Ministra dos Povos Indígenas formaliza adesão do Brasil ao Instituto Iberoamericano de Línguas Indígenas (IIALI)
Na última terça-feira, dia 21 de novembro de 2023, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, assinou um ofício solicitando à Agência Brasileira de Cooperação (ABC) a adesão do Brasil ao Instituto Iberoamericano de Línguas Indígenas (IIbeLI). A formalização deste pedido visa preservar e revitalizar o patrimônio linguístico e cultural da América Latina e do Caribe, conforme aprovado na Cúpula Iberoamericana de fevereiro de 2022.
A reunião da Organização Iberoamericana, agendada para o dia 27 de novembro, será palco para a ABC formalizar a adesão brasileira ao IIbeLI. Esta é uma iniciativa crucial para a preservação das cerca de 550 línguas na região, sendo um terço delas ameaçadas de extinção, é uma entrega concreta do Ministério dos Povos Indígenas durante sua liderança na Presidência Pro-tempore do Mercosul.
A adesão ao IIbeLI é estratégica para o reposicionamento do Brasil no cenário regional, destacando o protagonismo indígena. Durante a Reunião de Autoridades sobre Povos Indígenas do Mercosul (RAPIM), realizada em Brasília em 16 de novembro, a decisão brasileira já foi comunicada ao Vice-Presidente da Bolívia, David Choquehuanca, país sede do Instituto e um de seus maiores apoiadores.
Essa iniciativa ganha ainda mais relevância no contexto da Década Internacional das Línguas Indígenas da UNESCO, à medida que os países são chamados à ação para apoiar, promover e revitalizar as línguas indígenas. Além disso, a adesão fortalecerá a parceria com o FILAC (Fundo para o Desenvolvimento dos Povos Indígenas da América Latina e Caribe), possibilitando ações conjuntas em eventos como o Fórum Permanente sobre Questões Indígenas da ONU e a participação indígena na COP30 do Clima, em 2025, em Belém.
A medida alinha-se à intenção do presidente Lula de fortalecer a integração regional, especialmente no âmbito do Tratado de Cooperação Amazônica (TCA), considerando a concentração significativa das línguas indígenas na região.
Por fim, a adesão ao Instituto Iberamericano de Línguas Indígenas vem ao encontro das ações do Ministério dos Povos Indígenas que, por meio de seu Departamento de Línguas e Memórias Indígenas, chefiado pelo professor Eliel Benites. O Departamento apresentou este ano, no âmbito da RAPIM, o Plano de Ação para a Década Internacional das Línguas Indígenas no Brasil, o qual apresenta em detalhes os princípios, objetivos e, principalmente, as ações conduzidas à frente das políticas linguísticas no Brasil, tudo formulado com protagonismo indígena e intensos diálogos com instituições governamentais e não-governamentais especializadas na temática.
IIALI – O que é?
O Instituto Ibero-Americano de Línguas Indígenas é uma iniciativa para revitalizar as línguas indígenas
O Instituto Ibero-Americano de Línguas Indígenas (IIALI) tem sua origem em uma decisão da Cúpula Ibero-Americana de Chefes de Estado e de Governo, realizada em Montevidéu e Antígua-Guatemala em 2006 e 2018, respectivamente. Na XXVII Cúpula Ibero-Americana, realizada em Andorra em 2021, o instituto foi aprovado como uma iniciativa ibero-americana para enfrentar as ameaças às línguas indígenas, especialmente as ameaçadas de extinção, bem como para promover seu uso, revitalizar, fomentar e desenvolver as mesmas.
Esta iniciativa busca aumentar a consciência da situação das línguas indígenas e dos direitos culturais e linguísticos dos povos indígenas; promover a transmissão, uso, aprendizagem e revitalização das línguas indígenas; prestar assistência técnica na formulação e implementação de políticas linguísticas e culturais para os povos indígenas; e facilitar a tomada de decisão informada sobre o uso e vitalidade das línguas indígenas.
