Questões indígenas

Comissão aprova proposta que cria programa para preservar línguas dos povos indígenas

Juliana Cardoso, relatora do projeto de lei Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

A Comissão da Amazônia e dos Povos Originários e Tradicionais da Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 3690/19, que obriga a administração pública a criar programa de preservação, recuperação e transmissão das línguas indígenas brasileiras. Já aprovado pelo Senado Federal, o texto altera a Lei Rouanet.

A proposta determina que documentos públicos solicitados pelos indígenas sejam fornecidos em português e no idioma nativo. O projeto também considera dialetos indígenas como bens de natureza imaterial do patrimônio cultural brasileiro.

Definições

Segundo o texto, a preservação se dará por meio da realização de inventários, registros, vigilância e tombamento, além de outras formas de manutenção de acervo. Já a recuperação ocorrerá pelo registro das línguas indígenas em vocabulários ortográficos e dicionários e sua codificação em gramáticas.

A transmissão, por sua vez, deverá ocorrer pela divulgação das línguas indígenas nas regiões em que são faladas nos canais públicos de comunicação, na sinalização urbana e rural, no serviço público comunitário e nos ensinos fundamental e médio, a título de disciplina curricular facultativa. Também deverá ser garantida a oferta de cursos para o ensino dessas línguas em escolas do ensino médio, sempre que houver o número necessário de alunos interessados

O parecer da relatora, deputada Juliana Cardoso (PT-SP), foi favorável ao projeto, apresentada pelo senador Jorge Kajuru (PSB-GO).

“Ao incluir a preservação, recuperação e transmissão dessas línguas no âmbito das políticas públicas, o PL contribui para combater a extinção de idiomas que carregam conhecimentos ancestrais, tradições, e uma visão de mundo única”, avaliou a relatora.

Próximos passos

O projeto será analisado, em caráter conclusivo, pelas comissões  de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania. Para virar lei, a proposta precisa ser aprovada pela Câmara e pelo Senado.

Fonte: Agência Câmara de Notícias

 

Leia a matéria na fonte: https://ptnacamara.org.br/comissao-aprova-proposta-que-cria-programa-para-preservar-linguas-dos-povos-indigenas/

Curso na Unesc quer manter viva a língua guarani, um dos idiomas mais falados no Mercosul

Foto: AgeCom Unesc

 

Uma das marcas que constituem a identidade cultural de uma nação é o idioma falado por seus membros. O Brasil, colonizado por Portugal, é conhecido pelo senso comum como um país monolíngue, em que o único idioma falado é o português. Enquanto isso, no Paraguai e na Bolívia, o Tupi-guarani é uma das línguas oficiais, e está entre as mais importantes da América Latina. Para tentar manter vivo esse idioma, a Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc) lançou o curso de Introdução à Língua e à Cultura Guarani.

O Brasil é o país que possui a maior população guarani entre os países sul-americanos e, ainda assim, não reconheceu a língua indígena como parte do seu repertório oficial. Jacaré, paçoca, piranha, sabiá – essas são algumas das diversas palavras presentes no vocabulário dos brasileiros que derivam de uma língua que possui raízes antigas: o Tupi-guarani. Quando a esquadra de Pedro Álvares Cabral desembarcou na costa brasileira, o país ainda se chamava Pindorama, nome que em tupi significa “terra/região/lugar das palmeiras”.

Indicadores do censo demográfico de 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), demonstram que o país possui cerca de 1,7 milhão de indígenas situados em mais de 4,8 mil municípios do território brasileiro, sendo que a maior parte reside na região Norte do país. No ranking dos estados com maior população indígena, Santa Catarina se encontra na 17ª posição, com mais de 21,5 mil nativos. Essa população é composta por três povos distintos: os Kaingang, os Laklãnõ/Xokleng e os Guarani. Deste último grupo, estima-se que existam cerca de 2 mil membros nas terras catarinenses.

Formado em arqueologia e história, o professor da Unesc Juliano Bitencourt Campos conta que desde a graduação teve contato com temáticas indígenas. Atualmente, o foco é a pesquisa sobre ocupação dos povos originários. Foi ele quem orientou o aluno Fabiano Alves (ou Kárai, nome em Guarani), primeiro indígena a se formar na Unesc pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais (PPGCA). O professor explica que Fabiano faz parte da etnia Guarani Mbyá, caracterizada principalmente pelo dialeto falado por seus membros.

“É importante entendermos que o Brasil tem 274 línguas com dialetos diferentes, e essas línguas são divididas por troncos linguísticos. O guarani, que dentro da língua há a divisão dos dialetos – Mbya, Nhandewa e o Kaiowa – é do tronco linguístico tupi. Os Laklãnõ/Xokleng e os Kaingang, também presentes aqui em SC, não são do tronco tupi, eles são do tronco Macro-jê, da língua Jê. Essas duas línguas (Guarani e Jê) são divididas por troncos linguísticos”, explica. Juliano utiliza um comparativo para entender melhor essa diferenciação: o caso do português e do espanhol, que são línguas parecidas e provém do mesmo tronco, enquanto o alemão e o holandês são de uma outra divisão, ainda que ambos pertençam ao mesmo tronco.

