Programa ‘Voz Indígena’ estreia em plataforma audiovisual
Projeto apresenta vídeos, entrevistas e músicas pelo Youtube; iniciativa é uma realização do grupo de pesquisa Linguagens em Tradução (Leetra/UFSCar)
Estreou neste domingo (4), às 21 horas, o programa “Voz Indígena – uma experiência cinematográfica”, que apresentará vídeos, entrevistas e músicas. A transmissão ocorre no Youtube da Secretaria Geral de Educação a Distância da Universidade Federal de São Carlos (SEaD/UFSCar).
A ação, que integra a agenda cultural da Pró-Reitoria de Extensão (ProEx) da UFSCar, é uma realização do grupo de pesquisa Linguagens em Tradução (Leetra), vinculado ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), sob a coordenação da professora Maria Sílvia Cintra Martins, do Departamento de Letras (DL) da UFSCar, e conta com o apoio da Secretaria Geral de Educação a Distância (SEaD), todos da Universidade.
“O programa Voz Indígena já tem quatro anos de existência e vem sendo reconhecido pela forma leve com que divulga informações sobre línguas e culturas indígenas sempre junto com músicas indígenas, de modo geral de povos indígenas brasileiros”, conta Maria Sílvia Martins.
Entre os temas, os programas irão abordar o número de línguas e povos indígenas brasileiros, e sua situação de risco; educação escolar indígena; a lei 11.645/08 e a obrigatoriedade da temática indígena nas escolas brasileiras; dados geográficos, históricos e culturais sobre os povos indígenas; a relação no Brasil entre o indígena, o caboclo, o caiçara e o caipira, e muita música.
O grupo Leetra/UFSCar, responsável pela iniciativa, conta com três linhas que se relacionam com a questão indígena: Línguas Indígenas; Letramento e comunicação intercultural; e Estudos de Tradução e Poética, que aborda a tradução de cantos e narrativas indígenas.
Os programas serão transmitidos quinzenalmente em plataforma audiovisual, sendo que cada um terá duração de 45 minutos e ficará disponível após a transmissão. Mais informações podem ser solicitadas pelo e-mail grupo.leetra@gmail.com. Podcasts já transmitidos estão no site da UFSCar.
Indígenas usam tecnologias para manter língua e cultura vivas
O isolamento devido à crise sanitária também abriu a porta para uma pequena iniciativa de difusão da língua nativa
O xokleng é uma língua falada apenas por uma comunidade indígena no Vale do Alto Itajaí, na região central de Santa Catarina, onde vivem mais de 2 mil pessoas. Boa parte das 170 línguas indígenas existentes no Brasil corre o risco de desaparecer. Por isso, desde a década de 1990, o linguista Namblá Gakran tem trabalhado para resgatar e manter vivo o idioma nativo. “Eu não sonhei em ser linguista, mas hoje eu sou”, diz o indígena sobre como se tornou um especialista durante a luta pela preservação da cultura do seu povo.
Gakran leciona em escolas indígenas da região e já formou duas turmas de licenciatura intercultural, para que também possam dar aulas e repassar os conhecimentos. A pandemia de covid-19 impediu a continuidade do curso neste ano. No entanto, o isolamento devido à crise sanitária também abriu a porta para uma pequena iniciativa de difusão da língua nativa.
Desde o ano passado, a comunidade, que vive em áreas distantes fisicamente, se aproximou por meio de um grupo de Whatsapp onde compartilha seu dia a dia. Até indígenas que estão fora das aldeias, nas cidades, usam o canal para se comunicar com os que ainda vivem no território tradicional. A única diferença dos outros grupos de família e amigos da rede de comunicação é que nesse só é permitido se comunicar em xokleng. “Não se pode falar em português”, afirma Gakran.
Assim, as pessoas com menos conhecimento têm a oportunidade de praticar o idioma, especialmente em texto, com aqueles que têm maior domínio. “As pessoas que falam mais ou menos a língua entram no grupo e ali começam a aprender” explica o professor. Além dos fatos do dia a dia, como uma pescaria ou uma boa caça, o grupo, aos poucos, vai se tornando espaço para compartilhar as histórias tradicionais. “Quando surge uma oportunidade, nós contamos uma história do passado”, diz.
Importância da escrita
Reforçar a escrita do xokleng é um dos trabalhos que Gakran desenvolve ao longo dos últimos anos e considera fundamental para evitar que o idioma se perca. “O que falta é registro dessa língua. Não adianta só falarmos verbalmente, mas é preciso que a comunidade também possa manusear esse material”, defende, ao destacar a importância de publicações no idioma.
Podcast em língua indígena será levado a escolas da região Norte
Projeto é desenvolvido por doutoranda da UFRJ
Nas histórias contadas de geração em geração, nos livros e conversas diárias ou nos veículos de comunicação, o idioma se mantém vivo. É assim também com as línguas indígenas.
A partir dessa visão, um projeto desenvolvido por Aline Moschen, doutoranda em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, busca abrir espaços para que o povo Tupiniquim do Espírito Santo mantenha viva a própria língua.
O projeto vai construir um acervo digital composto pelas obras fotográficas de artistas indígenas, além de realizar debates sobre as artes indígenas e a preservação da língua.
Uma das iniciativas do projeto é um podcast, espécie de publicação em áudio na internet, como explica Aline Moschen.
