Diversidade Linguística e Cultural

2022 começa com a Década Internacional das Línguas Indígenas

Brasil possui hoje cerca de 180 línguas indígenas, sendo 75% delas faladas por povos de até 100 pessoas
Tarde Nacional – Amazônia desta segunda-feira (17) falou sobre a importância da preservação das línguas indígenas brasileiras e a agenda da Década Internacional das Línguas Indígenas, instituída na Assembleia Geral das Nações Unidas. O entrevistado foi o chefe da Divisão Técnica de Diversidade Linguística do Departamento do Patrimônio Imaterial do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Marcus Vinícius Carvalho Garcia.  Ouça a entrevista completa  AQUI.
A Década Internacional das Línguas Indígenas será celebrada entre os anos de 2022 e 2032. Na entrevista, ele menciona que o Brasil possui cerca de 180 línguas indígenas, mas que muitas delas correm risco de extinção. Segundo dados do IBGE, 75% dessas línguas são faladas por povos de até 100 pessoas.Para Garcia, preservar as línguas indígenas é uma estratégia de sobrevivência dessas culturas.

“Em Rondônia, por exemplo, temos de 3 a 4 línguas faladas por grupos de 4 pessoas, ou seja, com alto risco de extinção. Mas com o fim da língua, se perde também a cultura e o modo de ver o mundo daquele povo”, finaliza o especialista.

VIA O Tarde Nacional – Amazônia que vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 13h às 15h, na Rádio Nacional da Amazônia. A apresentação é de Juliana Maya.

Década Internacional de Línguas Indígenas

UNESCO lança consultas mundiais sobre a preparação do Plano de Ação Global da Década Internacional das Línguas Indígenas (IDIL 2022 – 2032).

A UNESCO está lançando uma pesquisa online para a preparação do Plano de Ação Global da Década Internacional das Línguas Indígenas (IDIL 2022-2032). Todas as partes interessadas são convidadas a enviar seus comentários até 1º de abril de 2021.

A pesquisa online, disponível em inglês, francês e espanhol, facilitará um processo consultivo global para a elaboração do Plano de Ação Global e definirá um caminho para uma década de ação para as línguas indígenas e seus usuários.

A preparação do Plano de Ação Global para o IDIL2022-2032 é uma resposta imediata à implementação da Resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas (A / RES / 74/135). O IDIL2022-2032 é um dos principais resultados do Ano Internacional das Línguas Indígenas 2019 (IYIL2019).

Um dos primeiros passos do processo preparatório para a organização da Década Internacional é a preparação de um Plano de Ação Global para assegurar a cooperação internacional e uma ação conjunta e bem coordenada a todos os níveis. O IDIL2022-2032 é uma oportunidade única para aumentar a conscientização sobre a importância das línguas indígenas para o desenvolvimento sustentável, construção da paz e reconciliação em nossas sociedades, bem como para mobilizar partes interessadas e recursos em todo o mundo para apoiar e promover as línguas indígenas em todo o mundo.

A pesquisa online está estruturada em várias seções, a saber:

Introdução

Abordagem estratégica

Estrutura de orientação

Diretrizes de implementação

Monitoramento e avaliação

Sustentabilidade financeira

Consultas regionais

Plano de Ação Global
A pesquisa online foi preparada com base na Declaração de Los Pinos [Chapoltepek] e contribuições recebidas do Grupo Ad-hoc para a Preparação do Plano de Ação Global para a Década Internacional das Línguas Indígenas (IDIL2022-2032) que inclui especialistas indígenas e representantes de diferentes regiões, e os membros do Comitê Diretor para o acompanhamento do IYIL2019.

A UNESCO, como agência líder da ONU para o IDIL2022-2032, também facilitará a organização de outras reuniões consultivas regionais e temáticas no final de 2020 e ao longo de 2021, a fim de identificar considerações específicas que podem ser incluídas nos planos ao longo da década. Após as consultas, uma versão final do Plano de Ação Global deve ser apresentada nas próximas sessões do Fórum Permanente das Nações Unidas sobre Questões Indígenas (2021 e 2022) e na reunião dos órgãos de governo da UNESCO em 2021.