Essas definições não apenas diferem os grupos linguísticos, mas também outras características dos povos originários. “Os Tupi-guarani e os Tupinambás são do mesmo tronco linguístico. Lá pelo ano 1500, no Brasil, os franceses ficaram na região entre Salvador e Rio de Janeiro, mais ao norte do país, enquanto os portugueses ficaram mais na região onde fica o estado de São Paulo. Os portugueses encontraram os tupi-guarani e os franceses os tupinambás. Na história, os tupinambás são mais aguerridos, mais fortes, eles confrontavam e iam à guerra. E, então, os franceses não conseguiram fazer aqueles processos de invasão que os portugueses fizeram, porque os portugueses encontraram os tupi-guarani: mais dóceis, que são de articular, de negociar”, pontua Juliano.

A professora Normélia Ondina Lalau de Farias é coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi) da Unesc, que foi fundado há 18 anos. Para ela, a luta de resistência à dominação portuguesa contribuiu para a criação de novos dialetos no país. “Nós temos a chegada dos povos africanos, a formação dos quilombos e tivemos um reforço no sentido de união desses povos, que vieram da diáspora africana, mais os povos originários. Viviam nos quilombos harmonicamente os indígenas, os negros e alguns europeus que não concordavam com o sistema escravocrata. Por isso, eles tinham que encontrar uma forma de se comunicarem, então em alguns momentos, dialetos africanos se sobressaíram. A linguagem guarani, também aliada à questão do português de Portugal, traz a riqueza do nosso vocabulário, em que usamos muitas expressões que são do guarani, outras que são de origem africana mesclada ao português”, expõe Normélia.

Indígenas no ensino superior
O Programa de Equidade Racial da Unesc, lançado em 2022, busca ampliar o acesso às bolsas de estudos para cursos de graduação, contempla estudantes negros (pretos e pardos) e indígenas. Normélia comenta que esse programa foi a porta de entrada para os indígenas da região ao curso superior. “A Unesc conta hoje com 12 alunos indígenas, em diversos cursos da universidade, que não são aldeados (estão fora da aldeia). Em 2019, teve a chegada do estudante Fabiano Alves, que faz parte da aldeia de Imaruí (Tekoá Marangatu) e que foi contemplado com uma bolsa por meio do programa, possibilitando a ele fazer seu mestrado em Ciências Ambientais”. Fabiano foi o primeiro mestre indígena formado pela Unesc, e no início de julho desse ano, publicou seu primeiro artigo em revista especializada sobre o modo de vida Guarani na terra indígena Tekoá marangatu, em Imaruí.

Neste ano, o Neabi apresentou o “6º Abril Indígena – Aldear a Universidade para a Justiça Social”, uma jornada acadêmica organizada em parceria com o curso de História, que contou com uma extensa programação de atividades, como a exposição de autores indígenas, seminários com acadêmicos e rodas de conversa. Nesta edição, também ocorreu o lançamento do livro ‘Oboré: quando a terra fala’, uma coletânea de sete autores das etnias indígenas Xacriabá, Fulni-ô, Tapuia, Tukano, Laklãnõ/Xokleng, Kaingang e Guarani, que dá voz à arte e à cultura ancestral dos povos originários. Alguns exemplares podem ser encontrados na Biblioteca Central Professor Eurico Back, da Unesc.

A escritora Martha Batista de Lima foi a responsável por reunir os textos. Já na apresentação do livro, ela evidencia as injustiças enfrentadas pelos povos indígenas nos últimos séculos: “Foram necessários quinhentos anos para que os povos originários tivessem direito a uma relativa cidadania nesta nação hoje chamada Brasil. Foram muitas lutas para haver o reconhecimento do direito aos seus territórios na Constituição brasileira de 1988”. Oboré, nome que dá título à obra, é um instrumento de sopro que os tupinambás ancestrais utilizavam para chamar seu povo quando era necessário fazer uma comunicação, um pacto ou proposição a todos da aldeia. Quando o líder tocava, os membros se reuniam para ouvir o que ele tinha a dizer. Com os textos selecionados, Martha reúne diferentes vozes de lideranças indígenas dos quatro cantos do país. Uma contribuição para que essas e outras histórias, por muitas vezes apagadas e esquecidas, sejam preservadas.

Arte em grafite na parede da Escola Indígena de Ensino Fundamental Tekoá Marangatu evidencia a relação dos povos originários com o mundo moderno, ainda que busque preservar a sua cultura. (Crédito: EIEB Tekoá Marangatu/Arquivo)

Mantendo a cultura viva
Com o propósito de ampliar a compreensão sobre a riqueza cultural dos guaranis, e de estreitar os laços entre os indígenas e os não-indígenas, a Escola de Idiomas da Unesc lançou, esse ano, o curso de Introdução à Língua e à Cultura Guarani.

