Xinjiang garante diversidade de línguas faladas e escritas, diz livro branco
Beijing, 14 jul (Xinhua) — A diversidade de línguas faladas e escritas é garantida na Região Autônoma Uigur de Xinjiang, no noroeste da China, de acordo com um livro branco publicado pelo Departamento de Comunicação do Conselho de Estado na quarta-feira.
Ao mesmo tempo em que garante o direito de aprender e usar o padrão da língua chinesa falada e escrita, todos os grupos étnicos em Xinjiang têm a liberdade de usar e desenvolver suas próprias línguas faladas e escritas, de acordo com o livro branco intitulado “Respeitar e Proteger os Direitos de Todos os Grupos Étnicos em Xinjiang.”
Atualmente, mais de 10 línguas faladas e escritas são usadas entre os grupos étnicos em Xinjiang, segundo o livro branco.
Sik Lee Dennig quer salvar o cantonês e nem a saída de Stanford a vai afastar do caminho
A única professora de cantonês na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, não viu este ano o contrato renovado, alegadamente devido a cortes orçamentais decorrentes da pandemia. Racismo e a marginalização de línguas minoritárias são razões apontadas por Sik Lee Dennig para o fim do currículo que tem vindo a desenhar desde finais dos anos 1990. Em mãos, a professora de Hong Kong tem já um projecto para a salvaguarda do idioma.
Catarina Domingues
Devia chamar-se ‘Jasmim’, mas acabou registada como ‘Lótus’. Um erro da mãe, do funcionário da conservatória ou dos dois, que comunicavam em diferentes línguas: cantonês e xangainês. Sik Lee Dennig só descobriu vários anos mais tarde, ao resgatar o certificado de nascimento para os exames escolares, que a responsável pela sua graça era, afinal, a flor de lótus.
A académica, professora na Universidade de Stanford, foi sempre migrante, mesmo na terra onde nasceu. Natural de Hong Kong, com vida feita entre a comunidade do leste da China – a família é de Ningbo – cresceu a falar xangainês e mandarim. A língua dominante da então colónia britânica, o cantonês, chegou apenas com a instrução formal, nos primeiros anos de escolaridade, e o inglês, que começou a leccionar após o secundário, levou-a, em 1981, à migração efectiva.
Partiu para a América do Norte: no Canadá, licenciou-se pela Universidade de Alberta; nos Estados Unidos, completou o doutoramento em Educação e Linguística por Stanford, para depois descer no mapa até à Universidade East Carolina, em Greenville, onde deu aulas e se viu no âmago da “muito estereotipada” ‘American South’, região sudeste e centro-sul da nação. “Parecia que tinha ido para outro país”, conta. “Havia racismo? Sim, havia, mas esta experiência esmagadora foi positiva”. Pelo caminho, passou ainda pelo Japão, onde aprendeu ‘ikebana’, leccionou na Universidade de Tsukuba, em Ibaraki, e voltou a desconstruir barreiras e estereótipos – “existe a ideia de que os alunos japoneses são todos muito bem-comportados”.
A discriminação, nota, foi permanente neste percurso, que a levou de volta a Stanford, em 1997, onde criou o primeiro currículo formal de cantonês. A partir de Agosto, e após mais de duas décadas naquela universidade, Sik Lee Dennig abandona a instituição, alegadamente por cortes orçamentais decorrentes da pandemia.
Em entrevista ao PONTO FINAL, a professora fala sobre a importância da continuidade do ensino do cantonês, um idioma que considera marginalizado num momento de ascensão do mandarim. “O cérebro é perfeitamente capaz de lidar com mais do que uma língua”, nota Sik Lee, ela que optou por carregar até aos dias de hoje as duas versões do nome do meio no certificado de nascimento: numa chama-se ‘Lótus’, noutra ‘Jasmim’.
Stanford não renovou o seu contrato. Que justificação lhe foi dada?
