Blumenau amplia rede de escolas bilíngues com novas línguas em 2025
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O prefeito de Blumenau, Mário Hildebrandt, anunciou a implantação da primeira escola municipal bilíngue em espanhol, a EBM Lauro Müller, no bairro Badenfurt. A iniciativa faz parte de um plano que prevê a expansão do ensino bilíngue na rede pública municipal.
A partir de 2025, mais seis escolas passarão a oferecer ensino bilíngue, incluindo as línguas polonês, alemão, inglês e Libras, ampliando o número total para 27 escolas bilíngues, o que representa quase 60% da rede municipal.
Novidades para 2025
- Espanhol: EBM Lauro Müller (Badenfurt)
- Polonês: EM Carlos Manske (Vila Itoupava) – primeira escola bilíngue em polonês do município
- Alemão:
- EBM Lore Sita Bollmann (Itoupava Central)
- EIM Dr. Blumenau (Itoupava Central)
- EIM Willy Müller (Vila Itoupava)
- Inglês: EBM Machado de Assis (Itoupava Seca)
- Libras: EBM Profª Zulma Souza da Silva (Velha Central)
Expansão contínua do bilinguismo
O programa de ensino bilíngue começou em 2019 com apenas duas escolas e, em 2024, alcança números expressivos. O prefeito destacou os benefícios da iniciativa:
“A educação transforma a sociedade, e construir oportunidades para nossas crianças e jovens é uma das nossas missões enquanto gestão pública. A segunda língua abre portas para o mundo.”
O secretário de Educação, Alexandre Matias, complementou:
“Os resultados são positivos, com impacto direto nos índices educacionais e mais oportunidades profissionais para as crianças.”
Processo seletivo para professores de espanhol
Para atender à demanda do ensino bilíngue em espanhol, a Prefeitura abriu vagas para professores licenciados em Letras com habilitação em Espanhol. As inscrições para o Processo Seletivo 002/2024 estão abertas até 28 de novembro no site concursos.furb.br.
Escolas bilíngues já existentes
Blumenau já conta com uma rede diversificada de escolas bilíngues:
- Inglês: 14 escolas, incluindo a EBM Profº Fernando Ostermann e a EBM Bilíngue Annemarie Techentin.
- Alemão: 5 escolas, como a EM Bilíngue Erich Klabunde e a EBM Duque de Caxias.
- Libras: EBM Bilíngue Profª Norma D. Huber.
Com esse avanço, Blumenau se consolida como uma referência em educação bilíngue, oferecendo às crianças ferramentas essenciais para um futuro globalizado.
Fonte e Imagem: PMB.
Leia diretamente na fonte: https://blogdojaime.com.br/blumenau-amplia-rede-de-escolas-bilingues-com-novas-linguas-em-2025/
Saiba mais:
Blumenau terá primeiras escolas municipais bilíngues em espanhol e em polonês
VALORIZAÇÃO: leis aprovadas na ALERR mantêm vivos costumes e tradições indígenas
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Textos aprovados valorizam línguas indígenas, artesanatos produzidos em comunidades locais e incentivo à produção agrícola
Por ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DE RORAIMA
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Roraima tem quase cem mil pessoas declaradas indígenas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para valorizar os povos originários, a Assembleia Legislativa (ALE-RR) aprovou textos que enaltecem e preservam os costumes e tradições das comunidades. Além disso, a Casa tem a Comissão de Políticas Indigenistas, que trata e discute as necessidades dos indígenas no estado.
Em setembro deste ano, os parlamentares aprovaram a Lei nº 2055/2024, que reconhece as línguas indígenas faladas em Roraima como patrimônio cultural imaterial, estabelece a cooficialização de todas elas e cria a Política Estadual de Proteção das línguas indígenas. Além do português, o texto menciona como idiomas cooficiais: Hixkaryana, Ingarikó, Maku, Makuxi, Ninam, Patamona (Kapon), Sanumá, Taurepang (Pemón), Wai-wai, Wapixana, Yanomami, e Yekwana (Maiongong)
A lei é uma iniciativa do presidente do Poder Legislativo, deputado Soldado Sampaio, e reforça a Lei nº 1782/2023, do ex-deputado Evangelista Siqueira, que reconhece as línguas locais como de relevante interesse cultural.
