Conhecimento dos Povos Indígenas é essencial nas políticas climáticas
Relatório destaca como o reconhecimento dos sistemas de conhecimento dos Povos Indígenas e das comunidades locais pode fazer mais para lidar com as mudanças climáticas do que muitas abordagens atuais
Também defende a garantia da inclusão plena e equitativa dos Povos Indígenas e das comunidades locais nos processos políticos.
University of East Anglia (UEA)*
O relatório , publicado como um white paper, foi produzido por uma equipe internacional de 12 autores liderada pelo professor Ben Orlove da Universidade de Columbia nos EUA, e incluindo o Dr. Victoria Reyes-García da Instituição Catalã de Pesquisa e Estudos Avançados (ICREA) e Instituto de Ciências e Tecnologia Ambientais da Universidade Autônoma de Barcelona (ICTA-UAB), na Espanha. A equipe também incluiu cinco estudiosos indígenas.
Copatrocinado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios, o documento foi uma resposta aos crescentes pedidos de atenção internacional. à cultura na ciência e política das mudanças climáticas.
Supõe-se frequentemente que as respostas às mudanças climáticas devem envolver novas tecnologias ou mudanças comportamentais impulsionadas por governos e grandes empresas. No entanto, os autores baseiam-se em diversas literaturas e estudos de caso para ilustrar por que o reconhecimento dos sistemas de conhecimento dos Povos Indígenas e das comunidades locais acrescentaria muito às abordagens científicas ocidentais e representaria uma mudança transformadora necessária dos atuais esforços de cima para baixo.
Esse conhecimento, detido pelos 400 milhões de Povos Indígenas do mundo, além de muitas comunidades tradicionais locais, traz formas alternativas de compreensão e formas comprovadas, de baixo para cima, de abordar problemas globais complexos, como mudanças climáticas e perda de biodiversidade.
Vem aí!!! Jornada de mobilização da década internacional das línguas indígenas
Dia Internacional da Língua Materna: a aliança com a tecnologia
O Dia Internacional da Língua Materna é celebrado por iniciativa do Bangladesh, tendo sido aprovado na Conferência Geral da UNESCO de 1999, e é observado mundialmente desde 2000.
Para a UNESCO, a celebração das línguas maternas reflete a importância da diversidade cultural e linguística, que são componentes essenciais para sociedades sustentáveis em todo o mundo.
A preservação das diferenças de culturas e línguas, que fomentam a tolerância e o respeito entre seres humanos, é uma das componentes fundamentais do trabalho da agência das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, principalmente devido à diversidade linguística estar cada vez mais ameaçada e a certas línguas estarem a extinguir-se, gradualmente.

É importante sublinhar que 40% da população não tem acesso a uma educação numa língua que fala ou compreende. Por isso mesmo, estão a ser feitos esforços por melhorar os sistemas educativos, tornando-os multilinguística com base na língua materna dos estudantes, para que ninguém seja deixado para trás e para que seja mais inclusivo e alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Há muitas línguas maternas em risco de extinção, ao contrário do Português, que conta com mais de 220 milhões de falantes e, inclusivamente, é a 7ª língua do mundo mais falada por pessoas nativas, enquanto língua materna. Neste aspeto, é importante relembrar a relevância de celebrar cada uma das línguas do mundo, tal como a importância das mesmas para a transmissão e preservação dos conhecimentos e culturas tradicionais de uma forma sustentável.
O tema do Dia Internacional da Língua Materna de 2022 é a “Utilização da tecnologia para a aprendizagem multilinguística: Desafios e oportunidades”, em que se explorará o papel da tecnologia para a melhoria e a expansão de uma educação multilinguística e para o apoio do desenvolvimento de um ensino e aprendizagem de qualidade para todos.

A tecnologia abre novas portas e possibilidades, porque tem a capacidade de acelerar os esforços no sentido de garantir oportunidades de aprendizagem ao longo da vida equitativas e inclusivas para todos.