Faça parte do planejamento estratégico, compartilhando suas ideias para a preparação do Plano de Ação Global para o IDIL2022-2032!

Fonte: ONU
Tradução Acácio Banja


VIA pravda 

Línguas kambeba e nheengatu integram currículo das escolas indígenas

A Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semed), aprovou a inclusão das línguas maternas kambeba e nheengatu como matéria no currículo educacional das escolas municipais indígenas. A aprovação foi publicada na edição n° 5.257, do Diário Oficial do Município (DOM), da última quinta-feira, 6/1. O objetivo da proposta é subsidiar a língua aos profissionais indígenas de educação envolvidos nessa modalidade de ensino.

 

23.09.21 - Prefeitura promove fortalecimento da educação indigena

 

Outro intuito é interagir com a comunidade escolar de Manaus sobre o desenvolvimento de saberes e práticas específicas à educação escolar indígena na etapa da educação básica.

Para o subsecretário de Gestão Educacional, Carlos Guedelha, a aprovação vai contribuir bastante para a valorização da cultura e da identidade dos falantes nativos.

“Ao final de 2021, a equipe técnica da subsecretaria de Gestão Educacional elaborou a proposta de inclusão do componente Língua Indígena na estrutura curricular das quatro escolas indígenas da Semed. Com a aprovação da proposta pelo Conselho Municipal de Educação, as línguas indígenas kambeba e nheengatu já serão trabalhadas a partir deste ano de 2022, com duas horas semanais em todas as séries do ensino fundamental”, informa Guedelha, além de acrescentar que a ação é histórica.

“Trata-se de um marco histórico na educação do Brasil, pois esta iniciativa vai propiciar o resgate das línguas em estudo, e com isso impulsionar a valorização da cultura e da identidade dos falantes nativos”, completa.

De acordo com a gerente de Educação Escolar Indígena, Giovana de Oliveira Ribeiro, é mais um avanço da educação escolar indígena de Manaus.

“O componente curricular é uma reivindicação das quatro escolas indígenas. Ao longo desse tempo as escolas trabalhavam apenas um projeto pedagógico diferenciado, junto ao currículo municipal. Com a aprovação do componente curricular de língua indígena os alunos terão a oportunidade de estudar a sua língua dentro da escola indígena. É um grande avanço para a educação escolar indígena de Manaus”, ressalta Giovana.

Prioridade

A educação indígena é uma das prioridades da gestão David Almeida, que sancionou, em setembro de 2021, a lei n° 2.781/2021, que trata sobre a criação da categoria da escola indígena, além de dispor sobre a elaboração de cargos de profissionais de Magistério Indígena, regularização dos espaços de estudos da língua materna e conhecimentos tradicionais indígenas em unidades da Semed.

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Texto – Ricardo Ramos / Semed

Fotos – João Viana / Arquivo – Semcom

Disponíveis em – https://flic.kr/s/aHsmWPamUd

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Crioulo está na moda e Lisboa já tem um jornal com esta língua

O crioulo é cada vez mais ouvido nas ruas e nas casas portuguesas de quem pensa, fala e ama nesta língua, mesmo sem ter conhecido a terra de origem, e agora pode ser lido num jornal de Lisboa.
Crioulo está na moda e Lisboa já tem um jornal com esta língua

“Eu falo crioulo sempre, eu penso em crioulo. Eu sou crioula de genes [mãe cabo-verdiana e pai guineense] e eu falo crioulo em casa, eu namoro em crioulo, eu crio as minhas filhas em crioulo, as duas nasceram cá e a mais nova é bilingue, fala o português e o crioulo”, afirma à agência Lusa a jornalista e cantora Karyna Gomes.

Karyna é a jornalista responsável pelo projeto de jornalismo crioulo no jornal online A Mensagem, pioneiro na tradução de artigos para crioulo cabo-verdiano e guineense, nomeadamente dos que mais dizem respeito a estas comunidades e às suas vivências na capital portuguesa.

