Mulheres indígenas são guardiãs da palavra, da memória e do território, afirma ministra em encontro

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Com a participação de cinco mil mulheres de diferentes biomas, territórios e povos do Brasil, teve início nesta segunda-feira (5) a 1ª Conferência Nacional das Mulheres Indígenas, em Brasília. Ao participar do evento, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, defendeu a importância das culturas e das tecnologias indígenas no enfrentamento das mudanças climáticas. Destacou ainda a conexão entre cultura, meio ambiente e justiça social.
“Sem meio ambiente, sem demarcação de terra, sem essa comunidade indígena, não existe nem cultura. Os saberes, as tradições, as expressões, as manifestações culturais, as tecnologias dos povos indígenas têm muito a nos ensinar. Também nos ensinam sobre a forma de se fazer política, garantia de direitos, sustentabilidade e maneiras de existir e de navegar nesse mundo”. E completou: “o Brasil, sob a liderança do presidente Lula, defende a urgência de ações coletivas e globais para enfrentar os desafios das mudanças climáticas. Para garantir e defender os direitos dos povos e das mulheres indígenas dos seus territórios e suas vidas, com consciência, a justiça social deve andar de mãos dadas com a justiça ambiental e a garantia dos direitos do território”.
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Foto: André Correa
Com o tema Mulheres Guardiãs do Planeta pela Cura da Terra, o evento segue até 8 de agosto. É uma realização do Ministério dos Povos Indígenas, do Ministério das Mulheres e da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga). Tem o objetivo de ser um espaço inédito de escuta, formulação de políticas públicas e fortalecimento da participação política das mulheres indígenas.
Ações da Cultura
Margareth reafirmou o compromisso do Ministério da Cultura com o fortalecimento, a preservação e a promoção das culturas indígenas. Entre as ações destacadas está a Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura, que garante a esse segmento 10% dos recursos executados pelos entes federados por meio de editais públicos. A Pasta dialoga com os gestores municipais, estaduais e distrital de cultura sobre a importância do cumprimento das cotas.
Na Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural, a Política Nacional de Cultura Viva (PNCV), por meio da sua rede de Pontos e Pontões de Cultura, também é um mecanismo de valorização e reconhecimento das culturas indígenas.
Outra iniciativa é a recente criação da Coordenação de Promoção das Culturas Indígenas, que vai atuar, entre outras iniciativas, na elaboração do Plano Nacional das Culturas Indígenas. Esse trabalho será conduzido em conjunto com um Grupo Técnico, composto por organizações e lideranças indígenas representativas, respeitando a diversidade étnica, territorial, geracional e ambiental dos povos originários, com atenção aos diferentes biomas e regiões socioculturais do país.
“Estamos ladeados de mulheres indígenas para a construção e fortalecimento de políticas que garantam seus direitos culturais. Preservar e valorizar os saberes ancestrais é um compromisso com a nossa diversidade e com o nosso futuro. A primeira Conferência e a IV Marcha Nacional das Mulheres Indígenas demarca conquistas e força para atuar no presente. Ter uma ministra, uma presidente da Funai e uma deputada federal como lideranças é avançar na luta. O MinC estará aqui para orientar as participantes sobre as ações do Ministério e como acessá-las”, afirmou a secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, Márcia Rollemberg, presente na cerimônia.
Na Secretaria de Formação, Livro e Leitura, a Revista Pihhy busca estimular a criação, a produção e a circulação de materiais de autoria indígena. Até o momento, a plataforma já alcançou a marca de 100 autores e autoras de mais de 40 povos indígenas. Já na Secretaria de Direitos Autorais e Intelectuais, destaca-se o processo de criação de um marco legal para proteger os conhecimentos e as expressões culturais tradicionais do país.
No Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), estão avançando as ações de valorização do patrimônio arqueológico e de línguas indígenas.
Avaliação das políticas públicas
A 1ª Conferência Nacional das Mulheres Indígenas pretende avaliar as ações do Estado destinadas às mulheres indígenas, propor diretrizes para a Política Nacional das Mulheres Indígenas e construir, de forma interministerial e interinstitucional, um Plano Nacional de Políticas para Mulheres Indígenas sob a perspectiva de Enfrentamento às Violências.
As discussões são orientadas por cinco eixos temáticos: Direito e Gestão Territorial; Emergência Climática; Políticas Públicas e Violência de Gênero; Saúde; e Educação e Transmissão de Saberes Ancestrais. As delegadas participam de grupos de trabalho, debates e plenárias para construção coletiva de propostas que reflitam suas realidades e demandas.