Segundo a assessora pedagógica da Escola de Idiomas da Unesc, Dayane Cortez, as aulas devem começar ainda este ano, assim que completar a primeira turma. Até agora, os alunos matriculados para o curso são, em sua maioria, não-indígenas. Os principais interessados são acadêmicos dos cursos de licenciatura, mestrandos das linhas de pesquisa de antropologia e história, além de professores da própria universidade.

Dayane cita que a Unesc prevê, dentro das políticas de educação, o contato dos alunos com a história e a cultura afro-brasileira e indígena. “Nosso quadro da Escola de Idiomas conta com o professor Luís Alberto González Rolón, que tem formação em Letras e nasceu no Paraguai. As primeiras línguas dele são o guarani e o espanhol. Dentro da programação do curso, está previsto a participação de indígenas da região que já nos acompanham ou têm algum contato com a universidade”, comenta a assessora.

Professor nos cursos de história, geografia e biologia, Juliano Bitencourt leciona disciplinas que dialogam com os povos originários. Para ele, a presença do curso sobre o tupi-guarani na cartela de idiomas da Unesc promove inclusão e diversidade. “Colabora na compreensão de outras culturas como é o caso desse tronco linguístico, representado pelo tupi. A universidade, fazendo isso, dá sinais para a comunidade interna e externa que ela se preocupa com a diversidade”, comenta. “Isso é o ponto chave: a diversidade do outro. Isso pode colaborar na compreensão, pode estar criando grupos de pessoas que têm uma sensibilidade, uma percepção para criar também políticas voltadas para essas populações que ficam à margem da sociedade”, conclui.

Por que o Brasil não tem o guarani como língua oficial?
Para compreender melhor o porquê de o guarani ser reconhecido como idioma oficial no Paraguai e na Bolívia, mas não no Brasil, o professor recorre à história da colonização. “Há uma complexidade na questão. Em 1820, o governo brasileiro fez uma política para trazer as pessoas da Europa, para ‘branquear’ o território e ocupar os espaços ‘vazios’. Aqui para eles era vazio, apesar de existir açorianos e muitos Laklãnõ/Xokleng. Eles queriam ocupar espaços para não acontecer o que acabou acontecendo no Paraguai, que tem línguas-mães indígenas. A população do Paraguai é quase 90% indígena”, explica. “O Brasil foi dominado por Portugal, e os outros países foram pela Espanha, que fez uma política de não colonizar, mas sim de tirar tudo que tinha de proveito. No Brasil, os indígenas foram perdendo seus espaços, foram colonizados, assassinados”, completa.

“Aqui na região, por volta de 1900, os gestores contratavam pessoas para exterminar os indígenas, chamados de bugreiros. A mesma coisa que aconteceu com os bandeirantes, pessoas que entravam no interior para matar os indígenas ou pegar para escravos. No Brasil tivemos essa política de higienização étnica. Por isso o Brasil é diferente”, ressalta Juliano. O professor ainda defende que esse é um dos motivos pelos quais quem ocupa espaços nas universidades e no poder, não são os indígenas. “No primeiro governo de Getúlio Vargas (1930), ele fez isso também: um processo de proibir línguas. Ele exigiu que a única língua fosse o português, tanto que os colonos italianos e alemães também sofreram, porque não podiam falar na sua língua materna, e os indígenas sofreram mais ainda”, enfatiza.

A palavra “guarani”, na língua dos povos originários, significa guerreiro indomável ou povo livre como tempestade. Atualmente, o guarani é a língua oficial do Paraguai (ao lado do castelhano), é uma das três línguas oficiais para o trabalho no Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), e língua co-oficial do município de Tacuru, no Mato Grosso do Sul.

Inscrições abertas
A Escola de Idiomas da Unesc está com as inscrições abertas para o curso de Guarani. As aulas têm foco na fala, compreensão, leitura e escrita da língua, além de trabalhar o contato com a cultura indígena. Para mais informações, os interessados podem mandar uma mensagem pelo WhatsApp da escola no número (48) 3431-4533. Para atendimento presencial, a Secretaria da Escola de Idiomas localiza-se na Unesc, no Bloco L, Sala 2, e o horário de atendimento é das 13h às 17h e das 18h às 22h.

Fonte: AgeCom Unesc.

 

 

 

 

Leia diretamente na fonte: https://www.diplomaciabusiness.com/curso-na-unesc-quer-manter-viva-a-lingua-guarani-um-dos-idiomas-mais-falados-no-mercosul/

A UFSC no Fórum Municipal dos Países BRICS em Moscou (IMBRICS)

 

 

Cátedra UNESCO em Políticas Linguísticas para o Multilinguismo (UCLPM) da UFSC, representada pelo Prof. Gilvan Müller de Oliveira (DLLV), participa nesta quarta-feira, 28 de agosto, do Seminário Preservação e apoio ao multilinguismo dos povos indígenas. Melhores práticas da Federação Russa e dos países BRICS”, promovido pela Agência Federal de Assuntos Étnicos da Federação Russa no âmbito do grande Fórum Municipal dos Países BRICS em Moscou

 

Na ocasião, o Prof. Gilvan apresentará uma contribuição sobre a situação do multilinguismo no Brasil – um dos fundadores do Grupo de Países dos BRICS – centrada n’ “As Línguas Indígenas Brasileiras e sua Equipagem para o Ciberespaço”.