Para Sampaio, a diversidade linguística existente em meio aos povos originários precisava ser materializada em um texto legislativo, já que a Constituição Federal assegura às comunidades indígenas a utilização das línguas maternas em processos próprios de aprendizagem. Por essa razão, muitas comunidades adotam o ensino da língua indígena e do português.
“É dever do Estado proteger e manter vivos os idiomas como direito dos povos indígenas. Essa é também uma política internacional da qual o Brasil é signatário, e esses tratados determinam a implementação de iniciativas e ações de valorização e o reconhecimento das línguas indígenas no âmbito da cultura, da educação, da ciência, da tecnologia, em todos os níveis. Então a lei discutida e aprovada por este parlamento vai ao encontro da valorização dos povos originários e tudo o que eles representam para o país”, declarou Sampaio.
Para a ativista pelos direitos indígenas Marilena da Silva Ramos, que possui o nome artístico Mari Makuxi, as leis que abordam as pautas indigenistas são importantes para o movimento. Filha de Makuxi com Monaikó, nasceu na comunidade Contão, em Pacaraima, e morou na comunidade Pacú, localidade de difícil acesso na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, Normandia.
“Falo um pouco Makuxi e entendo um pouco Taurepang. Hoje, sei a importância da língua materna na família ou nas comunidades. Nossa cultura milenar, as nossas ancestralidades, que nos preparou, nossos costumes, estão se perdendo. Já não se faz o que a minha avó ou meu avô repassou para a família. As leis são importantes para dar segurança de cada povo e dos povos originários como um todo, para que possam [influenciar a visibilidade indígena] nos jogos, nas músicas, nas histórias, nas memórias, no teatro, para as nossas crianças manterem nossa cultura viva”, enfatizou Mari Makuxi.
Comissão permanente na Casa
Criada no ano de 1999, a Comissão de Políticas Indigenistas tem papel crucial no parlamento, pois é responsável por discutir as propostas de lei que tratam de temas relacionados aos indígenas, promover audiências públicas e debates com as comunidades. Hoje, o grupo é formado pelo deputado Dr. Meton, que está como presidente, Armando Neto, que é vice-presidente, e os membros Marcelo Cabral, Soldado Sampaio e Odilon.
Na atual legislatura, Armando Neto conseguiu aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 004/2023, que mudou o termo “índio” para “indígenas” e “povos indígenas” na Constituição Estadual. A Casa Legislativa também aprovou a Lei nº 1818/2023, que mudou o nome da Secretaria de Estado do Índio para Secretaria dos Povos Indígenas, como forma de valorizar a diversidade das comunidades. Também foi apreciada pelos parlamentares a Lei nº 1877/2023, de Dr. Meton, que criou a Semana da Mulher Indígena em Roraima.
Já a Lei nº 1180/2017 institui o Dia Estadual do Professor Indígena, como forma de homenagear esse profissional que é considerado uma autoridade nas comunidades indígenas, além de fortalecer a categoria. Importante ressaltar que a Educação roraimense é pioneira no reconhecimento de uma educação indígena específica, diferenciada, bilingue e intercultural, tendo sido Roraima o primeiro estado a criar a carreira do professor indígena.
O presidente da Comissão de Políticas Indigenistas, deputado Dr. Meton lembrou que a Casa Legislativa tem desempenhado um importante trabalho de valorização das comunidades, aprovando os projetos de lei que enaltecem as línguas, os costumes e as tradições dos povos originários. Para ele, os indígenas representam um legado de luta, resistência, conhecimento e conquistas, que são essenciais para a preservação da história brasileira.
Ele destacou que, nos últimos meses, fez indicações ao Governo de Roraima para atender as demandas das comunidades. Entre as requisições estão uma ambulância para atender a unidade de saúde Bom Samaritano, e a reforma das escolas indígenas Hermenegildo Sampaio, Marechal Cândido Rondon e Professor Geraldo Crispim, localizadas, respectivamente, nas comunidades Barata, Boqueirão e Coqueirinho.
Na infraestrutura, Dr. Meton solicitou a retomada da obra das vicinais 6 e 10, na região da Vila Reislândia, a reconstrução da ponte de madeira no Boqueirão, a construção urgente de um novo destacamento da Polícia Militar na Vila do Taiano, a destinação definitiva de um trator e equipamentos agrícolas para atender produtores da Comunidade Indígena do Coqueirinho. A mais recente indicação se trata da criação de uma galeria em memória dos povos originários e tradicionais na Assembleia Legislativa de Roraima.
