Línguas de imigração

Crônica de Bessa Freire sobre o Seminário Ibero-Americano da Diversidade Linguística

Prof. Dr. José Ribamar Bessa Freire durante a conferência "Direitos Linguísticos e Línguas Minoritárias" - Facebook Diversidade Linguística

Prof. Dr. José Ribamar Bessa Freire durante a conferência “Direitos Linguísticos e Línguas Minoritárias” – Foto: Facebook Diversidade Linguística.

Cortem a Língua Deles

José Ribamar Bessa Freire

A cada quinze dias acontece uma morte. Dizem que cortam a língua da vítima com requintes de crueldade. O cadáver desaparece misteriosamente sem deixar vestígio. Daqui até o natal haverá mais dois assassinatos em algum lugar do mundo, segundo previsão do investigador irlandês David Crystal, que busca pistas para explicar tantos crimes. Nenhum organismo policial, nacional ou estrangeiro, identificou até hoje os assassinos. Um seminário realizado em Foz do Iguaçu (PR), nesta semana, reuniu autoridades e especialistas da América Latina para discutir, entre outras questões, como evitar essas mortes consideradas crime contra a humanidade.

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Línguas Guarani Mbya, Asurini do Trocará e Talian recebem certificação de Referência Cultural Brasileira em cerimônia

Três línguas são reconhecidas pelo Iphan como Referência Cultural Brasileira

Rosângela Morello, coordenadora geral do IPOL, na entrega do diploma de reconhecimento da língua indígena Guarani Mbya – Foto: Facebook de Maria Ceres Pereira.

As línguas foram apresentadas em encontro ibero-americano que debater políticas públicas para a preservação da diversidade linguística.

Talian, Asurini do Trocará e Guarani Mbya são as primeiras línguas reconhecidas como Referência Cultural Brasileira pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e que agora passam a fazer parte do Inventário Nacional da Diversidade Linguística (INDL), conforme dispõe o Decreto 7387/2010. Essas línguas e os representantes de suas comunidades foram homenageados durante o Seminário Ibero-americano de Diversidade Linguística, que acontece em Foz do Iguaçu (PR), até o dia 20 de novembro.

Na última terça-feira, dia 18, as comunidades receberam da presidenta do Iphan, Jurema Machado, o certificado do registro das línguas, que ocorreu em 09 de setembro de 2014. Segundo ela, este é “de fato o primeiro resultado de uma política que se pretende muito ampla de proteção da diversidade linguística. Esses três primeiros ocorrem porque eram estudos mais adiantados, mas o que se pretende é estender ao maior número possível de línguas, de forma que elas tenham direitos e, enfim, a proteção do Estado.”

talian

Representantes da comunidade falante de Talian recebem o título de referência cultural brasileira das mãos da Sra. Jurema Machado, presidente do Iphan – Foto: Facebook Diversidade Linguística.

O Talian é utilizada por uma parte da comunidade de imigração italiana, na Região Sul do Brasil, sobretudo nos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. A língua é falada desde que os italianos começaram a chegar ao país, no final do século XIX. Há municípios desses estados nos quais o Talian é língua co-oficial. Ou seja, detém relevância tanto quanto a língua portuguesa.

Asurini do Trocará ou Asurini do Tocantins é a língua falada pelo povo indígena Asurini, que vivem as margens do Rio Tocantins, no município de Tucuruí (PA). A língua pertence à família linguística Tupi-Guarani.

Guarani Mbya é uma das três variedades modernas da Língua Guarani, juntamente com o Nhandeva ou Ava Guarani e o Kaiowa. A língua Guarani Mbya é uma das línguas indígenas faladas no Brasil, ocupando uma grande faixa do litoral que vai do Espírito Santo ao Rio Grande do Sul, além da fronteira entre Brasil, Bolívia, Paraguai e Argentina. Os Guarani representam uma das maiores populações indígenas do Brasil. Estão distribuídos por diversas comunidades.

Asurini do Tocantins na cerimônia de titulação de sua língua - Foto: Facebook Diversidade Linguística.

Asurini do Tocantins na cerimônia de titulação de sua língua – Foto: Facebook Diversidade Linguística.

Seminário Ibero-americano de Diversidade Linguística
O evento vai discutir políticas públicas para a preservação e promoção da diversidade linguística dos países Ibero-americanos. O objetivo do encontro é possibilitar a reflexão sobre as experiências e iniciativas desenvolvidas pelos países, como a política brasileira para a diversidade linguística, além de propiciar um espaço de levantamento, sistematização e análise de experiências e iniciativas voltadas à promoção do espanhol e do português como segundas línguas dos países Ibero-americanos, assim como nos Estados Unidos, Canadá, Caribe e África Lusófona.

