Quantas línguas indígenas são faladas na América Latina?

O Brasil é o país da região com maior número de idiomas nativos, seguido pelo México e pela Colômbia.

PUBLICADO 29 DE MAI DE 2023 12:39 BRT
Mulheres e crianças da etnia asheninka se reúnem num remoto assentamento de Nueva Bella, no Peru.

No mundo, existem 8324 idiomas (falados ou em língua de sinais), dos quais cerca de 7 mil ainda estão em uso. Desses, quase 6700 são línguas indígenas, conforme indicado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Na América Latina, os idiomas mais comuns são o espanhol e o português, mas existem muitas outras línguas igualmente ricas e valiosas. De acordo com o Banco Mundial, na região existem 560 línguas indígenas. Os cinco países com o maior número de idiomas nativos são: Brasil (186), México (67), Colômbia (65), Peru (47) e Venezuela (37).

As línguas indígenas estão em risco de desaparecer

O Plano de Ação Global da Década Internacional das Línguas Indígenas da Unesco (IDIL 2022-2032) afirma que “as línguas, com suas complexas implicações para a identidade, a diversidade cultural, a espiritualidade, a comunicação, a integração social, a educação e o desenvolvimento, têm uma importância crucial para as pessoas e o planeta”.

O documento da Unesco destaca que a língua é um componente fundamental dos direitos humanos e das liberdades fundamentais, sendo essencial para a realização do desenvolvimento sustentável, da boa governança, da paz e da reconciliação. No entanto, adverte o Plano, elas estão desaparecendo a um ritmo alarmante.

De acordo com o Banco Mundial, uma em cada cinco comunidades indígenas perdeu sua língua materna nas últimas décadas. Por exemplo, nas ilhas do Caribe, quase todas desapareceram.

O organismo indica que 26% delas estão em risco de desaparecer, enquanto a Unesco considera que esse percentual ultrapassa os 40%.

(Conteúdo relacionado: Mulheres indígenas que estão à frente da preservação de povos amazônicos)

Conforme o Plano de Ação Global, o desaparecimento progressivo das línguas indígenas “está relacionado, na prática, com a discriminação estrutural a que foram submetidas, com a situação de vulnerabilidade de seus falantes e sinalizadores, cujo uso real de suas próprias línguas no dia a dia depende de suas realidades socioculturais, econômicas, políticas, ambientais e demográficas”.

 

Saiba mais:

https://www.nationalgeographicbrasil.com/historia/2023/05/quantas-linguas-indigenas-sao-faladas-na-america-latina

A última entrevista de Guimarães Rosa

A última entrevista de Guimarães Rosa

POR CARLOS WILLIAN LEITE   EM ENTREVISTAS 

Publicada em Revista Bula

Eis o homem. O homem que em menos de 20 anos, com sua prosa, seu estilo, sua literatura — sem os favores profissionais da medicina, que pode dar saúde mas ainda não deu gênio (cf. alguns prêmios Nobel), conquistou o Brasil, Portugal, a Alemanha, a Itália, os Estados Unidos, o mundo, não? Repara no corpo: mau grado as ligeiras ameaças de obesidade, parece atleta, cavaleiro que foi, ou de bandeirante, que da língua é. Vê como está sobriamente elegante, distinto, sorridente, calmo, aristocrata, como convém a um embaixador (ou não estivéssemos num salão do Itamarati). Mas nada da pose ou dos gestos artificiais com que outros tentam iludir a mediocridade. Quem esperou quase quarenta anos para publicar o primeiro livro, ou quem avançou sozinho pelos grandes sertões da língua, não precisa ter pressa nem pedir emprestado um corpo, uma casaca, máscaras.Lá está o lacinho (ou gravata-borboleta, meu chapa?) simetricamente impecável, fazendo pendant com os óculos claros, tão claros que ainda esclarecem mais os olhos sempre inquiridores, atentos. E é curioso como um mineiro de Cordisburgo, a dois passos (brasileiros) da Ita­­bira de Drum­mond, gosta, ao contrário deste (à primeira vista), de falar, de con­tar, de ser ouvido. Até nisso parece grande o seu amor à língua. Mal me sentei, já ele me começou a falar de Portugal e de escritores portugueses…