“Somos o estado com a maior população indígena do Brasil, em termos proporcionais, e os deputados estão atentos às pautas indigenistas. Por toda a contribuição que os indígenas tiveram ao longo dos séculos, compartilhando seus saberes com a sociedade, a medicina tradicional, mostrando o respeito pela natureza, este parlamento tem debatido suas necessidades, mantendo o diálogo com as lideranças, para continuar atuando em benefício das comunidades. As indicações que fizemos têm por objetivo contribuir com a qualidade de vida de quem vive nas comunidades”, declarou Dr. Meton.
A Lei nº 864/2012 trata do Programa Estadual de Incentivo à Produção nas Comunidades Indígenas, como forma de dar autonomia às localidades, respeitando as diferenças culturais. Recentemente, os parlamentares estaduais aprovaram a Lei nº 1848/2023 que cria um plano de fomento para a agricultura familiar indígena, bem como discute a destinação de recursos financeiros.
Também estão em vigor as Leis nº 1591/2021 e 1594/2021 que criou o Selo de Qualidade Artesanal Indígena e o programa de certificação do artesanato indígena, para atestar e incentivar o consumo de produtos feitos pelos indígenas do estado.
E com o intuito de promover a inclusão econômica e social, além de fomentar a produção com sustentabilidade, foi aprovada a Lei nº 942/2013 que criou o Programa de Incentivo e Apoio à Produção Agrícola Familiar e Indígena em Roraima. A norma estimula o consumo e a valorização dos alimentos produzidos pela agricultura familiar e indígena, melhorando as condições de vida, gerando emprego e renda no campo.
SAPL
Para conferir todas as normas aprovadas pela Casa Legislativa, basta entrar no Sistema de Apoio ao Processo Legislativo (SAPL), ferramenta implementada em parceria com o Senado Federal, que facilita o acesso da população às matérias em tramitação, pautas das sessões plenárias, informações institucionais, normas em vigor e a outros assuntos referentes ao parlamento estadual.
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Política Linguística e sua relação com as “legislações linguísticas”
Por Gabriel Campos
Publicado em
ㅤAs políticas linguísticas antecedem em muito o surgimento dos estudos do campo conhecido como Política Linguística. No contexto brasileiro, podemos mencionar, por exemplo, as políticas de silenciamento das línguas indígenas de Marquês de Pombal, no século XVIII, e das línguas de imigrantes, durante o período do Estado Novo, no século XX. Apesar disso, é comum entre pesquisadores da área atribuir ao linguista Einar Haugen o título de fundador do campo de estudos da Política Linguística em razão de suas pesquisas sobre a situação linguística da Noruega, na metade do século XX.
ㅤㅤㅤA partir dos estudos iniciais de Haugen, diversos outros pesquisadores se debruçaram sobre conceitos do campo da Política Linguística, como o alemão Heinz Kloss, o norte-americano Robert Leon Cooper, o chileno Rainer Enrique Hamel, o neozelandês Bernard Dov Spolsky, o brasileiro Gilvan Müller de Oliveira, entre outros. Nas últimas décadas, é nos estudos do linguista e sociólogo francês Louis-Jean Calvet que grande parte dos pesquisadores brasileiros fundamenta suas reflexões.
ㅤㅤㅤSegundo Calvet, podemos dividir o campo da Política Linguística em duas vertentes: o planejamento linguístico, que se ocupa do delineamento de uma ação ou intervenção sobre uma ou mais línguas, e a política linguística, que trata da implementação do planejamento anteriormente delineado (Calvet, 2007). Ainda, Calvet menciona que, com o propósito de instituir intervenções sobre a(s) língua(s), o Estado tem como principal recurso as leis linguísticas, ou seja, instrumentos normativos. Nesse sentido, o professor, linguista e jurista canadense Joseph Giuseppe Turi afirma que o fenômeno cada vez mais predominante da coexistência de línguas em uma relação de conflito entre maiorias e minorias linguísticas é responsável pelo aumento de intervenções linguísticas. Logo, é a partir de políticas linguísticas que o Estado administra esses fenômenos, as quais, para Turi, “atualmente tendem a se traduzir cada vez mais em legislação linguística” (Turi, 2013, p. 1).