 

A Cátedra UNESCO LPM / UFSC (2018-26), é responsável pelos dados brasileiros do Atlas UNESCO das Línguas do Mundo, em andamento, que inclui informação sobre o uso das línguas brasileiras minorizadas na Internet e permite constatar a sua incipiente preparação, até o momento, para o ambiente digital.

A principal proposta será a da criação, no âmbito da Organização e da Presidência do Brasil em 2025, do Quadro Comum de Referência das Línguas dos BRICS (QuaLinBRICS), que permitirá acompanhar a situação das línguas de cada país, fomentar a sua equipagem tecnológica e o seu ensino no âmbito nacional e internacional em uma estratégia de consenso entre os países membros.

Leia a nota na fonte: Secretaria de Relações Internacionais | Office of International Relations (ufsc.br)


Saiba mais sobre a Cátedra em:

https://orbicom.ca/brazil-florianopolis/

. Atlas UNESCO das Línguas no Mundo

https://en.wal.unesco.org/

V Congresso Internacional Mundos Indígenas

A liderança indígena Davi Kopenawa fará a conferência de encerramento do evento que terá como tema “Perspectivas da luta indígena” – Foto: Pablo Felippe – Coordcom/UFRR

 

Com programação composta por simpósios temáticos, exposições artísticas e culturais, minicursos, mesas-redondas, entre outras atividades, a quinta edição do Congresso Internacional Mundos Indígenas, América (V COIMI, Abya Yala) ocorre na Universidade Federal de Roraima (UFRR) entre os dias 20 e 23 de agosto de 2024.

Voltado para professores, pesquisadores, estudantes, indigenistas, organizações indígenas e demais interessados, o objetivo do evento é ampliar diálogos, integrar as universidades brasileiras do Norte do Brasil que apresentam trabalhos sobre as questões indígenas. Conforme os organizadores, a edição de 2024 observa a importância e busca construir caminhos para pensar sobre a educação, cultura e as artes verbais indígenas, além da ancestralidade e perspectivas para o bem-viver desses povos.

A programação trará destaque as pesquisas e aos pesquisadores que se envolvem com as questões indígenas. Entre alguns assuntos que serão debatidos durante o evento estão temáticas que envolvem a educação escolar, saúde, arte e literatura indígena, história dos povos ancestrais, linguagem e artefatos verbais indígenas, entre outros assuntos.

Além disso, o V COIMI terá uma programação cultural com exposições artísticas, fotográficas como a exposição “Peles em papel” de Duarte Yanomami, Loretta Emiri, Jorge Macêdo com curadoria de Isabel Fonseca, lançamentos/vendas de livros e conversa com autores, mostra de cinema. Também ocorrerão apresentações musicais com a presença da Orquestra Música sem Fronteiras, da Banda Sociedade de Esquina, Banda Kruviana e Banda GusBras.

O evento reunirá em sua programação diversos pesquisadores, professores, lideranças indígenas, ativistas, artistas e escritores. Entre os convidados estão a presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joênia Wapichana, a liderança indígena, Davi Kopenawa, a ativista guarani, co-assistente da Comissão Guarani Yvyrupa e membro da comissão de direitos humanos do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Geni Núñez, a professora da Université Sorbonne Nouvelle-Paris 3, Brigitte Thiérion, a coordenadora geral de educação escolar indígena (CGEEI) do Ministério da Educação, Rosilene Tuxá, entre outros.

O encerramento desta edição ocorrerá na comunidade indígena Tabalascada com apresentação de pôsteres, relatos de egressos indígenas no ensino superior e pós-graduação, além de almoço e conferência de encerramento.

Os interessados em participar do congresso ainda podem se inscrever até o dia 19 de agosto no site oficial do evento. O credenciamento ocorre no dia 20 de agosto pela manhã no horário das 8h30 às 12h e a tarde das 14h30 às 16h, respectivamente, no Centro Amazônico de Fronteiras (CAF/UFRR) e no Centro de Ciências e Tecnologia (CCT).

O que é o COIMI?

O Congresso Internacional Mundos Indígenas (COIMI) é um evento bianual, criado no âmbito do grupo de pesquisa internacional Seminário Permanente Mundos Indígenas – Abya Yala (SEPMIAI) no Centro de Humanidades na Universidade Nova de Lisboa em parceria com a Universidade Federal de Campina Grande, Paraíba.

O COIMI também possui apoio da Universidade Pablo Olavide da Espanha e Universidade Sorbonne Nouvelle da França e busca um espaço de reflexão e debate sobre os temas vinculados aos povos indígenas possuindo uma rede colaborativa com abrangência nacional e internacional para as discussões interdisciplinares sobre esses povos.