“Nós enfrentamos retrocessos, ataques e tentativas de apagamento todos os dias. Por isso, nós precisamos de mais representação, proteção, direitos assegurados. Não basta existir. Nós precisamos influenciar, decidir e governar. É dever do Estado brasileiro desenvolver políticas públicas de proteção e promoção dos direitos das mulheres indígenas para que a violência não seja naturalizada e possamos viver com dignidade em territórios livres de medo, livres de opressão e livres de injustiça. Neste contexto de emergência climática, as mulheres indígenas precisam ser empoderadas e reconhecidas como portadoras de soluções”, explicou a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara.
De acordo com a ministra das Mulheres, Márcia Lopes, as participantes da Conferência terão a oportunidade de trocar experiências e, principalmente, propor novas medidas para garantir os direitos das mulheres indígenas em todos os territórios. “Para mudar uma situação, um pensamento e uma atitude, nós temos que lutar todos os dias. Temos que nos comunicar, dialogar e nos reunir entre todos os movimentos sociais, que são fundamentais. Não podemos fragmentar as nossas lutas. Por isso, estamos reunidos aqui para dizer isso: queremos construir uma agenda e a conferência serve para isso. As mulheres vão sair daqui com algumas prioridades que serão levadas para o Congresso Nacional, para o presidente Lula, para os estados, para os municípios e para todos os territórios”, explicou.
Jozileia Kaingang, diretora-executiva da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga), classificou como histórica a realização da Conferência e agradeceu o apoio dos ministérios e das demais instituições públicas na realização do evento.
“Esse encontro é uma afirmação dos nossos direitos, da nossa autonomia e da força das nossas ancestralidades. Chegamos até aqui para fazer valer o nosso lugar nas políticas públicas”. Para Jozileia, a Conferência é um espaço de decisão, proposição e protagonismo das mulheres indígenas. “Somos guardiãs dos nossos corpos e dos nossos territórios, somos defensoras do bem-viver, da justiça climática, dos saberes ancestrais. Com essa força abrimos esse grande encontro. E que essa Conferência se consolide como esse marco histórico propositivo na política do nosso país, escrita pelas mãos das que nunca deixaram de lutar”.
Também participaram da cerimônia as ministras dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo; do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva; e a presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana.
Confira a matéria no link: https://www.gov.br/cultura/pt-br/assuntos/noticias/mulheres-indigenas-sao-guardias-da-palavra-da-memoria-e-do-territorio-afirma-ministra-em-encontro
II ENMP – Prorrogado o prazo para envio de resumos!! Participe!!!

Atenção Primária à Saúde com etiquetas em pomerano e intermediação de intérprete da língua pomerana aumentam adesão a tratamentos de saúde em Santa Maria de Jetibá
A saúde deve falar a língua do povo. Quando não há barreiras de comunicação e conseguimos adaptar a linguagem à realidade local, o acesso à saúde se torna mais fácil. O que antes parecia complicado, passa a ser entendido com mais nitidez, o que melhora a vida das pessoas e ajuda no sucesso dos tratamentos.
Foi com essa ideia que nasceu o projeto “Cultura e Saúde: o impacto da etiquetagem em pomerano na adesão ao tratamento”, criado pela médica Marcella Lima Seibert e pelas enfermeiras Géssica Penha Buss e Leticia Manhani, que atuam em Santa Maria de Jetibá, por meio do Programa de Qualificação da Atenção Primária à Saúde (Qualifica-APS), do Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação em Saúde (ICEPi).
A ideia do projeto surgiu ao perceber a dificuldade da comunidade pomerana em entender as orientações de saúde por causa da barreira da língua e da cultura. A cidade foi colonizada por europeus da região da Pomerânia e até hoje mantém tradições e o dialeto pomerano.
A iniciativa é realizada na Unidade de Saúde de São Luís e ganhou destaque na 8ª Mostra “Espírito Santo, aqui tem SUS”, organizada pelo Colegiado de Secretários Municipais de Saúde do Espírito Santo (COSEMS/ES). Como garantiu o segundo lugar, o projeto será um dos representantes do Estado na 20ª Mostra Nacional “Brasil, aqui tem SUS”, em Belo Horizonte, entre os dias 15 e 18 de junho. O evento é promovido pelo Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).
Segundo a coordenadora do Componente de Provimento e Fixação de Profissionais, Maiara Baratela, esse tipo de iniciativa mostra o comprometimento dos profissionais do Qualifica-APS, que atuam diretamente nas comunidades, levando um cuidado mais próximo e humano. “É um reconhecimento do poder que o Sistema Único de Saúde (SUS) tem de transformar a vida das pessoas, junto às gestões municipais”, destacou.
