Português vai ser introduzido no ensino secundário no Zimbabué
O português é uma das línguas estrangeiras que vai integrar o currículo no ensino secundário no Zimbabué, a par do mandarim e do suaíli, anunciaram as autoridades nacionais.
O novo currículo escolar pretende preparar os jovens para a vida e o trabalho num ambiente globalizado, noticiou hoje o jornal The Chronicle.
A novidade foi bem recebida pelos professores do Zimbabué, que consideram que a introdução de línguas estrangeiras vai reforçar as capacidades dos estudantes.
“Temos países vizinhos, como Moçambique, que usam o português como língua oficial de comércio. Queremos que os nossos alunos possam usar estas línguas para que tenham sucesso na procura de oportunidades internacionais”, disse o responsável da Associação de Professores do Zimbabué, Sifiso Ndlovu. Continue lendo
Câmara de Barrancos quer barranquenho reconhecido como língua oficial
A Câmara de Barrancos vai candidatar o falar típico do concelho, o barranquenho, a Património Linguístico Nacional, para poder ser reconhecido como língua oficial, ensinado na escola básica da vila e candidatado a Património da Humanidade.
Depois da classificação como Património Imaterial de Interesse Municipal em 2008, o “próximo passo” é candidatar o barranquenho à classificação de Património Linguístico Nacional, junto do Ministério da Cultura, e “depois, numa outra fase”, à de Património Cultural Imaterial da Humanidade, junto da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), disse hoje à agência Lusa o presidente da Câmara de Barrancos, António Tereno.
O objetivo da classificação como Património Linguístico Nacional é conseguir que o barranquenho seja “reconhecido oficialmente como língua – língua mista, mas língua -, a terceira em Portugal, além do português e do mirandês”, para poder ser ensinado como disciplina na Escola Básica Integrada de Barrancos.
Na ONU, países da Cplp mostram otimismo com futuro da língua portuguesa
Da Redação
Com ONU News em Nova Iorque
O Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na Cplp foi comemorado na noite de quarta-feira, em Nova Iorque, com uma recepção para todas as delegações que servem nas Nações Unidas. Oficialmente, a data é marcada em 5 de maio.
Centenas de pessoas de todos os países que falam português e também de outras nações participaram da festa que reuniu os embaixadores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Cplp, e a chefe de gabinete do secretário-geral, Maria Luiza Ribeiro Viotti, que discursou em nome de António Guterres.
Maria Luiza Ribeiro Viotti citou a admiração de António Guterres pela Cplp. “O secretário-geral nutre grande apreço pela Cplp e pelo que representa: uma comunidade que promove a aproximação entre países membros, embora geograficamente distantes, compartilham a mesma língua, uma rica cultura e fortes laços históricos e uma histórica tradição muito importante. Espero que a nossa Cplp possa continuar a reforçar as boas relações entre todos seus membros e com o resto do mundo. Isso nos ajudará a avançar com os nosso objetivos comuns de paz, justiça, direitos humanos e dignidade para todos.”
A chefe de gabinete de Guterres falou ainda sobre a ONU News em português. Falando em inglês, ela disse que apesar de o português não ser um dos idiomas oficiais das Nações Unidas, o Departamento de Informação Pública da ONU tem um serviço em português. Ela afirmou que o programa em língua portuguesa atinge milhões de pessoas em todo o mundo com informações sobre as Nações Unidas.
Já o embaixador da Missão Permanente de Portugal junto as Nações Unidas, Álvaro Mendonça e Moura, falou à ONU News sobre a importância do português.
Linguistas lutam para reviver o cristang, dialeto português de mais de 500 anos
Grupo promove cursos e festival para reacender, em Cingapura e na Malásia, o interesse por língua que surgiu da mistura entre português, malaio e chinês; segundo pesquisadores, há apenas algumas poucas centenas de pessoas fluentes.
dois anos atrás, o universitário Kevin Martens Wong, de Cingapura, mal tinha ouvido falar em uma língua falada por ancestrais seus.
