Seminário Diversidade Cultural e Tecnologias: a Economia Criativa em foco
“Seminário Diversidade Cultural e Tecnologias: a Economia Criativa em foco”.
O encontro acontece no dia 21 de outubro e será imperdível para refletir sobre os rumos da economia criativa, seus impactos sociais e como as novas tecnologias vêm transformando o setor cultural. Entre os nomes já confirmados estão: Cláudia Leitão (Secretária de Economia Criativa no MinC); Márcia Rollemberg (Secretária de Cidadania e Diversidade Cultural no MinC); Marília Marton (Secretária da Cultura, Economia e Indústrias Criativas do Estado de São Paulo); Totó Parente (Secretário de Cultura e Economia Criativa da Cidade de São Paulo); e Profª Dra. Lilian Hanania (Universidade Paris Cité). O seminário faz parte das comemorações dos 20 anos da Convenção sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais da UNESCO e será um espaço para debates com especialistas e gestores que pensam a cultura em diferentes escalas.
Saiba mais acessando a programação
MinC e MEC inauguram IX Encontro Ibero-Americano de Redplanes, no Rio de Janeiro
.
Evento reúne representantes de 21 países para discutir políticas de leitura, escrita e oralidade como pilares da democracia e da inclusão social
Rio de Janeiro, reconhecido em 2025 como Capital Mundial do Livro pela Unesco, foi palco da abertura do IX Encontro Ibero-Americano de Redplanes: Leitura, Diversidade e Democracia, nesta segunda-feira (13), no Museu de Arte do Rio (MAR). A cerimônia contou com a presença de Márcio Tavares, secretário-Executivo do MinC e ministro substituto da Cultura.
Márcio Tavares reforçou a importância da leitura como base da democracia e da inclusão social. “Falar de políticas de livro, leitura e literatura é falar sobre construção de cidadania. A leitura é ferramenta essencial para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa, crítica e democrática”.
“No Brasil, temos um compromisso firme e renovado com a democratização do acesso ao livro e à leitura. O nosso Plano Nacional do Livro e Leitura, o PNLL, que se encontra em fase final de construção para o decênio 2025-2035, reflete este compromisso histórico. Queremos garantir que cada vez mais brasileiros e brasileiras tenham acesso a bibliotecas, a livros e a programas de formação de leitores que respeitem e valorizem nossa diversidade cultural”, afirmou Márcio Tavares.
O representante do MinC celebrou ainda o título e Capital Mundial do Livro, concedido pela Unesco à capital carioca: “É a primeira vez que uma cidade de língua portuguesa é reconhecida com esse título”.
O Ministério da Educação (MEC) também apresentou ações em andamento. Anita Stefani, diretora de Apoio à Gestão Educacional do MEC, relembrou que o país conduz o maior programa de distribuição de livros didáticos e literários do mundo, com foco na diversidade e na formação de leitores desde a infância. “A leitura, o livro e a formação de leitores têm papel fundamental desde a alfabetização, desde a educação infantil. A leitura é um direito para ajudar a ler o mundo, a interpretar o mundo e a viver melhor”, salientou.
Para a diretora do Cerlalc, Margarita Cuéllar Barona, o compromisso dos governos com a cultura escrita e oral é essencial para garantir cidadania plena. “A leitura é um direito que permite que se tenha cidadania plena. E isso é democracia”, afirmou. Citando o escritor Paulo Freire, completou: “A leitura, fora da decodificação de signos, nos faz compreender a realidade. E só essa compreensão nos dá o poder de transformá-la. E essa é a nossa missão”.
No âmbito local, o Plano Municipal de Leitura do Rio de Janeiro foi citado como uma iniciativa estruturante, com quatro eixos principais — democratização do acesso, literacidade, indústria do livro e estímulo ao artista. Segundo Henrique Dau,gerente de Livro e Leitura da Secretaria Municipal de Cultura do Rio; a sustentação dessas políticas depende da valorização de iniciativas comunitárias.“A democratização do acesso à leitura depende do apoio às bibliotecas comunitárias. Se nós não apoiarmos essas iniciativas que mudam realidades locais, estaremos fadados ao fracasso. As políticas de leitura são para o cidadão, cujo hábito de leitura queremos estimular”, explicou.