A médica Marcella Seibert conta que, ao analisar dados de 2023 sobre hipertensão e diabetes, ficou demonstrado que muitos pacientes não estavam seguindo os tratamentos corretamente, o que aumentava os riscos de complicações e internações. A solução encontrada foi simples: etiquetar os medicamentos em pomerano, com imagens para facilitar o entendimento.
“Quando começamos a etiquetar os medicamentos em pomerano, com imagens e linguagem acessível, percebemos de imediato o retorno dos pacientes: vê-los olhando para o rótulo e afirmando que haviam entendido a posologia do medicamento foi algo que me marcou e me mostrou que estávamos no caminho certo. A sensação de pertencimento emanava dos pacientes”, comemora a profissional.
Depois que essa mudança foi implantada, os dados de 2024 e 2025 mostraram uma melhora importante na adesão ao tratamento, menos complicações e uma valorização da cultura local, tudo de acordo com os princípios do SUS.
“A etiquetagem funciona como uma ponte entre o conhecimento técnico e o saber popular. A saúde precisa falar a língua das pessoas para realmente funcionar. Ver os resultados e o envolvimento da comunidade nos motiva a continuar e buscar sempre o melhor para a Atenção Primária”, destaca Marcella Seibert.
O projeto mostra que é possível melhorar a saúde com ações simples, acessíveis e que respeitam a cultura de cada lugar, exatamente como o SUS defende.
Dra Marcella Seibert comenta que “A Atenção Primária pode ser potente, acessível e inclusiva quando construída com olhar atento e sensível… vai muito além do consultório: é escuta, pertencimento e transformação real.”
Informações à Imprensa:
Coordenadoria de Comunicação em Saúde – Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação em Saúde (ICEPi)
Caroline Pignaton / Mayra Scarpi
icepi.comunicacao@saude.es.gov.br
Matéria publicada em https://icepi.es.gov.br/Not%C3%ADcia/saude-que-fala-a-lingua-do-povo-etiquetas-em-pomerano-aumentam-adesao-a-tratamentos-de-saude-em-santa-maria-de-jetiba
Assista também a matéria realizada em Santa Maria de Jetibá e exibida na TV Gazeta:
https://www.instagram.com/reel/DLps5GVRvJG/?igsh=MTdqdzFrMnpnY2d4MA%3D%3D
Conheça o ICEPi – Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação em Saúde e suas inovações para atendimento à saúde no link:
https://icepiead.saude.es.gov.br/
Encontro Nacional dos Municípios Plurilíngues – segundo encontro acontece em setembro
2ª Circular
O II Encontro Nacional de Municípios Plurilíngues (II ENMP), organizado pela Cátedra
UNESCO em Políticas Linguísticas para o Multilinguismo (UCLPM/UFSC) e pelo
Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística (IPOL), ocorrerá nos
dias 1º e 2 de setembro, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e tem como
objetivo aprofundar as discussões sobre a regulamentação das políticas de cooficialização de
línguas no Brasil. Este encontro será um espaço de troca de experiências, capacitação e
debate sobre a regulamentação e a implementação da cooficialização, seus desafios e
oportunidades, reunindo gestores públicos, pesquisadores, educadores, agentes culturais e
demais interessados na promoção do multilinguismo brasileiro.
O II ENMP se propõe a discutir as ricas experiências já realizadas pelos 80 municípios plurilíngues do Brasil e avançar para o processo de regulamentação, abrindo para as administrações municipais novas possibilidades.
Participe enviando seu resumo simples (200-300 palavras): 15 de julho de 2025
Acesse a segunda circular aqui: https://geomultling.ufsc.br/wp-content/uploads/2025/07/2a-Circular-II-Encontro-Nacional-de-Municipios-Plurilingues.pdf
Confira a página e novidades do evento no link:
https://geomultling.ufsc.br/ii-encontro-nacional-de-municipios-plurilingues/
Atenção para o Cronograma para Submissão de Trabalhos e Inscrições
● Inscrição no evento (ouvinte): até 15 de agosto de 2025
● Inscrição no evento (comunicação): até 15 de julho de 2025
● Prazo para envio de resumos simples (200-300 palavras): 15 de julho de 2025
● Divulgação dos trabalhos aprovados: 31 de julho de 2025
● Submissão dos slides de apresentação: 15 de agosto de 2025
● Submissão do resumo expandido (3-5 páginas): 30 de agosto de 2025
A UFSC no Conselho Acadêmico da Cátedra Guarani da AUGM
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A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), recebeu convite para integrar o Conselho Acadêmico da Cátedra de Língua Guarani da Associação de Universidades Grupo Montevidéu (AUGM), atualmente sediada na Universidade Nacional de Itapúa (UNI), no Paraguai.
