Como 23 judeus expulsos de Recife ajudaram a fundar Nova York

Mapa do Brasil mostra capitanias em 1630. CRÉDITO,BIBLIOTECA DO CONGRESSO DOS EUA
A bordo do navio Valk, cerca de 600 judeus deixaram Recife, em Pernambuco, expulsos pelos portugueses. Era o fim da ocupação holandesa no Brasil e também da liberdade de praticar sua religião.
Eles queriam voltar à terra natal — a Holanda, onde o culto do judaísmo era permitido devido ao calvinismo. De lá haviam chegado mais de duas décadas antes, quando os holandeses conquistaram parte do Nordeste brasileiro — de olho na produção e comércio do açúcar.
Mas uma tempestade desviou-os do caminho e o navio foi saqueado por piratas.
O grupo foi resgatado por uma fragata francesa e levado à Jamaica, então colônia espanhola, e acabou preso por causa da Inquisição espanhola.
Mas, graças à intervenção do governo holandês, foram libertados e, por motivos financeiros, parte deles seguiu para um destino mais próximo do que a Europa: a colônia holandesa de Nova Amsterdã, atual Nova York, então um mero entreposto comercial.
Ali formaram a primeira comunidade judaica da América do Norte e contribuíram para o desenvolvimento da cidade. Atualmente, Nova York é a segunda cidade com o maior número de judeus no mundo, atrás apenas de Tel Aviv, em Israel.

Vista de Mauritsstad (Recife) em 1645. CRÉDITO,WIKICOMMONS
Mas essa história rocambolesca não começa em 1654, ano em que Portugal derrotou os holandeses e retomou o controle do Nordeste, provocando, por consequência, a expulsão dos judeus, temerosos com a Inquisição.

Cerco holandês a Olinda e ao Recife. CRÉDITO,WIKICOMMONS
Imigração judaica
A imigração judaica ao Brasil remonta à época do descobrimento, com os chamados “cristãos novos”, judeus que foram obrigados a se converter ao cristianismo na Península Ibérica devido à perseguição pela Igreja Católica.
Na então maior colônia portuguesa, alguns deles abdicaram das práticas judaicas. Outros as mantinham às escondidas.

Capa do livro de Daniela Levy. CRÉDITO,DANIELA LEVY
Alunos do IFMS fazem site para guardar patrimônio cultural das línguas Guarani e Terena
Projeto está sendo desenvolvido por estudantes, de Dourados; pela inovação, tornou-se um dos finalistas da 19ª edição da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia
O que os alunos do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul fazem em prol de um patrimônio cultural brasileiro é exemplar. Eles trabalham para evitar a extinção de duas línguas indígenas que são predominantes na região de Dourados. Trata-se do projeto Guaruak, mistura dos nomes Guarani e Aruak.
O projeto consiste em gravar em áudio termos das línguas Guarani e Terena e disponibilizá-los online, por site e aplicação web. Pela inovação, também concorre como um dos finalistas da 19ª edição da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (FEBRACE 2021), que começou segunda-feira (15) e vai até o dia 26 pela Plataforma FEBRACE Virtual.
O Guaruak já possui mil termos gravados – 600 deles obtidos no ano passado (nos anos anteriores, os estudantes estavam mais focados em desenvolver a base de dados, o site e a aplicação). “É um trabalho importante porque as gerações indígenas que dominam esses idiomas estão deixando de ensinar a língua materna aos novos; isso, porque não querem que seus filhos enfrentem dificuldades de falar português nas escolas”, conta Andressa Camargo Rocha, uma das estudantes que integram atualmente o projeto.
Geralmente, os áudios são captados por alunos indígenas, em suas aldeias. As turmas de estudantes que tocam o projeto se revezam anualmente. Assim, garantem a continuidade do projeto e a preservação deste patrimônio cultural. Mais informações: http://www.guaruak.com.br/
Na FEBRACE, esse projeto é um dos 345 finalistas, desenvolvidos por 716 estudantes de 295 escolas do ensino fundamental, médio e técnico de todo o País, com a participação de 482 professores. Os projetos serão julgados e premiados pela criatividade e rigor científico. A cerimônia de premiação será no dia 27/3 com transmissão pelo Youtube.
