Conheça as palavras africanas que formam nossa cultura
A língua se move e nos ajuda entender melhor de onde viemos
A língua é viva e se move entre cidades, estados, países e continentes. Se move de dentro para fora, pelas bordas, no meio de um rio. Transforma dor em carinho. Tem cor, tem história.
Hoje o Brasil é o país com mais descendentes africanos fora da África – 54% da população é afro-descendente, segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As religiões africanas, por sua vez, foram fundamentais para a perpetuação linguística de diferentes povos. Isso porque o conhecimento dos termos africanos é essencial para integrar-se nessa comunidade, vivenciar seus rituais e se conectar com a própria identidade e ancestralidade. Continue lendo
Educadores criam app que resgata alfabeto angolano
Projeto desenvolvido por professores negros mostra novas práticas educacionais por meio da tecnologia
Para resgatar e exaltar a ancestralidade de povos africanos, os educadores Odara Dèlé, de 29 anos e Edson Pereira, de 31 anos, lançam, no próximo dia 21 de novembro, o aplicativo Alfabantu, voltado ao público infantil, para auxiliar na alfabetização por meio de jogos digitais através da língua falada pelo povo kimbundu. O aplicativo estará disponível, inicialmente, para sistema Android e o download é gratuito.
A cerimônia de lançamento acontece Ação Educativa, com uma mesa sobre “Tecnologias e Línguas Africanas” com participação dos criadores do projeto e de Carlos Machado e Mwalala Kalele. A entrada é gratuita. Continue lendo
Multilingüismo | El Secretario General designa a un Coordinador para el Multilingüismo
El 17 de diciembre de 2015, El Secretario General de las Naciones Unidas ha nombrado a la Sra. Catherine Pollard, originaria de Guyana y Secretaria General Adjunta de la Asamblea General y de Gestión de Conferencias, nueva Coordinadora para el Multilingüismo, en aplicación de la resolución 69/250 de la Asamblea General. En esta función, la Sra. Pollard se encargará de coordinar la aplicación general de la política de multilingüismo en toda la Secretaría.
El mandato del Coordinador, que se detalla en el informe A/71/757 , fue aprobado por la Asamblea General en su resolución 71/328 , relativa al multilingüismo.
Es labor del Coordinador canalizar las cuestiones y preguntas planteadas por los Estados Miembros y las entidades de la Secretaría, facilitar un enfoque del multilingüismo coordinado, consecuente y coherente en la Secretaría e inspirar a todos los departamentos y oficinas iniciando y proponiendo soluciones innovadoras que promuevan una cultura institucional propicia para el multilingüismo.
Continue lendo
A luta de três irmãs que tentam manter vivo idioma que só elas sabem falar
Katrina Esau luta para salvar a vida de sua língua materna.
A idosa sul-africana, de 84 anos, é apenas uma de três pessoas no mundo capazes de falar fluentemente o N|uu, uma das línguas faladas pela comunidade San, também conhecida como Bushmen. Todas as pessoas pertencem à mesma família.
O N|uu é considerado a língua original do sul da África, mas está em uma lista da ONU de idiomas considerados “sob risco de extinção”.
“Quando era pequena, só falava N|uu e ouvia um monte de gente falando-a também. Mas agora isso mudou”, diz Esau, que vive na cidade de Upington, na província sul-africana de Northern Cape.
- Monopoly: como jogo inventado para denunciar os males do capitalismo teve efeito oposto
- Velório online e avatar pós-vida: as startups que querem revolucionar a indústria da morte
Por séculos, os San circularam livremente pela região vivendo da caça e da coleta de vegetais. Hoje, porém, as práticas desapareceram. Seus descendentes dizem que a língua é uma das últimas ligações entre eles e a história de seu povo.
Feira Gastronômica dos Imigrantes – 4ª Edição
A 4ª edição da querida Feira Gastronômica dos Imigrantes chega em setembro! O sol com friozinho promete pra esse dia ser mais lindo ainda! Será mais um encontro de pessoas e culturas onde celebraremos os trânsitos humanos e continuaremos lutando para que sejam livres.
Esta Feira é uma cocriação entre imigrantes e brasileiros que buscam a integração ao proporcionar um espaço tão multicultural. Quando falamos em integração social e troca entre culturas, pensamos que o alimento possilita a melhor maneira de conhecer um pouco mais sobre o outro.