No início, não entendi a razão, fiquei muito chocada e pensei que se devia aos cortes no orçamento. Tinha de se dividir o mal pelas aldeias e preparei-me para me suspenderem uma turma, mas, na verdade, nunca pensei que não renovassem o contrato. Sou a única professora [de cantonês] e a não renovação implica a eliminação do currículo. Mais tarde, a directora do Centro de Línguas disse-me que, dependendo do interesse dos alunos ou do dinheiro, talvez fosse possível oferecer um curso trimestral. Quando disse aos meus alunos, claro que ficaram abalados, tal como eu. Há aqui uma sensação de traição. Como se atrevem a virar-me as costas, eu que sou antiga aluna de Stanford, fiz aqui o meu doutoramento e dediquei 20 anos a construir este currículo? Não fui consultada, não houve debate nem com o coordenador de língua chinesa, que também ficou surpreendido.
Não acredita que seja apenas para salvar o orçamento?
Não, se fosse só por isso não se destinava apenas a certas línguas.
Nasceu a campanha ‘Save Cantonese at Stanford’, que defende a importância de línguas minoritárias como o cantonês, num momento de tensão política e ódio contra os asiáticos.
Diria que [uma das razões da decisão de Stanford] prende-se com racismo, consciente ou não consciente. Há anos que digo a uma das directoras associadas do Centro de Línguas que o cantonês, o mandarim, o xangainês e todos estes idiomas [chineses] são línguas regionais com uma história única e combinação de factores linguísticos ímpares. Não consegui fazer com que ela entendesse. Dou-lhe um exemplo: há dois ou três anos, na celebração do Dia Internacional da Língua Materna, preparámos no centro uma série de artigos para apresentar as nossas línguas. Fiquei contente porque o cantonês foi seleccionado. Estabeleceu-se, então, uma comissão para supervisionar estes grupos de línguas e a pessoa em causa pediu a um colega branco – que ensina uma língua europeia – para supervisionar a série de línguas asiáticas. Isto diz-nos muito sobre a mentalidade. Nós somos insignificantes, não somos importantes, basta observar as línguas onde houve cortes: cantonês, vietnamita, filipino. Eles vêem-nas como línguas marginais.
“Retrocesso para os direitos humanos”, diz Joenia Wapichana sobre PL 490
1ª indígena eleita deputada federal é contra projeto de lei que muda demarcações de terras indígenas

Wapichana é única congressista indígena do Congresso NacionalReprodução/Twitter @JoeniaWapichana
A deputada federal Joenia Wapichana (Rede-RR) afirma que o projeto de lei 490/07, que trata sobre demarcação de terras indígenas, é inconstitucional e traz grandes retrocessos aos povos indígenas.
“O texto que foi aprovado tem riscos constitucionais. […] É um retrocesso para os direitos humanos e um retrocesso para o meio ambiente também. O impacto é sério”, afirma a deputada.
Em entrevista ao Poder360, Wapichana disse que os povos indígenas ajudam a preservar as terras que ocupam e, com isso, “colaboram” na preservação do meio ambiente.
A votação do projeto de lei foi concluída no dia 29 de junho na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e agora segue para o plenário da Câmara.
A congressista afirma que vai trabalhar para que o projeto não avance. Wapichana declara que é preciso “sensibilizar” e “informar” os colegas sobre o texto que foi aprovado na CCJ.
“Estamos tratando de direitos constitucionais dos povos indígenas. A própria constituição já fala que os direitos dos povos indígenas são considerados direitos fundamentais, sendo assim, considerados cláusulas pétreas. Portanto, não poderiam ser alterados ou removidos. Porque a demarcação é um desses direitos”.
A deputada diz também que falta conhecimento aos colegas congressistas sobre os povos indígenas no Brasil.
“[Eles] Não sabem que os povos indígenas são 305 diferentes povos, diferentes línguas. Eu sou apenas um desses povos, o Wapichana, que tem sua língua própria, costumes próprios, que tem sua forma de viver e que precisa ser entendido. Não é um povo que precisa ser ouvido, são vários”, argumenta.