Serviço
Conheça os finalistas no site da FEBRACE
Visite a FEBRACE pela Plataforma Virtual (de 15 a 26/3)
Acompanhe a cerimônia de premiação pelo Youtube da FEBRACE (27/3, a partir das 15h)
Chamada para artigos| Dossiê Línguas Minoritárias no Brasil
Chamada Revista Norte@mentos – UNEMAT (Campus Sinop-MT)
Dossiê Línguas Minoritárias no Brasil
Está aberta a chamada de artigos originais e inéditos que tenham por foco línguas minoritárias no contexto brasileiro. Estima-se que ainda existam, atualmente, em torno de 274 línguas indígenas (IBGE, 2010) e 56 língua de imigração (ALTENHOFEN, 2013). Considerando o valor dessas línguas como conhecimento em si e patrimônio imaterial, pretende-se com esta edição especial da Revista Norte@mentos contribuir para dar maior atenção e espaço a essa área de estudos. Serão aceitas contribuições vindas de todos os campos de estudo da Linguística (Dialetologia, Geolinguística, Sociolinguística, Onomástica, Linguística Aplicada, Política Linguística, entre outras abordagens teóricas), bem como de áreas afins que se ocupem da pesquisa de línguas minoritárias, seja de línguas de imigração, de povos tradicionais, de povos originários (indígenas/autóctones), de fronteira, seja ainda de língua de sinais e de variedades do português em situação de minoria, em diferentes espaços geográficos e contextos sociais. A edição tem sua publicação prevista para meados de outubro. Os artigos devem ser encaminhados, exclusivamente, pela plataforma da Revista, no seguinte endereço: http://sinop.unemat.
Prazo de submissão: 28 de maio de 2021
Em caso de dúvidas, favor contatar os organizadores:
Prof. Dr. Fernando Hélio Tavares de Barros (CNPq/DAAD – Universität Bremen) – tavaresd@uni-bremen.de
Profª. Dra. Grasiela Veloso do Santos Heidmann (UFMT) – grasinhasnp@gmail.com
Profª. Dra. Carolin Patzelt (Universität Bremen) – cpatzelt@uni-bremen.de
Prof. Dr. Cléo Vilson Altenhofen (UFRGS) – cvalten@ufrgs.br
História em quadrinhos retrata língua indígena de sinais
História em quadrinhos retrata língua indígena de sinais
HQ está na língua indígena de sinais da etnia terena e em Libras
Publicado em 06/03/2021 – 08:00 Por Agência Brasil – Brasília
Uma história em quadrinhos (HQ) retrata, de forma pioneira, a língua indígena de sinais utilizada pelos surdos da etnia terena, anunciou nesta semana a Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Segundo a universidade, a obra, produzida por Ivan de Souza, em trabalho de conclusão do curso de licenciatura em Letras Libras, tem o propósito de fortalecer o reconhecimento e a preservação das línguas de sinais indígenas e é apresentada em formato plurilíngue, sinalizada também na Língua Brasileira de Sinais (Libras).
A UFPR lembra que comunicação por meio da língua materna é importante pois ajuda a manter viva a cultura, a identidade e a história dos povos indígenas.
Nas aldeias da etnia terena, localizadas principalmente no estado de Mato Grosso do Sul, a língua oral terena é amplamente utilizada. Os surdos dessa etnia também se comunicam com sinais diferentes dos pertencentes ao sistema linguístico utilizado pelos surdos no Brasil (Libras). Após diversas pesquisas, especialistas concluíram que esses sinais constituem um sistema autônomo, chamado língua terena de sinais.
Cultura indígena
O trabalho de conclusão do curso de licenciatura em Letras Libras da Universidade Federal do Paraná (UFPR) teve início em 2017, quando o estudante pesquisava a história dos surdos no Paraná, na iniciação científica.
De acordo com a universidade, todo o processo teve acompanhamento de pesquisadoras que já desenvolviam atividades com os terena surdos, usuários da língua terena de sinais. A comunidade indígena também teve participação ativa no desenvolvimento e depois, na validação da obra junto ao seu povo.
Para a indígena Maíza Antonio, professora de educação infantil continuar pesquisando o tema é importante para que os próprios integrantes das aldeias entendam melhor os sinais utilizados por parte de seu povo.
