Oferta de educação bilíngue para surdos deve ser mais ampla, defendem especialistas
Em audiência da subcomissão das pessoas com deficiência, especialistas pediram mais acesso de surdos à educação bilíngue, em que a Língua Brasileira de Sinais (Libras) é oferecida como primeira língua e o português escrito como segunda língua. Essa modalidade pode ser lecionada em escolas e classes bilíngues, escolas comuns ou polos de educação bilíngue e visa atender surdos, surdo-cegos e pessoas com deficiência auditiva sinalizantes.
Fonte: Agência Senado
Nova língua de sinais criada por comunidade de surdos de Jaicós no Piauí é destaque internacional
Pesquisadores do Brasil e do exterior estão produzindo um dicionário para preservar a língua; estima-se que a cada 25 crianças que nascem na localidade, uma nasce com surdez
Várzea Queimada, distrito de Jaicós, no sertão do Piauí, distante cerca de 370 km de Teresina, possui 900 moradores e tem um dos piores índices de desenvolvimento humano do país, ficando na posição 5.430°. Mas a comunidade também chama a atenção por um outro motivo: a quantidade de pessoas surdas que nascem lá. Até agora, são 34. E, para se comunicar, eles desenvolveram uma língua própria: a Cena.
Agora, pesquisadores do Brasil e do exterior estão organizando um dicionário para preservar essa língua. É que tanto os surdos quanto os não surdos se comunicam através de gestos, que indicam ações do dia a dia, como ir à igreja ou avisar que está fazendo calor.
A diferença é que todos esses sinais foram criados por eles. Não por acaso, essa nova língua foi batizada de Cena.
Silvana Lusia Barbosa tem seis filhos. Três deles nasceram surdos. Como não tiveram acesso ao aprendizado de Libras, a Língua Brasileira de Sinais, o jeito foi improvisar.
“Foi difícil, mas consegui (educá-los), porque é uma regra que eles vão aprendendo, aprendendo até adaptar. Ainda hoje tem dificuldade, claro, porque os ouvintes também têm… mas deu para entender, eles já sabem comunicar todas as Cenas”, conta a dona de casa.
Sem saber, a família ajudou a estruturar o que os pesquisadores chamam de língua emergente. O fenômeno despertou o interesse de um doutor em linguística pelo Massachusetts Institute of Technology.
“Acho até um nome bonito, que dá essa dimensão teatral. É uma língua nova, completamente inédita e completamente diferente de Libras”, explica Andrew Nevins.
Há cinco anos, especialistas da área de linguística da Universidade Federal do Delta do Parnaíba pesquisam as origens e o desenvolvimento da língua de sinais no povoado. De lá pra cá, os estudos avançaram bastante e até agora os pesquisadores já catalogaram quase 300 expressões utilizadas pela comunidade de surdos de Várzea Queimada.
O resultado está ganhando forma com o dicionário Cena/Libras. As palavras estão sendo registradas em fotos.
Mas o que explica tantos surdos nascerem num só lugar? A resposta está na genética. A doutora Karina Mandelbaun estudou profundamente a localidade, onde o casamento entre primos era bem comum.
“A perda de audição é muito heterogênea, mas a forma mais comum é a herança recessiva. É o seguinte: nosso material genético está sempre aos pares. Por quê? Porque vem uma cópia do nosso pai e uma cópia da nossa mãe. E esse material genético contém ‘instruções’ para fazer todo o nosso corpo, desde a cor do nosso cabelo, da nossa altura, e também ele tem esses ‘defeitinhos’ que podem levar a alguma doença”, explica.
Os pesquisadores também querem traçar uma comparação entre o caso brasileiro, e outras duas comunidades que ficam na Turquia e outra em Israel, para analisar se há uma evolução paralela de linguagem.
Por Luana Fontenele/OitoMeia – Notícias com informações do Fantástico
Projeto que tramita na Câmara propõe intérpretes de Libras em órgãos públicos
O PL (Projeto de Lei) 161/2019, do vereador Professor Toninho Vespoli (PSOL), está em tramitação na Câmara Municipal de São Paulo. A proposta pede que órgãos e entidades da administração pública direta e indireta, além de empresas concessionárias de serviços públicos, disponibilizem tradutores ou intérpretes de Libras (Língua Brasileira de Sinais) para garantir atendimento às pessoas com deficiência auditiva.