ㅤㅤㅤEm artigo recente intitulado Reflexões sobre o conceito de “legislações linguísticas”, os pesquisadores brasileiros Marcos Paulo Matos e Maria Carvalho comentam que o conceito de legislações linguísticas exerce duas funções: descrever e denunciar. A partir das legislações linguísticas, podemos descrever sobre as políticas linguísticas em curso mediadas pelo Estado, como elas ocorrem, o seu alcance, entre outros aspectos. Por outro lado, os pesquisadores mencionam que podemos constatar, com base nas legislações linguísticas, a não neutralidade dessas políticas, as quais beneficiam e protegem certos grupos em detrimento de outros.
ㅤㅤㅤAcerca das legislações linguísticas no contexto brasileiro, podemos destacar, por exemplo, os avanços dos movimentos de cooficialização de línguas indígenas e de imigração tanto no nível municipal quanto estadual. Iniciado em 2002, no município de São Gabriel da Cachoeira-AM, esse movimento já conta com mais de 80 legislações linguísticas promulgadas em quase todos os estados brasileiros, totalizando 49 línguas cooficializadas (para mais informações, ver Repositório Brasileiro de Legislações Linguísticas).
ㅤㅤㅤÉ importante reconhecer, ainda, que políticas linguísticas não se resumem aos instrumentos normativos. A professora da Unicamp Terezinha de Jesus Machado Maher, em capítulo do livro Políticas e Políticas Linguísticas, aponta para a omissão do Estado em relação à situação de algumas línguas minoritárias: “a ausência de uma política linguística de Estado constitui, em si mesma, uma política linguística de Estado!” (Maher, 2013, p. 124). Nessa perspectiva, Calvet enfatiza, também, o problema da representatividade no planejamento linguístico no atual estado democrático: “em todo planejamento, há um reduzido número de planejadores e um grande número de planejados aos quais raramente se pergunta a opinião” (Calvet, 2007, p. 159).
ㅤㅤㅤEm suma, a relação entre a Política Linguística e o conceito de legislações linguísticas é complexa e reveladora. Ao mesmo tempo em que as legislações linguísticas constituem ferramentas jurídicas que operacionalizam políticas linguísticas, também revelam as tensões e os interesses subjacentes às decisões do Estado. Logo, compreender essa relação é imprescindível para uma análise do papel das políticas linguísticas de Estado, evidenciando como instrumentos normativos podem atuar tanto na garantia e promoção de direitos linguísticos quanto na perpetuação de desigualdades e assimetrias entre línguas.
CALVET, L.-J. As políticas linguísticas. Tradução de Isabel de Oliveira Duarte, Jonas Tenfen e Marcos Bagno. São Paulo: Parábola, 2007.
MAHER, T. M. Ecos de resistência: Políticas Linguísticas e Línguas Minoritárias no Brasil. In: NICOLAIDES, C.; SILVA, K. A.; TILIO, R.; ROCHA, C. H. (Eds.). Políticas e Políticas Linguísticas. Campinas: Pontes Editores, 2013. p. 117-134.
MATOS, M. P. S. Repositório Brasileiro de Legislações Linguísticas (RBLL). IPOL, 2023.
MATOS, M. P. S.; CARVALHO, M. L. G. Reflexões sobre o conceito de “legislações linguísticas”. Cadernos De Dereito Actual, v. 21, p. 242-271, 2023.
TURI, J.-G. Linguistic Legislation. In: CHAPELLE, C. A. (Ed.). The Encyclopedia of Applied Linguistics. New Jersey: Blackwell Publishing Ltd, 2013. p. 1-7.
Gabriel Plácido Campos
Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Graduado em Bacharelado em Letras Tradução – Inglês-Português pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
Confira o artigo na fonte: https://geomultling.ufsc.br/politica-linguistica-e-sua-relacao-com-as-legislacoes-linguisticas/
Saiba mais visitando o Repositório Brasileiro de Legislações Linguísticas no link abaixo:
Inventário da Língua Polonesa/Polaca do Brasil
O IPOL – Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística, em parceria com falantes e instituições e lideranças que representam comunidades polonesas, e com o apoio do IPHAN- Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional realizará o Inventário da Língua Polonesa/Polaca do Brasil. A pesquisadora e coordenadora de pesquisa de campo do Inventário, Myrna Mendes Iachinski estará participando de uma conversa via meet para falar da pesquisa. No dia 21/08/2024 às 20h.
