Ativista indígena Márcia Kambeba estreou programa ‘Amazoniando’
Ativista indígena Márcia Kambeba estreia programa ‘Amazoniando’
A série de entrevistas em live começou a ser exibida nesta última quinta-feira, 20.
A ativista indígena e militante ambiental Márcia Kambeba estreou nesta quinta-feira (20), o programa de entrevistas “Amazoniando”. A primeira temporada, com cinco episódios semanais em formato de live, vai homenagear os 406 anos de Belém com temas relacionados à cultura e a história dos índios do Pará e aos povos que habitam a Amazônia. O programa será transmitido ao vivo, no canal próprio da atração no Youtube.
No episódio de estreia, a professora Ivânia dos Santos Neves, da Universidade Federal do Pará (UFPA), doutora em Linguística, antropóloga e pós-doutora em linguagens e governamentalidade vai falar sobre a chamada “Belém Mairi”, também conhecida como Belém original. “Mairi” – palavra originada de Maíra, deus do fogo – era o nome dado pelos povos indígenas ao território ocupado por eles, principalmente os Tupinambá, que se estendia do Pará ao Amapá e até parte do Amazonas, conforme explica Márcia Kambeba.
“Mairi era um grande território tupinambá onde se falava vários troncos linguísticos, imperando o tupi. A gente vai refletir (na entrevista) como é essa Belém, hoje, onde está essa ancestralidade da Belém Mairi, que vivencia o extermínio da memória indígena, o que chamo de memoricídio, pois essa memória não foi toda apagada, mas fica adormecida. Ao remexer na memória, vamos desvelar essa história”, acrescenta.
“Belém tem uma ancestralidade presente em vários espaços, como no Forte do Presépio, que foi ocupado pelo povo Tupinambá, a Praça da República, que tem um cemitério afro e também indígena”, exemplifica a apresentadora. “Vou perguntar para a professora Ivânia Neves sobre a ‘etnicidade amazônica’, conceito criado por ela que significa a identidade étnica múltipla da Amazônia. Ela vem trazer para nós essa reflexão”.
Márcia Kambeba é escritora, poeta, Ouvidora do município de Belém, mestre em Geografia, doutoranda em estudos linguísticos pela UFPA e trabalha com multiarte e educação. Nesse projeto, ela será a entrevistadora, buscando o olhar da aldeia e não das grandes metrópoles. Nessa etapa, “Amazoniando” será exclusivamente apresentado na internet com espaço para interação com o público espectador.
O cantor, compositor e instrumentista Allan Carvalho também participa do programa. Ele vai apresentar a canção feita por ele especialmente sobre a Belém Mairi. Enquanto Márcia vai fazer a leitura de um poema autoral voltado ao mesmo tema.
A estreia de “Amazoniando” terá transmissão simultânea por universidades e outras instituições de vários países interessados na causa indígena, como a França, Alemanha, Itália e Inglaterra, conta Kambeba.
Os episódios da temporada serão exibidos sempre ao vivo, a cada quinta-feira, sempre a partir das 20h. Os próximos episódios terão como tema a pesquisa sobre as línguas indígenas e o mapa linguístico do estado do Pará; e o significado e a importância cultural dos adereços de plumagens usados por vários povos indígenas, como cocares e o manto Tupinambá.
Lançamento da TV FNEEI – Fórum Nacional de Educação Escolar Indígena
No dia 9, quinta-feira, às 21horas será o lançamento da TV FNEEI (Fórum Nacional de Educação Escolar Indígena ). Falaremos sobre Marco Temporal e Educação Escolar Indígena. Sua audiência é muito importante. Divulguem em suas redes.
Ative o lembrete no link abaixo!
Startup brasileira lança técnica que traduz línguas de sinais para voz
A Hand Talk, startup de Maceió que criou um sistema de inteligência artificial (IA) que transforma automaticamente linguagem de texto ou de áudio em Libras, agora quer fazer o caminho inverso. Anunciou nesta quinta-feira (12) sua tecnologia assistiva que usa IA como sensor de movimentos, convertendo os gestos da língua de sinais para áudio.