A participação representa um importante passo na articulação regional em torno da promoção da diversidade linguística, da cooperação acadêmica e da valorização das línguas indígenas no espaço sul-americano. O coordenador institucional da Cátedra na UFSC é o Prof. Gilvan Müller de Oliveira, Cátedra UNESCO em Políticas Linguísticas para o Multilinguismo, também coordenador de políticas linguísticas para a internacionalização da SINTER/UFSC.
A Cátedra Guarani da AUGM, criada em novembro de 2020, é uma das três cátedras associadas à AUGM, sendo as outras a Cátedra AUGM de Direitos Humanos e a Cátedra AUGM Jorge Bovetto. A AUGM, fundada em 1991, é uma rede de universidades públicas, autônomas e autogeridas na Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai. Dadas suas semelhanças, elas compartilham um propósito comum, caráter público, estruturas acadêmicas semelhantes e níveis de serviço equivalentes. Essas características as posicionam para desenvolver atividades cooperativas com certa perspectiva de viabilidade.
A Cátedra Guarani da AUGM é um espaço de convergência que reúne universidades, pesquisadores, comunidades locais, sociedade civil e gestores públicos com o objetivo de fortalecer o estudo, a valorização e a transmissão da língua guarani. Sua proposta está alinhada com a promoção da educação de qualidade, da cultura e da interdisciplinaridade, a partir de um plano de trabalho construído colaborativamente entre as instituições que a integram. É integrada por 24 universidades da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai, além da Secretaria de Políticas Linguísticas do Paraguai.
O guarani é uma língua falada por 7,5 milhões de pessoas e oficial no Paraguai, na Bolívia, na província de Corrientes, Argentina, e no município brasileiro de Tacuru (MS). O guarani é falado por mais de 60 mil brasileiros em território nacional. Além disso, o guarani é uma língua histórica do Mercosul e uma das línguas de trabalho do PARLASUL, sediado em Montevidéu.
A presença da UFSC no Conselho Acadêmico da Cátedra Guarani AUGM reforça sua atuação estratégica na articulação de iniciativas voltadas à valorização das línguas compartilhadas pelos países do MERCOSUL e ao fortalecimento do multilinguismo na América Latina, além de ampliar a internacionalização Sul-Sul e Regional, um dos objetivos expressos do plano institucional de internacionalização.
Texto: Leonardo Alves
Publicação original: https://geomultling.ufsc.br/a-ufsc-no-conselho-academico-da-catedra-guarani-da-augm/
Saiba mais sobre o PARLASUL
El Parlamento del MERCOSUR fue constituido el 14 de Diciembre 2006, como sustituto de la Comisión Parlamentaria Conjunta, y es el órgano, por excelencia, representativo de los intereses de los ciudadanos de los Estados Partes.
La conformación del Parlamento significa un aporte a la calidad y equilibrio institucional del MERCOSUR, creando un espacio común en el que se refleja el pluralismo y las diversidades de la región, y que contribuye a la democracia, la participación, la representatividad, la transparencia y la legitimidad social en el desarrollo del proceso de integración y de sus normas.
El Parlamento del MERCOSUR actúa en diferentes temáticas, según la competencia de cada una de sus diez comisiones, como por ejemplo:
Asuntos Jurídicos e Institucionales; Asuntos Económicos, Financieros, Comerciales, Fiscales y Monetarios; Asuntos Internacionales, Interregionales y de Planeamiento Estratégico; Educación, Cultura, Ciencia, Tecnología y Deporte; Trabajo, Políticas de Empleo, Seguridad Social y Economía Social; Desarrollo Regional Sustentable, Ordenamiento Territorial, Vivienda, Salud, Medio Ambiente y Turismo; Ciudadanía y Derechos Humanos; Asuntos Interiores, Seguridad y Defensa; Infraestructura, Transportes, Recursos Energéticos, Agricultura, Pecuaria y Pesca; Presupuesto y Asuntos Internos.
En nuestro Portal institucional usted encontrará informaciones sobre las diversas actividades del Parlamento, tales como, forma de organización, actos y trabajos parlamentarios, grupos políticos, presupuesto, estado de internalización de normas, concursos, documentos, entre otros.
Además de estas informaciones, el Parlamento del MERCOSUR tiene como prioridad el contacto directo con los ciudadanos y la sociedad civil.
Para tanto, nuestro portal dispone de un espacio para usted dejar su opinión o hacer una petición al Parlamento, que será prontamente analizada y distribuida a los órganos correspondientes.
Espero que disfrute de esta visita y que podamos contar con su colaboración para seguimos profundizando la integración y generando ciudadanía comunitaria.