Os discursos também refletiram sobre os desafios contemporâneos que impactam o setor do livro, como as transformações tecnológicas, a inteligência artificial, as brechas sociais e as mudanças climáticas. Alexander Leicht, diretor do Escritório Regional da Unesco para a América Central, México e Colômbia analisou que essas transformações exigem políticas adaptativas e cooperação internacional. “Ter e ver a colaboração internacional em prática de forma concreta é uma grande conquista. O setor do livro e da leitura é afetado pelas mudanças da sociedade — climáticas, tecnológicas e sociais — e precisamos responder a isso”.
Por sua vez, o diretor-geral da OEI, Raphael Callou, destacou a importância de manter o título de Capital Mundial do Livro associado a ações efetivas. “A leitura, a escrita e a oralidade são geradoras de oportunidades de bem-estar e desenvolvimento que beneficiam todos os setores da população. Fortalecer e posicionar o título de Capital Mundial do Livro com iniciativas palpáveis e objetivas, como a que a Redplanes propõe, se materializa neste encontro”, declarou.
Sobre o Encontro Ibero-Americano de Redplanes
O encontro, que se estende até o dia 16, reúne delegações governamentais e especialistas de 21 países para debater os desafios e caminhos comuns das políticas públicas de leitura na Iberoamérica. A iniciativa é promovida pelo Centro Regional para o Fomento do Livro na América Latina e o Caribe (Cerlalc), em parceria com o MinC, o MEC e a OEI, com o objetivo de fortalecer a leitura, a escrita e a oralidade como instrumentos de cidadania e desenvolvimento democrático.
Em um cenário marcado por profundas desigualdades e crise de aprendizagem leitora, o encontro propõe renovar compromissos e estratégias de cooperação regional. Segundo o Cerlalc, a leitura deve ser tratada como um direito fundamental e uma ferramenta de inclusão social, capaz de ampliar o acesso ao conhecimento e reduzir as lacunas culturais e educacionais na região.
Durante os quatro dias de programação, o evento conta com palestras, painéis e debates com nomes de destaque, como Judith Kalman, Eliana Yunes, Altaci Corrêa Rubim, Conceição Evaristo, Roger Chartier e Inés Miret. Também serão lançados estudos e publicações estratégicas sobre políticas públicas e práticas de leitura, entre eles o Estudo Regional sobre Políticas Públicas e Planos Nacionais de Leitura, Escrita, Oralidade e Livro na Iberoamérica, desenvolvido pelo Cerlalc e pela OEI, e o guia “Planos Nacionais de Leitura, Escrita e Oralidade: Um Roteiro de Ação e Renovação para sua Formulação e Implementação”.
O evento marca ainda um momento simbólico para o Brasil, que ocupa a presidência do Conselho do Cerlalc e avança na formulação do novo Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL 2025–2035), a ser sancionado em breve. O plano estabelece metas para democratizar o acesso ao livro e consolidar a leitura como prática cultural e direito de todos os cidadãos.
Confira a programação: Agenda académica IX Encuentro Redplanes
Assista a abertura do evento: https://www.youtube.com/watch?v=9anEwyiHihw
Siga assistindo no canal da OEI https://www.youtube.com/@oeibrasil
Confira a transmissão:
Transmissão e atividades online
O Encontro oferecerá atividades com transmissão ao vivo por meio dos canais no YouTube do Cerlalc, do Ministério da Cultura do Brasil, do Ministério da Educação e da OEI. As atividades são:
Segunda-feira, 13 de outubro, 19:00-20:00, Inauguração e abertura do IX Encontro Ibero-Americano da Redplanes com Márcio Tavares, ministro da Cultura Substituto, Ministério da Cultura do Brasil; Camilo Santana, ministro da Educação do Brasil; Lucas Padilha, secretário de Cultura do Rio de Janeiro; Alexander Leicht, diretor e representante do Escritório Regional da UNESCO para a América Central, México e Colômbia; Margarita Cuéllar Barona, diretora do Cerlalc-UNESCO; e Raphael Callou, diretor-geral de Cultura da OEI.