 

siga a leitura em : https://ufrr.br/noticias/ufrr-recebe-v-congresso-internacional-mundos-indigenas/

Primeira mestranda indígena do Amazonas defende dissertação na UEM

Por MARILAYDE COSTA  

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Pesquisa de Neidemara Souza revela que apenas 14% dos professores indígenas de município amazonense têm graduação

Pela primeira vez, uma estudante indígena de mestrado de fora do Paraná defendeu sua dissertação na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Neidemara Araújo de Souza, de 27 anos, da etnia Ticuna, é da região do Alto Solimões, no Amazonas. Ela foi aprovada pela banca do Programa de Pós-graduação em Educação (PPE) no último dia 31 de julho. Sua pesquisa revelou que a maioria dos professores indígenas em Santo Antônio do Içá, sua cidade natal, não possui formação universitária.

Segundo a pedagoga, dados de 2023 da Secretaria Municipal de Educação (Semed) indicam que, dos 268 professores indígenas das escolas municipais, apenas 38 possuem ensino superior, representando apenas 14% do total. “Isso é preocupante, pois revela um índice muito baixo de professores graduados. Temos muito que avançar na formação educacional do meu povo. Não adianta termos 14 escolas indígenas Ticuna em Santo Antônio de Içaí se não cuidarmos da qualificação dos professores indígenas”, alerta a mestranda.

 

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Neidemara Souza, ladeada por sua orientadora Maria Christine Menezes (centro) e demais alunas indígenas

“Neidemara é exemplo de mulher indígena. Ela teve uma boa organização em seus estudos e passava horas no Laboratório de Apoio Pedagógico (LAP) estudando e produzindo a dissertação. Seguiu com as orientações e fez um belo trabalho que irá contribuir muito com as discussões sobre a formação de professores indígenas”, avaliou a orientadora, professora Maria Christine Berdusco Menezes.

Qualificação estagnada

A pesquisa revelou ainda que a Organização Geral dos Professores Ticunas Bilíngues (OGPTB), que foi uma das principais iniciativas para a qualificação dos educadores dessa etnia, está atualmente estagnada devido à falta de recursos e apoio governamental.

A OGPTB, criada pelos próprios professores indígenas, desempenhou um papel crucial ao oferecer uma formação específica e direcionada às necessidades dos educadores da etnia Ticuna. Inicialmente, a organização promoveu dois projetos importantes: o Projeto Educação Ticuna e o curso de licenciatura para a formação dos professores indígenas na região do Alto Solimões. Esses projetos possibilitaram que os professores tivessem acesso ao ensino fundamental e médio, e posteriormente, à formação superior.

Neidemara conta que, apesar do sucesso inicial, a OGPTB paralisou suas atividades, deixando uma lacuna na formação contínua dos professores Ticuna. A interrupção das atividades da organização ocorreu principalmente por causa da falta de apoio financeiro e institucional, tanto por parte do governo federal quanto dos municípios da região.

Atualmente, os professores Ticuna têm buscado alternativas para continuar sua formação. Muitos estão participando do Programa Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor), promovido pelo governo federal, e se matriculando em instituições de ensino superior, como a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e a Universidade Federal do Amazonas (UFAM).

A situação destacada pela pedagoga reflete a necessidade urgente de políticas públicas mais eficazes e de maior apoio para garantir a continuidade e a qualidade da formação dos professores indígenas, essencial para a preservação e fortalecimento das culturas e línguas nativas na região do Alto Solimões.

Formada em Pedagogia pelo Instituto de Natureza e Cultura, da UFAM, que fica situado no câmpus de Benjamin Constant, Neidemara pretende voltar para o seu município com o resultado de seus estudos para conscientizar os governantes sobre a importância da criação de políticas públicas que ampliem a formação da população indígena.

“Pretendo dar continuidade na minha formação, mas antes disso eu quero voltar para o meu município para discutir sobre esses dados da minha pesquisa com a Secretaria de Educação, com os professores indígenas Ticunas e também com a OGTPB. Quero debater sobre esses resultados, a importância do apoio que a Semed deve oferecer para dar continuidade na formação desses professores, justamente pensando na melhoria e alcançar esse objetivo que eles tanto dizem, que é a qualidade no ensino”, frisa Neidemara.

Neidemara escolheu Maringá para estudar em 2022, acompanhando o marido, que já cursava doutorado em Engenharia Química na UEM. Pouco mais de um ano atrás, o casal teve um filho na cidade, e seu marido deve concluir os estudos no final deste ano. Com a conclusão do Mestrado, Neidemara pretende continuar sua formação acadêmica, ingressando no doutorado na UEM.

“Quero seguir estudando, pois essa é uma luta pessoal minha, fruto das experiências que tive como pedagoga específica da minha etnia na Secretaria Municipal de Educação do meu município. Meu objetivo é tentar solucionar os problemas que vivi e contribuir para o fortalecimento da formação dos professores indígenas Ticunas. Precisamos lutar para que as políticas existentes nos âmbitos estadual e municipal sejam realmente aplicadas. É essencial que entendamos essas políticas e as compartilhemos com os professores. De fato, a educação é muito importante e valiosa para nós”, conclui a indígena amazonense Neidemara.