Tendo interesse em participar solicite o link via e-mail myrnaestell@gmail.com
Roraima reconhece 12 línguas indígenas como patrimônio cultural
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BOA VISTA (RR) – A Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) aprovou, nessa terça-feira, 6, o Projeto de Lei (PL) nº 310/23, que reconhece as 12 línguas indígenas faladas no Estado como patrimônio cultural imaterial. A nova legislação também cooficializa essas línguas e institui a Política Estadual de Proteção das Línguas Indígenas.
Por Bianca Diniz – Da Cenarium
O PL, de autoria do deputado estadual e presidente da Casa, Soldado Sampaio (Republicanos), foi aprovado por unanimidade com 16 votos. Conforme o autor, o projeto ressalta a importância do reconhecimento e o respeito à pluralidade étnico-cultural dos povos indígenas.
“Por isso, considerando que a linguagem envolve diretamente uma compreensão de mundo e códigos de conduta próprios, é fundamental o reconhecimento das línguas faladas pelos povos indígenas de Roraima como Patrimônio Cultural Imaterial, com a devida cooficialização, bem como a implementação, após aprovado e em vigor esta futura lei, da Política Estadual de Proteção”.
As línguas reconhecidas e cooficializadas são:
Hixkaryána (Hixkariána);
Ingarikó;
Máku;
Makuxí;
Ninám;
Pa tamóna (Kapóng);
Sanumá;
Taulipáng (Pemong);
Waiwái;
Wapixána;
Yanomámi;
Yekuána (Mayongóng).
Justificativas
De acordo com as justificativas do projeto, o objetivo é fundamentado em uma lei ordinária que visa materializar a diversidade linguística existente entre os povos originários que vivem no Estado de Roraima.
O documento destaca dados do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que indicam que no Brasil são faladas mais de 250 línguas, incluindo indígenas, de imigração, de sinais, crioulas e afro-brasileiras, além do português e suas variedades. Deste total, cerca de 180 são línguas indígenas, tornando o Brasil um dos dez países mais multilíngues do mundo.
Um mapeamento realizado pelo Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Políticas Linguísticas (Ipol) em 2022 também mostrou que dez municípios brasileiros já tornaram cooficiais línguas indígenas, incluindo Bonfim (RR), Cantá (RR), São Gabriel da Cachoeira (AM), Santo Antônio do Iça (AM), Tacuru (MS), Miranda (MS), Tocantinea (TO), São Félix do Xingu (PA), Barra da Corda (MA) e Monsenhor Tabosa (CE).
Roraima, além de se destacar como um dos Estados com a maior população indígena do Brasil, abriga uma rica diversidade de línguas faladas em seu território. Segundo os dados do Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), essa diversidade linguística é uma característica marcante da região, fortalecendo sua identidade cultural.
Copyright © AGÊNCIA CENARIUM
Saiba mais acessando diretamente o link da matéria em https://agenciacenarium.com.br/roraima-reconhece-12-linguas-indigenas-como-patrimonio-cultural/
Saiba mais puxando a rede IPOL
. Deputados reconhecem 12 línguas indígenas como patrimônio cultural imaterial de Roraima
. POVOS ORIGINÁRIOS – Doze línguas indígenas são reconhecidas como patrimônio cultural imaterial de Roraima
. COLETÂNEA DE ARTIGOS PATRIMÔNIO CULTURAL DE RORAIMA / BOA VISTA/RR IPHAN 2019 – Organização CAROLINA VIANA ALBUQUERQUE
Esta Coletânea se inclui em um processo mais amplo de reflexão sobre as novas possibilidades de metodologias que norteiam a participação da comunidade como ponto
chave em todo o processo das ações de preservação do patrimônio cultural.
Constituindo-se em um importante ponto de inflexão nesse processo de sistematização
e produção de conhecimentos, tem por objetivo evidenciar a importância da participação
da comunidade na construção do patrimônio cultural e a relação dos diferentes grupos
sociais. A participação das pessoas nesse processo é essencial, afinal de contas, é sobre
a história de cada um de nós que estamos falando e de como queremos ser vistos
por indivíduos de outras localidades, ou ainda principalmente de como queremos ser
lembrados por nossas futuras gerações.
