Edital de fortalecimento de comunidades indígenas e tradicionais é prorrogado até o dia 28 de julho
Brasília, 03/07/2023 – A Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas do Ministério da Justiça e Segurança Pública (Senad/MJSP) anuncia a prorrogação, para o dia 28 de julho, do prazo para o envio de propostas ao edital de enfrentamento a situações de vulnerabilidade social de povos indígenas e comunidades tradicionais da Amazônia Legal ameaçados pelo narcotráfico.
A iniciativa visa contemplar organizações da Sociedade Civil (OSC), indígenas e comunitárias, de todo país. Serão financiados até 30 projetos que tenham atuação comprovada em apoio a redes e coletivos locais e regionais no valor de até R$ 250 mil. No total, serão investidos cerca de R$ 3 milhões em projetos.
Segundo a secretária da Senad, Marta Machado, o objetivo do edital é mitigar os efeitos do narcotráfico e demais redes criminais nas áreas mais remotas do país, retomando a proteção e segurança dos povos indígenas e tradicionais.
Eixos temáticos
O edital abrange três eixos de fomento: enfrentamento a situações de vulnerabilidade social de jovens e adultos indígenas, por meio da geração sustentável de renda e participação social; ações voltadas à prevenção de violências (sexual, física e simbólica) contra mulheres indígenas ou à mitigação dos efeitos destas violências (acesso a direitos, proteção, amparo e acolhida); e prevenção ou mitigação de invasões territoriais por narcotraficantes e outras redes criminais.
A iniciativa tem o intuito de atender as comunidades indígenas no contexto de drogas de todo o país, assim como povos e comunidades tradicionais – quilombolas, extrativistas, ribeirinhos e assentados de projetos de colonização e reforma agrária da Amazônia Legal nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.
Acesse o edital aqui
Canal de comunicação
A Senad também criou, para auxiliar no esclarecimento de dúvidas, um canal de comunicação que vai ajudar a orientar os inscritos.
Interessados podem entrar em contato diretamente pelo número de WhatsApp – 61 99652-5611. O atendimento ao público é de segunda-feira à sexta-feira, das 9h às 14h.
O e-mail institucional senad@mj.gov.br também está disponível para informações.
BRASIL CIGANO, caravanas participativas passam por PR e SC
No Dia Nacional dos Povos Ciganos, 24 de maio, o Ministério da Igualdade Racial, através da Secretaria de Políticas para Quilombolas, Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, Povos de Terreiros e Ciganos (SQPT), lançou caravana participativa para construir o Programa Brasil Cigano no município de Souza – Paraíba. A caravana irá passar por todas as regiões do Brasil promovendo encontros para desenvolver a construção de políticas para acesso à direitos dos povos ciganos. Atualmente, estima-se a existência de mais de um milhão de pessoas ciganas brasileiras, pertencentes a etnias Calon, Rom e Sinti, espalhadas por todo o país. Estes grupos demandam por representação, inclusão e reconhecimento e as rodas de conversa darão conta desse levantamento.
A visita de 3 dias a Paraíba foi marcada por apresentações culturais e troca de diálogos com a comunidade cigana onde a comunidade apontou como prioridades a necessidade de melhorias nas áreas de moradia, regularização fundiária, saneamento básico, segurança alimentar, educação, saúde e regularização do acesso à energia elétrica. O Secretário Ronaldo dos Santos (SQPT) afirmou que conhecer as necessidades e história dos povos ciganos, é conhecer o Brasil e que a “Caravana Brasil Cigano prosseguirá sua jornada, buscando estreitar laços com as comunidades ciganas em todo o país, a fim de promover a inclusão, igualdade e o respeito à diversidade cultural. Queremos construir uma sociedade mais justa e diversa”.
