Pesquisadores criam aplicativo para tradução da única língua viva descendente do Tupi
O aplicativo chamamdo Grammyep traduz textos em Nheengatu para português e inglês, e vice-versa

Quando os portugueses invadiram o Brasil, por volta de 1500, notaram que o Tupi era a língua mais falada em toda a costa. Ao invés de ensinarem português para os habitantes locais, os relatos mostram que inicialmente eles resolveram aprender o Tupi e utilizar essa língua como uma língua geral.
Assista ao vídeo:
A partir daí, aquele Tupi que era usado nas aldeias passou a ser usado em comunidades e pequenas cidades, tornando-se a língua principal da colônia, utilizada também pelos portugueses e suas famílias. Então, o Tupi foi mudando e se transformou em várias línguas gerais. Os especialistas acreditam que havia três línguas gerais, no entanto duas se extinguiram por completo.
UFSC tem roda de conversa com pesquisadores de Moçambique sobre canções na aprendizagem
O grupo de Políticas Linguísticas Críticas e Direitos Linguísticos (PoLiTicas) divulga a realização de rodas de conversa virtuais mensais do projeto “Oralidades, multilinguismos e letramentos políticos: diálogos com a educação”. A próxima roda de conversa será realizada no dia 15 de setembro, quinta-feira, sobre o tema “A canção tradicional e o uso da cultura local no processo de ensino e aprendizagem”. A atividade conta com a presença de pesquisadores da Universidade Púnguè-Tete de Moçambique: doutor Arcénio Olíndio Luabo, mestre Julio Sandaca e mestra Marta Pedro Matsimbe, transmitida às 11h no Brasil (sendo 15h para Angola e às 16h para Moçambique), pelo canal do grupo PoLiTicas.
As rodas são compostas por pesquisadores e representantes das diferentes comunidades acadêmicas e não-acadêmicas. O grupo propõe um diálogo entre as políticas linguísticas e a esfera educacional no que tange a três elementos interligados: os conceitos de língua e oralidade, as propostas de educação multilíngue e os letramentos políticos, e é coordenado pela docente Cristine Severo do Departamento de Língua e Literatura Vernáculas (DLLV).
Todas as rodas podem ser acessadas no canal do grupo no YouTube. As demais atividades já abordaram temas vinculados às políticas linguísticas educacionais, como educação multilíngue, diálogos da universidade com a comunidade, educação escolar quilombola, comunidades surdas plurais, pensamento negro afrodiaspórico, letramentos indígenas, línguas e culturas ciganas, línguas e imigração, entre outros.
Mais informações disponíveis na página do projeto Oralidades, multilinguismos e letramentos políticos: diálogos com a educação.
FONTE: Agecom UFSC
Diálogo Online entre Mídias da China e Países de Língua Portuguesa é realizado para promover conectividade

O programa será publicado nas diversas plataformas do CMG, assim como na Televisão Pública de Angola, Soico Televisão de Moçambique, Teledifusão de Macau, Brasil 247 e outros veículos de imprensa.
Número de candidaturas indígenas é o maior desde o início da autodeclaração
Neste ano, 178 candidatos se declararam indígenas ante 134 em 2018