A cooperação da comunidade como um todo, é importante também como fonte das
informações que precisam ser apuradas para a construção dos inventários, principalmente em um Estado, onde existem pouquíssimas publicações acerca destas temáticas
(patrimônio cultural e turismo) e onde podemos encontrar muitos personagens ou
grupos significantes da história e que testemunharam fatos importantes para determinados grupos.
Conhecer, entender, respeitar e preservar as raízes e a origem de um povo, comunidade ou uma região é sobre tudo garantir a esse povo a condição de existir e proteger
a sua identidade, valorizando e cultivando a sua história local, facilitando o entendimento e a inserção no contexto histórico não só regional, mas também nacional.
Muito além do que levar os indivíduos a conhecer e se reconhecer dentro de sua cultura, é também um dos objetivos fazer com que diferentes grupos se conheçam, compreendendo melhor um a cultura do outro.
Katyanne Bermeo Mutran
Superintendente do IPHAN em Roraima
Nota de esclarecimento: Falamos e escrevemos o Hunsrückisch!
NOTA DE ESCLARECIMENTO (uff Hunsrückisch)
Mea spreche unn schreiwe Hunsrückisch!
Weche Notícias, wo die Wuch publikeert gebb sinn, iwer en “Hunsrik” Sproch im Google Tradutor, finne mea uns als Pesquisadore unn Sprecher vom “Hunsrückische”, wie mea unser Sproch nenne, gezwung unser Sorche unn Erstaune iwer die Schrift unn der Oot, wie das Ganze gemacht gebb is, zum Ausdruck ze bringe. Was uns noch traurich macht, is, dass debei importante Pesquisas ignoreert gebb sinn, wo der Inventário Nacional von der Sprochdiversitet dorich der IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) ons Licht gebrung hot ( https://www.gov.br/iphan/pt-br/assuntos/noticias/mais-6-linguas-podem-se-tornar-referencia-cultural-brasileira )
In dem Sinn muss ma soohn, vor allem, dass die Schrift, wo der Google Tradutor verwendt, uff kee Fall unser Schrift vom Hunsrückische representeert, wo dorich der Inventário festgesetzt unn legitimeert gebb is, in en Inventário wo der IPOL (Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística) unn das Projekt ALMA-H (Sprochkontaktatlas von der Deitsche Minorias in der Bacia do Prata: Hunsrückisch) on der Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) von 2016 bis 2018 gemacht gebb is (meh dezu unner https://www.ufrgs.br/projalma/escrithu-sistema-de-escrita-do-hunsruckisch/).
Die Schrift, wo ohne Kriterie aleatorisch unner dem Noome Hunsrik verwendt wedd, is en fonetisch Schrift; das Wott “alemão” wedd somit als Taytx geschribb. Im Gecheteel die Schrift, wo dorich der Inventário vom Hunsrückische aproveert gebb is, heert der Tradition unn dem Schreiwe von Imigrante unn dene sein Nohkommenschaft iwer die 200 Johre in Brasilie (in dem Johr mit en Heerd Atividades gedenkt); das Wott for “alemão” schreibt ma uff der Oot als Deitsch. Der Diálogo mit der Herkunft unn mit der eichne Identitet is ausserondlich central for die Sprecher vom Hunsrückische, well dodemit erlaubt wedd, ooch annre Atikle von unser Kultur mitzerechne, wie, for em Beispiel ze gewwe, die Verschriftung von Schreibnoome zeicht (em Beispiel is das ooch in viele Noome wie Schneider, Einstein unn so weiter). Das heesst, das Festsetze von der Schrift im Inventário hot sich aus dem Diálogo mit der Sprecher unn ehr Geschicht ergebb, also net vom Ausland renn, wie die Schrift, wo im Google Tradutor verwendt wedd.
Der Oot, wie so das Hunsrik im Google Tradutor uffgenomm gebb is, ohne der Inventário vom Hunsrückische iwerhaupt ze erkenne, ohne die Sprecher unn Gemeende onzeheere unn ohne die Oorwet vom IPHAN mit der Parceria von der Gesellschaft for die bresilioonisch Sprochediversitet ze erkenne unn erhalle, stosst also derekt geche alles, was mit gross Mih gemacht gebb is, for das Hunsrückische ze erhalle unn ze schitze.