Para saber mais sobre este programa do governo, clique no link: https://www.gov.br/igualdaderacial/pt-br/@@search?SearchableText=Ciganos
Vítimas de tortura: indígenas ainda sentem violações sofridas na ditadura
Prisão, trabalho forçado e proibição da língua materna foram algumas das violações sofridas por povos originários durante a ditadura militar no país. Mais de 8 mil indígenas foram mortos nesse período
Aline Gouveia / postado em 26/06/2023 08:11 / atualizado em 26/06/2023 14:43
O relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV) apontou que pelo menos 8.350 indígenas foram mortos durante a ditadura militar, entre os anos de 1964 a 1984. Entretanto, apenas dez povos foram estudados pelo colegiado, representando 3,3% das etnias existentes no Brasil, o que indica que esse número pode ser bem maior. Dos 305 povos indígenas do país, a CNV identificou e registrou graves violações de direitos dos Tapayuna, Parakanã, Araweté, Arara, Panará, Waimini-Atroari, Cinta-Larga, Xetá, Yanomami e Xavante. Ao longo dos anos de repressão estatal, os “guardiões da floresta” sofreram torturas e inúmeras tentativas de desumanização, como prisão arbitrária, trabalho análogo ao escravo e proibição da fala da língua materna. Nesta segunda-feira (26/6), é celebrado o Dia Internacional de Apoio às Vítimas de Tortura — data instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1997. Por isso, o Correio resgatou as memórias sobre as violações de direitos durante a ditadura e ouviu especialistas sobre a possibilidade de criação de uma Comissão da Verdade Indígena para apurar os fatos com profundidade.
Em Minas Gerais, no ano de 1969, foi instalado o reformatório Krenak, no município de Resplendor. Nesse local, comparado a um campo de concentração pela CNV, indígenas de 23 etnias foram presos. À Comissão da Verdade, o ancião Oredes Krenak relatou que a prisão ocorria como uma forma de controlar os povos. “(Éramos) punidos por coisas pequenas, por desobediências de não querer fazer o trabalho obrigatório, ou quando nos pediam coisas que nós não sabíamos fazer. Também era proibido fazer nosso artesanato. Meu pai e minha tia Bastiana íamos vender flechas em Valadares, mas a guarda é que decidia quanto tempo podia ficar fora. Se passavam desse tempo, eram punidos na volta. A punição era: ficar preso, passar dois dias sem comer, mais dois dias só com duas refeições e só eram soltos no quinto dia. Na cadeia, muitos passavam fome, ficavam sem comer e beber”, diz o relato.
As violências sofridas pelos povos originários vieram à tona por meio de um relatório redigido em 1967, pelo então procurador Jader de Figueiredo Correia, do Ministério do Interior. O documento, de mais de sete mil páginas, desapareceu por quatro décadas e só foi encontrado em 2013, no Museu do Índio, no Rio de Janeiro. “A falta de assistência, porém, é a mais eficiente maneira de praticar o assassinato. A fome, a peste e os maus-tratos estão abatendo povos valentes e fortes. Venderam-se crianças indefesas para servir aos instintos de indivíduos desumanos. Torturas contra crianças e adultos, em monstruosos e lentos suplícios, a título de ministrar justiça”, denunciou o procurador à época.
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As denúncias presentes no relatório foram frutos de uma expedição que percorreu mais de 16 mil quilômetros, a pedido do então ministro do Interior, Albuquerque Lima, em 1967. Entre as formas de tortura, o procurador Jader de Figueiredo relatou “caçadas humanas” promovidas com metralhadoras e dinamites — que eram atiradas de aviões, “inoculações propositais de varíola” em povoados isolados e doações de açúcar misturado ao veneno estricnina. Segundo o professor e pesquisador Walison Vasconcelos, os impactos das violações dos direitos durante a ditadura ainda são sentidos no cotidiano dos povos indígenas. O estudioso desenvolve trabalhos com o povo Krenak desde 2006 e ressalta a resistência indígena em tentar reconstruir a própria cultura. “A maioria dos Krenak com quem me relacionei traz na própria biografia as marcas de uma história dificílima, marcada por exílios forçados que desestruturaram suas famílias, por múltiplas violências do Estado, pelo esbulho de seu território, entre tantas outras”, lembra.
“Algumas pessoas contam as torturas que presenciaram. Gente amarrada sendo arrastada por cavalos e outras atrocidades. Há uma anciã que certa vez me disse que até hoje sente muito medo da polícia. Do ponto de vista da sua organização social, os impactos foram muito profundos. Uma das coisas que o poder militar executou quando invadiu as terras e as vidas dos Krenak foi proibí-los de conversar na língua materna. A longo prazo isto teve um impacto terrível, pois a língua é um dos principais vetores da organização social. Alguém acha normal rezar para seu Deus em uma língua estrangeira, por exemplo? Ou ensinar para as crianças sobre o mundo que os rodeia sem poder dizer o nome próprio das coisas, os topônimos? Faz algum tempo já que os Krenak gastam muita energia em projetos para retomar as práticas de conversação na língua materna. E isso tem dado um ótimo resultado, na perspectiva deles. Mas é claro que muito se perdeu para sempre com a simplificação da sintaxe”, acrescenta Walison.