Guimarães Rosa — Estive em Portugal três vezes. Na primeira, em 1938, passei lá apenas um dia; ia a caminho da Alemanha. Na segunda, em 1941, passei lá quinze dias, em cumprimento de uma missão diplomática que me fora confiada em Ham­­burgo. Na terceira, em 1942, passei um mês, pois estava já de regresso ao Brasil, por causa da guerra.

Durante essas estadas, travou relações ou conhecimentos com alguns escritores?

Guimarães Rosa — Não. Até porque eu ainda não era “escritor” (“Sagarana”, com efeito, só foi publicado em 1946) e o que me interessava mais era contatar com a gente do povo, entre a quais fiz algumas amizades. Gosto mui­to do português, sobretudo da sua integridade afetiva. O brasileiro também é gente muito boa, mas é mais superficial, é mais areia, enquanto o português é mais pedra. Eu tenho ainda uma costela portuguesa. Minha família do lado Gui­marães é de Trás-os-Montes. Em Minas o que se vê mais é a casa minhota, mas na região em que eu nasci havia uma “ilha” transmontana.

Mas não chegou a conhecer Aquilino?

Guimarães Rosa — Conheci Aquilino (Aquilino Ribeiro), mas acidentalmente. Eu entrei numa livraria, não sei qual, do Chiado (presumo que a Bertrand) e, quando pedi al­guns livros dele, o empregado per­guntou-me se eu queria co­nhecê-lo, pois estava ali mesmo. Respondi que sim, e desse modo obtive dois ou três autógrafos de Aquilino, com quem conversei alguns instantes. Voltei a estar com ele, mais tarde, num jantar que lhe foi oferecido enquanto de sua vinda ao Brasil. Mas ele, naturalmente, não se recordava de mim (porque eu não me apresentara como escritor), e eu também não lhe falei do assunto.

Não sabe que, justamente numa crônica motivada pela sua ida ao Brasil, Aquilino colocou o seu nome, logo em 1952, ao lado dos de José Lins do Rego, Gilberto Freyre, Graciliano Ramos, Manuel Bandeira, Jorge de Lima e Agripino Grieco, que, segundo ele, eram os “notáveis escritores e poetas” que estavam a “encostar a pena contra a lava” que ia no Brasil “sepultando prosódia e morfologia da língua-mater”? Eu creio mesmo que é essa uma das primeiras referências ao seu nome, em Portugal…

Guimarães Rosa — Não sabia dessa curiosa referência do Aquilino. Antes dessa, porém, há uma referência a mim numa publicação do Consulado do Porto, de 1947, feita por não sei quem. Sei de outra referência feita, anos depois, salvo erro, por um irmão de José Osório de Oliveira.

Voltando a Aquilino: acha que recebeu alguma influência dele? Já, pelo menos, um crítico, o mineiro Fábio Lucas, notou alguns “pontos de contato nada desprezáveis” entre a sua obra e a de Aquilino.

Guimarães Rosa — Eu gosto de Aquilino, sobretudo da “Aventura Maravilhosa”, mas não creio que dele tenha recebido alguma influência, a não ser na medida em que sou influenciado por tudo o que leio. A verdade é que antes de 1941 só conhecia de Aquilino um ou dois trechos, co­mo infelizmente ainda hoje sucede em relação à quase totalidade dos escritores portugueses vivos. E, como sabe, “Sagarana”, foi escrito em 1937.

Um garçom do Itamarati entra com um copo de água, e pergunta se precisa mais alguma coisa. Guimarães Rosa agradece e diz: Vá com Deus, como se fosse um beirão ou um transmontano. Mais uma razão, portanto, para eu prosseguir: Como encara ou explica o enorme prestígio de que goza nos meios intelectuais e universitários portugueses?