Durante o Seminário vão ocorrer ainda os seguintes eventos: Encontro de Autoridades Ibero-Americanas sobre Políticas Públicas para a Diversidade Linguística, reunindo representantes de todos os países que integram a comunidade ibero-americana, e o Fórum Línguas, Culturas e Sociedades, organizado pela Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA).

O evento é uma parceria do Iphan e do Ministério da Cultura com a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA). Essa é primeira edição do encontro. A cidade de Foz do Iguaçu foi escolhida para sediar o evento por estar na fronteira do território linguístico do português, espanhol e das línguas minoritárias faladas no espaço ibero-americano.

Guarani na cerimônia de titulação - Foto: Facebook Diversidade Linguística.

Guarani na cerimônia de titulação – Foto: Facebook Diversidade Linguística.

INDL
Para que uma língua seja reconhecida e passe a fazer parte do Inventário Nacional da Diversidade Linguística (INDL) ela precisa ser falada em território nacional há, pelo menos, três gerações, o marco temporal é em torno de 75 anos. O objetivo do Inventário é associar a expressão linguística à sua comunidade de referência e valorizar a expressão enquanto aspecto relevante do patrimônio cultural brasileiro.

Para fazer é solicitação, é necessário que a comunidade encaminhe o pedido de inclusão no INDL para o Iphan. O pedido é analisado por uma comissão técnica formada por representantes dos seguintes ministérios: Ministério da Cultura, Educação, Ciência Tecnologia e Inovação, Justiça e Planejamento. Se esses representantes decidirem pelo reconhecimento, o processo segue para a sanção da Ministra da Cultura.

Saiba mais sobre a Política da Diversidade Linguística clicando aqui.

Veja, clicando aqui, o certificado de registro da língua Talian

Veja, clicando aqui, o certificado de registro da língua Asurini do Trocará

Veja, clicando aqui, o certificado de registro da língua Guarani Mbya

Serviço:
Seminário Ibero-Americano de Diversidade Linguística
Data: 17 a 20 de novembro de 2014
Local: Foz do Iguaçu (PR)
Informações: http://diversidadelinguistica.cultura.gov.br/

Página Diversidade Linguística no Facebook.

Fonte: Portal do Iphan

Encontro Nacional de Revitalização do Ensino da Língua Ucraniana no Brasil

curitiba-mapaEncontro Nacional de Revitalização do Ensino da Língua Ucraniana no Brasil

Dia 22 de Novembro de 2014 (sábado)
Inicio às 13:00 horas
Rua Augusto Stellfeld, 799 – Curitiba – SUBRAS – Sociedade Ucraniana do Brasil

São convidados todos os professores de língua ucraniana, os responsáveis pelo ensino da língua nas universidades e sociedades ucranianas civis e religiosas e os interessados em ampliar o ensino da língua ucraniana .

O objetivo é analisar a atual situação do ensino da língua no Brasil, verificar os projetos existentes, identificar os entraves e apontar linhas de ação para a revitalização do ensino da língua ucraniana no Brasil.

Confirme a sua presença !

Informações : Representação Central Ucraniano Brasileira
E-mail: rcucranianobrasileira@gmail.com | Fone: (041) 9981 5402

Fonte: Representação Central Ucraniano Brasileira

Moradores da Serra Gaúcha tentam salvar o dialeto talian da extinção

Moradores da Serra Gaúcha tentam salvar o dialeto talian da extinção

Os adultos da família Isotton se comunicam em dialeto, mas as crianças, apesar de entenderem, resistem em falar.

Os adultos da família Isotton se comunicam em dialeto, mas as crianças, apesar de entenderem, resistem em falar.

O reconhecimento da língua como Patrimônio Imaterial do país traz a esperança de que ela renasça do declínio

Por Luísa Martins

Fotos: Anderson Fetter/Agencia RBS

Ainda gritado pelos nonos e nonas mas cada vez mais ausente do repertório das crianças, o dialeto talian, falado por mais de 500 mil descendentes da imigração italiana ao Brasil, está prestes a ser promovido ao status de idioma. No próximo dia 18, um certificado expedido pelo Ministério da Cultura (MinC) vai classificá-lo, em um movimento inédito, como Referência Cultural Brasileira —um título que sinaliza o percurso contrário ao silêncio e traz a esperança de que a língua, em declínio nas últimas décadas, se salve da morte.

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Libras e Hunsrückisch serão línguas inventariadas no âmbito do INDL

Libras e Hunsrückisch serão línguas inventariadas no âmbito do INDL

iphanO Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) divulgou o resultado da habilitação e avaliação das propostas do Edital de Chamamento Público 004/2014 – Identificação, Apoio e Fomento à diversidade linguística no Brasil – Línguas de Sinais, Línguas de Imigração e Línguas Indígenas.