Terça-feira, 14 de outubro, 9:00 – 10:00, Diálogo de abertura: “O direito à expressão e à leitura como alicerce para o futuro”, com Roger Chartier, Conceição Evaristo e Fabiano dos Santos.
Terça-feira, 14 de outubro, 10:00 – 11:00, painel “Direito à leitura, à escrita e à palavra”, com Eliana Yunes, Daniel Munduruku e Inés Miret.
Quarta-feira, 15 de outubro, 14:00 – 15:00, “Línguas Nativas e Diversidade Linguística na Iberoamérica”, com Vanessa Sagica, Eliel Benites, Alicia Sellés Carot e Andressa Marques.
Quarta-feira, 15 de outubro, 15:00 – 16:00, Mesa Redonda sobre equidade racial e igualdade de gênero, com Danieli Christóvão Balbi, Franciéle Carneiro Garcês, Margarita Cuéllar Barona e Dolores Prades.
Quarta-feira, 15 de outubro, 16:00 – 16:45, palestra principal “Leitura, conhecimento e democracia”, com Roger Chartier.
Quinta-feira, 16 de outubro, 16:30 – 17:15, conferência de encerramento “Leitura, escrita e oralidade, práticas sociais em tempos de crise”, por Judith Kalman.
UNESCO Maputo recebe o Professor Gilvan Muller de Oliveira
.
UNESCO Maputo recebe o Professor Gilvan Muller de Oliveira
O Escritório da UNESCO em Maputo teve a honra de receber o Professor Gilvan Muller de Oliveira, após sua participação no Fórum Lusófono de Governança da Internet. Durante sua visita, o professor reuniu-se com os sectores de Ciências Sociais e Humanas e Ministério da Educação e Cultura – MEC para discutir possíveis colaborações em projetos como o mapeamento de idiomas nos domínios lusófonos, a inclusão de Moçambique no Atlas das Línguas da UNESCO, o fortalecimento da parceria com a Universidade Eduardo Mondlane e o apoio à Conferência de Jovens Investigadores da CPLP 2026.
Curso inédito em curitiba sobre a cooficialização da língua polonesa no brasil!

O objetivo do curso foi capacitar os participantes para promover e efetivar os direitos linguísticos da diáspora polonesa, com foco em ações de cooficialização da língua em municípios com forte presença da comunidade polono-brasileira, em especial no sul do Brasil.
A formação foi organizada pela Associação de Egressos dos Cursos de Letras Polonês da UFPR e pelos Cursos de Letras Polonês da Universidade Federal do Paraná, em parceria com a Sociedade Científica da Universidade Católica de Lublin, com financiamento do Senado da Polônia. O evento teve apoio do Consulado Geral da República Polônia em Curitiba, da Sociedade Polono-Brasileira Marechal Piłsudski e do Grupo Folclórico Wisła.

Durante três dias de atividades intensas, os participantes discutiram:
- Políticas linguísticas e a legislação brasileira
- Identidade cultural e transmissão intergeracional
- História da imigração polonesa no Brasil
- O papel da língua polonesa como patrimônio vivo
- A língua polonesa falada no Brasil.
A abertura do evento contou com a presença do Sr. Wojciech Baczyński, Cônsul-Geral da República da Polônia em Curitiba. O encerramento foi prestigiado pelo Sr. Lourival Araújo Filho, representante do Brasil no Conselho Polônico do Senado da Polônia.