“O crioulo está na moda desde o século XVI e veio para ficar”, refere, a propósito da cada vez mais frequente utilização desta língua, nomeadamente por camadas mais jovens e sem ligações aos países de origem.

E explica: “O crioulo é nossa língua materna. Eu, por exemplo, nasci em Bissau e nasci trilíngue, pois nasci numa família de guineenses e cabo-verdianos, a falar crioulo da Guiné, crioulo de Cabo Verde (Barlavento e Sota-vento) e o português. Portanto, tenho esses mundos todos em mim”.

“Lisboa sempre foi crioula e quando falamos do crioulo, em termos culturais, vemos que é um processo. Eu concordo com a tese de Mário Lúcio [escritor e ex-ministro da Cultura de Cabo Verde] que fala da crioulização, ou seja, um processo que começa no século XV, consolida-se como língua no século XVI, e desde então não há português sem crioulo e o crioulo nunca existiu sem português e nós temos plena consciência disso e vamos evoluindo nessa crioulização que é a junção dos diferentes que congregam e que são um todo lindo, uma diversidade linda”, adianta.

Karyna Gomes reconhece que “há cada vez mais valorização do crioulo como língua”.

Mesmo na comunidade crioula, tanto a guineense como a cabo-verdiana, “houve todo um trabalho que se fez” para que o crioulo fosse valorizado como língua.

“Sempre nos foi dito que o crioulo é um dialeto. Não, o crioulo é uma língua e nós fomos crescendo e vendo essa evolução. Lisboa, que sempre foi crioula, hoje na verdade há uma resposta mais dinâmica e mais mediática dessa crioulização, desse movimento crioulo que sempre existiu desde a época do B.Leza [discoteca africana em Lisboa), do Bana, da Cesária [Évora] e hoje através do Dino d’Santiago, do Julinho KSD, da Lura e de tantos outros nomes da música tradicional crioula, como os Tabanka Djaz e Manecas Costa, da Guiné-Bissau”.

O crioulo cresce, “sobretudo através de interlocutores da música”, mas também graças a posições políticas, como a do chefe de Estado cabo-verdiano.

José Maria Neves proferiu o seu discurso de tomada de posse como Presidente da República de Cabo Verde, no passado dia 09 de novembro, em crioulo e em português e elegeu a língua cabo-verdiana como a sua “preocupação fundamental”.

“Vou estar na linha de frente do combate para a oficialização do nosso crioulo”, levando em conta as variantes de todas as ilhas, prometeu.

“Já não era sem tempo”, considera a jornalista e cantora, acrescentando: “Tanto o crioulo da Guiné-Bissau como o crioulo de Cabo Verde já estão a ser trabalhados para a oficialização desde o pós-independência”.

Karyna considera que “há muitas contribuições, nomeadamente da Igreja Católica, da Igreja Evangélica, que traduziram a Bíblia para o crioulo da Guiné. Em termos de escrita e em termos de alfabeto há ainda algum trabalho a fazer”.

No caso de Cabo Verde “já há um alfabeto que é oficial, mas tanto um como outro ainda não são línguas oficiais”. “E é importante porque estamos a falar de filosofia, estamos a falar de um povo, estamos a falar de memórias, da própria cultura e da existência de dois povos”.

Sobre o seu trabalho no jornal A Mensagem, destaca o facto de ser um “jornalismo inclusivo”.

“Eu sempre senti falta dessa cobertura jornalística da Lisboa real. Lisboa, tanto o centro de Lisboa como as periferias, e Portugal, já agora, está cada vez mais multicultural, mais diversa e, quando nós falamos do crioulo, é ótimo incluir as duas línguas no jornalismo, porque se faz literatura nas duas línguas há muitas décadas”.

A artista gostaria de ver o movimento crescer: “Ver o crioulo como um espaço de partilha, um espaço de congregação em que não só os crioulos, linguisticamente falando, da Guiné e Cabo Verde, mas também tudo aquilo que vem do Brasil, do Afeganistão, da Índia, da China, que se possam juntar nesse palco maravilhoso que é Lisboa e serem o que são e formarem essa Lisboa crioula que é muito bonita e que é certamente muito forte”.

