Câmara de Barrancos quer barranquenho reconhecido como língua oficial

A Câmara de Barrancos vai candidatar o falar típico do concelho, o barranquenho, a Património Linguístico Nacional, para poder ser reconhecido como língua oficial, ensinado na escola básica da vila e candidatado a Património da Humanidade.

Fonte: Internet

Depois da classificação como Património Imaterial de Interesse Municipal em 2008, o “próximo passo” é candidatar o barranquenho à classificação de Património Linguístico Nacional, junto do Ministério da Cultura, e “depois, numa outra fase”, à de Património Cultural Imaterial da Humanidade, junto da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), disse hoje à agência Lusa o presidente da Câmara de Barrancos, António Tereno.

O objetivo da classificação como Património Linguístico Nacional é conseguir que o barranquenho seja “reconhecido oficialmente como língua – língua mista, mas língua -, a terceira em Portugal, além do português e do mirandês”, para poder ser ensinado como disciplina na Escola Básica Integrada de Barrancos.

“O reconhecimento oficial como língua, o estudo e o ensino na escola são as melhores formas de preservar e prolongar o barranquenho na boca das gentes de Barrancos”, defendeu o autarca, que falava à margem do Congresso Internacional “O barranquenho – ponte entre línguas e culturas: passado, presente e futuro”, que decorre hoje em Barrancos.

“Se nada for feito”, alertou, o modo de falar típico das gentes de Barrancos “não vai sobreviver à padronização escolar e ao envelhecimento da população” e “corre o risco de desaparecer nas próximas gerações”.

Segundo o autarca, a candidatura do barranquenho a Património Linguístico Nacional vai ser elaborada pela Câmara de Barrancos com o apoio de três investigadores e será apresentada junto do Ministério da Cultura “logo que estiver concluída”.

Os investigadores que vão apoiar o município na elaboração da candidatura são a filóloga espanhola María Victoria Navas, da Universidade Complutense de Madrid e do Centro de Linguística da Universidade de Lisboa; a professora Filomena Gonçalves, da Universidade de Évora; e o professor Filipe Themudo Barata, titular da Cátedra UNESCO em Património Imaterial e Saber-Fazer Tradicional: Interligar Patrimónios, também da Universidade de Évora.

Por outro lado, uma comissão, constituída por professores e investigadores e liderada por María Victoria Navas, está a atualizar os estudos sobre a história, o vocabulário e a gramática e o município quer criar um centro de documentação e estudo do barranquenho.

Devido a este falar típico, os barranquenhos são considerados “portugueses de manhã e espanhóis à noite”.

O modo de falar barranquenho é a mais notória característica da identidade étnico-cultural do povo de Barrancos, um concelho situado no limite do distrito de Beja e junto à fronteira com Espanha, marcado por uma mistura de costumes e tradições dos dois lados da fronteira.

Em Barrancos lidam-se touros até à morte, cantam-se modas alentejanas e sevilhanas, comem-se açordas e tortilhas e ouve-se falar português na variedade alentejana (a língua oficial), espanhol nas variedades andaluza ou estremenha (sobretudo entre os mais velhos e na literatura oral tradicional) e um misto peculiar destas duas línguas, conhecido como falar barranquenho e maioritário nas bocas das gentes da vila.

Segundo o município, “o barranquenho é o resultado do contacto entre o português meridional (o alentejano) com fortes traços das variedades meridionais espanholas (andaluzas e estremenhas)”.

A origem do barranquenho estará ligada aos assentamentos de súbditos do reino de Castela na Idade Média à volta do Castelo de Noudar, atualmente situado no concelho de Barrancos.

A permanência daquela ‘fala mista’ “talvez se deva ao contínuo contacto mantido” e às relações sociais, culturais e económicas entre o povo de Barrancos e as populações vizinhas espanholas e “ao isolamento que o município tem sofrido ao longo dos séculos”, explica a autarquia.

Fonte: DN

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