Confira o link:
Vozes do Multilinguismo: Dra. Rosângela Morello (IPOL) | Parte 2
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Entrevista com Dra. Rosângela Morello (IPOL) | Parte 2
Contribuições do IPOL: Multilinguismo, Fronteiras e Parcerias Globais
Por Leonardo Alves e Caroline Schirmer Götz
O multilinguismo é um fenômeno complexo, atravessado por dinâmicas históricas, políticas e sociais que determinam o status, a circulação e a valorização das línguas em diferentes contextos. Nesta série de entrevistas, membros do GT Geopolíticas do Multilinguismo se revezam para dialogar com especialistas de diversas áreas, explorando as interseções do multilinguismo com tradução, direitos linguísticos, mediação intercultural, migrações, internacionalização, informação e comunicação, ensino de línguas, entre outros temas.
O objetivo é reunir diferentes perspectivas sobre as políticas linguísticas, os desafios da preservação e revitalização de línguas, as relações entre idiomas em espaços de fronteira e a influência de fatores geopolíticos na organização do multilinguismo. A partir dessas conversas, buscamos ampliar o debate e fomentar reflexões críticas sobre os modos como as línguas circulam e se transformam no mundo contemporâneo.
Nesta edição, entrevistamos Rosângela Morello, Doutora e Mestre em Linguística pela Unicamp, com doutorado-sanduíche na Universidade Paris VII. Licenciada em Língua e Literatura Portuguesa, é diretora do Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Políticas Linguísticas (IPOL) e vice-líder do Grupo de Pesquisa CNPq: Observatório de Políticas Linguísticas. Representa o IPOL no Grupo de Trabalho Nacional para a Década Internacional das Línguas Indígenas (2022-2032) da UNESCO. Atua em políticas linguísticas e educacionais, mapeamento de línguas, diagnósticos sociolinguísticos e coordena projetos voltados à valorização de línguas indígenas, de imigração e de fronteira.
Alves e Götz: Como o IPOL tem abordado as complexidades das línguas de fronteira no Brasil e o que o Programa Escolas Interculturais Bilíngues de Fronteira trouxe de mais inovador para a educação bilíngue?
A questão das fronteiras é particularmente sensível na geopolítica brasileira, considerando que o país possui a terceira maior linha de fronteira terrestre do mundo, atrás apenas da Rússia e da China. São 16.886 quilômetros que separam o Brasil de dez países sul-americanos – apenas Equador e Chile não são limítrofes. Essa faixa de fronteira, com 150 km de extensão a partir da linha limítrofe, abrange 27% do território nacional e inclui 588 municípios distribuídos por 11 estados em três regiões (Sul, Centro-Oeste e Norte). Desses municípios, 122 são diretamente limítrofes e 32 constituem cidades-gêmeas, isto é, compartilham fronteira seca ou fluvial e, por isso, apresentam grande potencial de integração econômica, cultural e linguística.
Essas regiões são profundamente multilíngues e multiculturais. Nelas convivem as línguas oficiais dos países vizinhos (espanhol, guarani, quéchua, aimará, inglês e francês), além de diversas línguas indígenas, línguas alóctones e formas híbridas resultantes do contato linguístico, como o Galibi Marworno, o Karipuna do Norte, o Palikur (falado no Oiapoque, na fronteira com a Guiana Francesa) e o chamado “portunhol” nas áreas fronteiriças com países hispano-falantes.
Nesse contexto, entendemos o multilinguismo transfronteiriço como um campo privilegiado para o desenvolvimento de políticas linguísticas conjuntas e multilaterais, que reconheçam e valorizem essas línguas – em especial, o português e o espanhol como línguas de comunicação internacional e de integração regional. Foi com esse espírito que surgiram iniciativas como o Programa das Escolas Interculturais Bilíngues de Fronteira (PEIBF) e o Observatório da Educação na Fronteira (OBEDF), ambos com participação ativa do IPOL. O PEIBF teve um papel pioneiro, sendo a primeira iniciativa educativa multilateral com gestão compartilhada pelos países do MERCOSUL.
Pelo Tratado de Assunção que criou o MERCOSUL em 1991, o português e o espanhol foram declarados línguas oficiais do bloco, prevendo “a necessidade de difundir a aprendizagem do português e do espanhol através dos seus sistemas educativos formais e informais” (Programa das Escolas Interculturais Bilíngues de Fronteira, Modelo de Ensino Comum, MEC/Brasil, p. 02), O Plano de Ação do Setor para 2001-2005, assinado em Assunção, Paraguai, aprofundou a compreensão da educação como “espaço cultural para o fortalecimento de uma consciência favorável à integração, que valorize a diversidade e reconheça a importância dos códigos linguísticos e culturais“ (Programa das Escolas Interculturais Bilíngues de Fronteira, Modelo de Ensino Comum, MEC/Brasil, p. 02). A Declaração Conjunta de Brasília, 2003, assinada por Brasil e Argentina, coroou esse processo, estabelecendo um conjunto de ações em ambos os países.