“A tecnologia pode fornecer novas ferramentas para proteger a diversidade linguística. Por exemplo, por via de instrumentos que facilitem a sua divulgação e análise, que nos permitam registar e preservar línguas, que por vezes só existem nas suas formas orais. Simplificando isto, a tecnologia permite que os dialetos locais se tornem em património comum. Contudo, como a Internet [também] representa um risco de uniformização linguística, devemos estar conscientes de que o progresso tecnológico só servirá o plurilinguismo enquanto nos esforçarmos por assegurar que o faça”, declara a diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay, por ocasião do Dia Internacional da Língua Materna.
O encerramento de escolas, devido à pandemia da covid-19, veio alargar o uso de soluções de base tecnológica para manter a continuidade da aprendizagem, em muitos países do mundo. No entanto, verificou-se uma falta de igualdade no acesso ao equipamento necessário, à Internet, a materiais acessíveis, a conteúdos adaptados e ao apoio humano, que são componentes necessárias para que o ensino à distância seja possível e eficiente. Esta crise sanitária criou a oportunidade de se testar o uso de tecnologia na educação, demonstrando as suas limitações, mas também reconhecendo o seu potencial.
É essencial que se melhore o paradigma atual e que se o transforme num que seja mais inclusivo e multilinguístico, para respeitar as diferentes línguas maternas existentes no mundo.
Para celebrar este dia internacional, a UNESCO organizou um evento on-line, sobre o qual poderá saber mais aqui.
Mondiacult 2022: UNESCO abre a Consulta Regional para a América Latina e o Caribe
A Consulta faz parte das ações da Conferência Mundial da UNESCO sobre Políticas Culturais e Desenvolvimento Sustentável, a ser realizada dias 14 e 15/02. Participarão Estados-membros da UNESCO, atores, organizações intergovernamentais e sociedade civil
A Conferência Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) sobre Políticas Culturais e Desenvolvimento Sustentável –MONDIACULT 2022– caminha para seu evento principal, que acontecerá na Cidade do México de 28 a 30 de setembro de 2022. Nesse contexto, a Consulta Regional para a América Latina e o Caribe, organizada pela UNESCO e com a participação de 37 países da região, Organizações Não-Governamentais, Governo e Sociedade Civil, academia e outros atores, será realizada virtualmente nos dias 14 e 15 de fevereiro. A Consulta tem os seguintes objetivos:
- Captar tendências nacionais e regionais nas políticas culturais, especialmente apontando as áreas que podem exigir revisão ou adaptação.
- Identificar caminhos de reflexão sobre os desafios e oportunidades para as políticas culturais em toda a região, especialmente em relação às prioridades específicas para o desenvolvimento sustentável em nível regional, em linha com os resultados dos estudos regionais realizados para o Fórum de Ministros da Cultura de 2019.
- Apoiar a inclusão da cultura nos processos regionais.
- Preparar o caminho para a identificação de um conjunto focado de prioridades que possam informar a declaração final do MONDIACULT.
A Consulta Regional contribuirá para aprofundar a reflexão sobre a cultura como um bem público e social, assim como um espaço constituído por um sistema de direitos universais. No total, cinco consultas regionais serão realizadas em todo o mundo. O encontro focado na América Latina e no Caribe contará com a participação de Estados-membros da UNESCO e Estados associados da região, organizações intergovernamentais de cooperação regional, além de organizações não-governamentais e da sociedade civil.
No primeiro dia, o protocolo da sessão de abertura será presidido pelo diretor-geral adjunto de Cultura da Organização, sr. Ernesto Ottone, e pelo secretário de Cultura do México, na qualidade de presidente da Mesa Consultiva. Posteriormente, serão quatro mesas temáticas sobre cultura para a paz; apoio à diversidade cultural e linguística para os direitos individuais e coletivos; defesa do patrimônio cultural para maior cooperação internacional, solidariedade e proteção, e acesso aos direitos culturais e liberdade criativa.
O segundo dia será focado nas experiências das organizações intergovernamentais de cooperação regional, organizações não-governamentais e sociedade civil, que abordarão os mesmos quatro temas do dia anterior, mas sob sua própria perspectiva. Além disso, será organizada uma mesa sobre os desafios e oportunidades das políticas culturais no âmbito da cooperação regional.