Ma muss noch soohn, dass der Inventário vom Hunsrückische, zu dem en Parecer Técnico im Diário Oficial da União vom 05.07.2022, ed. 125, seção 3, p. 127 rausgebb is, en importante Beweis is, for das Hunsrückische der Certificado als “referência cultural brasileira” ze kriehn. Das is uns vom IPHAN noch eenmol besteticht gebb, in en Reunião vom 12.07.2024. Debei is uns ooch gesichert gebb, dass der Certificado noch das Johr ausgestellt werre kann.
Mea hoffe zum Schluss, dass hiermit besser verstann wedd, wie ennst die Stuation is. Es hannelt sich um die Mottersproch von en Heerd Leit unn ehr Geschicht, wo net eenfach von en eenzich Aktion decidiert werre kann. Es solte die Interesse von der Sprecher zehle, well for die Hunsrückisch en Erebsproch is. Ma muss dem Google desweche vorschloohn, das Insetze von neie Sproche im Google Tradutor besser ze kontroleere, unn die Sicht von der viele Sprecher sowie ooch die Politik vom Inventário Nacional von der Sprochdiversitet ennst ze nehme, wo en important Institution wie der IPHAN unnerstizt hot, uff der Basis grood von ennst Dokumentation unn Zustimmung von der Sprecher.
Es danke for das Zuheere
Cléo V. Altenhofen (Projeto ALMA-H / UFRGS, Instituto de Letras)
Rosângela Morello (IPOL – Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística)
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NOTA DE ESCLARECIMENTO:
Falamos e escrevemos o Hunsrückisch!
Em virtude de notícias que têm sido veiculadas nesta semana, referindo-se à inclusão de uma língua Hunsrik, no Google Tradutor, viemos manifestar nossa surpresa e preocupação, como pesquisadores e falantes do Hunsrückisch, com o sistema de escrita usado e o modo como se deu esse processo de inclusão, ignorando trabalhos relevantes no âmbito do Inventário Nacional da Diversidade Linguística (https://www.gov.br/iphan/pt-br/assuntos/noticias/mais-6-linguas-podem-se-tornar-referencia-cultural-brasileira), conforme concebido pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
Nesse sentido, cabe esclarecer, antes de tudo, que a escrita usada no Google Tradutor não representa de modo algum a escrita definida e legitimada como escrita usual do Hunsrückisch, por meio do Inventário que o IPOL (Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística) e o projeto ALMA-H (Atlas Linguístico-Contatual das Minorias Alemãs na Bacia do Prata: Hunsrückisch), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), realizaram entre 2016 e 2018 (v. https://www.ufrgs.br/projalma/escrithu-sistema-de-escrita-do-hunsruckisch/)
A escrita usada nessa inclusão aleatória do que se chama Hunsrik é fonética; por exemplo, para a palavra ‘alemão’, escreve-se a forma Taytx. Em contrapartida, a escrita aprovada no Inventário do Hunsrückisch dialoga com a tradição e as práticas de escrita dos imigrantes e seus descendentes ao longo dos 200 anos de presença no Brasil (rememorados em uma série de atividades deste ano de 2024); a palavra equivalente a ‘alemão’ é escrita, por isso, como Deitsch. Esse diálogo com as raízes e a identidade local é central para os falantes de Hunsrückisch, pois possibilita alinhar as práticas de escrita com outros setores da cultura, como por exemplo mostra a grafia de sobrenomes (neste caso, com o mesmo grafema em Schneider, Einstein etc.). Ou seja, a definição do sistema de escrita, no âmbito do Inventário, deu-se em diálogo com as comunidades, e não foi artificialmente introduzido de fora para dentro, como no caso da escrita do Google Tradutor.
A inserção, de forma aleatória, da língua Hunsrik no Google Tradutor, sem consideração do Inventário do Hunsrückisch, em que se fez ampla consulta e pesquisa junto às comunidades de falantes, e que representa um esforço do IPHAN, junto com a sociedade, para reconhecer e salvaguardar a diversidade linguística brasileira, se choca, portanto, com os esforços legitimamente empreendidos para a manutenção e salvaguarda do Hunsrückisch.