Em 2004, em Buenos Aires, uma nova Declaração Conjunta referendou os passos dados avançando no estabelecimento do Convênio de Cooperação Educativa entre esses dois países, no âmbito do qual foi formulada a proposta de construção de um Modelo de Ensino Comum em Escolas de Zona de Fronteira, a partir do desenvolvimento de um Programa para a Educação Intercultural com ênfase no ensino do Português e do Espanhol. Essa proposta foi apresentada e aprovada na XXVI Reunião de Ministros de Educação do MERCOSUL, Bolívia e Chile realizada em Buenos Aires, em 10 de junho de 2004, marcando o início do Programa das Escolas Interculturais Bilíngues de Fronteira (PEIBF) a partir de um acordo bilateral entre Brasil e Argentina[1]. Em 2008, Uruguai, Paraguai e Venezuela aderem ao PEIBF, que entra para o Setor Educacional do Mercosul (SEM-MERCOSUL).
O programa propôs a construção de um modelo comum de educação bilíngue português-espanhol, com base em diagnósticos sociolinguísticos realizados nas fronteiras. As escolas parceiras foram selecionadas para desenvolver projetos pedagógicos específicos, centrados em abordagens político-pedagógicas próprias. Entre suas inovações, destacam-se o intercâmbio de docentes entre escolas de países vizinhos, o planejamento didático conjunto, a utilização de projetos de pesquisa como eixo formativo e a atuação de assessores especializados que acompanhavam continuamente os docentes.
Os encontros mensais de assessores com os professores e diretores nas escolas para o planejamento conjunto dos projetos, os seminários regionais semestrais e os multilaterais garantiam uma formação continuada em locus e um diálogo constante entre as equipes, dirimindo dúvidas e dando encaminhamentos acordados. Os projetos de ensino via-pesquisa estruturavam abordagens procedimentais e conteudísticas conduzindo a um currículo pós-feito.A gestão institucional do programa era compartilhada pelos Ministérios e Secretarias dos países, comandada por equipes nomeadas para tal[2]. O IPOL foi parte da equipe brasileira de 2004 a 2010.
A principal inovação do PEIBF foi reconhecer e valorizar os conhecimentos linguísticos e culturais de alunos e professores, bem como os modos de vida nas regiões de fronteira, transformando-os em recursos pedagógicos e agentes do processo educativo. O sucesso da iniciativa levou à sua expansão: em 2010, já envolvia sete países e 28 escolas de educação fundamental em fronteiras com países hispano-falantes. No caso da fronteira com o Paraguai, o fato de a língua Guarani ser oficial do Estado paraguaio fez com que essa língua fosse também contemplada nas ações pedagógicas das escolas na fronteira do Brasil com esse país.
Em 2012, no Brasil, o Programa passou a ser regulamentado pela Portaria nº 789, de 19 de junho de 2012[3], que então remodelou o seu funcionamento, designando-o como Programa das Escolas Interculturais de Fronteira (PEIF), com exclusão do foco nas línguas. A partir de 2016 o Programa foi extinto pelo Governo Brasileiro, conforme consta em um texto de minha autoria com o professor Gilvan Müller de Oliveira (2019).
Nesse texto, Gilvan e eu apresentamos detalhes sobre o PEIBF/PEIF, e convido a todos a acessá-lo aqui. Retomando um dos argumentos deste trabalho, o PEIBF inovou nas práticas educativas, mobilizando de forma significativa as equipes escolares, incluindo os gestores. No entanto, para garantir sua continuidade, seria necessário promover mudanças nas diretrizes de ensino no Brasil, de modo a incorporar e viabilizar o multilinguismo de forma efetiva.
Com esse objetivo, em 2010 foi encaminhada ao Conselho Nacional de Educação uma proposta para a criação de diretrizes que assegurassem o ensino multilíngue até o nível médio. Infelizmente, essa iniciativa não avançou. Em vez disso, houve um processo de retração, e o Programa foi rigidamente atrelado a uma estrutura educacional de base monolinguista e nacionalista.
As mudanças geopolíticas na América Latina, marcadas pelo retorno de governos de direita e pela adoção de políticas neoliberais, comprometeram ainda mais a base ideológica da integração regional, o que afetou diretamente projetos de cooperação fronteiriça e linguística, como era o caso do PEIBF/PEIF.