Wapichana diz que foram proferidos “absurdos” durante a discussão do projeto de lei. De acordo com a deputada, disseram que os indígenas são latifundiários. “Não sabem que a terra é da união”. Também afirmaram que os indígenas vivem em um zoológico humano. “Não sabem que isso é uma forma de se unir”, declarou.
A deputada afirmou que há muita discriminação e palavras ofensivas, de racismo, em relação aos povos indígenas. Ela disse acreditar que isso faz com que não se avancem os termos de consolidação dos direitos dos povos indígenas.
Joenia Wapichana deu entrevista ao Poder360 por videoconferência na 3ª feira (6.jul.2021) . Assista (19min28s):
MANIFESTAÇÕES
Questionada sobre as recentes manifestações registradas em Brasília, São Paulo e outras regiões do país, a deputada disse que os atos foram uma “forma de se expressar contrária a qualquer retrocesso”.
Sobre o ato que culminou em confronto entre Polícia Militar e indígenas, ela disse que houve “ânimo dos 2 lados e os índios tiveram seus feridos também”.
PANDEMIA E INDÍGENAS
Ao comentar a ação do governo na pandemia em relação aos índios, a deputada Joenia Wapichana afirmou que “tudo que saiu do governo em relação aos povos indígenas foi na base da pressão, nada foi de iniciativa própria”.
A deputada também disse que protocolou um dos mais de 100 pedidos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro. Declarou também que recebeu diversas denúncias sobre a forma com que os índios foram tratados e encaminhou um dossiê à CPI da Covid, que apura a condução da pandemia pelo governo federal.
“Apresentamos um dossiê com todas as denúncias, inclusive relacionadas a vacina, sobre o incentivo da cloroquina para os povos indígenas. E com base no documento do próprio sistema de saúde indígena, pedindo que se investigue essa responsabilidade”, declarou.
Entre as inúmeras denúncias, ela revelou ter recebido uma sobre a ação de garimpeiros que estariam oferecendo vacinas aos indígenas em troca de ouro.
“Todas as denúncias que a Frente Parlamentar Indígena recebeu, foram repassadas à CPI da Covid, e eu espero que a comissão possa investigar e as pessoas que trabalham, com a saúde indígena possam ser interrogadas sobre essas denúncias”.
ESPAÇO AOS INDÍGENAS
A deputada disse que é apenas “uma” dentro do Congresso Nacional. Ela defende que os povos indígenas ocupem mais os espaços políticos e públicos.
Wapichana afirmou que as pessoas precisam “conhecer”, “respeitar” e “cobrar” também pelos direitos dos indígenas.
“Hoje os territórios que os povos indígenas têm, que estão cuidando na verdade, é patrimônio da União. Isso está em lei. A constituição garante apenas a posse permanente e usufruto exclusivo dos recursos naturais, mas a terra está no nome do patrimônio público. A terra é patrimônio e bem da união. Então os povos indígenas cuidam desse bem para todos”, disse.
POR GABRIEL BUSS
10.jul.2021
Programa ‘Voz Indígena’ estreia em plataforma audiovisual
Projeto apresenta vídeos, entrevistas e músicas pelo Youtube; iniciativa é uma realização do grupo de pesquisa Linguagens em Tradução (Leetra/UFSCar)

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Estreou neste domingo (4), às 21 horas, o programa “Voz Indígena – uma experiência cinematográfica”, que apresentará vídeos, entrevistas e músicas. A transmissão ocorre no Youtube da Secretaria Geral de Educação a Distância da Universidade Federal de São Carlos (SEaD/UFSCar).
A ação, que integra a agenda cultural da Pró-Reitoria de Extensão (ProEx) da UFSCar, é uma realização do grupo de pesquisa Linguagens em Tradução (Leetra), vinculado ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), sob a coordenação da professora Maria Sílvia Cintra Martins, do Departamento de Letras (DL) da UFSCar, e conta com o apoio da Secretaria Geral de Educação a Distância (SEaD), todos da Universidade.