Nestas eleições, o número de candidatos indígenas é o maior desde 2014, quando começou a autodeclaração racial das candidaturas. Naquele ano, 84 indígenas se registraram como candidatos. Em 2018, o número subiu para 134, e agora são 178 candidatos indígenas – sendo 58 para a Câmara dos Deputados.
Apesar de ser mais do que o dobro em relação a 2014, a proporção não chegou a duplicar, pois o número de candidatos no total aumentou também. Os indígenas passaram de 0,32% para 0,62% dos candidatos. Neste ano, há 28.505 pedidos de registro de candidaturas; em 2014, eram 26.161.
Na opinião do coordenador-executivo da Articulação de Povos Indígenas do Brasil (Apib), Kléber Karipuna, o aumento de candidaturas indígenas é positivo, mas ele ressalta que a autodeclaração pode se tornar um problema.
“A gente tem conhecimento de cenários, de situações, de pessoas que se declaram, mas não têm esse pertencimento, essa atuação mais próxima, mais positiva. Não estou discutindo o mérito de ela ser ou não ser indígena, ter vínculo com o povo ou não ter, isso quem tem que dizer é o povo pelo qual esses candidatos se declaram, mas é o alerta que a gente traz”, afirmou.
Deficiência do Estado
Primeira deputada indígena eleita, Joênia Wapichana (Rede-RR) avalia que o aumento do interesse dos indígenas em se candidatar aprimora a defesa dos interesses desses povos. Em especial, segundo ela, pela deficiência do Estado em levar políticas públicas às comunidades. A deputada entende que o número de candidatos poderia ser até maior, mas falta informação às comunidades de como entrar no processo político. Há também outras limitações, segundo Joênia.
“Principalmente muitos indígenas que vivem na Amazônia vivem em meios rurais e muito longínquos que dependem de transporte fluvial, muitas vezes aéreo, muitas vezes não têm ainda sequer documentos, não têm um sistema de internet para informá-los sobre questões eleitorais, não têm urnas em suas comunidades, que muitas vezes se deslocam para sede de municípios, isso faz com que haja dificuldade em acesso à informação e até mesmo à participação nos direitos políticos”, disse.
O crescimento da participação de candidaturas indígenas também se verifica nas eleições municipais. Em 2016, o número de autodeclarados indígenas foi de 1.798. E, em 2020, esse número subiu para 2.210.
Nas eleições gerais deste ano, 49% (48,7%) dos candidatos se autodeclararam brancos. Cerca de 36% (35,77%) disseram ser pardos e 14% (13,94%), pretos. Os indígenas são 0,62% e os amarelos, 0,4%.
Fonte: Agência Câmara de Notícias
Reitor discursa em Libras durante colação de grau na UFRR

Durante a formatura de alunos de seis cursos de graduação da Universidade Federal de Roraima (UFRR), o reitor Geraldo Ticianeli tomou uma atitude que surpreendeu a plateia e os formandos: fez o seu discurso na Língua Brasileira de Sinais (Libras), promovendo assim uma colação de grau inclusiva para a comunidade surda.
A cerimônia aconteceu no dia 25 de agosto, no Centro Amazônico de Fronteiras (CAF/UFRR). Colaram grau estudantes dos cursos de Jornalismo, Direito, Administração, Ciências Contábeis, Ciências Econômicas e Relações Internacionais.
A ideia de fazer o discurso de uma maneira mais inclusiva surgiu depois de uma conversa do reitor com uma docente do curso de Letras-Libras. Foi nesse encontro, relembra o professor Geraldo, que percebeu a importância de aproveitar a cerimônia de colação de grau para colaborar com a difusão da Língua Brasileira de Sinais e mostrar a importância dos trabalhos de inclusão.
Na tradução do discurso para Libras, o reitor foi ajudado pelo coordenador do curso de Letras-Libras da UFRR, professor Felipe Aleixo. Depois dessa etapa, analisou as principais formas gestuais e treinou durante uma semana.
“Apesar de todos os avanços que já tivemos, essa atitude de nos colocar no lugar do outro fortalece cada vez mais o respeito pelas diferenças e estimula ações de igualdade em nossa sociedade”, afirma o reitor a respeito da importância simbólica de seu discurso em um dos momentos mais importantes da rotina acadêmica.
O discurso em Libras soma-se a uma série de ações desenvolvidas pela UFRR nos últimos anos. Entre as de maior destaque estão a realização de concursos para disponibilizar mais vagas de docentes para o curso de Letras-Libras, a contratação de profissionais tradutores, fomento à participação de pessoas com deficiência nos concursos e, em 2023, disponibilização, pela primeira vez, do edital do vestibular totalmente em Libras.
Para ver o discurso em Libras do reitor Geraldo Ticianeli, clique aqui.
FONTE: Roraima em Foco
Jovens pesquisadores do Amazonas lançam teclado digital com caracteres de mais de 40 línguas indígenas