Se, por um lado, a trajetória de sucesso seguida pela desmobilização do PEIBF/PEIF revela a frágil institucionalização das políticas linguísticas para a educação no Brasil e na região, por outro, os dez anos de prática de um bilinguismo intercultural cooperativo nas fronteiras deixaram um legado técnico e político de enorme importância para o futuro do bilinguismo português-espanhol.
Prova disso é o crescente interesse de pesquisadores e universidades brasileiras em temas linguísticos e culturais relacionados às fronteiras, bem como o surgimento de projetos interculturais na fronteira entre Espanha e Portugal, desenvolvidos a partir da experiência latino-americana e impulsionados pela Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI).
Alves e Götz: Como tem sido o trabalho conjunto entre o IPOL e a Cátedra UNESCO em Políticas Linguísticas para o Multilinguismo e de que forma essa parceria, junto aos projetos prioritários do IPOL, tem contribuído para o fortalecimento da diversidade linguística no Brasil e dialogado com outras iniciativas globais na área de políticas linguísticas?
Participar da Cátedra UNESCO em Políticas Linguísticas para o Multilinguismo é um marco na trajetória do IPOL. A Cátedra reúne pesquisadores de 25 instituições de ensino e centros de pesquisa de diferentes partes do mundo – como Indonésia, Índia, Rússia, África do Sul, Brasil, entre outros – com o objetivo de compartilhar pesquisas em andamento, novos projetos, publicações e eventos. Também há a possibilidade de mobilidade acadêmica, permitindo que pesquisadores realizem viagens de curta duração para atividades nas instituições envolvidas.
Sobre essas mobilidades, destaco que, entre julho e agosto de 2022, tivemos a honra de receber, em parceria com a UFSC, a professora Dra. Umarani Pappuswamy, do Central Institute of Indian Languages, de Mysuru, Índia. Durante sua estada no Brasil, ela desenvolveu atividades em várias universidades e nos brindou com palestras no IPOL, sobre os Processos de produção de escrita para línguas indígenas no âmbito da Educação Bilíngue na Índia, e na UFSC, com a temática Translation Studies and Linguistics in Multilingual India. Mais recentemente, entre outubro e novembro de 2024, recebemos o professor Dr. José Antonio Flores Farfán, do Centro de Investigaciones y Estudios Superiores en Antropología Social (CIESAS), que realizou uma palestra e uma exposição de materiais em línguas indígenas mexicanas.
Esses intercâmbios têm sido extremamente enriquecedores, pois são momentos de intenso aprendizado, em que compartilhamos desafios, conhecemos experiências de outras partes do mundo e abrimos novas possibilidades de parcerias e projetos conjuntos. Ainda, aprofundamos as relações de trabalho, ampliamos nosso campo de conhecimento e fortalecemos sinergias fundamentais para impulsionar novas ações em políticas linguísticas, a exemplo da organização do II Encontro Nacional de Municípios Plurilíngues (II ENMP), realizada em parceria entre o Grupo de Trabalho de Geopolítica da Cátedra e o IPOL. Essa atuação conjunta tem sido essencial, especialmente em um momento em que o IPOL enfrenta restrições de tempo e recursos, tornando essa colaboração ainda mais valiosa para nós.
De modo geral, as políticas linguísticas desenvolvidas no Brasil, muitas vezes com a participação direta do IPOL, têm se destacado como iniciativas inovadoras. Por isso, é cada vez mais comum sermos convidados a compartilhar essas experiências em eventos científicos e fóruns multilaterais ao redor do mundo. Pode parecer pouco, mas são as ideias que fazem as revoluções, não é? Acreditamos que, mesmo aos poucos, vamos realizando microrrevoluções. A Cátedra UNESCO é, em essência, um grande caldeirão de ideias – assim como o IPOL também é. Gosto de pensar que nos inspiramos mutuamente.
Alves e Götz: O IPOL tem desenvolvido metodologias pioneiras para o mapeamento e diagnóstico sociolinguístico. Quais aspectos dessas metodologias a senhora considera que podem servir de modelo para outros países e como esses diagnósticos contribuem para o planejamento de políticas públicas mais inclusivas e eficazes?
O Brasil é um país que ainda carece de informações sistematizadas sobre as línguas faladas por seus cidadãos e cidadãs. Diferentemente de muitos outros países, os censos nacionais brasileiros não incluem pesquisas abrangentes sobre as línguas. Em 2010 e 2022, a investigação realizada pelo IBGE limitou-se àqueles que se declararam indígenas, o que representa menos de 2% da população. Dessa forma, todas as demais comunidades linguísticas foram apagadas dessa importante radiografia social, tão necessária para o planejamento de políticas públicas.