Guimarães Rosa — Em relação a mim, houve por aqui (no Brasil) muitos equívocos, que ainda hoje não desapareceram de todo e que, curiosamente, ao que parece, não houve em Por­tugal. Pensaram alguns que eu inventava palavras a meu bel-prazer ou que pretendia fazer simples erudição. Ora o que sucede é que eu me limitei a explorar as virtualidades da língua, tal como era falada e entendida em Minas, região que teve durante muitos anos ligação direta com Portugal, o que explica as suas tendências arcaizantes para lá do vocabulário muito concreto e reduzido. Talvez por isso que ainda hoje eu tenha verdadeira paixão pelos autores portugueses antigos. Uma das coisas que eu queria fazer era editar uma antologia de alguns deles (as antologias que existem não são feitas, como regra, segundo o gosto moderno), como Fernão Mendes Pinto, em quem ainda há tempos fui descobrir, com grande surpresa, uma palavra que uso no “Grande Sertão”: amouco. E vou dizer-lhe uma coisa que nunca disse a ninguém: o que mais me influenciou, talvez, o que me deu coragem para escrever foi a” História Trágico-Marítima” (coleção de relatos e notícias de naufrágios, acontecidos aos navegadores portugueses, reunidos por Ber­nardo Gomes de Brito e publicados em 1735). Já vê, por aqui, que as minhas “raízes” es­tão em Portugal e que, ao contrário do que possa parecer, não é grande a distância “linguística” que me se­para dos portugueses.

Eu penso até que na imediata e incondicional adesão portuguesa a Gui­marães Rosa há muito de transferência sublimada de uma frustração linguística nossa, coletiva, que vem pelo menos desde Eça. Mas não nos desviemos. Admira-me muito que não tenha citado ne­nhum livro de ca­valaria, nem ne­nhuma novela bu­cólica, pois pensava que deles e delas havia diversas ressonâncias na sua obra, sobretudo no “Gran­de Sertão: Veredas”…

Guimarães Rosa — Sim, li muitos livros de cavalaria quando era menino, e, por volta dos 14 anos, entusiasmei-me com Ber­nardim (Bernardim Ri­beiro), e depois até com Camilo. Ainda continuo a gostar de Ca­milo, mas quem releio permanentemente é Eça de Queiroz (quando tenho uma gripe, faz mesmo parte da convalescença ler “Os Maias”; este ano já reli quase todo “O Crime do Padre Amaro” e parte da “Ilustre Casa de Ramires”). Camilo, leio-o como quem vai visitar o avô; Eça, leio-o como quem vai visitar a amante. Quando fui a Portugal pela primeira vez, eu só queria comidas ecianas (que gostosura, aquele jantar da Quinta de Tormes). Aliás deixe-me que lhe diga que me torno muito materialista quando penso em Portugal; penso logo nos bons vinhos, nas excelentes comidas que há por lá. E talvez seja também por isso que se há um país a que eu gostaria de voltar é Portugal…

… que, naturalmente, o receberá de braços abertos, em festa. Mas permita-me ainda uma pergunta: como “enveredou” — e penso que a palavra se ajusta bem ao seu caso — pelo campo da “invenção linguística?