O jovem linguista pesquisava línguas em extinção quando se deparou com um livro em cristang, também conhecida como papiá cristang ou português malaká. Ao aprofundar-se no assunto, percebeu que ela era falada por seus avós maternos.
Ele tinha ouvido um pouco de cristang na infância. Mas seus avós não eram fluentes, e sua mãe não falava a língua.
“Eu aprendi mandarim e inglês na escola – e meus pais falam inglês comigo. Então nunca reconheci este lado da minha herança”, disse Wong, que é metade chinês e metade português eurasiano – nome dado em Cingapura e na Malásia aos descendentes dos portugueses que chegaram no século 16 ao então sultanato de Malaca e se misturaram à população local.
Malaca, hoje um Estado da Malásia, tornou-se base estratégica para o comércio dos navegadores portugueses, que também ocuparam enclaves no Japão e na China.
O contato de Portugal com a região terminou na metade do século 17, quando os portugueses foram derrotados pelos holandeses, que tomaram Malaca. No século 18, o controle passou para os britânicos até que, em 1957, a Malásia declarou sua independência.
Cristang – o nome é uma referência a “cristão” – é uma língua crioula, ou seja, surge da mistura de várias outras. No caso, deriva do português, do malaio e tem elementos do chinês, como o mandarim e hokkien (um dialeto asiático).
No século 19, era falada por pelo menos 2 mil pessoas, afirma Wong. Hoje, calcula-se que apenas cerca de 50 em Cingapura e outras poucas centenas espalhadas pela Malásia sejam fluentes.
A principal razão apontada para o declínio é que a comunidade se tornou menos relevante economicamente.
Quando Malásia e Cingapura ainda eram colônias britânicas, muitos portugueses eurasianos encontraram trabalho no serviço público. Com isso, o inglês se tornou mais importante, e muitos começaram a desencorajar seus filhos a falar cristang.
Gociante Patissa: Em Angola línguas nacionais tem um “status” secundário
Política linguística deve ser revista para dar um estatuto as outras línguas nacionais, reivindica escritor e linguista Gociante Patissa. Para ele, promoveu-se o português e descurou-se das outras, promovendo a exclusão.
Autor de vários livros, entre poesia, crónicas e contos, preocupa-se também com a valorização das línguas angolanas. E dá especial atenção ao umbundo, sua língua materna. A língua oficial em Angola é o português, adotada como tal a partir da independência, em 1975. Entretanto, a seu ver, desde então as outras línguas foram sendo marginalizadas. A DW África conversou com Gociante Patissa sobre o assunto.
DW África: É linguista e o seu primeiro prémio deveu-se ao seu empenho na divulgação do Umbundo. Alia sempre a sua formação às suas obras?
Gociante Patissa (GP): É inevitável por um lado. Por outro lado, sou um ser insatisfeito em relação à questão da política linguística em Angola. Penso que criamos um monstro chamado língua portuguesa e descuramos do resto. E às vezes compreendo, penso que houve uma necessidade ao longo dessas décadas de conseguir um equilíbrio enquanto nação, fazendo desse conjunto de nações uma só, já que por detrás da língua há outros fatores. Mas é altura de repensarmos, há pessoas que vão nascer, crescer e morrer sem lhes fazer falta a língua portuguesa. Então, uso as técnicas científicas para ao meu nível promover a minha língua, o que é difícil porque temos ainda o problema da dualidade de grafias. Não entendo porque uma língua tem de ter duas grafias diferentes, vamos falar da colonização e da igreja, mas as línguas são anteriores a colonização e a igreja. O católico e o protestante falam a mesma coisa, mas quando chega a hora de codificar codificam diferente. Isso depois tem como consequência o desencorajamento da produção em línguas nacionais, como é que vão ler?
DW África: Ainda sobre a política linguística em Angola, no que se refere a promoção das outras línguas nacionais o que gostaria de ver melhorado?