Software ‘Linklado’ dá suporte para a escrita e contribui para a transmissão e sobrevivência das línguas nativas da Amazônia
Diversas línguas indígenas da Amazônia foram excluídas da revolução digital por terem em seu vocabulário caracteres especiais, como ʉ, ɨ, ñ, ç̀, g̃, por exemplo, além da combinação de diacríticos (sinais gráficos `,´, ~, ^, ¨) que não estão presentes na maioria dos teclados físicos e virtuais.
Isso faz com que os indígenas se comuniquem por meio de áudios ou usando substitutos para esses caracteres, o que representa uma ameaça à continuidade das línguas nativas.
Para resolver esse desafio, um grupo de jovens pesquisadores do Amazonas lançou o teclado digital ‘Linklado’, software que reúne caracteres especiais e diacríticos de mais de 40 línguas indígenas da Amazônia.
Os idealizadores são o estudante da Universidade de Stanford (EUA), Samuel Benzecry, e o estudante do ensino médio em Manaus, Juliano Portela. Juntos eles desenharam o layout e desenvolveram o protótipo do teclado digital para o Windows e androides.
Samuel é um dos jovens selecionados pela rede Ashoka, organização mundial de empreendedorismo social, que apoia o fortalecimento de habilidades para transformações que sejam positivas para a sociedade, de maneira geral.
Teclado adaptado
De acordo com Samuel, o teclado ‘Linklado’ é inédito. “Aparelhos Androides podem ser postos na língua Kaingang ou Nheengatu, mas isso não resolve o problema de línguas que utilizam sinais diacríticos como ü̃, muito usado na Tikuna, que é a língua indígena mais falada no Brasil”, exemplifica.
O estudante acrescenta que já existiam teclados adaptados para línguas indígenas mexicanas, contudo eles não contemplam os caracteres usados pelas línguas indígenas da Amazônia.
O ‘Linklado’ cobre mais de 40 línguas indígenas que possuem caracteres ou usos de acento gráfico ‘não-convencionais’, inclusive línguas de países vizinhos.
Os estudantes Juliano e Samuel participaram das ‘Olimpíadas Internacional de Linguística’ e umas das atividades da competição era escrever um artigo numa língua indígena.
“Foi quando eu percebi a dificuldade de transcrever alguns caracteres do papel para o word. Só depois que criamos o Linklado que consegui escrever o artigo direito”, comentou o estudante.
Juliano afirmou que em apenas um dia conseguiu desenvolver o protótipo para o sistema Android.“O Samuel já tinha enviado como ficaria o layout, eu fiz uns pequenos ajustes e já enviei para ele o artigo com os caracteres. Ele ficou super animado e disse que ia apresentar para a professora”, relembrou Juliano.
Conexões para uma educação transformadora
A professora em questão é a bióloga e doutora em Recursos Naturais, Noemia Kazue Ishikawa, que coordena o projeto ‘Redes de mulheres indígenas tradutoras e cientistas: conexões para uma educação transformadora em ciências no Amazonas’.
A pesquisa é executada pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam).
“Em 2008, quando coordenei um projeto na região do Alto Rio Solimões, organizei uma cartilha bilíngue Português/Tikuna. Foi a primeira vez que me deparei com a dificuldade de transcrever a escrita indígena para o computador. Desde então, eu venho abordando que era necessário um teclado para as línguas indígenas”, conta a pesquisadora.
Com o atual projeto de Noemia, em parceria com a antropóloga e linguista, Ana Carla Bruno, está sendo desenvolvido a criação de uma rede de tradutoras de línguas indígenas. Essa ferramenta era essencial para solucionar a falta de caracteres em teclados de computador e/ou celular, um dos grandes desafios do projeto.
“Atualmente, o Linklado pode ser um instrumento de poder nas mãos dos povos indígenas, tendo em vista que agora eles poderão utilizar os símbolos, os diacríticos, enfim os grafemas que melhor representam os sons e fonemas de suas línguas através da produção de seus próprios textos, histórias e narrativas. Neste sentido, penso que esta ferramenta pode contribuir com as ações das línguas indígenas”, argumenta Ana Carla.
Linklado
O nome do software é uma combinação das sílabas ‘lin’ = línguas indígenas e ‘klado’, que faz um trocadilho com a palavra ‘teclado’. Forma ainda a palavra ‘link’, que significa conexão.
Conectar os falantes das línguas indígenas a um teclado que contempla o seu vocabulário é uma das formas de ajudar na transmissão e sobrevivência das línguas indígenas sul-americanas na era digital, argumentam os idealizadores.
“No Amazonas temos mais de 52 línguas vivas e muitos desconhecem essa riqueza linguística. Muitas dessas línguas contam com poucos falantes, algumas centenas ou milhares, e possuem aspectos interessantíssimos. A lenta morte de várias dessas línguas causada por glotocídio, que é a marginalização de uma língua em favor de outra, o que resulta no desaparecimento gradual dessa língua, genocídios, missões, estigmatização em centros urbanos, não-passagem entre gerações ou expansão rápida de meios de comunicação, em português, acabam levando a perda rápida de muitas dessas línguas. O ‘Linklado’ seria uma forma de manter essas línguas vivas”, alerta Samuel.
Para conhecer mais:
FONTE: Agência Envolverde