Os resultados, conclusões, interesses, prioridades e recomendações obtidos em cada uma das Consultas Regionais serão parte fundamental da preparação da Conferência Mundial da UNESCO sobre Políticas Culturais – MONDIACULT 2022.
A primeira Conferência Mundial deste tipo foi realizada no México em 1982. O MONDIACULT 2022 faz parte das ações de articulação da cultura com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, aproveitando a implementação de estratégias, objetivos, indicadores e metas comuns onde a cultura pode ser reconhecida em termos de desenvolvimento econômico e social e é utilizada como parte de sistemas sustentáveis de governança cultural, que entendem a cultura como um direito humano e um gatilho para o desenvolvimento humano, com base nos quatro pilares da sustentabilidade: meio ambiente, economia, sociedade e cultura.
2022 começa com a Década Internacional das Línguas Indígenas
Brasil possui hoje cerca de 180 línguas indígenas, sendo 75% delas faladas por povos de até 100 pessoas
“Em Rondônia, por exemplo, temos de 3 a 4 línguas faladas por grupos de 4 pessoas, ou seja, com alto risco de extinção. Mas com o fim da língua, se perde também a cultura e o modo de ver o mundo daquele povo”, finaliza o especialista.
VIA O Tarde Nacional – Amazônia que vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 13h às 15h, na Rádio Nacional da Amazônia. A apresentação é de Juliana Maya.
Década Internacional de Línguas Indígenas
UNESCO lança consultas mundiais sobre a preparação do Plano de Ação Global da Década Internacional das Línguas Indígenas (IDIL 2022 – 2032).

A UNESCO está lançando uma pesquisa online para a preparação do Plano de Ação Global da Década Internacional das Línguas Indígenas (IDIL 2022-2032). Todas as partes interessadas são convidadas a enviar seus comentários até 1º de abril de 2021.
A pesquisa online, disponível em inglês, francês e espanhol, facilitará um processo consultivo global para a elaboração do Plano de Ação Global e definirá um caminho para uma década de ação para as línguas indígenas e seus usuários.
A preparação do Plano de Ação Global para o IDIL2022-2032 é uma resposta imediata à implementação da Resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas (A / RES / 74/135). O IDIL2022-2032 é um dos principais resultados do Ano Internacional das Línguas Indígenas 2019 (IYIL2019).
Um dos primeiros passos do processo preparatório para a organização da Década Internacional é a preparação de um Plano de Ação Global para assegurar a cooperação internacional e uma ação conjunta e bem coordenada a todos os níveis. O IDIL2022-2032 é uma oportunidade única para aumentar a conscientização sobre a importância das línguas indígenas para o desenvolvimento sustentável, construção da paz e reconciliação em nossas sociedades, bem como para mobilizar partes interessadas e recursos em todo o mundo para apoiar e promover as línguas indígenas em todo o mundo.
A pesquisa online está estruturada em várias seções, a saber:
Introdução
Abordagem estratégica
Estrutura de orientação
Diretrizes de implementação
Monitoramento e avaliação
Sustentabilidade financeira
Consultas regionais
Plano de Ação Global
A pesquisa online foi preparada com base na Declaração de Los Pinos [Chapoltepek] e contribuições recebidas do Grupo Ad-hoc para a Preparação do Plano de Ação Global para a Década Internacional das Línguas Indígenas (IDIL2022-2032) que inclui especialistas indígenas e representantes de diferentes regiões, e os membros do Comitê Diretor para o acompanhamento do IYIL2019.
A UNESCO, como agência líder da ONU para o IDIL2022-2032, também facilitará a organização de outras reuniões consultivas regionais e temáticas no final de 2020 e ao longo de 2021, a fim de identificar considerações específicas que podem ser incluídas nos planos ao longo da década. Após as consultas, uma versão final do Plano de Ação Global deve ser apresentada nas próximas sessões do Fórum Permanente das Nações Unidas sobre Questões Indígenas (2021 e 2022) e na reunião dos órgãos de governo da UNESCO em 2021.
Faça parte do planejamento estratégico, compartilhando suas ideias para a preparação do Plano de Ação Global para o IDIL2022-2032!
Fonte: ONU
Tradução Acácio Banja
VIA pravda