Reparação
Em 2014, a Comissão Nacional da Verdade propôs 13 recomendações para a reparação aos povos indígenas após as violações de direitos. Entretanto, segundo análise do Instituto Vladimir Herzog, não houve avanço em nenhum dos tópicos propostos. Além da instalação de uma Comissão Nacional Indígena da Verdade, a CNV recomendou a realização de um pedido público de desculpas do Estado, criação e fortalecimento de políticas públicas, assim como o estabelecimento de um “grupo de trabalho no âmbito do Ministério da Justiça para organizar a instrução de processos de anistia e reparação aos indígenas atingidos por atos de exceção, com especial atenção para os casos do Reformatório Krenak e da Guarda Rural Indígena”.
Em abril, o ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, anunciou a criação de uma comissão para acompanhar o cumprimento das recomendações da Comissão da Verdade. Ao Correio, a coordenadora de Memória, Verdade e Justiça do Instituto Vladimir Herzog, Gabrielle Oliveira de Abreu, afirmou que os retrocessos na garantia dos direitos dos povos originários foram agravados a partir de 2019, com a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “A Funai passou a ser chamada de ‘nova Funai’, cuja política facilitou a regularização de terras invadidas e estimulou a mecanização da lavoura em terras indígenas, com a distribuição massiva de tratores e carretas, o que contraria as culturas originárias. Em 2021, 60% das coordenações da Funai eram chefiadas por militares”, frisa Gabrielle.
Em 2021, a Justiça Federal condenou a União pelos crimes contra os povos indígenas de Minas Gerais durante a ditadura. A setença determinou que o governo federal acelerasse o processo de demarcação da terra Sete Salões — considerada sagrada pelos Krenak. O avanço nessa determinação só veio neste ano, já no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em abril, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) assinou os relatórios de identificação e delimitação do território. Depois dessa etapa, vem a declaração, homologação e, por fim, a regularização. “A gente precisa reconhecer as violações e também fazer as reparações. A Funai entende que todos os povos indígenas devem ter seus direitos implementados e respeitados. É necessário não apenas regularizar a terra, mas também proteger”, diz Joenia Wapichana, presidente do órgão, ao Correio.
A Justiça também determinou que o estado de Minas Gerais implementasse ações e iniciativas voltadas ao registro, transmissão e ensino da língua Krenak, a fim de preservar a memória desse povo. Além disso, a implantação e ampliação do Programa de Educação Escolar Indígena foi outra determinação judicial. A Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais informou que existem 24 escolas destinadas à educação indígena no estado, que atendem 12 etnias: Kamakã Mongoió, Kaxixó, Kiriri, Krenak, Maxakalí, Mokuriñ, Pankararu, Pataxó, Pataxó Hã-Hã-Hãe, Tuxá, Xakriabá e Xucuru-Kariri.
“A pasta assegura as especificidades no atendimento ao estudante da Educação Escolar Indígena, garantindo a construção de proposta pedagógica, conforme a realidade de cada comunidade indígena. A matriz curricular é específica por etnia e foram construídas juntamente com representantes das escolas indígenas e suas lideranças, respeitando as línguas, a cultura e tradições da etnia a qual a comunidade pertence, incluindo a etnia Krenak”, afirmou a Secretaria ao Correio.
Para Gabrielle, medidas de reparação são importantes para assegurar os direitos dos povos indígenas — que são historicamente “violentados”. “A responsabilização do Estado e também de empresas e grandes fazendeiros envolvidos nos conflitos de terra durante a ditadura, colocam luz ao fato histórico de que os povos indígenas, e outros grupos marginalizados do Brasil, foram brutalmente perseguidos e assassinados. Ter decisões judiciais relativas ao direito à memória e, principalmente, favorável à demarcação de terra, como o caso do TI Sete Salões, área sagrada para os Krenaks, é exemplar para cobrarmos os modos do judiciário proceder quanto aos crimes de Estado. É preciso que as recomendações da CNV sejam de fato aplicadas e que as etnias expulsas de suas terras durante a ditadura e nos dias atuais tenham seu direito assegurado”, diz.
Comissão Nacional da Verdade Indígena
Proposta em 2014, pela Comissão da Verdade, a ideia da criação de uma comissão específica para investigar a fundo as violações sofridas pelos povos originários tem ganhado cada vez mais força. Em audiência pública em abril, o pesquisador Marcelo Zelic apontou que a medida é importante para produzir novas provas materiais e ouvir todos os povos. O professor do Instituto Federal de Goiás Walison Vasconcelos defende que o grupo seja composto por maioria indígena. “É preciso reconhecer que os não indígenas são incapazes de fazer uma justiça plena neste assunto. é impossível negar o terror vivido pelos indígenas nos anos de chumbo. Uma Comissão Nacional da Verdade Indígena seria importante para que o Brasil conhecesse os horrores de uma guerra civilizatória durante a ditadura. A partir daí poderíamos, guiados pelos indígenas, aprender a não repetir”, ressalta o pesquisador.