Vale acrescentar que o Inventário do Hunsrückisch, com parecer técnico publicado no DOU de 05/07/2022, ed. 125, seção 3, p. 127, é requisito essencial para o Hunsrückisch obter o certificado de “referência cultural brasileira”. Essa postura foi corroborada em reunião realizada com o IPHAN, no último dia 12/07/2024, em que se acenou com a concessão do certificado ainda este ano.
Esperamos, enfim, que esta nota esclareça a situação, pois a língua materna de toda uma comunidade e de sua história não pode ficar à mercê de uma decisão isolada, motivada por interesses que não os dos falantes, para quem o Hunsrückisch constitui uma língua de herança. Caberia, por isso, alertar ao Google, para rever o processo de inclusão de línguas no Google Tradutor, sem ferir ou passar por cima da visão das comunidades de falantes e da política do Inventário Nacional da Diversidade Linguística, conduzida por um órgão extremamente importante como o IPHAN, que ampara suas ações justamente na documentação e anuência das comunidades.
Att.
Cléo V. Altenhofen (Projeto ALMA-H / UFRGS, Instituto de Letras)
Rosângela Morello (IPOL – Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística)
DISCLAIMER:
We speak and write Hunsrückisch!
As a result of the news that has been published this week, referring to the inclusion of a Hunsrik language in Google Translate, we would like to express our surprise and concern, as researchers and speakers of Hunsrückisch, about the writing system used and how this process of inclusion has taken place, ignoring relevant work within the scope of the National Inventory of Linguistic Diversity (https://www.gov.br/iphan/pt-br/assuntos/noticias/mais6-linguas-podem-se-tornar-referencia-cultural-brasileira), as conceived by IPHAN (Institute of National Historical and Artistic Heritage).
First and foremost, it should be clarified that the writing used in Google Translate in no way represents the writing defined and legitimized as the usual writing of Hunsrückisch, through the Inventory that IPOL (Institute for Research and Development in Linguistic Policy) and the ALMA-H project (Linguistic-Contact Atlas of German Minorities in the River Plate Basin: Hunsrückisch), of the Federal University of Rio Grande do Sul (UFRGS), carried out between 2016 and 2018 (see https://www.ufrgs.br/projalma/escrithu-sistema-de-escrita-do-hunsruckisch/).
The writing used in this random inclusion of what is called Hunsrik is phonetic; for example, for the word ‘German’, the form Taytx is written. On the other hand, the writing approved in the Hunsrückisch Inventory dialogues with the tradition and writing practices of immigrants and their descendants over the 200 years of their presence in Brazil (commemorated in a series of activities in 2024); the word equivalent to ‘German’ is therefore written as Deitsch. This dialogue with roots and local identity is central to Hunsrückisch speakers, as it makes it possible to align writing practices with other sectors of culture, as, for example, the spelling of surnames shows (in this case, with the same spelling <ei> in Schneider, Einstein, etc.). The definition of the writing system, in the context of the Inventory, took place in dialogue with the communities and was not artificially introduced from outside, as in the case of the Hunsrik writing now present in Google Translate.
The random inclusion of the Hunsrik language in Google Translate, without taking into account the Hunsrückisch Inventory, in which there was extensive consultation and research with the communities of speakers, and which represents an effort by IPHAN, together with society, to recognize and safeguard Brazilian linguistic diversity, therefore clashes with the efforts legitimately undertaken to maintain and protect this language.
Furthermore, the Hunsrückisch Inventory, with a technical opinion published in the DOU of 05/07/2022, ed. 125, section 3, p. 127, is an essential requirement for Hunsrückisch to obtain the certificate of “Brazilian cultural reference”. This stance was corroborated at a meeting held with IPHAN on July 12, 2024, in which the certificate was expected to be granted this year.
Finally, we can only hope that this disclaimer clarifies the situation since the mother tongue of an entire community and its history cannot be at the mercy of an isolated decision, motivated by interests other than those of the speakers, for whom Hunsrückisch is a heritage language. It would therefore be appropriate to alert Google to review the process of including languages in Google Translate, without hurting or bypassing the vision of the communities of speakers and the policy of the National Inventory of Linguistic Diversity, conducted by a body as important as IPHAN, which bases its actions precisely on the documentation and consent of the communities.
Sincerely,
Cléo V. Altenhofen (Projeto ALMA-H / UFRGS, Instituto de Letras)
Rosângela Morello (IPOL – Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística)