Qual o papel das línguas nas universidades? Seminário debate política linguística na USP
Alunos, pesquisadores e funcionários da USP estão convidados a expor suas experiências linguísticas em evento que ocorre dias 10 e 11 de outubro com transmissão on-line.

O I Seminário sobre Políticas Linguísticas na USP procura identificar os usos das línguas nas unidades da USP e suas demandas e problemáticas linguísticas. Essa é a segunda etapa de pesquisa do Grupo de Trabalho (GT) Interunidades em Políticas Linguísticas para a USP (PoLinguas-USP), que busca construir uma política linguística para a USP, com ações de ensino, pesquisa e extensão. O evento acontece nos dias 10 e 11 de outubro, com transmissão on-line pelo Canal da FFLCH no YouTube e cerca de 80 lugares disponíveis para membros da comunidade participarem presencialmente.
O GT enviou anteriormente à comunidade USP o questionário on-line Línguas na USP, disponível neste link. Ainda é possível respondê-lo: o prazo foi prorrogado do dia 30 de setembro para o dia 20 de outubro. O tempo de resposta é de 7 a 15 minutos.
A proposta do seminário é realizar uma discussão ampla sobre as línguas na Universidade. “Hoje, num momento no qual a palavra de ordem é a internacionalização, há uma tendência a encontrar ‘uma solução’ – em muitos casos, simplificadora, excludente –, quando as propostas podem ser várias, diversas e, portanto, mais generosas, instigantes e enriquecedoras”, afirma María Teresa Celada, professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e integrante do GT.
Confira a programação para cada dia do seminário:
10 de outubro – das 14h às 18h30, na sala do Conselho Universitário (CO)
Abertura, das 14h às 15h
Maria Arminda do Nascimento Arruda (vice-reitora), pró-reitores (PRG, PRPG, PRCEU e PRIP), Ana Paula Tavares (representante da PRPI), Marly Babinski (Agência USP de Cooperação Acadêmica Nacional e Internacional – Aucani), Paulo Martins (diretor da FFLCH) e Carlota Boto (diretora da Faculdade de Educação – FE).
Coordenação de María Teresa Celada, da FFLCH, e Lívia de Araújo, da FE.
Mesa 1, a partir das 15h – O papel das línguas na constituição da excelência acadêmica da USP
Apresentação de dados de vários momentos da história da USP para entender como as línguas conhecidas pelos membros da comunidade foram fundamentais para a formação e produção de conhecimento.
Carlota Boto, da FE, Akemi Ino, do Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU), e Ilza Godoi, especialista em cooperação e extensão universitária, da Aucani. Coordenação de Valdir Barzotto, da FE.
Mesa 2, a partir das 17h – O papel das línguas na construção e difusão de conhecimento
Modos como o domínio de diferentes idiomas pode contribuir nos desafios relacionados à pesquisa e ao acesso ao conhecimento produzido na Universidade.
Lilian Gregory, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ), Miriam Debieux, do Instituto de Psicologia (IP) e pró-reitora adjunta da PRIP, e Ivo Alude, pós-graduando da FE e pesquisador de contextos multilíngues. Coordenação de Paulo Daniel Farah, da FFLCH.
11 de outubro – das 9h às 17h30
Reunião com os grupos de trabalho, a partir das 9h, em outras salas da Reitoria
A partir do tema As línguas em cada unidade nos diversos segmentos – graduação, pós-graduação, pesquisa, inovação, extensão, internacionalização e inclusão e pertencimento, os grupos de trabalho de cada unidade da USP pensarão o lugar e papel das línguas em suas unidades, além de suas necessidades linguísticas.
As discussões girarão em torno de perguntas como “Em quais países docentes e estudantes de sua unidade realizaram intercâmbios e estágios nos últimos 10 anos?” e “Há cursos de línguas em sua unidade, como atividade de extensão e/ou como iniciativa de setores da comunidade?”.
