Crioulos de base portuguesa na Ásia em destaque em conferência internacional em Macau
O Departamento de Português da Universidade de Macau (UM) vai realizar, nos próximos dias 14 e 15, uma conferência internacional sobre multilinguismo, com os crioulos de base portuguesa da Ásia a figurarem entre os destaques do programa
A segunda conferência internacional ‘Línguas em Contacto na Ásia e no Pacífico’ tem como principal objetivo “promover o intercâmbio de conhecimentos da investigação multidisciplinar no campo do contacto entre línguas e multilinguismo” e abrir “espaço de diálogo entre académicos e membros da comunidade em geral, envolvidos na preservação de línguas minoritárias em contextos multilinguísticos”, de acordo com um comunicado divulgado hoje pela UM. Continue lendo
Revista Platô discute Políticas Linguísticas na Guiné Equatorial
Acaba de ser lançado o Volume 3 – Número 6/2016 da Revista digital Platô – Revista do Instituto Internacional de Língua Portuguesa, que discute ” Políticas Linguísticas na Guiné Equatorial”. O número foi organizado pelas pesquisadoras Rosângela Morello e Susana Castillo-Rodriguez.
Na apresentação do Número, Rosângela Morello sintetiza os principais temas discutidos:
“No primeiro artigo La colonización lingüística de España en Guinea Ecuatorial, que abre o número, Susana Castillo Rodríguez apresenta um panorama da colonização linguística empreendida pela Espanha nos territórios que atualmente formam a Guiné Equatorial. Adotando uma perspectiva histórica, a autora caracteriza a atual situação linguística do país e argumenta que o imperialismo linguístico espanhol, articulando as ideologias da espanholidade, no início, e mais tarde a da hispanidade, é marcado por três momentos: a batalha contra o inglês, o monopólio do espanhol, língua colonial, como língua oficial e a obliteração das línguas nativas.
No texto seguinte, O estatuto do pichi na Guiné Equatorial, Kofi Yakpo faz uma análise da relação entre as políticas e as ideologias linguísticas relacionadas ao pichi, o crioulo de base lexical inglesa da Guiné Equatorial e a segunda língua nacional mais amplamente falada do país. Denunciando a ausência de políticas governamentais de apoio e fomento do pichi, o autor demonstra, no entanto, a crescente ampliação das funções dessa língua e a necessidade de questionar os valores negativos que a circundam, advindos dos processos de colonização.
Com o tema La situación lingüística de Guinea Ecuatorial: obstáculos para la implantación de una política lingüística exitosa, Mikel Larre Muñoz sinaliza alguns passos que poderiam ser dados, apresentando seus pontos positivos e negativos, para conceber e implantar uma política linguística integradora, que considere as distintas línguas do país, em especial, as línguas autóctones, de modo a modificar a atual situação.
Em seguida, Justo Bolekia Boleka, em La lengua bubi: ¿desaparición o rehabilitación? detalha os processos de instrumentalização da língua bubi para questionar o fato de que, embora esteja hoje amplamente descrita, essa língua não entrou em nenhum programa de ensino governamental. Para o autor, as investigações sobre o bubi não têm conduzido a políticas linguísticas e educacionais destinadas a promovê-la. Urge, então, segundo Bolekia, reconhecer a “oficialidade territorial” dessa e de outras línguas nacionais e propor programas educativos consistentes e ajustados à realidade multilíngue do país.
Ainda, o texto Os primeiros passos do português no mais novo país lusófono da CPLP, de Emmanuel R. Laureano, constitui um relato circunstanciado das ações voltadas a promoção da língua portuguesa no país. O autor mostra o crescente interesse pela língua portuguesa impulsionado por sua recente oficialização e pelo fato da Guiné Equatorial integrar, desde 2014, a Comunidade de Países de Língua Portuguesa – CPLP.
Por fim, em Políticas linguísticas e multilinguismo: usos e circulação do fá d´ambô nas redes das línguas da Guiné Equatorial, Rosângela Morello apresenta e discute os resultados de um diagnóstico sociolinguístico sobre a língua fá d´ambô, realizado em Malabo e Annobón no âmbito de um protocolo de cooperação técnica assinado entre o Governo da Guiné Equatorial e o Instituto Internacional da Língua Portuguesa(IILP). Considerando a relação histórica entre o fá d´ambô e o português, a autora traça o perfil sociolinguístico de grupos de annoboneses e discute o funcionamento das línguas nas situações pesquisadas, visando a contribuir para gestão do fá d´ambô e demais línguas equatoguineanas.”