Guimarães Rosa — Quando escrevo, não pen­so na literatura: penso em capturar coisas vivas. Foi a necessidade de capturar coisas vivas, junta à minha repulsa física pelo lugar-comum (e o lugar-comum nunca se confunde com a simplicidade), que me levou à outra necessidade íntima de enriquecer e embelezar a língua, tornando-a mais plástica, mais flexível, mais viva. Daí que eu não tenha nenhum processo em relação à criação linguística: eu quero aproveitar tudo o que há de bom na língua portuguesa, seja do Brasil, seja de Portugal, de Angola ou Mo­çambique, e até de outras línguas: pela mesma razão, recorro tanto às esferas populares como às eruditas, tanto à cidade como ao campo. Se certas palavras belíssimas como “gramado”, “aloprar”, pertencem à gíria brasileira, ou como “malga”, “azinhaga”, “azenha” só correm em Por­tugal — será essa razão suficiente para que eu as não empregue, no devido contexto? Porque eu nunca substituo as palavras a esmo. Há muitas palavras que rejeito por inexpressivas, e isso é o que me leva a buscar ou a criar outras. E faço-o sem­pre com o maior respeito, e com alma. Respeito muito a língua. Escrever, para mim, é como um ato religioso. Tenho montes de cadernos com relações de palavras, de expressões. Acompanhei muitas boiadas, a cavalo, e levei sempre um caderninho e um lápis preso ao bolso da camisa, para anotar tudo o que de bom fosse ouvido — até o cantar de pássaros. Talvez o meu trabalho seja um pouco arbitrário, mas se pegar, pegou. A verdade é que a tarefa que me impus não pode ser só realizada por mim.

Guimarães Rosa vai buscar uma fotografia para me mostrar onde levava o caderninho de notas, nas boiadas: vai buscar uma pasta com a correspondência com um seu tradutor norte-americano, para me mostrar as dúvidas e dificuldades deste, e o trabalho, a seriedade e a minúcia com que as vai resolvendo uma por uma (escrevendo, ele próprio, preciosas autoanálises estilísticas ou considerações filológicas). E, entretanto, vai-me fazendo outras confissões interessantes. Por exemplo:  “gosto das traduções que filtram. Da tradução italiana do Cor­po de Baile gosto mais do que do original.” Ou: “Estou cheio de coisas para escrever, mas o tempo é pouco, o trabalho é lento, lambido, e a saúde também não é muita.” Ou: “Não faço vida literária: como regra, saio daqui e vou para casa, onde trabalho até tarde.” Ou: “No próximo ano, vou publicar um livro ainda sem título, com 40 estórias” (que têm aparecido quinzenalmente, no jornal dos médicos “O Pulso”, onde frequentemente aparecem também cartas ou a atacá-lo ou a defendê-lo ferozmente). Ou ainda: “eu não gosto de dar, nem dou entrevistas. Tenho sempre a sensação de que não disse o que queria dizer, ou que disse mal o que disse, ou que criei maior confusão; e não estou assim tão seguro do que procuro e do que quero. Com você abri uma exceção…”.

Nota: Entrevista realizada pelo escritor e jornalista Arnaldo Saraiva, em 24 de novembro de 1966. Publicada no livro “Conversas com Escritores Brasileiros”, editora ECL em parceria com o Congresso Portugal-Brasil.

 

 

A última entrevista de Guimarães Rosa

 

 

Lançamento: NJINGA e SEPÉ: Revista Internacional de Culturas, Línguas Africanas e Brasileiras

					Visualizar v. 3 n. Especial I (2023): Debates sobre a educação no Brasil e na África lusófona: caminhos, avanços e perspectivas

Os estudos que ensejaram a publicação desta edição são resultados de abordagens variadas de pesquisas de naturezas qualitativas, quantitativas e mistas, com métodos que envolvem pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo e análises de dados. São muitos os ganhos desta Edição Especial I. Muitos desses estudos são enriquecidos de dados históricos robustos acerca das modalidades da educação (básica, secundária, técnica e superior) – desde os tempos da colônia até os dias atuais. Além dos dados históricos acerca da educação, muito se dá a conhecer também acerca da linguagem e da cultura tantos dos países africanos quanto do Brasil. É assim que esta edição se converte em uma leitura avaliativa e crítica da evolução da educação, da cultura, das tradições, das línguas e da política. É assim que a publicação dos textos que compõem esta edição especial se converte, enfim, em um turno de fala, no diálogo do conhecimento científico com a sociedade africana e brasileira.

Organizadores:

Prof. Dr. Antônio Félix de Souza Neto (Universidade Federal de Sergipe)

Prof. Dr. Alexandre António Timbane (Universidade Federal de Sergipe/Universidade de Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira)

Publicado: 29-05-2023

 

Acesse a publicação:  https://revistas.unilab.edu.br/index.php/njingaesape/issue/view/47

Povo krahô vence em Cannes

80 anos após massacre liderado por fazendeiros, povo krahô vence em Cannes.

