Políticas Linguísticas e educação: migrações, fronteiras e deslocamentos

IV Congresso Ibero-Americano de Humanidades, Ciências e Educação

 

Políticas Linguísticas e educação: migrações, fronteiras e deslocamentos é um dos grupos temáticos contemplados na programação do IV Congresso Ibero-Americano de Humanidades, Ciências e Educação, que acontecerá na semana de 23 a 27 de agosto de 2021

O GT dá prioridade às pesquisas que buscam refletir sobre os desafios implicados nas garantias dos direitos linguísticos no Brasil no campo da educação, considerando demandas intrínsecas à diversidade linguística existente no Brasil em confluência com o fluxo migratório recente.
Confira nossa programação e participe!

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XVII CED – Colóquio de Estudos Discursivos

Link da página de inscrição do evento: https://www.even3.com.br/xviiced2021/

Xinjiang garante diversidade de línguas faladas e escritas, diz livro branco

Beijing, 14 jul (Xinhua) — A diversidade de línguas faladas e escritas é garantida na Região Autônoma Uigur de Xinjiang, no noroeste da China, de acordo com um livro branco publicado pelo Departamento de Comunicação do Conselho de Estado na quarta-feira.

Ao mesmo tempo em que garante o direito de aprender e usar o padrão da língua chinesa falada e escrita, todos os grupos étnicos em Xinjiang têm a liberdade de usar e desenvolver suas próprias línguas faladas e escritas, de acordo com o livro branco intitulado “Respeitar e Proteger os Direitos de Todos os Grupos Étnicos em Xinjiang.”

Atualmente, mais de 10 línguas faladas e escritas são usadas entre os grupos étnicos em Xinjiang, segundo o livro branco.

via portuguese.xinhuanet.com 

Na ONU, Nação Guarani realiza denúncia conjunta sobre violações contra seus povos na América Latina

Representantes da Nação Guarani se dirigiram às Nações Unidas durante evento virtual paralelo à 20ª Sessão do Fórum Permanente da ONU sobre Questões Indígenas

Indígena Guarani Mbya do tekoha Pindó Poty, em Porto Alegre, durante retomada de área invadida pela especulação imobiliária. Crédito da foto: Alass Derivas | Deriva Jornalismo

POR ALASS DERIVAS, ESPECIAL PARA A ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO – CIMI

O povo Guarani é um dos maiores das terras baixas da América do Sul, com mais de 280 mil pessoas distribuídas em seis países. Durante a 20ª Sessão do Fórum Permanente de Assuntos Indígenas das Nações Unidas, lideranças das principais organizações Guarani da Argentina, Bolívia, Brasil e Paraguai debateram o tema “Desterritorialização, livre determinação e pandemia, a situação dos direitos humanos dos Povos Guarani na América do Sul”. A atividade foi organizada pelo Conselho Continental da Nação Guarani (CCNAGUA) e contou com o apoio da rede indigenista Guarani nos quatro países.

O debate foi acompanhado por relatores do Alto Comissariado da ONU para Questões Indígenas. A intenção foi alertar a comunidade internacional sobre a situação dos Guarani no continente. Grande parte das 1.600 comunidades Guarani ainda não possui território garantido, o que causa um alto índice de migração para as cidades vizinhas em busca da sobrevivência de suas famílias e do Teko Porã (Bem Viver).

Para Elias Caurey, mediador do evento e integrante do Centro de Pesquisa e Promoção do Campesinato Boliviano (CIPCA), o povo Guarani pode ser a referência do novo mundo que está sendo construído, presente no Uruguai, Venezuela, Argentina, Bolívia, Brasil e Paraguai. Atualmente, 3 milhões de pessoas falam a língua Guarani no continente. Segundo Elias, é o segundo povo indígena mais populoso da América Latina, atrás apenas do Quechua.

Durante a saudação inicial, “evocar o espírito e a energia”, Elias Caurey convidou Getúlio e Alda Kaiowá, da Terra Indígena Reserva de Dourados. Os dois anciões cantaram e dançaram para dar a bênção espiritual aos participantes.

“Uma comitiva do meu povo acabou de regressar de Brasília, semana passada. Precisou se expor ao novo coronavírus para ir até a capital lutar para manter um direito”

O professor da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) Clóvis Bringhenti informou que no Brasil são cerca de 85 mil Guarani, habitantes do Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A maioria são crianças e jovens de até 25 anos. “O que traz vitalidade e esperança no seguir sendo guarani”, comenta Clóvis.

De 350 comunidades, grande parte segue sem garantia legal, sem demarcação. Apesar da determinação legal de que as terras Guarani sejam devolvidas, pontua Brighenti, a elite agrária, em conluio com o Estado brasileiro, através de obstáculos judiciais e da violência, não admitem que este povo originário recupere suas terras. Apesar da luta pelos seus direitos, tendo as retomadas como estratégia, em muitos casos o que resta aos Guarani, como consequência dos ataques, é a fome, assassinatos e suicídio.

