As contribuições dos povos indígenas para o desenvolvimento da ciência no Brasil
Artigo da nova edição da Ciência & Cultura discute como os povos originários colaboram de diversas formas com o País
Da perspectiva dos povos originários da América, a história contada oficialmente sobre os 522 anos do Brasil está baseada em muitas inverdades criadas pelos colonizadores para atender seus interesses geopolíticos e de acordo com suas cosmovisões. Isso é o que discute artigo da nova edição da revista Ciência & Cultura: 200 anos de ciência e tecnologia no Brasil.
No território brasileiro estima-se que viviam mais de 12 milhões de indígenas, de mais de 1600 povos ou etnias e mais de 1400 línguas faladas. São sociedades autóctones das Américas que desenvolveram e continuam desenvolvendo civilizações complexas, autônomas e altamente sustentáveis, cujas histórias não acabaram, porque continuam vivas e cada vez mais enraizadas na sociedade de hoje.
Segundo Gersem José dos Santos Luciano, indígena do povo Baniwa e professor do Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília (UnB), para os povos originários, o que aconteceu em 22 de abril de 1500 na região de Porto Seguro na Bahia foi uma invasão portuguesa aos seus territórios, seguido de declaração de guerra com fins de extermínio que ainda não acabou.
As contribuições dos povos indígenas à sociedade brasileira tiveram início logo após a chegada dos portugueses às terras brasileiras. Os índios ensinaram as técnicas de sobrevivência na selva e como lidar com várias situações perigosas nas florestas ou como se orientar nas expedições realizadas. Em todas as expedições empreendidas pelos colonizadores estavam os nativos como guias e prestadores de serviços, assim como aliados na expulsão de outros invasores estrangeiros ou como mão de obra nas frentes de expansão agrícola ou extrativista.
“Durante séculos de contato com os povos europeus, os povos indígenas não foram apenas vítimas da colonização. Eles também colonizaram os colonizadores com suas línguas, culturas, valores, saberes e fazeres e protagonizaram intercasamentos com não indígenas”, afirma o pesquisador em artigo para a revista. “Os povos indígenas são povos com suas histórias e da História que permanentemente (re)afirmam suas contemporaneidades e suas autoctonias em seus territórios e na vida nacional e global”, finaliza.
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FONTE: NOTÍCIAS DA SBPC
Vem aí! Seminário 20 anos da Política de Cooficialização de Línguas por Municípios Brasileiros, aguardem!
Em 11 de dezembro de 2002, São Gabriel da Cachoeira, Amazonas, publicou a lei que cooficializou as línguas Nheengatu, Tukano e Baniwa em seu território. Era a primeira vez que uma lei reconhecia o direito dos cidadãos de um município brasileiro a usarem línguas diferentes do Português nas instituições, espaços públicos e na comunicação com os poderes executivo, legislativo e judiciário locais.
De lá para cá, 51 municípios cooficializaram línguas, tanto indígenas como de imigração, consolidando essa política linguística no país! CONFIRA A LISTA ATUALIZADA
Em 2022, esta política completa 20 anos!
E nós, do IPOL, queremos comemorar esse aniversário com o Seminário 20 anos da Política de Cooficialização de Línguas por Municípios Brasileiros.
Aguardem, em breve divulgaremos a programação do evento!
Conheça o “Manual de Libras para Ciências: A Célula e o Corpo Humano”
O “Manual de Libras para Ciências: A Célula e o Corpo Humano” é um livro voltado para profissionais de educação. O livro busca melhorar o ensino e a aprendizagem na Ciência de alunos com surdez. Ele é dividido em onze capítulos, que tratam sobre células, tecidos, músculos, ossos e os diferentes sistemas do corpo humano (circulatório, digestivo, nervoso etc). Sendo disponibilizado em forma de e-book, apresenta cerca de 300 novos sinais que não existiam antes na Língua Brasileira de Sinais (Libras), como “glóbulos brancos”, “ureteres”, “suco pancreático” e “meninges craniais”. O livro está dividido em partes do corpo e, para cada termo, apresenta o nome em português, a soletração em datilologia – representação em sinais das letras do alfabeto manual – e fotografias com os sinais sugeridos. A cada página, ilustrações e textos contextualizam os assuntos.
Objetivo
Proporcionar uma educação de qualidade e acessível ao aluno surdo – desde o ensino fundamental, médio e superior.
Problema Solucionado
A tecnologia “Manual de libras para ciências inova no ensino científico para surdos” já está sendo utilizada por professores e interpretes para um entendimento de alunos surdos sobre ciências, células e corpo humano. Diversos pais e professores relatam uma melhoria na compreensão dos alunos sobre os determinados assuntos. Além disso, o livro em questão tem auxiliado no atendimento de pessoas surdas em serviços de saúde. Já que o manual apresenta sinais relacionados ao corpo humano – como um todo.
Descrição
A produção do livro foi baseada em livros didáticos utilizados na rede pública de ensino do Piauí. Após realizada uma leitura criteriosa em todos os livros do oitavo ano do ensino fundamental utilizados pela rede pública de ensino, foram selecionados os conteúdos que seriam abordados no livro a ser produzido. Posteriormente, palavras chaves que iriam servir de conexão entre os assuntos foram selecionadas, e uma busca, para saber se existiam sinais em libras para as palavras selecionadas, foi realizada. Vale ressaltar que base de dados especializadas em libras ainda são escassas no Brasil. Desse modo, foi preciso realizar pesquisas no “Google”, “YouTube” e artigos científicos. Após a verificação das palavras, um glossário foi montado com as palavras que já tinha sinais registrados e as palavras que não tinha sinais registrados. Em seguida, surdos e interpretes criaram sinais para as palavras que não possuíam sinais, e, posteriormente, os sinais foram fotografados. Em seguida, a fotos foram editadas e organizadas em seus respectivos capítulos. É importante ressaltar que o manual descreve o significada de cada palavra, e contextualiza todo o conteúdo abordado para que haja uma melhor compreensão do aluno que for utilizar como material de estudos.
Recursos Necessários
O livro “Manual de Libras para Ciências: A Célula e o Corpo Humano” já foi lançada e publica – de maneira gratuita. Porém, se faz necessário recursos mais especializados para que manuais como esse sejam publicados, e destinados a outra séries de ensino e abordando outras disciplinas. Tendo em vista que esse material é inédito no país. Desse modo, para que outros manuais sejam publicados, se faz necessário contados direto com editoras nacionais de educação, e uma equipe especializada para captação e pesquisas acerca de sinais existentes. Bem como, recursos como: câmeras fotográficas, estúdio fotográfico, computadores para edição de fotos e montagem e diagramação do manual.
Resultados Alcançados
Até o momento o livro apresenta bons resultados – isso mesmo logo após o lançamento do livro. Por se tratar de uma publicação em forma de e-book e gratuita, a publicação já foi acessada por todo o território nacional. Além disso, relatos de mães, famílias, professores, surdos e interpretes são constantes sobre o beneficio, proporcionado pelo livro, na aprendizagem do aluno.