O professor Fabricio Vicroski – coordenador do curso e líder das articulações para a reconhecimento da língua polonesa como oficial em municípios brasileiros -, destaca o ineditismo da iniciativa. “É a primeira vez que um curso do gênero é realizado no Brasil. Também é a primeira vez que a Polônia, através do Senado, apoia ações de cooficialização da língua polonesa no país. Meu desejo é formar um exército de pessoas que promoverão os direitos linguísticos da Polonia brasileira.

Segundo a Professora Sônia Eliane Niewiadomski, responsável pela organização do evento, “o curso foi mais do que uma formação técnica — foi um espaço significativo de diálogo, articulação e construção de políticas linguísticas voltadas à diversidade cultural do Brasil”.
O professor Tomasz Nowicki, coordenador do projeto pelo lado polonês e representante da Sociedade Científica da Universidade Católica de Lublin, destacou a importância de fortalecer e ampliar esse tipo de iniciativa.
“Creio que os projetos que estamos realizando no Brasil continuarão a se desenvolver. Talvez, no próximo ano, possamos ampliá-los territorialmente e organizar oficinas semelhantes em outros estados brasileiros. É possível também que abordemos temas de forma mais aprofundada, especialmente a questão da cooficialização. Pois não se trata apenas de introduzir a língua polonesa na administração das prefeituras brasileiras, mas também de pensar em ações futuras que essa mudança poderá gerar, quando o polonês já for reconhecido oficialmente em determinados municípios. Acredito ainda que existe aqui um amplo espaço para atuação — para mostrar aos líderes da comunidade polônica de que maneira essas oportunidades podem ser melhor aproveitadas.”
Um momento histórico de formação e articulação em defesa da diversidade linguística no Brasil.
Fonte: Associação de Egressos dos Cursos de Letras Polonês da Universidade Federal do Paraná.
Confira a matéria em https://www.polskieradio.pl/399/9815/Artykul/3587685,Curso-inédito-em-curitiba-sobre-a-cooficialização-da-l%C3%ADngua-polonesa-no-brasil
UNPRECEDENTED COURSE ON THE CO-OFFICIALIZATION OF THE POLISH LANGUAGE IN BRAZIL!
UNPRECEDENTED COURSE ON THE CO-OFFICIALIZATION OF THE POLISH LANGUAGE IN BRAZIL!

From September 19 to 21, 2025, the first edition of the course “Co-officialization of the Polish Language in Brazil – The Implementation of Brazilian Legislation” was held in Curitiba.
The goal of the course was to train participants to promote and implement the linguistic rights of the Polish diaspora, focusing on co-officialization initiatives in municipalities with a strong Polish-Brazilian community presence.
Participants came from various municipalities in the southern states of Brazil, including: Campina Grande do Sul/PR, Cruz Machado/PR, Curitiba/PR, Erechim/RS, Irati/PR, Joinville/SC, Mallet/PR, Nova Prata/RS, Pinhais/PR, Santo Antônio do Palma/RS, São Mateus do Sul/PR, Treze Tílias/SC, União da Vitória/PR, and Virmond/PR.
The training was organized by the Association of Alumni of the Polish Language and Literature Program at UFPR and the Polish Language and Literature Program at the Federal University of Paraná, in partnership with the Scientific Society of the Catholic University of Lublin, with funding from the Senate of Poland. The event was supported by the Consulate General of the Republic of Poland in Curitiba, the Polish-Brazilian Society Marshal Piłsudski, and the Wisła Folkloric Group.Over three days of intense activities, participants discussed:
● Language policies and Brazilian legislation
● Cultural identity and intergenerational transmission
● History of Polish immigration to Brazil
● The role of the Polish language as a living heritage
● The Polish language spoken in Brazil
The event’s opening was attended by Mr. Wojciech Baczyński, Consul General of the Republic of Poland in Curitiba. The closing ceremony was honored by Mr. Lourival Araújo Filho, Brazil’s representative on the Polish Council of the Senate of Poland.
