Prefeitura de Manaus apresenta proposta na educação indígena para atividades com as línguas Kambeba e Nheegatu

Foto – Eliton Santos / Semed
O objetivo da proposta é subsidiar a língua aos profissionais indígenas de educação envolvidos nessa modalidade de ensino, assim como interagir com a comunidade escolar de Manaus sobre o desenvolvimento de saberes e práticas específicas à educação escolar indígena na etapa da Educação Básica.
De acordo com o subsecretário de Gestão Educacional, Carlos Guedelha, a ação é um marco para a educação indígena de Manaus. “Essa proposta valoriza as línguas indígenas, com isso valoriza também a cultura. A revitalização da língua resgata o Nheengatu e idioma geral e baré, que é a Kambeba. Nós estamos fazendo história, porque em geral temos escolas indígenas que trabalham a língua portuguesa. Por meio dessa proposta, queremos que as escolas se tornem mais indígenas possível”, declarou Guedelha.
A elaboração da proposta curricular contou com a participação dos professores indígenas, pedagogos e gestores da comunidade escolar, que surgiu como uma alternativa na organização do conteúdo curricular indígenapara suprir a lacuna deixada pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Texto – Érica Marinho / Semed via Defesa
XXV Incontro Nassional dei Difusori del Talian

Mesa-Redonda Ações para valorização das línguas brasileiras
É amanhã, 18/11, às 16h, acontecerá a Mesa-Redonda Ações para valorização das línguas brasileiras, com a participação de Altaci Corrêa Rubim, Cléo Vilson Altenhofen, Marcus Vinicius B. Nascimento, Doralina Fernandes Barreto Regis e moderação de Rosângela Morello. A mesa acontece como parte do webnário promovido pela ENDPU e IPOL para discutir a proposição de políticas públicas em prol dos direitos linguísticos no Brasil. Participe! O divulgue o evento!
Chamada para artigos | Dossiê temático Migrações Contemporâneas, Português Língua de Acolhimento e Políticas Linguísticas – Revista Lendu
A Revista Lendu, vinculada ao curso de Letras, da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, publicada em sua versão eletrônica (ISSN) 2526-7671, torna pública a chamada de envio de novas publicações (artigos e ensaios) que comporão o dossiê Migrações Contemporâneas, Português Língua de Acolhimento e Políticas Linguísticas, com previsão de publicação em junho de 2022.
Saiba mais AQUI
Prazo de submissão: 31 de janeiro de 2022.
“Com quantas barragens se mata um rio?”, Mulheres indígenas denunciam empreendimentos hidrelétricos na COP26
Em Glasgow, as ativistas indígenas da Amazônia e da Colômbia também falaram sobre suas próprias soluções de energia limpa, que trazem cada vez mais autonomia aos povos indígenas na gestão de seus territórios.
Com os olhos marejados e voz firme, Juma Xipaia, liderança indígena do povo Xipaia do Médio Xingu, no Pará, iniciou o painel “Povos indígenas da Amazônia e mudanças climáticas: novas soluções energéticas dos territórios indígenas”, na COP26, ocorrido na tarde desta quinta-feira (04/11), em Glasgow, na Escócia, e transmitido virtualmente. A mistura de emoções que Juma expunha a todos que a ouviam vinha do peso de falar sobre os impactos da Usina Hidrelétrica (UHE) de Belo Monte na vida dos povos indígenas do Xingu. “Vocês não conseguem imaginar quantas vezes eu já falei de Belo Monte e cada vez é dolorido”, afirmou a primeira mulher a se tornar cacica no Médio Xingu, no Pará.
“Falar de Belo Monte não é falar de desenvolvimento, de projetos, é reviver perdas e mortes. É isso que essa hidrelétrica representa para os povos indígenas: morte. Imagina se eu chegasse na casa de vocês e dissesse que vocês não teriam direito a nada e quando vocês voltassem já não existisse mais nada da sua história, nada do seu passado? Vocês iam sentir esse vazio que nós, povos indígenas, sentimos. Muitos agricultores, ao voltarem para as suas casas, já não tinham mais nada porque os tratores de Belo Monte tinham passado por cima”, complementou a jovem indígena.
Os impactos da UHE Belo Monte, construída em 2013, são denunciados diariamente pelos povos indígenas do Xingu. Além disso, o empreendimento é alvo de dezenas de ações civis públicas do Ministério Público Federal (MPF), por conta do desrespeito ao direito da consulta livre, prévia e informada das populações indígenas e ribeirinhas afetadas pela obra. O MPF considerou que a obra resultou numa ação etnocida contra os povos indígenas da região.
Nesse sentido, Juma questionou categoricamente os impactos não só ambientais, mas sociais do que é chamado de “energia limpa”. “O rio é essencial, acredito que não só para nós povos indígenas, mas para o mundo. Belo Monte foi construída na Volta Grande do Xingu, onde há uma biodiversidade que vocês não conseguem imaginar e cortaram o rio, cortaram o Xingu ao meio, foi como se partissem o nosso coração. Que desenvolvimento é esse que só trouxe tristeza, divisão dos povos, conflitos dentro das comunidades, violência contra mulheres e crianças? Que negocia e vende, não somente os nossos direitos mas o nosso futuro”, questionou.