Universidade para os Índios (Cuia): A UEM lidera a formação de estudantes indígenas no Paraná, apesar de sua localização distante das terras indígenas. A universidade já formou 49 indígenas e conta atualmente com 69 matriculados, dos quais 39 estudam em cursos de graduação a distância (EaD). Entre os cursos mais procurados estão Enfermagem, História e Pedagogia, mas há indígenas também em áreas como Administração, Arquitetura, Ciências Biológicas, Direito, Educação Física, Física, Geografia, Letras, Medicina, Odontologia e Serviço Social. No campo da pós-graduação, a UEM se destaca por ter formado o primeiro mestre indígena do Paraná. Até o momento, quatro indígenas concluíram o mestrado na instituição, que atualmente possui um estudantes indígena no mestrado e dois no doutorado.

Leia  a matéria diretamente na fonte: https://www.asc.uem.br/index.php?option=com_content&view=article&id=29349:primeira-mestranda-indigena-do-amazonas-defende-tese-de-mestrado-na-uem&catid=987:notas&Itemid=220

‘Nosso modo de lutar’ apresenta mobilização nacional indígena pelo olhar de cineastas mulheres indígenas

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Da esquerda para a direita, Vanuzia Pataxó, Francy Baniwa e Kerexu Martim durante as filmagens no 20º ATL 📷 Luiza de Souza Barros/ISA

A maior mobilização indígena do país é também lugar de encontro entre os multidiversos saberes e fazeres dos povos indígenas no Brasil. Pelo olhar de três cineastas mulheres indígenas, o público é convidado a conhecer o cotidiano do 20° Acampamento Terra Livre (ATL) e a descobrir como os diferentes modos indígenas de existir se expressam também como modos singulares de lutar.

‘Nosso modo de lutar’ apresenta mobilização nacional indígena pelo olhar de cineastas mulheres indígenas,  por Tatiane Klein – Pesquisadora do ISA

Sexta-feira, 9 de Agosto de 2024

Realizado pelas cineastas Francy Baniwa, Kerexu Martim e Vanuzia Pataxó, documentário filmado durante o 20º Acampamento Terra Livre (ATL) enfoca os muitos modos indígenas de existir e de resistir aos ataques a seus direitos.

Para celebrar a diversidade e a comunicação indígena, neste Dia Internacional dos Povos Indígenas (09/08), o Instituto Socioambiental (ISA) em parceria com a Rede Katahirine lança o documentário Nosso modo de lutar, que traz a perspectiva de três cineastas mulheres indígenas sobre um dos principais espaços de mobilização indígena do país na atualidade, o Acampamento Terra Livre (ATL).

 

Realizado por Francy Baniwa, Kerexu Martim e Vanuzia Pataxó, da Katahirine – Rede Audiovisual das Mulheres Indígenas, em colaboração com o Programa Povos Indígenas no Brasil do ISA, o vídeo foi filmado em abril de 2024, durante a 20ª edição do Acampamento, e dá atenção à pluralidade de formas dos movimentos indígenas. “Nós mulheres podemos perceber muitas coisas que ninguém percebe”, destaca Vanuzia.

Para compor este retrato, as cineastas abordaram cerca de 50 representantes de povos distintos, em sua maioria mulheres, explorando os saberes e fazeres que cada uma delas traz, ano a ano, para a mobilização. São cantadoras, cozinheiras, artistas, estudantes, anciãs e jovens lideranças – personagens como Cleide da Silva Pedro, do povo Guarani Kaiowá, que, na última edição, se dividia entre a equipe de segurança geral e atuava como cozinheira na delegação de seu povo no contraturno. “A gente vê aqui que a mobilização é coletiva, não é separado, não é juventude, homens, mulheres. É uma luta coletiva entre crianças ao ancião”, avalia Francy Baniwa.

kerexy martim gravando no ATL
Vanuzia Pataxó, cineasta indígena da Rede Katahirine, durante as gravações de “Nosso modo de lutar”, no ATL 2024 📷 Tatiane Klein/ISA
gravações de "nosso modo de lutar"
Francy Baniwa entrevista Janete Desana, liderança do Rio Negro e vice-presidente da FOIRN 📷 Moreno Saraiva/ISA
gravações de "nosso modo de lutar"
Kerexu Martim entrevista Vanuzia Pataxó e o filho Txoeki Turymatã Pataxoop 📷 Tauani Lima/ISA

Transitando pelo cenário de lonas pretas e cordas amarelas que marcam o cotidiano do acampamento, as imagens transportam o público desde os acampamentos das delegações até as  barracas de artesanato, passando, é claro, pelas reuniões, plenárias e marchas em defesa dos direitos indígenas. Tudo isso a partir das câmeras e das vozes das cineastas, que são também personagens do vídeo e iniciaram a pesquisa audiovisual pelas contribuições de seus próprios povos.

Entre os Guarani, por exemplo, um dos temas geradores foram os cantos mborai, muitos dos quais tratam da luta pela terra, como revela a cineasta Kerexu Martim, lembrando os versos de um deles: “Pemeē jevy, pemeē jevy ore yvy / Devolvam nossas terras, devolvam nossas terras”. Já entre os povos do Rio Negro, Francy Baniwa inicia enfocando as pinturas faciais das mulheres desana, feitas não só para embelezar, mas para proteger e preparar os corpos para a mobilização.