Historicamente, as únicas contagens de falantes de línguas diferentes do português ocorreram nos censos de 1940 e 1950, com foco específico na identificação de falantes de alemão e italiano no sul do país, vistos à época como ameaça à segurança nacional. Esse contexto de repressão, somado à violência histórica contra falantes de línguas indígenas e africanas, moldou a memória social brasileira, deixando marcas profundas de insegurança linguística – tanto entre os falantes, que tendem a desqualificar suas próprias línguas e seu domínio do português, quanto entre gestores públicos, que muitas vezes não sabem como lidar com a gestão de políticas multilíngues.
Há, ainda, um desconhecimento mais profundo: uma interdição da memória, na qual eventos e sentidos silenciados deixam de ser acessíveis, como se houvesse uma espécie de amnésia coletiva que, embora invisibilizada, continua produzindo preconceitos e justificando violências.
Assim, qualquer mapeamento linguístico no Brasil é, necessariamente, uma ação sobre essa memória histórica. Ainda que o resultado final de um mapeamento possa parecer apenas uma “contagem”, o processo exige uma abordagem sensível, que reconheça os silêncios, as lacunas e as dificuldades que muitas pessoas têm em falar sobre sua própria história linguística. Em uma entrevista não seria possível aprofundar o entrelaçamento histórico e subjetivo desse processo. Essa perspectiva define o modo como concebemos os mapeamentos no IPOL, sejam eles no formato de censos – como os realizados de forma pioneira em Santa Maria de Jetibá (ES) e em Antônio Carlos (SC) –, de diagnósticos sociolinguísticos, que aprofundam as investigações por meio de grupos focais, ou de inventários linguísticos, sobre os quais já falei anteriormente. Nossa metodologia valoriza a autodefinição, presta atenção às nuances na fala dos participantes e entende que cada instrumento de coleta é, ao mesmo tempo, uma ferramenta técnica e uma ação política.
Quando conduzimos os diagnósticos para a instalação do Programa das Escolas Interculturais Bilíngues de Fronteira (PEIBF) ou para o Observatório da Educação na Fronteira (OBEDF), percebemos mudanças de posicionamento nas pessoas ainda durante o processo da pesquisa. Essa transformação é, em si, profundamente política.
Em pesquisas de maior escala, reconhecemos que há condicionantes – de tempo, de recursos – que exigem uma certa objetividade nas perguntas. Porém, é fundamental formar os pesquisadores para compreenderem as condições históricas que atravessam a interação com os entrevistados e, sobretudo, incluir todos os cidadãos e cidadãs no processo, reconhecendo o plurilinguismo não como ameaça ou problema, mas como recurso: uma potência para novas formas de vida, de relação e de conhecimento.
Sobre quais aspectos dessas metodologias poderiam servir de modelo para outros países, acredito que isso depende muito dos objetivos específicos de cada contexto. No entanto, considero que a visão sensível à história social das línguas e de seus falantes possa ser uma inspiração positiva e necessária em qualquer lugar.
Quanto à contribuição dos mapeamentos para políticas públicas mais inclusivas e eficazes, é exatamente para isso que trabalhamos no IPOL. Reconheço, contudo, que esse caminho ainda é percorrido lentamente. Ainda se repetem políticas linguísticas que não alcançaram os objetivos pretendidos e que mereceriam ser reavaliadas a partir de diagnósticos atualizados. Investir em mapeamentos e diagnósticos linguísticos parece ser um passo imprescindível para qualificarmos de fato nossas políticas públicas.
[1] Para as tratativas, fundamentos e diretrizes desse Programa, ver o documento PROGRAMA ESCUELAS INTERCULTURALES BILÍNGÜES DE FRONTERA (PEBF) “Modelo de enseñanza común en escuelas de zona de frontera a partir del desarrollo de un programa para la educación intercultural, con énfasis en la enseñanza del portugués y el español”. MEC. Brasil. http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Escolafronteiras/doc_final.pdf.
[2] Para detalhes, ver o documento “Princípios Teóricos e Pedagógicos e Orientações Metodológicas para Projetos de Ensino em Escolas de Fronteira e para a Formação de Professores”, OEI, 2019.
[3] Portaria nº 798, de 19 de junho de 2012. Institui o Programa Escolas Interculturais de Fronteira, que visa a promover a integração regional por meio da educação intercultural e bilíngue. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 20 jun. 2012. p. 30.
Confira a Parte 1 da entrevista aqui.
Acesse o link: https://geomultling.ufsc.br/vozes-do-multilinguismo-dra-rosangela-morello-ipol-parte-2/#_ftn1