“O programa Voz Indígena já tem quatro anos de existência e vem sendo reconhecido pela forma leve com que divulga informações sobre línguas e culturas indígenas sempre junto com músicas indígenas, de modo geral de povos indígenas brasileiros”, conta Maria Sílvia Martins.
Entre os temas, os programas irão abordar o número de línguas e povos indígenas brasileiros, e sua situação de risco; educação escolar indígena; a lei 11.645/08 e a obrigatoriedade da temática indígena nas escolas brasileiras; dados geográficos, históricos e culturais sobre os povos indígenas; a relação no Brasil entre o indígena, o caboclo, o caiçara e o caipira, e muita música.
O grupo Leetra/UFSCar, responsável pela iniciativa, conta com três linhas que se relacionam com a questão indígena: Línguas Indígenas; Letramento e comunicação intercultural; e Estudos de Tradução e Poética, que aborda a tradução de cantos e narrativas indígenas.
Os programas serão transmitidos quinzenalmente em plataforma audiovisual, sendo que cada um terá duração de 45 minutos e ficará disponível após a transmissão. Mais informações podem ser solicitadas pelo e-mail grupo.leetra@gmail.com. Podcasts já transmitidos estão no site da UFSCar.
Povos indígenas lutam contra o massacre físico e cultural, diz liderança dos pataxós
Segundo Kâhu Pataxó, liderança dos povos indígenas do sul da Bahia, o inimigo de seu povo é o capitalismo, que invade terras para ganho econômico.
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Índios Pataxó – Foto: Wikipédia
O programa Ambiente é o Meio desta semana conversa com Kâhu Pataxó, liderança dos povos indígenas do sul da Bahia e estudante de Direito na Universidade Federal da Bahia (UFBA), sobre as lutas para a manutenção da integridade física e cultural de seu povo.
Conta o estudante que há dez anos as lideranças indígenas da Bahia unificaram a luta de seus povos, criando a aliança Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas do Estado da Bahia (Mupoiba), para combater um inimigo único. “A gente percebeu que só tem um inimigo”, diz Kâhu, explicando tratar-se do capitalismo, que tem fomentado a invasão de terras indígenas para o plantio de soja e empreendimentos turísticos, visando ao “ganho econômico”.
Ao lado do capitalismo, Kâhu reclama da falta de assistência do Estado brasileiro, ao mesmo tempo que destaca a importância do Estado na garantia dos direitos dos povos indígenas. Cita os artigos 231 e 232 da Constituição de 1988 que reconhecem esses povos, sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, além dos direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam.
Sobre as demais ameaças, como a grilagem e a exploração das terras por fazendeiros e empresas privadas, Kâhu diz que se trata dos “executores desse grande inimigo [capitalismo]”. Por isso, lutam e “falar sobre a nossa luta, a luta dos povos indígenas, é falar muito da nossa vida”, afirma o líder, adiantando que vivem em luta há 521 anos. E o massacre, segundo Kâhu, não é apenas físico, mas também cultural.
Coprodução e Edição: Rádio USP Ribeirão
Que língua é essa? Desvendando o português brasileiro
Para muitos estudiosos, a língua falada hoje no Brasil já é um idioma independente do português europeu.
Ouça o áudio:

O idioma falado no Brasil sofreu influência forte das línguas indígenas e africanas – Rovena Rosa/ Agência Brasil
quando você apaga a forma de uma pessoa falar, você está deslegitimando uma visão de mundo junto
Um idioma falado por mais de 211 milhões de pessoas. Cada uma a seu modo.
Diabé isso aí, mano? Tá doido, é? Deixe de arrumação!
Com seus diversos sotaques, ritmos e expressões, o português que a gente usa hoje no Brasil é muito diferente daquele que chegou com os primeiros colonizadores.
Para alguns linguistas, o português brasileiro e o europeu já podem ser considerados dois idiomas distintos. Um elemento importante nesse processo de mudança foi a interação com as línguas indígenas e africanas. Alguns traços dessas influências são bem perceptíveis, como explica o professor de linguística Marcos Bagno.