A novidade levou mais de dois anos de pesquisa para ver a luz do dia, segundo um comunicado da companhia. A tecnologia Motion, própria da Hand Talk, realiza o reconhecimento de sinais e frases mais longas com qualidade e precisão, também nas palavras da empresa. No futuro, a ideia é que o recurso entenda e traduza diferentes contextos e regionalismos.
A iniciativa não é inédita; em 2019, o queniano Roy Allela inventou luvas que fazem essa conversão de sinais para áudio. Também no Brasil, o estudante Luciano dos Anjos Oliveira, da Escola Técnica Estadual (Etec) Lauro Gomes, de São Bernardo do Campo (SP), inventou um programa similar. Só o uso dirá o quanto a ferramenta nova da Hand Talk é melhor ou mais acessível que estas.
A empresa também lançou o Hand Talk Community, uma plataforma colaborativa que abastece a inteligência artificial da startup. Agora, voluntários fluentes em línguas de sinais do mundo todo poderão contribuir com ela para que a solução chegue a outros idiomas.
Para quem não conhece, o app do Hand Talk (Android | iOS) faz as traduções de texto e voz para a linguagem de sinais usando os personagens Hugo ou Maya. O lançamento da tecnologia Motion em breve estará disponível nos programas da empresa usados pelo público. As inscrições para a rede de voluntários do Community já estão abertas.
Renascido das cinzas, Museu da Língua Portuguesa reabre com novidades
Há cinco anos, espaço sofreu com o incêndio que matou um bombeiro; restauro custou R$ 85 milhões
Cerimônia oficial de inauguração será no sábado que vem; os ingressos poderão ser adquiridos exclusivamente pela internet
Após cinco anos do incêndio que destruiu o Museu da Língua Portuguesa, finalmente o espaço está pronto para reabrir as portas. O restauro minucioso da estrutura na Estação da Luz, marco da arquitetura paulistana, custou R$ 85 milhões. O espaço é um dos mais visitados do Brasil — mais de 4 milhões de pessoas visitaram o espaço até o incêndio, que matou um bombeiro. Apesar do acidente, a tecnologia foi capaz de preservar todo o conteúdo, que passou por um processo de atualização e será reexibido. Permanecem no acervo as principais atrações. Entre elas está a “Palavras Cruzadas”, que mostra as línguas que influenciaram o português no Brasil.
A curadora do museu, Isa Grinspum, celebra a conclusão da reforma. “Demos muito mais espaço para as questões do português falado em todo o planeta. Ela é uma língua planetária, falada por mais de 261 milhões de pessoas. Seja na África, na Ásia, na Europa ou nas Américas. Demos muito mais atenção para isso. Demos também mais atenção para diversidade regional dos falares no Brasil, que já era bastante abordado e agora está muito mais intensamente abordado.” O museu promete também proporcionar novas experiências com atrações inéditas, como por exemplo “Línguas do Mundo”, a qual mastros se espalham pelo hall com áudios em 23 idiomas — selecionados entre os mais de sete mil existentes.
Outra instalação nova é a “Falares”, que traz os diferentes sotaques e expressões do idioma no país. E a “Laços de Família”, uma espécie de árvore etimológica da língua portuguesa, luminosa e bidimensional. A reconstrução do prédio manteve o conceito original e adicionou novos espaços de exibição. Depois de um mergulho profundo na língua portuguesa, quem vier ao museu poderá conferir mais uma novidade: um espaço a céu aberto, com vista para o Parque da Luz e a torre do relógio, no coração de São Paulo. A estreia na exposição temporária é com a mostra “Língua Solta”, dos curadores Fabiana Moraes e Moacir do Anjos. Com 180 peças que vão desde mantos bordados por Arthur Bispo do Rosário até uma projeção de memes do coletivo Saquinho de Lixo — passando por cartazes de rua, cordéis, rótulos de cachaça e revestimento de muros.
