Conferência com Dra. Verônica Manole
Forum on Linguistic Data and Digital Humanities / Fórum em Dados Linguísticos e Humanidades Digitais
29 de novembro de 2024 [sexta-feira] – presencial
Acesse o QR code para o programa!
Professora Veronica Manole, Ph.D. – Universitatea Babeș-Bolyai, Universidade Babeș-Bolyai, Romênia
NJINGA e SEPÉ: Revista Internacional de Culturas, Línguas Africanas e Brasileiras
v. 4 n. Especial II (2024): A Linguística, a Literatura, a educação e outras áreas afins na mesa de debates em favor do avanço da ciência
O volume 4 , nº Especial II apresenta diversos estudos linguísticos, literários, metodologias de ensino e outros estudos científicos que apontam para o avanço da ciência na África e no Brasil no século XXI. As universidades africanas e brasileiras produzem conhecimentos diversos que revelam os avanços científicos buscando sempre oferecer propostas para os problemas sociais, econômicos, linguísticos, culturais e políticos da atualidade. Esta publicação organizada por um trio: Luzinha Brígida de Jesus (timorense), Higor Teixeira dos Santos (brasileiro) e Abias Alberto Catito (angolano), todos da Universidade Estadual Feira de Santana, reúne resultados de estudos produzidos em diversas universidades africanas e brasileiras buscando compartilhar saberes e aprofundamento de teorias e metodologias. Encontrará nesta publicação trinta e cinco (35) trabalhos dentre artigos originais, poesias, contos e entrevistas. O compartilhamento de evidências por meio de publicações científicas contribui muito, ao minimizar a importância das fronteiras, e ao contribuir para a utilização de evidências na introdução de mudanças na sociedade global. Escrever é o meio muito importante para a comunicação do trabalho científico (Mengistu Asnake, Presidente da Federação Mundial das Associações de Saúde Pública, 2015). Os organizadores desda publicação incentivam a todos os pesquisadores, estudantes e docentes a compartilhar seus saberes por meio de publicações. Á todos uma boa leitura!
Acesse o link:
https://revistas.unilab.edu.br/index.php/njingaesape/issue/view/56
PNAB 2024: Edital Expressões Culturais dos Povos Indígenas, Quilombolas e Tradicionais de Santa Catarina tem inscrições abertas
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A Fundação Catarinense de Cultura (FCC) abre neste sábado, 9 de novembro de 2024, o período de inscrições para a quarta iniciativa no âmbito da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB): o Edital Expressões Culturais
dos Povos Indígenas, Quilombolas e Tradicionais de Santa Catarina. Interessados têm até as 23h59 de 2 de fevereiro de 2025 para se inscrever no link expressoesculturais.fepese.org.br, onde também está a íntegra do Edital.
O Edital vai premiar iniciativas culturais indígenas, quilombolas e de povos tradicionais com suas condições de existência e livre manifestação como forma de reconhecimento e valorização do protagonismo dos diferentes Povos no Estado de Santa Catarina, em pelo menos uma das seguintes áreas:
– Religiões, rituais e festas tradicionais;
– Músicas, cantos e danças;
– Línguas desses povos;
– Narrativas simbólicas, histórias e outras narrativas orais;
– Educação e processos próprios de transmissão de conhecimentos;
– Meio ambiente, territorialidade e sustentabilidade das culturas;
– Medicina destes povos;
– Alimentação dos povos: manejo, plantio e coleta de recursos naturais; e culinária.
– Jogos e brincadeiras;
– Arte, produção material e artesanato;
– Pinturas corporais, desenhos, grafismos e outras formas de expressão simbólica;
– Arquitetura destes povos;
– Memória e patrimônio: documentação; museus; e pesquisas aplicadas.
– Textos escritos destes povos;
– Dramatização e histórias encenadas;
– Produção audiovisual e fotografia;
– Outras formas de expressão próprias das culturas.
