famosas são a Ka’apor, de aldeias tradicionais do Maranhão; e a Terena, de Miranda (MS), a primeira a ser registrada em território brasileiro.
Ou seja, os descendentes de povos originários com alguma deficiência auditiva ou na fala, que entendem apenas o próprio idioma, têm dificuldades de acesso a escolas, instituições públicas e hospitais, por não haver tradutor capacitado para atendê-los.
Saiba mais puxando a Rede:
Artigo: A DESCOBERTA DOS SINAIS TERENA NO MATO GROSSO DO SUL: VALORIZANDO A DIVERSIDADE LINGUÍSTICA NO BRASIL
Artigo na Revista Njinga & Sepé: https://revistas.unilab.edu.br/index.php/njingaesape/article/view/690/361