Indígenas Guarani Kaiowá de Laranjeira Nhanderu, município de Rio Brilhante. Crédito da foto: Thomas Bauer

Mato Grosso do Sul: emergência humanitária

Como no caso dos Guarani e Kaiowá, povo ao qual pertence Otoniel Ricardo. Professor no município de Paranhos, Otoniel relatou o aumento das violações de direitos contra este povo após a eleição de um inimigo declarado dos indígenas, o presidente Jair Bolsonaro.

“Uma comitiva do meu povo acabou de regressar de Brasília, semana passada. Precisou se expor ao novo coronavírus para ir até a capital lutar para manter um direito. Colocamos nosso corpo na luta pelos direitos constitucionais para dizer não a garimpeiros e madeireiros nas nossas terras”, declarou.

Otoniel se refere à luta contra a aprovação do Projeto de Lei (PL) 191, que permitirá, se aprovado, o garimpo em Terras Indígenas. No dia 19 de abril, ocasião em que os Guarani e Kaiowá estavam em Brasília, Bolsonaro convocou lideranças cooptadas para ir à Capital Federal se manifestar a favor do PL. Indígenas contrários, com o apoio do CIMI, se articularam e ocuparam as imediações do Palácio do Planalto para dizer “não à mineração”. 

Segundo Otoniel, o PL 191 é um de mais de dez instrumentos de morte que atualmente ameaçam as demarcações para beneficiar o agronegócio e os monocultivos de soja, cana e milho. O principal destes instrumentos é o marco temporal, tese inconstitucional que visa restringir o direito à terra aos povos que estavam sobre elas em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal.

Celso Japoty Alves, líder do povo Awá Guarani, educador e integrante da Comissão Guarani Yvyrupa (CGY), explica que os indígenas no Paraná tiveram territórios alagados com a construção da Itaipu Binacional

A esta tese se contrapõe o Indigenato, uma tradição legislativa que vem desde o período colonial e que reconhece o direito dos povos indígenas sobre suas terras como um direito originário – ou seja, anterior ao próprio Estado. A Constituição Federal de 1988 segue essa tradição e garante aos indígenas “os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam”.

“Por isso é importante a ONU entender nossa situação. A violência segue cercando nosso território”. Otoniel relata, como exemplo, os ataques às retomadas de áreas limítrofes à Reserva de Dourados, onde indígenas chegaram a sofrer tortura e os acampamentos atentados, sobretudo nos últimos três anos.

Além da luta pela terra, Otoniel reforça ainda que é preciso denunciar Bolsonaro na condução do combate à pandemia. A ausência de planejamento do governo federal e a falta de estrutura já anterior deixaram comunidades sem água, sem saneamento básico e sem assistência. Condição que sabotou as estratégias de autoproteção das comunidades. “Isso a gente chama de genocídio”, desabafa Otoniel, que relata a morte de lideranças, anciões, rezadores. “Nossa resposta será sempre a solidariedade, a luta, a resistência”.

Velório das duas meninas indígenas Guarani Mbya atropeladas na BR-116. Rio Grande do Sul, Brasil. Foto: Pablo Albarenga

 

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XLI Congresso da Sociedade Brasileira de Computação CSBC

De 18 a 23 de julho, 2021 ocorrera o XLI Congresso da Sociedade Brasileira de Computação CSBC, com sede em Florianópolis. O Evento ocorrerá online. Entre os vários eventos destaca-se o SECOMU – Seminário de Computação na Universidade  com três painéis:
– “Falta de privacidade e controle comportamental numa economia de vigilância: Outro mundo é possível?” na segunda feira 19 de julho às 14h00
– “Transformação digital e quarta revolução industrial: desafios tecnológicos, impactos econômicos e sociais” na terça feira 20 de julho às 14h00
– “Educação presencial ou online: limites, vantagens e desafios” na quarta feira 21 de julho às 14h00
Os painéis poderão ser assistidos pelos inscritos no CSBC e em canal YouTube em endereço a ser divulgado mais próximo do evento.

 

Sik Lee Dennig quer salvar o cantonês e nem a saída de Stanford a vai afastar do caminho

Sik Lee Dennig

 

A única professora de cantonês na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, não viu este ano o contrato renovado, alegadamente devido a cortes orçamentais decorrentes da pandemia. Racismo e a marginalização de línguas minoritárias são razões apontadas por Sik Lee Dennig para o fim do currículo que tem vindo a desenhar desde finais dos anos 1990. Em mãos, a professora de Hong Kong tem já um projecto para a salvaguarda do idioma.