Por Peu Araújo – Colaboração para Ecoa, em São Paulo (SP) em 27/05/2023

 

Cena do filme ‘Flor de Buriti’ Imagem: Divulgação

Dirigido por Renée Nader Messora e João Salaviza, o longa-metragem “A Flor do Buriti” ganhou nesta sexta-feira (26 de maio) o Prix d’Ensemble, prêmio destinado a melhor equipe, no Festival de Cannes de 2023. O filme estreou em Cannes nesta terça-feira (23) com aplausos da plateia que duraram mais de 10 minutos.

“O festival está fazendo uma sinalização de que é importante trazer também para esse espaço um debate sobre como a gente vai continuar vivendo nessa terra. Não é só o nosso filme que é feito com indígenas, tem vários filmes nessa seleção e isso é um sinal de que realmente os olhos estão voltados para a situação do planeta, porque esses povos no fim das contas são quem estão segurando a queda do céu, como diz o (Davi) Kopenawa”

Renée Nader Messora, diretora de “A Flor do Buriti”.

 

Massacre Krahô em 1940

O longa-metragem traz a urgência de dois temas: a luta pela terra e as diferentes formas de resistência implementadas pela comunidade Krahô, localizada no Tocantins. O filme retrata também a história do massacre causado por fazendeiros na comunidade Krahô, em 1940. Segundo registros, dezenas de pessoas foram mortas.

“Tem essa história que traz uma emoção real e uma tristeza real para as próximas gerações. Está vivo, nós vamos levar isso para a comunidade, eles vão assistir com nós. Todo mundo vai chorar, todo mundo com certeza vai se emocionar e chorar, porque é a realidade que nós estamos mostrando”, diz Francisco H?jnõ Krahô, que atua no longa-metragem e trabalha na equipe de segurança da comunidade. H?jnõ fala ainda sobre a importância do filme: “A imagem é uma história. Sem a imagem ninguém vai ver a história, porque os mais jovens vão assistir ao filme e as imagens vão dizer que isso realmente aconteceu. O vídeo vai afirmar. ‘Sim, aconteceu sim’. A gente não tinha nascido, não tinha reconhecimento. O filme traz isso, traz essa informação pra gente.”

Cena de ‘A Flor do Buriti’ Imagem: Divulgação

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Criação com os Krahô

Para a realização do longa-metragem, os diretores Renée Nader Messora e João Salaviza exerceram diariamente o diálogo com a comunidade Krahô. Ao todo, foram 15 meses de filmagem. “O filme vai se construindo junto, na nossa relação, das coisas que a gente vai vivendo”, conta a diretora. A relação de Renée com a comunidade Krahô é muito mais antiga do que a gravação de “A Flor do Buriti ” e vai muito além do cinema. Ela explica: “O filme é uma consequência da nossa vida. O nosso projeto é muito mais um projeto de vida do que um projeto artístico. Em 2012 eu saí de São Paulo, aluguei uma casa em Itacajá, no Tocantins, e desde então é o lugar onde eu passo a maior parte do meu tempo”. Antes de retratar a vida dos Krahôs, Renée estabeleceu uma relação de troca com a comunidade com oficinas de técnicas audiovisuais. E dessas oficinas vieram os exercícios práticos.

“Eles entenderam primeiro que eles poderiam registrar festas, histórias, mitos, uma cantiga que só um idoso sabia, aquela memória poderia ser reativada no futuro. A coisa começou assim.”