Teaching team
• Dr. Fabricio J. Nazzari Vicroski (Coordinator in Brazil)
• Dr. hab. Tomasz Nowicki (Coordinator in Poland)
• Ma. Sônia Eliane Niewiadomski (Organizer)
• Dr. Rosângela Morello
• Dr. Eduardo Nadalin
• Dr. Rhuan Zaleski Trindade
The event was more than just technical training — it was a meaningful space for dialogue, coordination, and the building of language policies aimed at Brazil’s cultural diversity.A historic moment of training and coordination in defense of linguistic diversity in Brazil!
For more information:
. The Polish language in Brazil builds bonds – https://uwr.edu.pl/en/the-polish-language-in-brazil-builds-bonds/
. Polish made official language in Brazilian town founded by Poles – https://notesfrompoland.com/2022/08/01/polish-made-official-language-in-brazilian-town-founded-by-poles/
. How Polish became one of Brazil’s official languages – https://www.polskieradio.pl/395/7785/artykul/3398988,how-polish-became-one-of-brazils-official-languages
. Polish is now the official language in Brazil – https://polanddaily24.com/5561-polish-is-now-the-official-language-in-brazil/world-news/11247#goog_rewarded
Cidade mineira reconhece idioma indígena como segunda língua oficial
Reconhecimento busca fortalecer os direitos Maxakali em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, após séculos de luta e resistência
Câmara de Teófilo Otoni define idioma Maxakali como segunda língua da cidade crédito: Mauro Pimentel / AFP
Rafael Silva*
A língua indígena Maxakali foi reconhecida como segundo idioma oficial de Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, a 443,6 quilômetros de Belo Horizonte. Com 137.418 habitantes, segundo o Censo de 2022, o município agora passa a ensinar o idioma nas escolas da rede pública municipal, especialmente nas unidades educacionais existentes nas aldeias da região.
O projeto de lei (PL) 123/2025 é de autoria da vereadora Eliane Moreira (PT) e foi aprovado por seus colegas da Câmara, em segundo turno, nessa segunda-feira (22/9).
A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social de Minas Gerais (Sedese) estima que 500 indígenas Maxakalis façam parte da população de Teófilo Otoni, distribuídos em duas comunidades: Aldeia Escola Floresta e Aldeia Cachoeirinha.
Em nível estadual, a população Maxakali encontra-se distribuída da seguinte forma:
- Aldeia Verde (Ladainha): 55 famílias
- Aldeia Hãm Kutok (Ladainha): 95 famílias
- Aldeia Cachoeirinha (Teófilo Otoni): 10 famílias
- Aldeia Pradinho (Bertópolis): 220 famílias
- Aldeia Água Boa (Santa Helena de Minas): 280 famílias
De acordo com a Sedese, há mais de vinte etnias indígenas em Minas Gerais, dentre elas: Maxakali, Xakriabá, Krenak, Aranã, Mukuriñ, Pataxó, Pataxó hã-hã-hãe, Catu-Awá-Arachás, Kaxixó, Puris, Xukuru-Kariri, Tuxá, Kiriri, Canoeiros, Kamakã-Mongoió, Karajá, Kambiwá, Tikuna, Borum-Kren, Makuni, Guarani e Pankararu.
Juntas, essas etnias somam aproximadamente 30 mil pessoas, pertencentes aos troncos linguísticos Macro-Jê e Tupi-Guarani (Guarani). A língua Maxakali faz parte do tronco linguístico Macro-jê.
O reconhecimento presenteia os Tikmu’un – nome dado ao povo Maxakali – e atesta a língua como um importante elemento cultural teófilo-otonense, conforme o líder Tikmu’un, Isael Maxakali.
“Essa conquista sempre foi um sonho para mim. Estamos há um tempo na luta para ter nossa língua reconhecida. Temos mantido um contato diretamente nos últimos três anos com os políticos da cidade para ter esse direito reconhecido”, diz o indígena.
Primeiros habitantes
A Lei de Diretrizes Básicas da Educação (LDB) de 2008 obriga as escolas a ensinarem a história indígena em sua grade curricular.