Há um novo mapa da história das línguas bantas (e Angola é importante)
Já não é novidade que os povos bantos percorreram muitos quilómetros ao longo dos tempos. Agora há novos pormenores sobre as suas migrações contadas num artigo na revista Science.
As línguas bantas estão bem presentes no continente africano: cerca de 310 milhões de africanos, a maioria em países da África subsariana, falam estas línguas. Mas se chegaram tão longe é porque há uma história da sua expansão. Um grupo internacional de cientistas, com três portuguesas, quis perceber que caminho percorreram mesmo as línguas bantas há cerca de quatro mil anos para cá. Para isso, seguiram-lhes o rasto através da genética e publicaram o “roteiro” na revista Science. E Angola foi um cenário decisivo neste novo mapa.
As línguas bantas fazem parte da família linguística nigero-congolesa e formam um grupo com mais de 500 línguas. Para tal, tiveram de fazer uma viagem muito longa. A grande jornada das línguas bantas pelo mundo iniciou-se há cerca de quatro mil anos. Nessa altura, os seus falantes viviam na zona ocidental de África, que hoje corresponde à fronteira entre a Nigéria e os Camarões. Depois começaram a espalhar-se para sul, para territórios abaixo da linha do equador.
Quanto aos motivos desta expansão, não são claros: “Não se sabe porquê”, começa por nos dizer Luísa Pereira, geneticista do Instituto de Investigação em Saúde (i3S), da Universidade do Porto e uma das autoras do artigo, que em Portugal também contou com Joana Pereira e Verónica Fernandes, ambas do i3S, e tem como principal autor, Etienne Patin, do Instituto Pasteur, em Paris. “Tinham a vantagem de ser povos agrícolas e ter o domínio da tecnologia do ferro. Está provavelmente relacionado também com o aumento populacional e de novas famílias que precisavam de novos terrenos”, explica.
Avançando mais de dois mil anos: os falantes de línguas bantas migraram então para sul, pelo Gabão até Angola. E como se chegou a estes resultados? “Com recursos às técnicas mais avançadas da genética de populações, os investigadores rastrearam marcas específicas que foram deixadas pelas misturas ocorridas com as populações autóctones durante a migração”, refere um comunicado do i3S, acrescentando que essas marcas podem ser analisadas nas populações actuais. Ao todo, a equipa investigou 2055 indivíduos de 57 populações. De alguns desses indivíduos já tinha dados genéticos e obteve ainda dados genéticos novos de 1318 indivíduos relativos a 35 populações.
Os cientistas observaram então que os falantes de línguas bantas do Leste e do Sul de África tinham mais semelhanças genéticas com as populações de Angola do que entre si, ou com a sua população mais originária, mais a norte (entre a Nigéria e os Camarões). E foi aí que perceberam que os bantos migraram primeiro para sul, através do Gabão até Angola, e que aí ocorreu uma divisão populacional há dois mil anos, com duas ondas migratórias: uma para sul através da costa Oeste, até à África do Sul; e outra para leste para a zona dos grandes lagos, seguindo depois para sul, através da costa Leste, chegando a Moçambique e, por fim, também à África do Sul.
“É esta a novidade do artigo: houve uma separação mais tardia e chegaram a Angola”, refere Luísa Pereira. Este estudo veio confirmar que essa divisão entre as populações bantas não tinha acontecido logo na sua expansão inicial há quatro mil anos.
“Das migrações mais importantes”
A viagem dos falantes de línguas bantas passou ainda para o outro lado do oceano durante o período da escravatura. “Deram assim material genético aos afro-americanos, o que resultou da mistura de várias populações de África [tanto de não bantos como de bantos]”, explica Luísa Pereira, acrescentando que não há dados genéticos disponíveis para o Brasil.
Os afro-americanos do Norte dos Estados Unidos têm 73% de ancestralidade africana e os dos estados do Sul têm 78%, de acordo com o comunicado. Desta ancestralidade africana nos EUA, 13% veio dos actuais Senegal ou Gâmbia (não bantos), 7% da Costa do Marfim e Gana (não bantos), 50% da região à volta do Benim (não bantos) e até 30% da costa ocidental da África Central (bantos), sobretudo de Angola. “Estes dados genéticos são surpreendentemente consistentes com os registos históricos sobre o transporte de escravos”, refere ainda o comunicado.