Finalização – relatórios e encaminhamentos, a partir das 14h, na sala do CO
Relatores de cada grupo de trabalho irão apresentar os registros das discussões, destacando os aspectos mais relevantes e traçando possíveis propostas de trabalho.
Ficou interessado em participar das mesas e reuniões? Entre em contato com o GT pelo e-mail polinguas-usp@usp.br.
Você também pode acompanhar a transmissão simultânea dos trabalhos que ocorrerão na sala do CO pelo canal da FFLCH no YouTube: neste link para o dia 10, e neste link para o dia 11.
FONTE: Jornal da USP
Estudante defende dissertação nesta semana e pode ser a segunda mestre indígena da UEL

Primeira estudante indígena do Centro de Letras e Ciências Humanas (CLCH) a obter o título de mestre na UEL, Damaris Kaninsãnh Felisbino defende a sua dissertação nesta sexta-feira (7), na Terra Indígena Apucaraninha. Ela concluiu o mestrado em Estudos da Linguagem.
Com a defesa da tese, Damaris será a segunda estudante indígena da UEL a obter o título de mestre. Em junho do ano passado, o Programa de Pós-Graduação em Serviço Social e Política Social da UEL concedeu o título à estudante Gilza Ferreira de Felipe Pereira, orientanda do professor Wagner Roberto do Amaral, do Departamento de Serviço Social (Cesa).
Filha de um professor da língua Kaingang do Colégio Estadual Indígena Benedito Rokag (Tamarana), Damaris ingressou na graduação aos 19 anos, em 2012, ao lado da mãe, Jandira Grisãnh Felisbino. À época, a UEL ainda não contava com o ciclo de 480 horas de atividades formativas, voltadas à adaptação dos ingressantes indígenas.
“Foi bem complicado porque o ritmo era diferente do colegial. Para entender a linguagem acadêmica foi difícil”, lembra a mestranda, que trabalha como professora em Tamarana. O ciclo de atividades foi instituído em 2014.
Com a orientação do professor Marcelo Silveira, do Departamento de Letras, Damaris concluiu a sua dissertação de mestrado, que leva o título “Variação diamésica na Língua Kaingang: reflexões a respeito da variação diamésica, a formalidade e a informalidade na lingua Kaingang”.
“Essa dissertação mostra a realidade da língua Kaingang porque ela é riquíssima nas variações. Alguns professores que pesquisaram não falam dessas variações específicas do Apucaraninha”, afirma. “Não sei como está nas outras regiões, mas essa dissertação é específica. Quem for ler vai ter como base a metodologia de como fazer uma entrevista com o povo de lá. Acho que vai ser muito importante para quem quiser estudar a língua futuramente, tanto os indígenas quanto não indígenas”.
A banca examinadora será formada pelos professores da UEL Marcelo Silveira e Wagner Roberto Amaral e pela docente do Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas da Universidade de Brasília (UNB) Ana Suelly Arruda Câmara Cabral.
MOTIVAÇÃO – Para a estudante, a conclusão do mestrado representa a superação de parte das dificuldades impostas pelo histórico processo de exclusão socioeconômica da população indígena. No entanto, há, também, um elemento de sua história de vida que manteve motivada durante o mestrado: o falecimento da mãe e colega de classe na graduação na semana anterior à formatura em Letras pela UEL.
Como forma de homenagear e honrar os ensinamentos de suas antepassadas, Damaris quer continuar atuando na educação e na inclusão de crianças e jovens Kaingangs.
“A maioria da população não indígena não acredita no indígena, até os próprios indígenas, por conta de tudo o que aconteceu no passado, de mostrar o indígena como inferior. O indígena pode, sim. Se tem um sonho é para seguir. Eu falei tudo isso pensando no que a minha mãe dizia”, afirma.
Mãe de Manoela, de 11 anos, a mestranda acredita na educação como ferramenta de transformação social e construção de uma sociedade menos desigual. “Para o futuro dela, eu queria um Paraná com oportunidade para a diversidade, porque hoje em dia é difícil, até para quem está estudando. Queria um futuro em que a aceitassem como ela é, indígena Kaingang, que tem uma cultura diferente, que as pessoas possam respeitá-la”, afirma.