Para justificar a elaboração do Projeto de Lei, o texto cita a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, que “considera fundamentais para a efetividade dos direitos humanos das pessoas surdas: o acesso e o reconhecimento da língua de sinais, o respeito pela identidade linguística e cultural, a educação bilíngue, o recurso aos intérpretes de línguas de sinais e outros meios de acessibilidade”.
Ao propor o PL, o vereador destaca que a iniciativa permitirá que a população com deficiência auditiva tenha acesso a acesso às informações da administração pública.
“A compreensão dos conceitos de diversidade e diferença, além de considerar a construção da identidade surda como um movimento político, social e histórico, faz prevalecer a tão almejada inclusão social dos surdos e despreza toda forma de discriminação e preconceito com essa comunidade, que sofreu por um longo tempo com a imposição de um padrão unilateral de normalidade e de forma de comunicação”, relata o texto do Projeto de Lei.
O Projeto de Lei aguarda ser incluído na pauta da Sessão Plenária para ser votado em primeiro turno.
Estudantes de escola técnica desenvolvem conversor de Libras em texto
Software faz reconhecimento de imagem e traduz automaticamente
5% da população brasileira tem deficiência auditiva, de acordo com o IBGE. Essa porcentagem corresponde a cerca de 10 milhões de pessoas. E, desse total, pelo menos 2,7 milhões têm surdez total. São eles os que mais precisam da Língua Brasileira de Sinais. Mas pouca gente domina essa língua, mesmo sendo oficial no país.
Para promover a inclusão, estudantes da Escola Técnica Estadual Lauro Gomes, de São Bernardo do Campo, no estado de São Paulo, desenvolveram um conversor de Libras, como explica um dos integrantes do grupo, Vinícius Navarrete.
O software de reconhecimento já tem mais de 100 sinais programados que podem ser convertidos em texto, e alcançou uma precisão de 96% durante os testes. Para desenvolver essa nova tecnologia, Vinicius Navarrete conta que o grupo usou códigos abertos.
Além de Vinícius Navarrete, também participaram do desenvolvimento desse conversor os estudantes Fabrício Almeida e Luciano Oliveira. O grupo continua empenhado em aprimorar a nova tecnologia para que possa fazer a conversão em tempo real.
Edição: Sheily Noleto/ Sumaia Villela
Por Beatriz Evaristo – Repórter da Rádio Nacional – Brasília
Eventos sobre Linguística, Libras e Tradução movimentam UFSC nessa semana
Está acontecendo na UFSC, entre 28 e 30 de novembro de 2016 na UFSC o I Congresso Nacional de Pequisas em Linguística e Libras. A programação compreende palestras, minicursos e comunicações, entre outros e acontece em vários espaços da Universidade, principalmente no Centro de Eventos da UFSC.
Amanhã inicia o V Congresso Nacional de pesquisas em Tradução e Interpretação de Libras e Língua Portuguesa que vai até dia 02/12, na sexta-feira.
Saiba mais sobre as programações no site: http://www.congressotils.com.br/
Sobre o I Congresso Nacional de Pequisas em Linguística e Libras
O tema central deste Congresso é “Bases linguísticas da Libras” que inaugura este espaço para que todos os pesquisadores dos estudos das línguas de sinais, em especial, da língua brasileira de sinais, compartilhem os resultados de suas pesquisas. O público alvo do evento tem em mente os pesquisadores e profissionais de língua de sinais, profissionais que nos últimos anos, vem se destacando no cenário acadêmico brasileiro, em decorrência do cumprimento do Decreto 5.626 de 22 de dezembro de 2005. Continue lendo
Cinemas deverão dispor de tecnologia assistiva, decide ANCINE
De acordo com a instrução normativa da Ancine publicada sexta, 16, as salas de exibição comercial deverão dispor de tecnologia assistiva voltada à fruição dos recursos de legendagem, legendagem descritiva, audiodescrição e LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais. Os recursos serão providos na modalidade que permita o acesso individual ao conteúdo especial, sem interferir na fruição dos demais espectadores. Cabe ao exibidor dispor de tecnologia assistiva em todas as sessões comerciais, sempre que solicitado pelo espectador. O quantitativo mínimo de equipamentos e suportes individuais voltados à promoção da acessibilidade visual e auditiva varia em função do tamanho do complexo. Continue lendo