Catarina Domingues

Devia chamar-se ‘Jasmim’, mas acabou registada como ‘Lótus’. Um erro da mãe, do funcionário da conservatória ou dos dois, que comunicavam em diferentes línguas: cantonês e xangainês. Sik Lee Dennig só descobriu vários anos mais tarde, ao resgatar o certificado de nascimento para os exames escolares, que a responsável pela sua graça era, afinal, a flor de lótus.

A académica, professora na Universidade de Stanford, foi sempre migrante, mesmo na terra onde nasceu. Natural de Hong Kong, com vida feita entre a comunidade do leste da China – a família é de Ningbo – cresceu a falar xangainês e mandarim. A língua dominante da então colónia britânica, o cantonês, chegou apenas com a instrução formal, nos primeiros anos de escolaridade, e o inglês, que começou a leccionar após o secundário, levou-a, em 1981, à migração efectiva.

Partiu para a América do Norte: no Canadá, licenciou-se pela Universidade de Alberta; nos Estados Unidos, completou o doutoramento em Educação e Linguística por Stanford, para depois descer no mapa até à Universidade East Carolina, em Greenville, onde deu aulas e se viu no âmago da “muito estereotipada” ‘American South’, região sudeste e centro-sul da nação. “Parecia que tinha ido para outro país”, conta. “Havia racismo? Sim, havia, mas esta experiência esmagadora foi positiva”. Pelo caminho, passou ainda pelo Japão, onde aprendeu ‘ikebana, leccionou na Universidade de Tsukuba, em Ibaraki, e voltou a desconstruir barreiras e estereótipos – “existe a ideia de que os alunos japoneses são todos muito bem-comportados”.

A discriminação, nota, foi permanente neste percurso, que a levou de volta a Stanford, em 1997, onde criou o primeiro currículo formal de cantonês. A partir de Agosto, e após mais de duas décadas naquela universidade, Sik Lee Dennig abandona a instituição, alegadamente por cortes orçamentais decorrentes da pandemia.

Em entrevista ao PONTO FINAL, a professora fala sobre a importância da continuidade do ensino do cantonês, um idioma que considera marginalizado num momento de ascensão do mandarim. “O cérebro é perfeitamente capaz de lidar com mais do que uma língua”, nota Sik Lee, ela que optou por carregar até aos dias de hoje as duas versões do nome do meio no certificado de nascimento: numa chama-se ‘Lótus’, noutra ‘Jasmim’.

Stanford não renovou o seu contrato. Que justificação lhe foi dada?

No início, não entendi a razão, fiquei muito chocada e pensei que se devia aos cortes no orçamento. Tinha de se dividir o mal pelas aldeias e preparei-me para me suspenderem uma turma, mas, na verdade, nunca pensei que não renovassem o contrato. Sou a única professora [de cantonês] e a não renovação implica a eliminação do currículo. Mais tarde, a directora do Centro de Línguas disse-me que, dependendo do interesse dos alunos ou do dinheiro, talvez fosse possível oferecer um curso trimestral. Quando disse aos meus alunos, claro que ficaram abalados, tal como eu. Há aqui uma sensação de traição. Como se atrevem a virar-me as costas, eu que sou antiga aluna de Stanford, fiz aqui o meu doutoramento e dediquei 20 anos a construir este currículo? Não fui consultada, não houve debate nem com o coordenador de língua chinesa, que também ficou surpreendido.

Não acredita que seja apenas para salvar o orçamento?

Não, se fosse só por isso não se destinava apenas a certas línguas.

Nasceu a campanha ‘Save Cantonese at Stanford’, que defende a importância de línguas minoritárias como o cantonês, num momento de tensão política e ódio contra os asiáticos.

Diria que [uma das razões da decisão de Stanford] prende-se com racismo, consciente ou não consciente. Há anos que digo a uma das directoras associadas do Centro de Línguas que o cantonês, o mandarim, o xangainês e todos estes idiomas [chineses] são línguas regionais com uma história única e combinação de factores linguísticos ímpares. Não consegui fazer com que ela entendesse. Dou-lhe um exemplo: há dois ou três anos, na celebração do Dia Internacional da Língua Materna, preparámos no centro uma série de artigos para apresentar as nossas línguas. Fiquei contente porque o cantonês foi seleccionado. Estabeleceu-se, então, uma comissão para supervisionar estes grupos de línguas e a pessoa em causa pediu a um colega branco – que ensina uma língua europeia – para supervisionar a série de línguas asiáticas. Isto diz-nos muito sobre a mentalidade. Nós somos insignificantes, não somos importantes, basta observar as línguas onde houve cortes: cantonês, vietnamita, filipino. Eles vêem-nas como línguas marginais.

Em Victoria Park, Hong Kong, em 1980

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