Entre as propostas aprovadas estão o Inventário da Língua Brasileira de Sinais e o Inventário do Hunsrückisch (hunsriqueano) como língua brasileira de imigração, ambas com parceira do IPOL.

O Inventário da Libras é uma parceria entre o IPOL e a UFSC, e terá por foco a sistematização de dados sociolinguísticos dessa língua utilizando a produção acadêmica e a população envolvida em cursos de formação à distância da UFSC coordenados pelos profs. Ronice Quadros e Tarcisio Leite e uma coleta específica na região da grande Florianópolis.

O Hunsrückisch (hunsriqueano) será desenvolvido pelo IPOL e pela UFRGS, e tem por base o Projeto ALMA, coordenado pelo prof. Cleo Altenhofen, o qual será ampliado desde a perspectiva do Inventário Nacional da Diversidade Linguística (INDL). Além disso, abrangerá novas comunidades linguísticas, especialmente no Espírito Santo.

As pesquisas serão desenvolvidas por pesquisadores do IPOL e das instituições parceiras, em estreito diálogo com as comunidades de falantes, e com o IPHAN. O objetivo é que ambas as línguas sejam reconhecidas como referência cultural brasileira, como está previsto no âmbito da política do INDL.

Para a Coordenadora Geral do IPOL, Drª Rosângela Morello, “a realização desses projetos são importantes ações na direção da implementação do INDL e podem aportar novas contribuições tanto do ponto de vista metodológico quando das articulações políticas seja com os falantes, seja com instâncias do poder público, visando a plena instalação da política do INDL”.

O INDL foi criado pelo Decreto federal nº 7.387, de 09 de dezembro de 2010. De acordo com o relatório do Grupo de Trabalho que instituiu as diretrizes para o INDL,

O Inventário permitirá ao Estado e à sociedade em geral o conhecimento e a divulgação da diversidade linguística do país e seu reconhecimento como patrimônio cultural. Esse reconhecimento e a nomeação das línguas inventariadas como referências culturais brasileiras constituirão atos de efeitos positivos para a formulação e implantação de políticas públicas, para a valorização da diversidade linguística, para o aprendizado dessas línguas pelas novas gerações e para o desenvolvimento do seu uso em novos contextos.

Ao todo foram aprovados seis projetos nas três categorias. Quanto aos projetos propostos pelo IPOL e parceiros, o Libras foi classificado em 1º lugar na categoria Línguas de Sinais e Hunsrückisch foi o único a ser aprovado na categoria Línguas de Imigração.

Para maiores detalhes, baixe aqui o arquivo com o resultado da habilitação e avaliação de propostas do IPHAN.

Seminário no IPOL desvenda histórias da imigração no Brasil

Seminário no IPOL desvenda histórias da imigração no Brasil

Peter Lourenzo, Cíntia Vilanova e Alberto Gonçalves

Peter Lorenzo, Cíntia Vilanova e Alberto Gonçalves

Na sede do IPOL em Florianópolis, realizou-se no dia 02 de outubro o seminário “Histórias da Imigração no Brasil”. Apresentado por Alberto Gonçalves, contou com a presença da coordenadora do IPOL, Rosângela Morello, além de Peter Lorenzo e Cíntia Vilanova. No seminário, apresentou-se um levantamento sobre a heterogeneidade de histórias referentes aos imigrantes europeus e asiáticos no Brasil, abrangendo o recorte temporal desde o início do século XIX até as primeiras décadas do séc. XX.

As informações apresentadas no seminário fomentaram novas questões e encaminhamentos ao projeto “Receitas da Memória, os sabores da imigração em Documentário”, convênio financiado pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – e executado pelo IPOL, através de Edital PNPI/2013.

Alberto Gonçalves e Rosângela Morello

Alberto Gonçalves e Rosângela Morello

O projeto, como seu título indica, prevê a realização de um documentário que abordará o caminho de sabores e memórias da imigração no Estado de Santa Catarina, apresentando ao público brasileiro a história de imigrantes e suas referências identitárias.

A condução do trabalho pretende dar relevância a aspectos da história, da memória e da língua dos imigrantes, tendo como principal fio condutor as receitas culinárias e seus pratos, os ingredientes, sabores e costumes, com o objetivo de contar a história na perspectiva do grupo de imigrante e assim valorizar e legitimar seus saberes e os modos pelos quais se transformaram de geração em geração na interação com outras culturas no Brasil.

 A equipe do projeto “Receitas da Memória, os sabores da imigração em Documentário” procura, desse modo, contribuir para a promoção das comunidades de imigração, dando sustentabilidade às suas práticas culturais e linguísticas.

Para saber mais: Parceria entre IPOL e IPHAN produzirá documentário sobre as memórias de receitas de comunidades de imigração em SC

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