O instituto adota, entre outros, os princípios da Convenção 169 da OIT, a Declaração da ONU sobre os Direitos dos Povos Indígenas e a Declaração Los Pinos-Chapoltepek, adotada no evento de alto nível convocado pela UNESCO e pelo Governo do México em 2020, sob o lema “Nada sem nós”, que reconhece a importância das línguas indígenas para a coesão e inclusão social, direitos culturais, saúde e justiça.
A responsabilidade pela criação do Instituto foi confiada na XXVI Cúpula Ibero-Americana de Chefes de Estado e de Governo à Organização de Estados Ibero-Americanos para a Ciência e a Cultura (OEI), à Secretaria-Geral Ibero-Americana (SEGIB) e ao Fundo para o Desenvolvimento dos Povos Indígenas da América Latina e do Caribe (FILAC).
El IIALI tiene como objetivo general fomentar el uso, la conservación y el desarrollo de las lenguas indígenas habladas en América Latina y el Caribe, apoyando a las sociedades indígenas y a los Estados en el ejercicio de los derechos culturales y lingüísticos, objetivo que se logrará con la creación de un Instituto Iberoamericano de Lenguas Indígenas. Para ello, se busca:
- Concienciar sobre sobre la situación de las lenguas indígenas y los derechos culturales y lingüísticos de los Pueblos Indígenas, así como lograr:
- Que la sociedad global considere al IIALI como la piedra angular del Decenio Internacional de las Lenguas Indígenas en América Latina y el Caribe.
- Que la sociedad latinoamericana muestre mayor conocimiento y consciencia sobre la situación de vulnerabilidad y los riesgos que amenazan a los idiomas indígenas.
- Fomentar la transición, uso, aprendizaje y revitalización de los idiomas indígenas, a través de ello se busca:
- Que se retome la transmisión intergeneracional de los idiomas indígenas por las familias indígenas.
- Se cree un sistema de apoyos para iniciativas endógenas de recuperación y revitalización de los idiomas originarios, en áreas rurales y urbanas.
- Sean aplicadas iniciativas gubernamentales en favor de las lenguas indígenas en consulta con las organizaciones indígenas y las comunidades de hablantes.
- Formular e implementar políticas lingüísticas y culturales para y con los pueblos indígenas, también es parte de los objetivos del IIALI, para ello se pretende:
- Que sean fortalecidos técnicamente las Secretarías, institutos o academias oficiales de idiomas originarios y políticas lingüísticas y con actuación en los niveles macro, meso y micro.
- Tener un Laboratorio Latinoamericano de Lenguas Indígenas en funcionamiento, con bases de datos cuantitativos y cualitativos sobre la situación de los idiomas indígenas. (https://www.iiali.org/objetivos-del-iiali/)
Saiba mais puxando. rede IPOL:
. A criação do Instituto: http://ipol.org.br/tag/instituto-ibero-americano-de-linguas-indigenas-iiali/
. A criação do Instituto Ibero-Americano de Línguas Indígenas (IIALI): https://www.segib.org/pt-br/programa/iniciativa-instituto-iberoamericano-de-lenguas-indigenas-iiali/
Registro Nacional de Lenguas Indígenas u Originarias – Tomo I – Lenguas Andinas (Lançamento)
LESLIE CAROL URTEAGA PEÑA, Ministra de Cultura do Peru faz a apresentação do REGISTRO NACIONAL DE LENGUAS INDÍGENAS U ORIGINARIAS – RENALIO, publicado neste outubro de 2023.
“O Ministério da Cultura, através do Vice-Ministério da Interculturalidade, na sua qualidade de órgão dirigente em matéria de cultura, é responsável por garantir o cumprimento dos direitos linguísticos nas suas dimensões individuais e colectivas. Nesse sentido, elaborou este documento denominado Cadastro Nacional de Línguas Indígenas ou Nativas – RENALIO. Tem como objetivo fornecer e divulgar informações demográficas e sociolinguísticas sobre áreas geográficas de uso, predominância e status oficial, bem como informações bibliográficas sobre as atuais e extintas línguas indígenas ou nativas do país. Esta publicação é composta por dois volumes: o primeiro refere-se às línguas indígenas ou nativas andinas, e o segundo, às línguas indígenas ou nativas da Amazônia.