Leia a apresentação completa e acesse o número da Revista Platô: http://www.riilp.org/
Fonte: Blogue do IILP e Revista Platô
Bilingues experimentam uma mudança de personalidade quando utilizam diferentes línguas
As pessoas bilíngues têm sido uma fonte de fascínio por anos, com vários estudos revelando que são mais receptivos, tolerantes e com mente mais aberta. No entanto, o impacto de longo alcance do multilinguismo não termina aí, pois uma pesquisa recente sugere que o comportamento e as perspectivas dos bilíngues também mudam de acordo com a linguagem que usam em um determinado momento.
Entre 2001 e 2003, os linguistas Jean-Marc Dawaele e Aneta Pavlenko entrevistaram mais de mil bilíngues sobre o assunto de se sentir uma pessoa diferente quando falam línguas diferentes. Incrivelmente, quase dois terços confirmaram isso, e a maioria dos entrevistados também enfatizou diferentes traços de personalidade e a expressão de emoções alternativas, dependendo da sua escolha de linguagem.
Adair Bonini, do NELA/UFSC, no III CIPLOM/EAPLOM 2016
A entrevista de hoje é do professor e pesquisador Adair Bonini, do Programa de Pós Graduação em Linguística, da Universidade Federal de Santa Catarina.
Prof. Adair Bonini atua no NELA- Núcleo de Estudos em Línguística Aplicada e pesquisa temas relacionados à Educação Linguística, Educação, Linguagem e desdobramentos curriculares e metodológicos para ensino de Língua Portuguesa.
No evento, o Prof. Adair Bonini coordenou mesa redonda que discutiu: Política Curricular para Línguas no Contexto do MERCOSUL.
Durante a entrevista, o Prof. Adair Bonini afirma que CIPLOM/EAPLOM tem um papel importante como evento que busca construir integração no MERCOSUL através das línguas e das manifestações culturais que nelas se expressam.
Mais informações sobre o NELA/UFSC, as linhas de pesquisa e projetos em andamento orientados pelo Prof. Adair Bonini em: http://nela.cce.ufsc.br/
Agradecemos ao Prof. Adair Bonini pela parceria no III CIPLOM/EAPLOM. E que venham mais momentos de integrar Língua e Cultura no MERCOSUL.
Conheça os outros entrevistados clicando aqui.
Fonte: IPOL Comunicação
Políticas de gestão do multilinguismo e integração regional em entrevistas
Nas próximas semanas, às quartas-feiras, compartilharemos uma série de entrevistas realizadas durante o Evento III CIPLOM/EAPLOM, que aconteceu em junho passado, na Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC e tematizou variados aspectos da gestão das línguas do MERCOSUL.
Os entrevistados são professores, pesquisadores, visitantes e palestrantes que apresentaram as ideias debatidas durante o Evento, e fizeram uma breve contextualização sobre suas atividades em relação à promoção da integração e da valorização do multilinguismo global, especialmente no Mercosul.
Para abrir a série de entrevistas, temos a honra de contar com a participação do prof. Gilvan Müller de Oliveira, pesquisador que atua na área das políticas linguísticas e que presidiu a organização do evento.
Assista abaixo e acompanhe.
Fonte: IPOL Comunicação
As línguas na Europa: o que mudará com o “Brexit”?
O que faz falta à Europa é uma abordagem de política linguística que vá além da opção “por defeito” da simples submissão à hegemonia e ao domínio do inglês.
Em segundo lugar, se o papel do inglês não for questionado, o Reino Unido (tal como os anglófonos de outros países) continuará a beneficiar de transferências sem compensação, uma vez que a utilização do inglês no seio da União Europeia (UE) exigirá sempre um investimento muito significativo para aprender esta língua. Tal confere aos falantes nativos, sem qualquer contrapartida, uma vantagem considerável em mercados lucrativos: professores e cursos de línguas, venda de material pedagógico, certificação, etc.
Em terceiro lugar – e sobretudo – o inglês domina em vários outros contextos para além das questões internas da União. Uma vez que a UE tem menos anglófonos nativos, o inglês deveria, no seio interior, ser menos injusto mas os desequilíbrios manter-se-iam fora da UE. A UE não é, nem será nunca, uma ilha distante do resto do mundo, ainda pós-Brexit apenas tenha 6% da população mundial. A globalização só acentua este contraste. Nos planos económico, político e científico, o que conta não é a UE mas o mundo. Mesmo na UE, áreas não relacionadas com o seu funcionamento institucional, como o turismo, a edição científica ou os negócios, manter-se-ão sob uma forte atracção do inglês. Assim sendo, em todo o mundo, os anglófonos continuarão a beneficiar das mesmas vantagens materiais, culturais e simbólicas. Continue lendo