 

Durante o projeto, a comunidade Krahô, com a ajuda de Renée e de outros membros da equipe, fez o seu próprio jornal. Toda semana uma pauta é definida e as gravações acontecem. E toda sexta-feira à noite eles projetavam o jornal para toda a aldeia. Protestos em Cannes Nesta quarta-feira (24), a equipe do filme “A Flor do Buriti” fez um protesto contra o Marco Temporal no tapete vermelho do Festival de Cannes. Com uma faixa escrito “o futuro das terras indígenas no Brasil está sob ameaça”, seguido da frase “não ao Marco Temporal”, a equipe cerrou os punhos e chamou a atenção para a votação que acontece no Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 7 de junho.

Brasileiros protestam contra o projeto de lei do marco temporal no tapete vermelho do Festival de Cannes Imagem: Divulgação

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“O protesto foi importante para mim e para o meu povo. A minha preocupação não é só com o meu povo, é com parentes do Brasil inteiro. Esse protesto vai ser importante para que os parlamentares reflitam e pensem numa forma de não levar isso para a frente. Tem que dialogar”, afirma Francisco H?jnõ Krahô Esse não é o primeiro protesto que esta equipe faz em Cannes. Em 2018, no início do governo Bolsonaro, foram até Cannes falar em defesa da demarcação de terras. “Não tem outra razão para estarmos ali no tapete vermelho se não for assim”, conclui Renée.

 

Leia na fonte:  https://www.uol.com.br/ecoa/ultimas-noticias/2023/05/27/80-anos-apos-massacre-liderado-por-fazendeiros-povo-kraho-vence-em-cannes.htm

Lançamento do Dissionàrio Talian Brasilian

A Associação dos Difusores do Talian – Assodita convida para o lançamento do Dissionàrio Talian Brasilian no dia 2 de junho, 19 horas. A publicação foi  financiada com recursos do PRÓ-CULTURA RS FAC – Fundo de Apoio à Cultura, do Governo do Estado do Rio Grande do Sul e tem como autores Loremi Loregian-Penkal, Juvenal J. dal Castel e Wilson Canzi.

Dissionàrio Talian Brasilian

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ACOMPANHE O EVENTO AO VIVO PELO YOUTUBE:

https://www.youtube.com/watch?v=MNyvPnJuPAo

 

Conheça a ASSODITA

https://assodita.org.br

Visite o Instagram da Associação e conheça a série de histórias inéditas em Talian e Português como retribuição ao prêmio Culturas Populares 2019, Edição Teixeirinha do Ministério da Cidadania

https://www.instagram.com/assodita/?hl=en

 

NÃO AO MARCO TEMPORAL

Texto por @marcossabaru

O marco temporal é mais uma tentativa de apagamento.

O MARCO TEMPORAL é uma máquina de moer história.

Ele acaba com a história, muda toda a história. Porque, para ele, de 5 de outubro de 88 pra trás não há mais história, e sim a partir daquele dia, ele inverte a lógica também: quem não estava passa a estar, e quem estava passa a ser invasor.

PARECE QUE QUEM CHEGOU NAS CARAVELAS FORAM OS INDÍGENAS.
Ele coloca o colonizador como dono da terra e o indígena como invasor.

O marco temporal nega a presença do indígena neste território e negando a presença do indígena ele nega a contribuição. O marco temporal nega as práticas que a gente teve de sobrevivência, nega a nossa ciência, nega o canto, a pintura, a culinária. O marco temporal nega o Brasil da democracia.

Pela democracia
NÃO AO MARCO TEMPORAL

Assista aos vídeo e repasse!

 

NÃO AO MARCO TEMPORAL (Texto por @marcossabaru )

Raoni Metuktire (Cacique kayapó )

Tukumã Pataxó

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Saiba mais, visite:

Apib – Articulação dos povos indígenas do Brasil

https://apiboficial.org

https://apiboficial.org/marco-temporal/

CIMI – Conselho Indigenista Missionário

https://cimi.org.br/2022/08/contra-o-marco-temporal-povos-indigenas-desembarcaram-na-capital-federal-para-reivindicar-seus-direitos/

Greenpeace

https://www.greenpeace.org/brasil/blog/nao-ao-marco-temporal-um-brasil-democratico-nao-pode-permitir-o-retrocesso-dos-direitos-indigenas/

 

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