O RENALIO é um instrumento técnico que contém a lista oficial das línguas indígenas ou nativas do país incluídas no Mapa Etnolinguístico do Peru. Desta forma, é a primeira base de informação sobre as línguas indígenas ou nativas do país dirigida tanto às entidades da administração pública como aos cidadãos em geral, com o objetivo de se estabelecer como ponto de partida para conhecer mais sobre a nossa grande diversidade linguística e os contextos em que se desenvolve. Por exemplo, nos departamentos de Apurímac, Puno, Huancavelica, Ayacucho e Cusco, mais de 50% da população aprendeu o quíchua como língua materna, o que o torna a língua indígena ou nativa predominante nestas áreas. Por sua vez, Lima é atualmente um dos departamentos com maior número de falantes de línguas indígenas ou nativas, enquanto Loreto é o departamento com maior número de línguas indígenas ou nativas historicamente faladas por sua população, com mais de 30 línguas. presente em seu território.
O Volume I – Línguas andinas indígenas ou nativas inclui informações sobre as línguas indígenas andinas vitais, ameaçadas e críticas, bem como sobre aquelas que estão extintas. Desta forma, quem mergulhar no mundo andino e nas línguas faladas pelos nossos antepassados encontrará informações específicas sobre os nomes das línguas, a família linguística a que pertencem, o seu estado de vitalidade, a sua presença histórica e informações demográficas, bem como aquelas áreas em que o idioma é predominante. Por fim, você também encontrará informações bibliográficas básicas que o encaminharão para trabalhos de autores e pesquisadores que, interessados em cada uma dessas línguas, desenvolveram importantes estudos que nos permitem conhecer mais sobre nossas línguas indígenas ou nativas, seus falantes, e o conhecimento e a sabedoria compreendidos em cada um dos seus contextos culturais no nosso país.
Por fim, é importante destacar que esta publicação compreende um primeiro passo para a construção de um importante registro de informações sobre línguas indígenas ou nativas, para que, a partir de agora, informações valiosas sobre nossas línguas possam continuar a ser incorporadas. e, portanto, sobre a nossa identidade nacional.”
Veja a publicação aqui: RENALIO Registro Nacional de Lenguas Indígenas u Originarias – Tomo I – Lenguas Andinas
Conheça mais sobre as línguas originárias do Peru visitando a página do Ministério da Cultura, CRI – Centro de Recursos Interculturales: https://centroderecursos.cultura.pe/es
Diálogo de investigadores sobre la diversidad lingüística
Em 23 de maio de 2023 será realizado o evento “Diálogo de investigadores sobre la diversidad lingüística” com a participação de especialistas e pessoas representativas da cultura peruanas. Conheça a programação e acompanhe.
Visite o site do Ministerio da Cultura / Peru para conhecer as atividades e ações que vem sendo realizadas para a promoção das línguas originais peruanas.
https://www.facebook.com/mincu.pe
Saiba mais:
Portugal concede bolsas de estudo a venezuelanos para reforçar ensino de português
Portugal vai atribuir “sete bolsas de estudo a venezuelanos” interessados em fazer formação como professores de português em universidades portuguesas, anunciou hoje a Embaixada em Caracas.
“Esta iniciativa tem como objetivo poder assegurar, num futuro próximo, a formação de novos estudantes deste idioma que já conta com 7.500 alunos em diferentes partes da Venezuela”, refere a embaixada em comunicado.
A entrega de bolsas de estudo é uma iniciativa conjunta entre a Embaixada de Portugal em Caracas, o Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, e a Coordenação do Ensino de Português na Venezuela (CEPE Venezuela) e tem como destinatários os venezuelanos que queiram aperfeiçoar as suas competências linguísticas para o ensino.
“Os participantes do programa desenvolverão as suas competências linguísticas em prestigiosas universidades portuguesas para depois darem aulas em centros educativos que desejem introduzir a língua no seu programa de estudos. O embaixador João Pedro Fins do Lago espera que continue a crescer a quantidade de venezuelanos que se possam comunicar num idioma que une povos em quatro continentes”, explica.