Das histórias que tem contado no jornal A Mensagem, Karyna destaca a da “diva” Cesária Évora, que tinha uma forte ligação a Lisboa, mas também a do próprio Dino d’Santiago, que “desconstrói toda essa questão da vida do badiu [cabo-verdianos da ilha de Santiago] que é o nome do seu novo álbum.

O Rossio de Lisboa é palco dessa crioulização e todos os dias são às dezenas os africanos, sobretudo guineenses, que ali se encontram, alguns vendendo produtos oriundos da Guiné-Bissau, como o caju, a cabaceira e o amendoim.

Junto a uma banca improvisada onde vende saquinhos com estes produtos, Kadi Djaló, 67 anos, diz à Lusa que fala sempre crioulo e que até conhece portugueses que falam bem crioulo, principalmente os que estiveram na Guiné-Bissau.

Kadi, que diz falar mal português, viveu na Alemanha e está em Portugal “há pouco tempo”, onde tem família, com quem fala sempre em crioulo.

Gostou de saber que existe um jornal em Portugal que publica histórias em crioulo e até acha que as duas línguas — crioulo da Guiné e o português — são parecidas.

Frente à Embaixada de Cabo Verde, em Lisboa, Elisabete Gomes, 27 anos, diz à Lusa que fala o crioulo no dia a dia, com os cabo-verdianos e em casa.

“O crioulo está a evoluir a um nível muito importante. Os jovens já não sentem o receio em falar o crioulo, até mesmo com os portugueses”, diz a cabo-verdiana oriunda de Santiago.

Considera que, no passado, o crioulo não era tão bem aceite como hoje é.

“Hoje, as pessoas sentem-se mais à vontade em falar o crioulo, seja nos transportes, no trabalho. Mesmo as pessoas que não têm a língua crioula como uma língua do dia a dia já têm como falar. É uma língua viva”.

POR LUSA VIA NOTICIASAOMINUTO

UFSC abre inscrições do Vestibular 2022 para Licenciatura Intercultural Indígena

Vestibular da UFSC/2022 para o Curso Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica: Guarani, Kaingang e Xokleng-Laklãnõ

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) abrirá, no período de 4 a 20 de janeiro de 2022, as inscrições para o Vestibular 2022 do Curso Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica: Guarani, Kaingang e Xokleng-Laklãnõ. O concurso é voltado aos indígenas das etnias Guarani, Kaingang e Xokleng-Laklãnõ que concluíram ou estão em vias de concluir o Ensino Médio até a data de matrícula.

Confira a íntegra do edital

O curso oferecerá uma formação comum para a docência nos Anos Finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, com terminalidades em duas grandes áreas do conhecimento: 1) Linguagens e suas Tecnologias: Artes, Educação Física, Língua Indígena e Língua Portuguesa; e 2) Ciências Humanas, Ciências Sociais e Aplicadas: Filosofia, Geografia, História e Sociologia.

O curso possui carga horária total de 3.888 horas/aula, com uma duração prevista de quatro anos e terá início em abril de 2022. Neste concurso, são oferecidas 45 vagas, sendo 15 para cada uma das três etnias. Os candidatos serão selecionados conforme seu desempenho no Concurso Vestibular e de acordo com o número de vagas oferecidas.

A inscrição neste processo seletivo será gratuita e realizada somente via internet. O candidato deverá entrar na página www.licenciaturaindigena2022.ufsc.br e preencher integralmente o Requerimento de Inscrição e enviá-lo (via internet) para a Comissão Permanente do Vestibular (Coperve), além de imprimir o comprovante.

A Coperve não se responsabilizará por solicitações de inscrição não efetivadas por motivos de ordem técnica, falhas de comunicação, congestionamento de linhas de comunicação ou outros fatores de ordem técnica que impossibilitarem a transferência dos dados.

mais informações em licenciaturaindigena2022.ufsc.br

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