O Ministério Público Federal (MPF) também endossa a instalação da Comissão, pontuando a necessidade de participação e protagonismo dos povos originários. Segundo o órgão, é fundamental que a sociedade saiba acerca das violações praticadas no período repressivo. “O trabalho da Comissão Nacional da Verdade Indígena há de ser essencial para a construção dos alicerces do processo de efetivação dos direitos dos povos indígenas no país e das reparações a que fazem jus, incluindo o reconhecimento de seus territórios. Finalmente, a proposta tem o potencial de orientar a redefinição da estratégia pedagógica necessária para fazer com que o restante da sociedade brasileira compreenda a multiculturalidade da população brasileira e a necessidade de permanente respeito aos direitos de todos”, afirma o MPF, em nota técnica.
Segundo os especialistas, a falta de reparação abre brechas para novas violações contra os povos indígenas. Um dos exemplos recentes, e que atingem o povo Krenak, é o rompimento da barragem em Mariana, em 2015, pela mineradora Samarco (Vale/BHP Billiton). O desastre matou 19 pessoas, impactou as comunidades do local e liberou 39 milhões de metros cúbicos no município mineiro — contaminando o Rio Doce. Esse rio, chamado Watu pelo povo Krenak, é considerado sagrado. “Eles se relacionam com ele como uma entidade personificada, assim como vários outros componentes naturais e paisagísticos da região que habitam. O Watu é fonte de conhecimento, de purificação, e de fortalecimento espiritual, o que demonstra sua importância sagrada. Com o crime da Samarco e a impossibilidade de acesso ao Watu, uma das principais reclamações deles passou a ser o enfraquecimento da sua espiritualidade, que até hoje vem causando vários problemas nas suas aldeias, algo que na medicina ocidental chamaríamos de ‘saúde mental'”, destacou o pesquisador Walison. Portanto, justiça e medidas de reparação também são fundamentais para garantir proteção futura aos povos indígenas.
Leia a matéria na fonte:
O Rei dos Bamum visitou o museu etnológico de Berlim e reencontrou o trono real que pertencia ao seu bisavô
No dia 12 de junho de 2023, Nabil Mbombo Njoya, rei sultão do povo Bamum (Camarões), visitou o Museu Etnológico de Berlim (HUMBOLDT) e do evento foi postado um vídeo que viralizou nas redes sociais repercutindo o fato de que nessa visita ele sentou-se no trono que pertenceu ao seu bisavô Ibrahim Njoya e que foi levado de Camarões por colonizadores alemães no início do século XX. O trono é descrito pelo museu como “o auge da arte do povo bamum do final do século 19”.
Leia as matérias:
Leia a matéria da embaixada de Camarões https://www.ambacam.de/en/2023/06/12/his-majesty-mouhammad-nabil-mforifoum-mbombo-njoya/
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Segundo a revista National Geographic, quando os alemães ocuparam a África nos anos de 1884 a 1916, eles deram a sugestão para que o Rei Ibrahim enviasse uma réplica do trono Mandu Yenu para o Kaiser Guilherme II como um presente de aniversário. Naquela ocasião, Njoya aceitou a proposta sugerida. Porém, a réplica não ficou pronta no período estipulado para a celebração, e assim os alemães obrigaram o bisavô de Nabil entregar a peça original.
A visita de rei Nabil Mbombo Njoya aconteceu alguns dias após a realização do colóquio internacional “PATRIMÔNIO CULTURAL DOS CAMARÕES NA ALEMANHA: CONHECIMENTO E PERSPECTIVAS” onde durante três dias investigadores e público de vários países e origens discutiram e trocaram opiniões sobre temas tão diversos como “a reconstrução de fatos históricos”, permitindo reconstituir o percurso muitas vezes violento de “entidades” culturais dos Camarões à Alemanha , a “restituição do saber”, tratando da escolha, muitas vezes difícil, das palavras e linguagens usadas (ou a serem usadas) para transmitir a história das expropriações e a perspectiva dos expropriados, e mesmo “reconectar com o patrimônio cultural”. No evento foi ainda lançado a obra coletiva Atlas de l’absence – Le patrimoine culturel camerounais en Allemagne, um produto do projeto de pesquisa Reverse Collection Stories que explora as formas e consequências da realocação de bens culturais da ex-colônia para a Alemanha.