Os sete bolseiros vão frequentar cursos intensivos de português em “prestigiosas universidades portuguesas, tais como Universidade de Lisboa, Nova de Lisboa, Porto, Aveiro, Coimbra e Minho” que “contam com plataformas virtuais de excelente qualidade”, assim como professores que “estarão disponíveis durante um mês para ajudar” os estudantes venezuelanos e de outras partes do mundo, no “aperfeiçoamento do idioma à distância”.
“Os estudantes admitidos receberão uma contribuição económica que apoiará esta experiência académica. Todo este esforço far-se-á com o objetivo de que possam aperfeiçoar as suas competências linguísticas para dar aulas”, explica a representação diplomática.
Segundo o embaixador, “a promoção da cultura e da língua portuguesa na Venezuela é uma das principais missões diplomáticas” e é fundamental “que continue a crescer a número de venezuelanos” que falam português.
A língua tem “também um grande valor económico, que abre portas e dá futuro aos jovens, e que une povos em quatro continentes”, servindo ainda “para fortalecer os laços históricos e os valores que identificam a comunidade portuguesa” local.
Segundo o coordenador do ensino, Rainer Sousa, “a Venezuela obteve sete das 58 bolsas de estudos disponíveis”, uma prova do interesse crescente dos venezuelanos, “conscientes das vantagens de se poder comunicar num idioma de projeção global”.
Na Venezuela há, oficialmente, cerca de 7.500 estudantes de língua portuguesa distribuídos em 42 instituições (entre colégios, escolas e centros luso venezuelanos) e seis universidades onde há aulas ou cadeiras que envolvem o uso e o domínio deste idioma.
As projeções apontam a que o número de estudantes de português venha a aumentar nos próximos anos e a formação de professores decorre na Universidade Pedagógica Experimental Libertador (UPEL) da cidade de Maracay e na Universidade Central da Venezuela.
Segundo o professor Enrique de Sá, do Centro de Língua Portuguesa (CLP) da UPEL, a atribuição de bolsas “é uma grande e feliz notícia e um reconhecimento da qualidade do trabalho desenvolvido” na Venezuela.
Na Venezuela existem 100 professores de português, a nível nacional e na UPEL de Maracay 50 estudantes recebem formação como futuros docentes do idioma. Há ainda 60 inscritos no curso a distância “Diplomado em Ensino de português como língua estrangeira”, na Universidade de Carabobo.
O português faz parte do sistema escolar venezuelano, com crescente procura na educação básica, média e superior, cujos materiais didáticos, tais como manuais, dicionários e bibliotecas, são doados frequentemente pelo Camões IP, o CEPE e a Embaixada de Portugal.
VIA JM Madeira
A obrigatoriedade do espanhol e a integração latino-americana
A lei de obrigatoriedade do espanhol, veio a ser pensada principalmente por dois fatores. O primeiro é possibilitar aos estudantes do nível médio e fundamental uma nova possibilidade de escolha de língua estrangeira para os estudantes. O segundo, que tem base com a ideia do fato de ser impossível dar aula de línguas sem estar vinculada a sua cultura, que é o maior conhecimento da região, o que pode resultar em uma maior integração regional.
Estes pontos são alguns dos principais, que integram outros inúmeros, que podemos pensar em se tratando desta lei de autoria do deputado federal Felipe Carreiras (PSB-PE) e o senador Humberto Costa (PT-PE), como resultado de uma luta incansável do Movimento Fica Espanhol.
Mesmo que o novo ENEM, tenha repercutido a saída do espanhol da prova mais importante do país, o que pode trazer um conflito ao ensino desta língua, por muitos estudantes acreditarem no ensino escolar apenas e unicamente para o ingresso a universidade.
O espanhol sempre foi uma língua vista em segundo plano, principalmente pela visão pejorativa de que ela é o mesmo que o português. O que vem atrelado ao fato da falta de interesse do país em se ver como parte da América Latina, por se sentir alheio ao resto da região por falar uma língua distinta da maioria dos países que a integram.
Por isso, de alguma forma, seria possível, que o ensino de espanhol, possa ser um ponto inicial, não somente para o brasileiro finalmente se perceber parte do continente, para consolidar “efetivamente a integração latino-americana”.