Uma bolsa para escritores estrangeiros em Berlim
Nos últimos anos, a capital da Alemanha voltou a ser lar para inúmeros escritores de fora. Cidade acaba de conceder incentivos a autores de língua estrangeira que nela residem, incluindo uma brasileira.
A Alemanha é o país de Johann Wolfgang von Goethe e Friedrich Schiller. É o país de Heine e Bertolt Brecht. E hoje unem-se a eles os escritores que compartilham oxigênio conosco, mulheres como Monika Rinck e Elke Erb, homens como Rainald Goetz e Jan Kuhlbrodt. E não podemos deixar de pensar naqueles que sequer nasceram no país, mas falam sua língua, como Herta Müller, natural da Romênia e a mais recente ganhadora do Prêmio Nobel em língua alemã.
O que foi mesmo que Fernando Pessoa disse? Que sua pátria era sua língua? E quanto àqueles que dividem a terra de uma nação, são seus cidadãos, mas produzem em outras línguas? Continue lendo
Portugal pode assinar a Carta Europeia de Línguas Minoritárias
A presidente do Comité de Peritos para as Línguas Minoritárias defendeu esta sexta-feira, em Miranda do Douro, no distrito de Bragança, que Portugal reúne as condições necessárias para a assinatura da Carta Europeia de Línguas Minoritárias (CELM).
A croata Vesna Crnic-Grotic falava no encerramento do Encontro Europeu das Línguas Minoritárias, que reuniu naquela cidade transmontana representantes do Conselho da Europa e do Governo português, para uma avaliação das línguas minoritárias em Portugal, trabalhos que hoje terminaram. Continue lendo
O Hunsrüsckisch em Marechal Floriano, Espírito Santo
Por Edenize Ponzo Peres – pesquisadora associada ao IPOL
Nos meses de outubro e novembro de 2016, André Ricardo Kuster Cid, Reni Klippel Machado, Wagner Machado e eu estivemos em Marechal Floriano. O município, localizado na região serrana do Espírito Santo, dista 56 km da capital do estado, Vitória. Marechal Floriano foi colonizado por imigrantes alemães – vindos da Renânia – e também italianos – originários do Vêneto -, embora estes sejam em número menor, que aí chegaram em 1858 segundo registros da Prefeitura Municipal.
Durante as visitas, gravamos entrevistas com as Secretarias de Educação e de Saúde, com funcionários da Câmara de Vereadores e com muitas pessoas da comunidade, na Sede e na zona rural, com o objetivo de descrever um pouco a sócio-história da língua hunsrückisch, falada pelos imigrantes alemães. Segundo os entrevistados, a principal causa da substituição do hunsrückisch pelo português foi o temor dos imigrantes e seus descendentes, causado pela proibição das línguas estrangeiras no Brasil, imposta pelo Governo de Getúlio Vargas, em 1938. Por outro lado, em vários distritos rurais de Marechal Floriano – como Santa Maria, Soído de Baixo e Boa Esperança – constatamos que o hunsrüsckisch ainda é falado, inclusive por jovens. Como exemplo, temos a família do Sr. Cornélio Littig, cujos membros somente conversam na língua ancestral. Assim como eles, há outras famílias na vizinhança que fazem o mesmo.
Também foi possível observar o apreço dos moradores das localidades visitadas pelo hunsrückisch, apesar de alguns terem dúvidas quanto a sua importância e à validade de transmiti-lo às gerações futuras. Exemplo desse apreço é do Sr. Nilson Littig, dono de um bar no distrito de Soído de Baixo. Sr Nilson, falante do hunsrückisch, estava atendendo os seus fregueses em língua portuguesa. Com a nossa chegada, ele passou a conversar em hunsrückisch com o André; as pessoas que estavam no bar e que também conheciam a língua se juntaram a nós, e passamos horas agradáveis falando na língua. Ao final, o proprietário nos informou que, a partir daquele dia, atenderia aos fregueses em português e em hunsrückisch, dependendo do conhecimento ou não da língua. Assim, a inibição inicial e a preocupação em desagradar os monolíngues em português desapareceram.
Por meio das entrevistas realizadas com a população e com as autoridades de Marechal Floriano, pudemos perceber que o município apresenta boas perspectivas para a o trabalho de revitalização e de manutenção do hunsrückisch. Ainda se encontram muitos falantes e a cultura alemã está bastante presente na vida da comunidade. A discriminação e o preconceito que os hunsrückianos sofrem por parte de quem não fala a língua ainda são grandes, mas acreditamos que o esclarecimento e o incentivo são boas armas em favor dessa língua minoritária.
Fonte: Edenize Ponzo Peres/Edição IPOL Comunicação
Publicação do IPHAN aborda Diversidade Linguística no espaço Ibero-Americano
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) acaba de lançar os Anais do Seminário Ibero-Americano da Diversidade Linguística, evento ocorrido no ano de 2014, em Foz do Iguaçu, Paraná. Disponibilizado em meio digital para acesso livre, a publicação apresenta contribuições de pesquisadores, gestores públicos e de representantes das comunidades linguísticas, estando subdividida em três eixos principais.