Na região Norte do país, a preservação da língua ticuna, falada por mais de 30 mil pessoas, também se dá nos meios de comunicação. Na tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru, Otto Farias, indígena do povo Ticuna e radialista na Nacional do Alto Solimões, leva notícias para a população, tanto na língua materna, quanto em português. Ele destaca a relevância do trabalho para as diferentes populações.
Em 2010, o censo do IBGE revelou que pouco mais de 37% dos indígenas de 5 anos ou mais falavam no domicílio uma língua indígena. Ainda de acordo com o censo, são faladas 274 línguas indígenas no Brasil, em 305 povos diferentes.
Por Maíra Heinen – Repórter da Rádio Nacional – Brasília
Língua indígena falada em SC, Kaingang vira opção de idioma em celulares brasileiros
Projeto desenvolvido em parceria com a Unicamp preserva a cultura e valoriza questões linguísticas relacionadas à comunidade indígena.
Língua indígena não existe? Longe disso. E a empresa de celulares Motorola deu uma resposta inteligente àqueles que acham isso. A marca incluiu nos smartphones o Kaingang, um dos idiomas mais falados entre os indígenas em Santa Catarina, e a Nheengatu, difundido na bacia do Alto Rio Negro, nos estados do Amazonas e de Roraima.
Aparelhos da empresa atualizados com Android 11 estão aptos ao acesso. A iniciativa nasceu de uma parceria entre Motorola e Universidade de Campinas (Unicamp).
— A equipe Kaingang foi composta por quatro falantes naturais da Terra Indígena Guarita, do Noroeste do Rio Grande do Sul, sendo dois homens e duas mulheres, todos tradutores indígenas e linguistas — diz o professor Wilmar D’Angelis, da Unicamp.
D’Angelis é criador e coordenador do “Projeto Web Indígena”, o qual tem como finalidade promover a inclusão das línguas indígenas e comunidades no mundo digital. O trabalho com a Motorola exigiu oito meses de dedicação. Foram traduzidas cerca de 20 mil expressões, frases, comandos, instrução de orientação, formato de data e hora, e outras informações.
O coordenador explica, ainda, que a opção pelo Kaingang e Nheengatu atendeu a uma combinação de critérios que passa pelo uso bastante comum de smartphones nas comunidades, estarem “entre as mais populosas”, existência de um grupo de escritores e tradutores envolvidos em processos de fortalecimento das respectivas línguas nos extremos Sul e Norte do país.
Marcos Sulivan Nascimento é um entre os indígenas que precisa do celular com frequência. Técnico em agropecuária, ele usa o aparelho para marcar visitas e orientar os agricultores:
— É uma ferramenta muito importante para nossa vida pessoal e profissional.
Mapa mostra as línguas faladas no mundo e permite que você ouça até os sotaques regionais
Qualquer um que já viajou de uma região a outra do Brasil, e, em alguns casos, mesmo de uma cidade a outra, sabe que há diferenças marcantes no vocabulário utilizado e mesmo no jeito como as palavras são pronunciadas.
Essas diferenças territoriais na forma como se fala são suficientes para constituir dialetos. No Brasil, por exemplo, há o dialeto recifense, falado na região metropolitana do Recife; o dialeto caipira, falado em partes de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás e Paraná; e o cearense.
Para quem não conhece uma língua, compreender e se acostumar com essas diferentes formas de falar pode ser tão difícil quanto aprender uma nova gramática. Foi a partir desse problema que David Ding, ex-engenheiro de softwares da Microsoft, criou o Localingual, um mapa interativo on-line no qual é possível ouvir trechos de falas de pessoas de diversas regiões do globo.
Clique aqui e veja o mapa interativo.
Com ele é possível ouvir não só as diferenças entre o português de um gaúcho e de um paraibano, mas também entre um falante de francês de Paris ou de Québec, no Canadá, por exemplo.
O site mostra um mapa-múndi com todos os países. Conforme se dá um zoom na imagem, as divisões administrativas internas — Estados, no caso do Brasil —, assim como algumas das principais cidades, são destacadas. Ao clicar nelas é possível ouvir o som de vozes locais.
Segundo o criador do Localingual, o objetivo é fazer com que o site, que é mantido à base de doações, se transforme em uma “Wikipédia das línguas e dialetos”, que poderia ser consultada por qualquer interessado em aprender a pronunciar as palavras de acordo com a região do globo.
Revista Texto Livre: Linguagem e Tecnologia recebe submissões de artigos, resenhas e ensaios para os números de 2017
A Revista Texto Livre: Linguagem e Tecnologia recebe submissões de artigos, resenhas e ensaios para os números de 2017:
– até 06 de março para o primeiro número;
– até 31 de agosto para o segundo número e
– em fluxo contínuo sobre diversos temas, sendo os artigos aprovados publicados na edição seguinte à avaliação e edição de texto.
A revista Texto Livre: Linguagem e Tecnologia, ISSN 1983-3652, Qualis B2, é um periódico do Grupo Texto Livre, da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (Brasil), e visa à publicação semestral de textos inéditos nas áreas de Linguística, Educação (inclusive Educação a Distância), Cultura Livre, Software Livre, na interface com as Tecnologia da Informação e, sobretudo, abordagens interdisciplinares. A revista recebe textos em português, inglês, espanhol e francês, que são submetidos à avaliação do Conselho Editorial, segundo as normas para contribuições.
As diretrizes para os autores podem ser encontradas no seguinte endereço: http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/textolivre/about/submissions#authorGuidelines
Indexações: http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/textolivre/announcement/view/74
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Fonte: Email de Divulgação