GP: Muita coisa, primeiro é a questão da política do Estado e o Estado tem de assumir isso, mais do que tem feito até agora. Sei que há um estudo de harmonização. Em 2012 fui entrevistado por uma jornalista inglesa e soube através dela que tinha sido encomendado um estudo a um académico africano para a harmonização ortográfica das línguas de matriz Bantu. Até hoje, volvidos 20 anos, não se sabe pelo menos o ponto de situação. Depois é a maneira como se olha [para elas], o status secundário que é atribuído as línguas nacionais. O jornalismo, por exemplo, é feito em língua portuguesa, mas quando se fala em jornalismo em línguas nacionais na verdade não é jornalismo, é tradução a quente do texto em português e as deturpações que disso advém. Portanto, é preciso dar as línguas os estatutos que elas merecem. Tem de se fazer muita coisa, estou a reclamar do Estado porque ele é o decisor e quem superintende ao nível macro as políticas. Mas depois há também há questão do cidadão, por exemplo, na rua, eu falo muito bem o umbundo melhor até que o português, se eu saudar uma varredora de rua [em umbundo] ela vai-me automaticamente responder em português, porque ela interpreta que lhe estou a desqualificar. Naturalmente há algumas províncias que dão algumas expetativas, eu gosto de ir ao Humabo, lá há menos complexos do que há em Benguela e em outras províncias, mas ainda assim não satisfaz. É preciso dar um suporte a isso. Por dia a televisão tem cerca de meia hora de noticiário em umbundo, o que é meia hora? É nada.
Ensino do português para as crianças como Língua de Herança: curso online para o Japão
Chega ao Japão um curso online para educadores (pais e professores) e pesquisadores interessados no Português como Língua de Herança (PLH).
O curso que está revolucionando a prática do ensino da língua portuguesa como “herança”, para pais, professores e pesquisadores, já muito divulgado nos Estados Unidos e Europa, chega ao Japão.
É um curso online onde “são abordados temas fundamentais como identidade, diversidade, cultura, imigração, identidade cultural, bilinguismo, conceitos sobre o ensino/aprendizado de línguas, o percurso do português como língua de herança e as especificidades do contexto dos falantes desta língua minoritária. Em suma, o que é, quem são os envolvidos e o porquê do ensino e manutenção de uma língua de herança são temas essenciais dessa fase”, de acordo com a explicação na página web.
Em 2014 Luzia Tanaka, pedagoga, de Sakai (Osaka), participou do curso e encontrou a resposta para o que buscava. “Já vou para o terceiro curso com a criadora e idealizadora. Acho que a gente discute pouco sobre o que ensinar uma língua de herança e precisamos trazer esta discussão para o Japão”, pontua.
Já faz 5 anos que ela está praticando o ensinamento com crianças e adolescentes na sua cidade. “No começo as crianças não queriam estudar o português. Não é só ensinar a língua, mas o fortalecimento da identidade. Depois, elas não querem mais deixar a escola. O trabalho não fica só entre 4 paredes. Fazemos trabalhos com crianças que moram em outros países”, explica. Luzia ganhou um prêmio PLH como professora na primeira turma, por seu trabalho realizado com as crianças brasileiras que vivem no Japão.
“Posso dizer da qualidade e segurança desse método”, enfatiza Luzia. A autora virá para o Japão para finalizar o curso.
O curso tem início em 27 de março e conclusão em 2 de junho deste ano, com um programa de 10 semanas. Luzia reforça: além dos professores das escolas formais, instrutores e pais são bem vindos para se abrirem para um novo aprendizado que traz riqueza e segurança. A inscrição pode ser feita através da página: http://www.brasilemmente.org/programa-de-formaccedilatildeo-plh—japatildeo.html
Para mais informações, falar com Luzia Tanaka coordenadora do Projeto Construir ARTEL de Sakai (Osaka), através do e-mail oficinaarteeducacao@gmail.com.
Assista ao vídeo da idealizadora do curso PLH-Português como Língua de Herança, Felicia Jennings-Winterle.
Fonte: Portal MIE