Durante o evento, as participantes deram exemplos de soluções sustentáveis para gerar energia que já são realidade em seus territórios | Foto: Uma gota no Oceano/Leticia Valverdes
O projeto iniciou os primeiros estudos há mais de três décadas, mas sem a consulta aos povos indígenas e ribeirinhos impactados, nos moldes do que determina a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), afirmou Juma em sua fala emocionada. “Tem aqueles que foram esquecidos, que não foram considerados impactados, os extrativistas e ribeirinhos. Estamos falando de um projeto de mais de 30 anos que abriu portas para a Belo Sun, uma mineradora canadense. Ela também não respeita a nossa existência e nunca fez consulta livre, prévia e informada aos povos indígenas”, criticou.
Ao encaminhar sua fala para o final, a liderança indígena Xipaia alertou sobre a importância de ativistas de outros países olharem para seus governos que estão colaborando e financiando projetos como Belo Monte e projetos de mineração, como o da Belo Sun. “Isso não é desenvolvimento, não é energia limpa, isso é assassinato, é ecocidio.” Hoje a empresa responsável pela Belo Monte é o Consórcio Norte Energia, um grupo composto pelas companhias Eletronorte, Chesf, Gaia Energia e Participações, Queiroz Galvão, JMalucelli, Cetenco Engenharia, Mendes Júnior Trading Engenharia, Contern Construções e Comércio, Serveng-Civilsan e Galvão Engenharia.
Por fim, Juma convocou todos a defenderem os rios e as florestas. “Jamais vão nos silenciar, jamais vamos negociar os nossos direitos, os nossos futuros”, concluiu.
O caso de Belo Monte foi apenas um entre tantas outras denúncias sobre o impacto dos empreendimentos hidrelétricos trazidos no evento. Alessandra Korap, liderança das Munduruku do Médio Tapajós, não quer ver o filme de Belo Monte de novo. “O que aconteceu com Belo Monte que destruiu aldeias por causa das enchentes, nós estamos lutando para não acontecer com o nosso povo. Os rios não escolhem estado ou país, eles são como uma veia, se você barra um rio tem consequências”, alertou.
Os rios Juruena e Teles Pires, em Mato Grosso, afluentes do Tapajós, contam com inúmeros projetos hidrelétricos, que vão de Centrais Geradoras de Energia (CGHs), a Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), até as grandes usinas, as UHEs. “No Teles Pires foram construídas quatro usinas, Colíder, Sinop, São Manoel e Teles Pires. As duas últimas destruíram os lugares sagrados”, disse Alessandra.
Segundo ela, apenas no rio Jamanxim, importante afluente do rio Tapajós, já são quatro projetos de hidrelétricas . Ademais, por conta das intensas atividades garimpeiras na região, o rio já está morrendo. “O rio está branco, é transportado mercúrio na Amazônia e os rios estão morrendo.”

Atividades garimpeiras próximas a terras indígenas do povo Munduruku | Foto: Apresentação Alessandra Korap
Chamada de trabalhos | I Seminário Viagens da Língua: Multilinguismo no mundo lusófono
O Centro de Referência do Museu da Língua Portuguesa promove entre os dias 08 e 10 de dezembro seu primeiro seminário internacional, voltado a discutir o multilinguismo em diversos territórios lusófonos, em seus contextos sociais e culturais. O evento reunirá pesquisadores, docentes, artistas e público interessado para compartilhar de estudos científicos a experiências que contribuam para uma reflexão e aprofundamento sobre esse tema que é fundamental ao Museu da Língua Portuguesa.
O prazo para submissão de resumo de trabalho encerra-se no dia 15 de novembro.
Para mais informações sobre o evento e a submissão de propostas, consulte o site:
https://www.