Poderão participar somente os Povos Indígenas, Quilombolas e Tradicionais do estado de Santa Catarina. Serão distribuídos R$ 3.150.000,00 divididos em 140 prêmios. Os recursos são oriundos do Governo Federal repassados por meio da Lei nº 14.399/2022 – Política Nacional Aldir Blanc, com operacionalização da FCC em Santa Catarina.
Dúvidas e informações referentes a este Edital poderão ser esclarecidas e/ou obtidas junto à FCC, por meio do endereço eletrônico expressoesculturais@fepese.org.br.
Live de leitura comentada
No dia 14 de novembro (quinta-feira), às 18h, será realizada live com a leitura comentada do texto do Edital. Proponentes e interessados poderão acompanhar pelo canal de vídeos da FCC no YouTube e enviar suas dúvidas pelo chat da transmissão.
Saiba mais buscando o site da FCC no link:
https://cultura.sc.gov.br/noticias/25165-pnab-2024-edital-expressoes-culturais
Pressões econômicas e de sobrevivência contribuem para o apagamento das línguas indígenas
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Na visão de Luciana Storto, a força do capitalismo é maior do que as iniciativas pelo fortalecimento das línguas e culturas indígenas
12/11/2024 – por Lucas Torres Dias*
Nos dados mais recentes do IBGE sobre a situação das línguas indígenas (2012), 293 mil povos originários afirmaram falar a língua nativa em ambiente domiciliar – desses, 137 mil afirmaram inclusive não falar português. Esses números fazem parte dos quase 800 mil autodeclarados indígenas no Brasil, que vivem o conflito entre querer preservar sua cultura e as demandas da sociedade capitalista.
Luciana Storto, professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, diz que existem projetos de revitalização em andamento, “mas é fato que as línguas indígenas permanecem ameaçadas”. Há várias iniciativas dos próprios povos, financiadas por fontes governamentais e ONGs, além de projetos como o Programa de Documentação de Línguas Indígenas e o PL n° 3690 (Senador Jorge Kajuru PSB/GO). No entanto, os desafios ainda são grandes.
O grande obstáculo
Segundo a professora, há uma histórica e crescente dificuldade em manter as línguas vivas e pulsantes, principalmente com o movimento dos indígenas em direção aos centros urbanos. Ela afirma que “a força do capitalismo é maior do que as iniciativas pelo fortalecimento das línguas e culturas indígenas”, no sentido de que as dificuldades de se sustentar muitas vezes obrigam os indígenas a abandonarem suas aldeias.
De acordo com o Inventário Nacional da Diversidade Linguística (INDL), há exemplos de crianças indígenas que não falam mais a língua tradicional ao nascerem e viverem nas cidades. É o caso dos karitianas, povo de Rondônia, em que mais da metade deixou de falar. Com isso, a cultura vai sendo apagada conforme as influências urbanas e da globalização atuam com mais força.
Essa realidade se traduz também em dados: de acordo com o IBGE, 85% dos falantes de línguas nativas são residentes de terras indígenas. Por outro lado, a população que vive nessas terras gira em torno de apenas metade, sendo que a tendência é diminuir com o fluxo em direção às cidades. Uma vez lá, fica mais difícil manter as relações com as raízes, tradições e ancestralidades.
Capitalismo, neoliberalismo e globalização
Esse problema, antes de tudo, é financeiro. Com o mote neoliberal de que “produzo, logo vivo”, esse êxodo se dá frequentemente por uma questão de necessidade básica. Os indígenas se veem muitas vezes forçados a abandonar suas terras em busca de emprego. Segundo dados do Banco Mundial, os povos indígenas representam hoje cerca de 14% dos pobres e 17% dos extremamente pobres na América Latina, apesar de somarem menos de 8% da população da região.
“Eu não acredito que as pressões contra as línguas e as culturas indígenas sejam apenas fruto de preconceito, mas sim das pressões econômicas e de sobrevivência. Se houver incentivo econômico para a manutenção das línguas, elas têm chance de sobreviver, senão, as pessoas vão em busca de trabalho nas cidades e acabam por se distanciar das comunidades de fala”, resume Luciana.