Indígena da etnia terena, ela trabalha com a língua materna na escola da comunidade. “Nossos alunos têm optado por estudar na cidade, por não estarmos preparados para recebê-los em nossa escola. Essa história em quadrinhos servirá como material didático para trabalharmos com os alunos surdos e como incentivo para que nós, professores, busquemos novas ferramentas de ensino nessa área”, disse, em entrevista ao site da UFPR.
Sinalário
Souza e os especialistas que o auxiliaram no projeto também desenvolveram um “sinalário”, isto é, um registro em Libras dos principais conceitos apresentados na narrativa visual e um glossário plurilíngue abrangendo palavras utilizadas no dia a dia da comunidade. “Levantamos os vocabulários que mais se repetiam e organizamos em uma planilha. Depois buscamos localizar os sinais já existentes em sites e aplicativos. Filmamos os sinais e disponibilizaremos esse material no YouTube, com o objetivo de expandir o conhecimento sobre as línguas sinalizadas e de minimizar a barreira linguística”, explica.
De acordo com o autor, o trabalho tem relevância para os indígenas da comunidade terena e de outras etnias e para a sociedade em geral.
“Esse é mais um material disponível para os terena ensinarem sua história de forma acessível a ouvintes e surdos. É importante também para mostrar à sociedade como existem povos, culturas, identidades e línguas diferentes no país. E que essa diversidade precisa ser respeitada, preservada e valorizada”.
O jovem escritor tem esperança de que o trabalho possa despertar a sensibilidade para com os povos indígenas e para as demais línguas de sinais presentes no Brasil. Outro objetivo do autor é que, com o reconhecimento dessas línguas autônomas de sinais, torne-se possível que surdos indígenas tenham, de fato, o direito de serem ensinados em sua língua materna garantido, assim como apregoado na Constituição Federal. Ele pretende distribuir a HQ em escolas indígenas.
Segundo a UFPR, além de possibilitar a disseminação e a preservação da língua terena de sinais, a história tem o propósito de evidenciar a cultura e a história desse povo. O estudante cita uma das pesquisadoras que trabalhou com ele nesse projeto para definir o que pensa sobre o tema. “Cada língua reflete um modo de ver o mundo, um modo diferente de pensar. Se perdemos uma língua, perdemos possibilidades, perdemos a capacidade de criar, imaginar, pensar de um modo novo e talvez até mais adequado para uma dada situação”, indica Priscilla Alyne Sumaio Soares em sua tese de doutorado intitulada Língua Terena de Sinais. “Só podemos preservar aquilo que é registrado e esse é um dos nossos objetivos, preservar uma pequena parte da história do povo terena por meio da HQ”, afirma Souza.
A história
A obra Sol: a pajé surda ou Séno Mókere Káxe Koixómuneti, em língua terena, conta a história de uma mulher indígena surda anciã chamada Káxe que exerce a função religiosa de pajé (Koixómuneti) em sua comunidade. Ao ser procurada para auxiliar em um parto e após pedir a benção dos ancestrais para o recém-nascido, o futuro do povo terena é revelado e transmitido a ela em sinais. “A história mostra um pouco da rica cultura desse povo, as situações, consequências e resistência após o contato com o povo branco”, revela Souza.
Inspirada na história real do povo terena, a narrativa apresenta a comunidade em uma época em que ela ainda vivia nas Antilhas e era designada pelo nome Aruák.
A pajé Káxe, procurada por uma mulher em trabalho de parto, ajuda no nascimento do pequeno Ilhakuokovo.
27 profissionais da Educação morreram de covid em 2021
Em Roraima, morreram 31 profissionais da educação, sendo que 27 foi em decorrência do novo coronavírus, segundo o Sinter-RR
Por Folha Web
Em decorrência da covid-19, muitas pessoas têm falecido desde o início da pandemia. Em Roraima, 1.117 mortes pelo vírus foram contabilizadas no último boletim epidemiológico divulgado pela Sesau-RR (Secretaria de Saúde).
Em janeiro e fevereiro deste ano, faleceram 31 trabalhadores em Educação entre professores, gestores escolares, vigias, copeiros, secretários de escolas e demais trabalhadores de uma unidade escolar, segundo um levantamento feito pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Roraima (Sinter).
Desse número, 27 em consequência de covid-19 e quatro foram contabilizados em decorrência de outras causas. Esse total representa cerca de 50% do registrado em 2020, que foram 60 mortes, sendo 50 óbitos por covid-19 e uns 10 por outras causas.