“O que chama a atenção para nós no português europeu é essa contração, esse desaparecimento das vogais. O que aconteceu lá, não aconteceu aqui. Mantivemos o ritmo silábico pausado que era característica do português antigo, e muito provavelmente, por conta da influência já mencionada das línguas africanas. Porque as línguas africanas que vieram para cá têm esse padrão silábico ta-ca-ta-ca-ta. Então isso influenciou”, afirma.
Ô, porqueira!
Das línguas indígenas, herdamos os sons anasalados, que são especialmente fortes no Nordeste. Se na região se fala “bãnana” e não “banana”, é por influência dos povos originários.
E o famoso “r” caipira da “porrrteira” tem origem semelhante, como conta o professor Bagno:
“O interessante é que quando a gente vai ao Paraguai, onde a população toda fala guarani, que é a língua irmã do tupi, lá a gente também encontra. Me lembro que estava no avião indo pro Paraguai, e a comissária de bordo paraguaia disse ‘puerta’ com r caipira”, salienta.
Mano do céu! Céloko, tá tirano, né?
Já o “s” chiado, bem marcante no sotaque carioca, vem do português europeu. Quando a Coroa se estabeleceu no Rio de Janeiro em 1808, com uma corte de cerca de 15 mil pessoas, esse jeito de falar acabou se espalhando e sendo adotado pelos moradores da cidade. Os imigrantes que chegaram ao Brasil no século XIX e começo do XX, vindos de países como Itália, Japão e Alemanha, também deixaram sua contribuição. Por exemplo: na cidade de São Paulo, as pessoas sentem “fóme” e não “fôme”, um traço herdado do italiano.
E as mudanças não param por aí: uma língua, qualquer que seja ela, está sempre em mutação. O idioma que a gente fala hoje no Brasil vai ser muito diferente daquele falado daqui a 100, 200 anos. E a língua também pode ser um espaço de disputa. Cecilia Farias, Pesquisadora do Centro de Referência do Museu da Língua Portuguesa, dá um exemplo que está acontecendo agora mesmo, e que vem gerando discórdia entre os brasileiros — ou brasileires.
“A gente vê toda uma disputa hoje com o uso do gênero neutro para uma linguagem inclusiva, para fugir do masculino genérico. As pessoas jovens têm uma abertura maior para esse caso específico. Então pode ser que em algum momento uma parte da população vá internalizando isso e ela vá entrando na nossa estrutura”, afirma.
Égua, mana, e eu sofrendo aqui com o preço do açaí!
Outras transformações acontecem pelo uso cotidiano. O professor Bagno aponta que há uma tendência a não marcar mais o plural em todas as palavras:
“Por um processo cognitivo chamado ‘economia linguística’, nós evitamos redundâncias. Então ao dizer ‘As meninas bonitas todas vieram’, você faz um gasto excessivo de marca de plural, porque se você disser ‘As menina bonita toda veio’, dá pra perceber que é mais de uma. Porque marcando só no artigo, o plural já está bonitinho ali”, explica.
Mas bah, tchê, tá frio de ranguear cusco!
No entanto, Bagno acredita que essa mudança não deve ser absorvida tão cedo pela norma padrão do idioma. E o motivo para isso está no preconceito linguístico. O professor aponta que esse tipo de discriminação é comum em sociedades centradas na língua escrita, mas fica ainda mais forte onde há muita desigualdade social. Para Cecilia Farias, é uma coisa que empobrece a cultura brasileira.
“Acaba funcionando sim como marcador de classe, como marcador de poder, como uma forma de você apagar aquela realidade. Se a gente considerar que cada língua e cada variante expressa o mundo de uma forma, traz pontos de vista sobre o mundo de uma forma, quando você apaga a forma de uma pessoa falar como não se fosse legítima, você está deslegitimando toda uma visão de mundo junto”, afirma.
Edição: Daniel Lamir.