Como lidar com isso?
A especialista acredita que, a partir de políticas públicas e um interesse efetivo em fazer acontecer, é possível criar maneiras de manter as línguas vivas. Ela dá um direcionamento: “Como as tecnologias e mídias sociais tornam a comunicação a distância cada vez mais acessível, se houver projetos que incentivem os indígenas nas cidades a continuar em contato permanente com seus parentes nas aldeias, as chances das línguas se manterem são maiores”.
Como o principal problema é financeiro, as ações também devem ser pautadas em dar sustentação de renda para essa população. “O Estado e a sociedade civil devem criar projetos em que as pessoas que falam uma língua indígena possam trabalhar na documentação e manutenção das línguas e culturas, seja das cidades ou das aldeias. Assim, há alguma chance de documentação e manutenção para as comunidades e que as línguas não desapareçam com o tempo.”
De acordo com ela, “a escrita das línguas ajuda na sua manutenção, porque permite uma outra fonte de fortalecimento para as línguas através dos livros, das legendas, das gramáticas, dicionários e outros materiais escritos”. E esses projetos, claro, devem incluir bolsas e salários para os falantes e sabedores. Fortalecer a cultura parte também por garantir a sobrevivência econômica de seus participantes.
*Sob supervisão de Paulo Capuzzo e Cinderela Caldeira
Acesse a matéria na fone no link abaixo:
O Rio da minha aldeia está ficando verde – e fui investigar o motivo
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Na Terra Indígena Xipaya, o Rio Iriri sofre efeitos da mudança climática, com água esverdeada e morte de peixes; nós, Indígenas, vivemos um tempo de incertezas
Desde os tempos imemoráveis, meu povo – os Xipai – tem uma relação íntima com o Rio Iriri. É como parte da família. O Rio sempre foi Rio, e Xipai sempre foi Xipai. São corpos diferentes entrelaçados como um só.
Mas o Rio Iriri do tempo dos meus ancestrais, com águas cristalinas e tom marrom-escuro quando visto de cima, está mudando. No verão, mais seco, sua cor se converte em um verde intenso, inexplicável para a gente. Intrigado, decidi investigar o motivo.
Para contar essa história, eu precisava aguçar meus ouvidos e olhos. Precisava ouvir o Rio.
O Iriri é o maior Rio do município de Altamira, no sudoeste do Pará. Nasce na Serra do Cachimbo, no sul do estado, e de lá serpenteia, atravessando a Amazônia, até desaguar no Rio Xingu. Tem 900 quilômetros de extensão e em algumas partes chega a 2 quilômetros de largura. Na área chamada de Entre Rios, ele recebe as águas do Rio Curuá, lamacentas por conta do garimpo ilegal fora de nosso território, a Terra Indígena Xipaya. Nossa área é demarcada desde 2012 e nela vivem 197 pessoas. Há seis aldeias, três banhadas pelo Iriri e três pelo Curuá.
No leito do Iriri tem pedras de todos os formatos e tamanhos, e na estiagem do verão elas emergem das águas. Parece uma galeria de arte que, em vez de obras famosas, exibe pedras, mostrando a arte da própria Natureza.
Esta casa-Rio é lar de pessoas-floresta, pessoas-fungos, pessoas-plantas, pessoas-bactérias e pessoas-fitoplânctons. Eu precisei me silenciar para ouvir todas elas ao mesmo tempo, como uma enorme e poderosa orquestra. Só é possível falar do Rio Iriri se falar dos Iriris, povos-floresta e mais-que-humanos que vivem em sintonia com ele. Não apenas fazem parte do Rio Iriri, eles são Iriri.
Para contar a história desse Rio, fui ouvir o que todos eles me diziam. Pulei no Iriri na tentativa de me afogar. Meu corpo afundou como uma pedra em seu leito.
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https://sumauma.com/o-rio-da-minha-aldeia-esta-ficando-verde-e-fui-investigar-o-motivo/