Segundo dados do Censo de 2010, o Brasil registrou a existência de 274 línguas indígenas. Os dados do Censo de 2022 sobre o tema ainda não foram divulgados.
O reconhecimento da língua Maxakali busca valorizar, preservar o uso e difundir o idioma. O ensino será ofertado de forma bilíngue – junto ao português – para respeitar os processos de aprendizagem da comunidade indígena.
A iniciativa surgiu da demanda vinda de lideranças Maxakalis, que pediram maior reconhecimento da sua língua e cultura. O projeto de lei foi apresentado pela vereadora Eliane e aprovado nesta semana. Para ela, o reconhecimento melhora a comunicação entre os Maxakalis e toda a comunidade. “Eles foram os primeiros habitantes”, justifica.
O projeto aguarda sanção do Executivo, mas ainda não há prazo. O prefeito Fábio Marinho (PL) diz que apoia a proposta e que realiza acolhimento ao povo indígena com a entrega de cestas básicas, realização de jogos indígenas, entre outros.
Ensino nas escolas
A contratação de duas professoras Maxakalis para apresentar a cultura da etnia aos não indígenas é outra demanda da comunidade. “Penso que a aprovação da lei e essa troca de saberes entre profissionais da educação podem fazer com que o preconceito deixe de existir”, acredita Isael.
Após a sanção do prefeito, as modificações na grade de ensino serão implementadas. Em seguida, a promessa é que as contratações dos professores Maxakalis sejam realizadas. No entanto, não há prazo para o início dos trabalhos das docentes.
O povo indígena também alega sofrer preconceito constantemente na região, o que os impede de acessar espaços e comprar itens básicos do dia a dia, conforme denúncias registradas pelos Maxakalis no Ministério Público (MP). Houve casos de lojistas que se negaram a realizar negócios com os Tikmu’un e até abuso financeiro, quando comerciantes venderam a eles pacotes de arroz por R$ 50.
A intolerância motivou o Procon-MG a realizar uma ação com os empresários e povos originários da região em junho de 2024, para conscientizar os vendedores de que indígenas e não indígenas têm os mesmos direitos.
A Situação dos Maxakali em outras cidades
Apesar da boa notícia, nem todo Maxakali está contemplado, já que membros da etnia residem em outras cidades mineiras. Lúcio Flávio Maxakali, por exemplo, mora em Santa Helena de Minas, que fica a 194,4 quilômetros de Teófilo Otoni. Por lá, não há nem sinal de quando um reconhecimento do tipo será conquistado pelos indígenas da região.
Mestre pela Faculdade de Educação da UFMG, ele celebra a conquista de seu povo. “Aqui dentro da aldeia ninguém fala português, só Maxakali. No município, não tem projeto similar ao de Teófilo Otoni”, contextualiza. “Vamos correr atrás para ver se a gente consegue ter nossa língua e cultura respeitadas do mesmo jeito”, completa.
Lúcio Flávio foi autor da primeira dissertação de mestrado escrita em língua indígena defendida na UFMG, em maio de 2025. Ele realizou uma apresentação bilíngue, em uma alternância entre português e Maxakali. O pesquisador resgatou a história da escola de sua aldeia e também as violências sofridas pelo seu povo.
A reportagem contatou a câmara e a prefeitura da cidade de Santa Helena de Minas, para saber se há alguma proposta em desenvolvimento, mas não obteve retorno. A vice-prefeita do município, Margarida Maxakali, pertence à comunidade indígena local.
A aldeia onde ele mora recebeu foi contemplada em uma publicação recentemente lançada pela Cemig. O objetivo é incentivar o uso sustentável e seguro da energia nas aldeias de Bertópolis e Santa Helena de Minas. O material foi construído em conjunto com os indígenas, segundo a empresa.
Confira a matéria publicada: https://www.em.com.br/gerais/2025/09/7257309-cidade-mineira-reconhece-idioma-indigena-como-segunda-lingua-oficial.html#google_vignette