Após 20 anos de idealização, o Fórum Humboldt da Alemanha abre suas portas digitalmente nesta semana — e pretende abrir fisicamente no segundo trimestre de 2021 — com exibição de milhares de artefatos da África, Ásia e outras regiões. O Museu Etnológico de Berlim, cuja coleção será transferida em grande parte para o Fórum Humboldt, detém atualmente cerca de 530 bronzes e outros artefatos de Benin — a segunda maior coleção do mundo depois do Museu Britânico. Metade da coleção de Benin ficará exposta no Fórum Humboldt.
Veja mais sobre a questão museológica e a apropriação de objetos de culturas africanas:
https://www.nationalgeographic.com/magazine/article/museums-stolen-treasure-feature
Câmara de Palmas realiza audiência sobre educação bilíngue
No dia 19 de junho, próxima segunda-feira, a Câmara de Palmas, Tocantins, irá realizar audiência pública para tratar sobre a implementação de educação bilíngue de pessoas surdas. Com requerimento do vereador Folha (PSDB), presidente da Casa de Leis, o debate está marcado para às 14h, no plenário da casa.
Leia a matéria no link abaixo
https://conexaoto.com.br/2023/06/14/camara-de-palmas-realiza-audiencia-sobre-educacao-bilingue-de-surdos-na-segunda-feira
acompanhe o assunto: https://conexaoto.com.br/tag/audiencia-publica
Demarcação de territórios é prioridade da Funai, diz Joenia Wapichana
“Umas das prioridades do plano de trabalho é novamente fazer com que os processos de demarcação de terras indígenas andem e é uma questão que nosso presidente Lula já anunciou que quer dar prioridade”, disse Joenia Wapichana em entrevista ao programa Brasil em Pauta, que vai ao ar neste domingo (11), na TV Brasil.
A presidente da Funai detalhou a importância da demarcação de uma terra indígena e os impactos para os povos que vivem nela. “Essa terra serve pra prover a vida dos povos indígenas. Sempre tenho dito que, a partir do direito à terra é que vem outros direitos sociais, que vem a saúde, educação, a forma de mantermos a cultura, faz com que a gente conserve e faça esse repasse dos conhecimentos tradicionais para que continuem as línguas indígenas, para que possa ter condições de os povos indígenas desenvolverem seus próprios projetos de sustentabilidade”, explica.
De acordo com Joenia Wapichana, os números mostram que há avanços nos processos de demarcação. “Em quatro meses, a Funai já fez andar mais de 30 processos de demarcações de terras indígenas”.
No final de abril, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou decretos de homologação de seis terras indígenas, durante o encerramento do Acampamento Terra Livre 2023, em Brasília. Os processos estavam parados desde 2018.
Preservação
A contribuição dos povos indígenas para a preservação ambiental foi destacada por Joenia Wapichana. Segundo ela, o que os povos indígenas conservam de biodiversidade e floresta em pé contribui para amenizar efeitos de problemas climáticos.
“Os povos indígenas têm uma capacidade de mostrar umas formas mais sustentáveis para contribuir inclusive para essa crise climática que o mundo atravessa. Temos discutido formas sustentáveis de fazer com que o mundo todo se preocupe e os povos indígenas têm feito sua contribuição com suas boas práticas, com seus conhecimentos tradicionais, manejos sustentáveis”, detalhou.
Tema que atualmente mobiliza atenção dos povos indígenas, a discussão sobre o marco temporal para demarcação de territórios no país é classificada pela presidente da Funai como inconstitucional por desconsiderar o direito originário dos povos indígenas. “Quando nossa Constituição finalmente passa a reconhecer os direitos indígenas, ela também traz uma preocupação de reconhecer os direitos originários, então colocamos isso como uma contradição a nossa Constituição”.
De acordo com Joenia, o Artigo 231 da Constituição Federal registra que são reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.
Está em julgamento no Supremo Tribunal Federal se as demarcações de terras indígenas devem seguir o chamado marco temporal, tese de que indígenas só têm direito às terras que já eram tradicionalmente ocupadas por eles no dia da promulgação da Constituição Federal, em 5 de outubro de 1988. Por essa tese, as áreas sem a ocupação de indígenas ou com a ocupação de outros grupos neste período não estão sujeitas à demarcação.