Ganhando um novo significado com obras de artistas contemporâneos, Isa Grinspum explica que cada visitante vai receber um chaveiro touchscreen para que não seja necessário tocar nas telas interativas. “O visitante entre em um diálogo criativo com esses conteúdos todos. Ele não é um visitante passivo. A gente faz muitas provocações para que o visitante se envolva com os conteúdos. A ideia é que ele saia daqui com orgulho da língua portuguesa, que produziu coisas tão incríveis quanto uma canção do Chico Buarque, uma obra do Guimarães Rosa, o rap dos Racionais e um samba do Nelson Cavaquinho. Tudo isso está aqui.” A cerimônia oficial de inauguração será no sábado que vem. Os ingressos poderão ser adquiridos exclusivamente pela internet, com dia e hora marcados. A capacidade de público está restrita a 40 pessoas a cada 45 minutos.
*Com informações da repórter Caterina Achutti
Por Jovem Pan
Dicionários de línguas indígenas estão disponíveis para download gratuito
Segundo a USP, estima-se que, antes da vinda dos portugueses, havia entre 600 a mil línguas sendo faladas pelos nativos indígenas
Adna Fernandes e Malu Souza / Agência UniCEUB
Com o objetivo de sensibilizar o país para a Década Internacional das Línguas Indígenas (2020-2032), o Museu do Índio, da Funai, desenvolveu quatro aplicativos com dicionários das línguas Guató, Ye’kwana, Sanöma e Kawahiva.
Segundo um estudo realizado pela Universidade de São Paulo (USP), de 2020, estima-se que, no período que antecede a vinda dos portugueses para o Brasil, havia entre 600 a mil línguas sendo faladas pelos nativos indígenas.
Antes que esses povos fossem colonizados, eles possuíam as próprias tradições; vestimentas; comidas; músicas; rituais e, é claro, as línguas tradicionais, criadas pelos ancestrais.
Histórico de lutas
Segundo a professora de linguística Flávia de Castro, o estudo sobre essas línguas é importante, porque, isso dá a possibilidade de conhecer a diversidade cultural do Brasil. “Isso inclui também ter conhecimento histórico, de reivindicações, de lutas”, afirma.
As linguagens indígenas diferem da língua que estamos acostumados a falar e escrever e, assim como o português, os idiomas desses nativos são riquíssimos, carregados de muita identidade.
Os aplicativos
Foram implementados quatro aplicativos, cada um com uma língua indígena diferente, desenvolvidos pelo Museu do índio da Funai, com o intuito de traduzir palavras dessas línguas (Guató, Ye’kwana, Sanöma e Kawahiva), para o português.
As tecnologias se encontram disponíveis para download no Google Play, de forma gratuita. Assim, o aprendizado dessas línguas, mesmo que básico, fica mais acessível e simplificado.
A construção de cada aplicativo contou com uma equipe de pesquisadores indígenas, não indígenas e por pessoas sábias das tribos.
O desenvolvimento de cada dicionário demandou a organização de oficinas com a pretensão de reunir todo o conhecimento necessário para aplicar na descrição de cada palavra, da fonética, na contextualização e para a gravação dos áudios.
Conheça o projeto de documentação das línguas indígenas
Em entrevista para o Museu do Índio, o pesquisador Helder Perri, principal responsável pela estrutura da Plataforma Japiim, destacou a importância do trabalho como devolução aos povos indígenas do resultado das pesquisas:
“Acredito que o dicionário digital possa aumentar o acesso dos povos indígenas ao material que se pesquisa e documenta sobre sua própria língua”, contou.
A professora Flávia de Castro, que também já teve a oportunidade de pesquisar sobre línguas indígenas, explica que o respeito às tradições é forma de resistência. “É interessante saber o que os povos indígenas pensam sobre essas pessoas, que não são nativas em suas tribos, que tem acesso a esses conhecimentos tradicionais. Isso também não é uma questão simples, temos que levantar”.
A pesquisadora também lembra de outra tecnologia envolvendo as linguísticas indígenas, a opção de celulares serem configurados nesses idiomas. Hoje, empresas que fornecerem smartphones inseriram as línguas Nheengatu, ou Tupi moderno, e o Kaingang, como alternativa de uso.
Os povos indígenas no Brasil
O Instituto Socioambiental (ISA) do Brasil disponibiliza todos os dados a respeito dos povos indígenas que existem no país, como políticas, direitos, iniciativas, terras e, acessando o site, Povos Indígenas no Brasil, é possível encontrar o nome de todas as tribos existentes, divididas por estado e todas as línguas, que são faladas por eles.