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dona coruja
Dona Coruja, liderança histórica do povo Pataxó 📷 Mariana Soares/ISA

É relembrando ensinamentos dos anciãos do seu povo, que Vanuzia Pataxó nos introduz a uma das linhas de força do vídeo: a ideia de que entre os povos indígenas, as danças e cantos são armas fundamentais da ação política, tão importantes ou mais nestes contexto quanto discursos ou documentos. É ela quem nos apresenta os cantos e histórias de Dona Coruja, uma das grandes cantadoras e lideranças do povo Pataxó, que, nas palavras da cineasta “dá uma aula de história inteirinha por meio de um canto”.

“Adeus adeus a Brasília, até o ano que vem

Adeus adeus a Brasília, até o ano que vem

Se eu não morrer eu volto

Se deus quiser eu venho” – Dona Coruja

Ao longo do documentário, o público é convidado a entender por que enfeites corporais, alimentos tradicionais, instrumentos musicais, cantos e danças coletivas, entre outros, não são apenas elementos para mostrar as culturas de cada povo, mas têm usos e potências próprias, capacidades de comunicação e transformação da realidade. É o que ensina, por exemplo, a liderança do povo Rikbaktsa ao explicar que seu cocar é usado especificamente para ir à guerra ou a liderança do povo Maxakali, ao contar que os desenhos que enfeitam seu vestido estão conectados aos rituais feitos junto dos espíritos yamīyxop.

Para além dos cantos e danças, palavras de ordem como “Diga ao povo que avance!”, também ganham destaque, em especial nas cenas das duas grandes marchas feitas durante o 20° ATL contra os retrocessos aos direitos indígenas.

Relembre:
No Congresso e nas ruas de Brasília, movimento indígena grita: não ao Marco Temporal!

Pelas palavras e cantos dos personagens, também entendemos por que reivindicar direitos indo a Brasília, com grandes manifestações coletivas, é, há mais de vinte anos, um movimento central para inúmeros coletivos indígenas – e por que, certamente, eles seguirão repetindo esse movimento nos anos por vir.

Sobre “Nosso modo de lutar”

Sinopse

A maior mobilização indígena do país é também lugar de encontro entre os multidiversos saberes e fazeres dos povos indígenas no Brasil. Pelo olhar de três cineastas mulheres indígenas, o público é convidado a conhecer o cotidiano do 20° Acampamento Terra Livre (ATL) e a descobrir como os diferentes modos indígenas de existir se expressam também como modos singulares de lutar.

Ficha técnica

Direção e imagens: Francy Baniwa, Kerexu Martim e Vanuzia Pataxó / Rede Katahirine

Produção executiva: Tatiane Klein, Luiza de Souza Barros, Mariana Soares, Moreno Saraiva Martins e Luma Prado / ISA; Sophia Pinheiro, Mari Corrêa, Victoria Moawad / Instituto Catitu

Montagem: Manoela Rabinovitch / Instituto Catitu

Finalização: Cama Leão

Realização: Instituto Socioambiental (ISA),  Katahirine – Rede Audiovisual das Mulheres Indígenas e Instituto Catitu

Ano: 2024

País: Brasil

Duração: 15 min

Apoio: Fundação Moore, União Europeia e Catholic Agency for Overseas Development (CAFOD)

Sobre o Dia Internacional dos Povos Indígenas

Instituído pelas Nações Unidas em 1995, o dia 9 de agosto tem como objetivo chamar atenção para a importância dos povos indígenas e das garantias previstas a eles na Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos Indígenas. Entre outros direitos, a declaração assegura o direito desses povos à autodeterminação, à comunicação e à diferença: “Os povos indígenas são iguais a todos os demais povos e reconhecendo ao mesmo tempo o direito de todos os povos a ser diferentes, a considerar-se a si mesmos diferentes e a ser respeitados como tais”. Saiba mais

Sobre a Rede Katahirine

A Katahirine – Rede Audiovisual das Mulheres Indígenas surge com o objetivo de criar um espaço coletivo para fortalecer e visibilizar a produção audiovisual das mulheres indígenas do Brasil e América Latina. Como primeira iniciativa de mapeamento do cinema indígena feminino no Brasil, desejamos que esta seja uma importante ferramenta de conhecimento e divulgação sobre o cinema realizado por nós, mulheres indígenas, além de uma fonte de dados para pesquisas e acessos públicos. Um espaço com foco no protagonismo das mulheres indígenas,  na agência e no papel político em nossos contextos, dentro e fora das aldeias: agimos nas tomadas de decisões e gestão de recursos de realizações audiovisuais e criamos de acordo com nossas concepções de mundo e de vida. Katahirine é uma palavra da etnia Manchineri que significa constelação. Assim como o próprio nome sugere, Katahirine é a pluralidade, conexão e a união de mulheres diversas que se apoiam e promovem mulheres indígenas no audiovisual brasileiro. Trata-se de uma articulação coletiva, onde podemos discutir e construir um espaço seguro de narrativas, levando em conta não só o corpo coletivo da rede, mas a subjetividade de cada participante, como uma pessoa pensante e atuante em todos os espaços.