HISTÓRIA – O primeiro mestre indígena no Paraná recebeu o título em 2016. Trata-se de Florencio Rekayg Fernandes, formado pelo Programa de Pós-Graduação em Educação (PPE), da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
O Paraná é pioneiro no País na inclusão dos indígenas no ensino superior. Desde 2002, investe no Vestibular dos Povos Indígenas, política pública que incentiva jovens a ingressarem nas sete universidades estaduais e na Universidade Federal do Paraná (UFPR).
FONTE: Agência Estadual de Notícias
Pesquisadores da UFSC apresentam videoconferências sobre escritores latinos
Os pesquisadores André Fiorussi, Byron Vélez Escallón, Joca Wolff e Liliana Reales, vinculados ao Núcleo Onetti e à linha de pesquisa Estudos Literários e Culturais Latino-Americanos do Programa de Pós-Graduação em Literatura (PPGLIT), da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), apresentaram quatro videoconferências em espanhol sobre escritores latino-americanos, são eles Jorge Luis Borges, César Aira, José Eustasio Rivera e Rubén Darío no III Festival Cultural Latino-Americano. O evento é promovido pelo Museu Nacional da Literatura Romena em Bucareste, Romênia e a apresentação ocorrerá no dia 5 de outubro, às 17h.
Em sua terceira edição, o Festival Cultural Latino-americano do Museu da Literatura Romena de Bucareste reúne artistas e pesquisadores de diversas nacionalidades com o objetivo de difundir novos conhecimentos a respeito da literatura latino-americana na Romênia e em outros países europeus que têm línguas neolatinas como idioma oficial. Em sua programação oficial, o festival divulga o objetivo de “dar a conhecer ao público autores, artistas e espaços culturais importantes da América Latina, através de leituras públicas, conferências, projeções de filmes artísticos e documentários”, e ressalta que “este ano, as novidades do festival serão as conferências proferidas por especialistas, professores universitários e escritores de diferentes países latino-americanos”.
Acesse a programação completa através do link. Mais informações no site do Museu Nacional da Literatura Romena.
Conhecimento dos Povos Indígenas é essencial nas políticas climáticas
Relatório destaca como o reconhecimento dos sistemas de conhecimento dos Povos Indígenas e das comunidades locais pode fazer mais para lidar com as mudanças climáticas do que muitas abordagens atuais
Também defende a garantia da inclusão plena e equitativa dos Povos Indígenas e das comunidades locais nos processos políticos.
University of East Anglia (UEA)*
O relatório , publicado como um white paper, foi produzido por uma equipe internacional de 12 autores liderada pelo professor Ben Orlove da Universidade de Columbia nos EUA, e incluindo o Dr. Victoria Reyes-García da Instituição Catalã de Pesquisa e Estudos Avançados (ICREA) e Instituto de Ciências e Tecnologia Ambientais da Universidade Autônoma de Barcelona (ICTA-UAB), na Espanha. A equipe também incluiu cinco estudiosos indígenas.
Copatrocinado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios, o documento foi uma resposta aos crescentes pedidos de atenção internacional. à cultura na ciência e política das mudanças climáticas.
Supõe-se frequentemente que as respostas às mudanças climáticas devem envolver novas tecnologias ou mudanças comportamentais impulsionadas por governos e grandes empresas. No entanto, os autores baseiam-se em diversas literaturas e estudos de caso para ilustrar por que o reconhecimento dos sistemas de conhecimento dos Povos Indígenas e das comunidades locais acrescentaria muito às abordagens científicas ocidentais e representaria uma mudança transformadora necessária dos atuais esforços de cima para baixo.
Esse conhecimento, detido pelos 400 milhões de Povos Indígenas do mundo, além de muitas comunidades tradicionais locais, traz formas alternativas de compreensão e formas comprovadas, de baixo para cima, de abordar problemas globais complexos, como mudanças climáticas e perda de biodiversidade.