As cineastas se apresentam

Vanuzia Bonfim Vieira

Sou indígena pataxó. Trabalho como cineasta e professora. Dirigi e gravei o longa-metragem Força das Mulheres Pataxó da Aldeia Mãe (2019). Na comunidade, além de professora, sou mãe, artesã e participante de vários eventos culturais. Me formei em Ciências Sociais e Humanas pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e fiz meu mestrado em Ensino e Relações Étnico-Raciais pela Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB). Atualmente trabalho com direção e produção de vídeos relacionados aos movimentos indígenas e à aldeia Barra Velha, Porto Seguro (BA).

Kerexu Martim

Tenho 20 anos, moro na aldeia Kalipety na Terra Indígena Tenondé Porã, em São Paulo – SP. Participei de dois cursos de audiovisual. Um deles foi na minha aldeia e teve duas semanas de duração. O segundo foi no Acre. Fui para lá com mais duas amigas Guarani da comunidade e fizemos a edição dos nossos filmes. Em 2023, lancei meu primeiro filme “Aguyjevete Avaxi’i”, produzido pelo Instituto Catitu. O filme recebeu menção honrosa no Festival É Tudo Verdade 2024 e o prêmio Helena Ignez na 27ª Mostra de Cinema Tiradentes.

Francy Baniwa

Sou Francineia Bitencourt Fontes, também conhecida como Francy Baniwa. Mulher indígena, antropóloga, fotógrafa, cineasta e pesquisadora do povo Baniwa, nasci na comunidade de Assunção, no Baixo Rio Içana, Terra Indígena Alto Rio Negro, município de São Gabriel da Cachoeira (AM). Engajada nas organizações e no movimento indígena do Rio Negro há uma década, atuo, trabalho e pesquiso nas áreas de etnologia indígena, gênero, organizações indígenas, memória, narrativa, fotografia e audiovisual. Fiz minha Licenciatura em Sociologia em 2016 pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Sou mestra (2019) e doutoranda em Antropologia Social pelo Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGAS-MN/UFRJ). Em 2008, fiz o curso técnico em Etnodesenvolvimento pelo Instituto Federal do Amazonas (IFAM) e, em 2009, em Gestão Ambiental pelo Centro Amazônico de Formação Indígena da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (CAFI/COIAB). Entre 2010 e 2013, atuei como professora do Ensino Fundamental na Escola Estadual Indígena Kariamã, em minha comunidade. Fui presidente da Associação de Mulheres do Baixo Içana (AMIBI) em 2013, e coordenadora do Departamento de Mulheres Indígenas do Rio Negro da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (DMIRN/FOIRN) entre 2014 e 2016. Coordeno o Projeto de Cooperação Técnica Internacional “Salvaguarda de Línguas Indígenas Transfronteiriças”, produzido por uma parceria entre a UNESCO e o Museu do Índio, intitulado “Vida e Arte das Mulheres Baniwa: Um olhar de dentro para fora”, fazendo a qualificação das peças de cerâmica do primeiro acervo de pesquisadora indígena, editando vídeos sobre cerâmica, roça e seus derivados e tucum, além de produzir catálogo de fotografias e fazer uma exposição virtual. Sou pesquisadora do Laboratório de Antropologia da Arte, Ritual e Memória (LARMe) e do Núcleo de Antropologia Simétrica (NAnSi) da UFRJ, e do Núcleo de Estudos da Amazônia Indígena (NEAI) da UFAM. No audiovisual, atuei na direção da obra Kupixá asui peé itá – A roça e seus caminhos (2020). Atualmente, coordeno o projeto ecológico, sustentável e pioneiro de produção de absorventes de pano Amaronai Itá – Kunhaitá Kitiwara, financiado pelo Fundo Indígena do Rio Negro (FIRN/FOIRN), junto à Organização da Comunidade Indígena do Distrito de Assunção do Içana (OCIDAI), cujo propósito é o empoderamento e a autonomia das mulheres no território indígena alto-rio-negrino.

Leia a matéria na íntegra no link abaixo:

https://www.socioambiental.org/noticias-socioambientais/nosso-modo-de-lutar-apresenta-mobilizacao-nacional-indigena-pelo-olhar-de

 

Rede Katahirine: www.redekatahirine.org.br Ficha técnica: Direção e imagens: Francy Baniwa, Kerexu Martim e Vanuzia Pataxó/Rede Katahirine Produção executiva: Tatiane Klein, Luiza de Souza Barros, Mariana Soares, Moreno Saraiva Martins e Luma Prado/ISA; Sophia Pinheiro, Mari Corrêa, Victoria Moawad/Instituto Catitu Montagem: Manoela Rabinovitch/Instituto Catitu Finalização: Cama Leão Realização: Instituto Socioambiental (ISA), Katahirine – Rede Audiovisual das Mulheres Indígenas e Instituto Catitu Ano: 2024 País: Brasil Duração: 15 min Apoio: Fundação Moore, União Europeia e Catholic Agency for Overseas Development (CAFOD)

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