ONU divulgará material de jornalistas de países menos avançados em português
Propostas devem ser submetidas até 15 de janeiro; textos, fotos, vídeos e material de rádio devem refletir prioridades do Programa de Ação de Doha; conteúdo deve ser produzido em português e outras oito línguas.
Na preparação da 5ª Conferência da ONU sobre os Países Menos Desenvolvidos, conhecidos por PMDs, a organização do evento convida jornalistas do grupo de economias a produzir material para várias plataformas, que será divulgado em todo o mundo.
Os autores não serão renumerados pela publicação de seus trabalhos, que devem ser submetidos até este 15 de janeiro. Depois da seleção das participações, estas poderão ser publicadas nas páginas da ONU News.
Seis áreas prioritárias
As propostas de conteúdos devem ser submetidas em formato de word devendo ter entre 600 e 800 palavras, destacando uma ou mais das seis áreas prioritárias do Programa de Ação de Doha.
Os tópicos envolvem investimento em pessoas, erradicação da pobreza e capacitação, aproveitamento do poder da ciência, tecnologia e inovação além do apoio à transformação estrutural como máquina da prosperidade.
Questões como reforço do comércio internacional e integração regional, ação climática, Covid-19 e construção da resiliência, além da mobilização de parcerias internacionais para uma graduação sustentável.
Idiomas e formatos
As reportagens devem ter interesse humano, comunicar a importância das prioridades do Programa de Ação aos habitantes dos PMAs, fazendo alusão à conferência da ONU a ser realizada no Catar entre 5 de março e 9 de março.
O conteúdo deve ser escrito em árabe, chinês, inglês, francês, russo e espanhol, além de português, kiswahili e hindi, que são línguas usadas na ONU News, até meados deste mês ao e-mail sass@un.org.
A iniciativa acolherá matérias com conteúdo fotográfico com identidade do autor, legenda, data e local em que o material foi gerado.
Além de textos também serão consideradas reportagens em formato de vídeo, material de rádio e fotojornalismo.
Saiba mais em https://news.un.org/pt/story/2023/01/1807742
Publicado no site da ONU em 08/01/2022
Dia Internacional dos Povos Indígenas (09/08): no Brasil, a data representa resistência e valorização da diversidade cultural
Cristine Takuá, parte do povo Maxakali e autora do material didático de arte e cultura indígena da BEĨ Educação, ressalta a importância desse registro para a identidade nacional e para um ensino que contemple a história ancestral do Brasil
O Dia Internacional dos Povos Indígenas , foi criado em 1995 pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o intuito de garantir condições de existência dignas aos povos originários de todo o planeta. A partir daí, o dia 9 de agosto passou a ser uma data dedicada a reflexão e valorização da diversidade cultural. No Brasil, Cristine Takuá, autora do material didático da BEĨ Educação sobre arte e cultura indígena, afirma que o dia representa a riqueza e ancestralidade da cultura brasileira como um todo.
“O Dia Internacional dos Povos Indígenas firmou o marco de resistência e luta dos povos indígenas em nome das diversas culturas, identidades e línguas, que, inclusive, fazem parte da construção de todos os países”, explica Takuá, que também integra o povo Maxakali. Com mais de 300 etnias que vivem no país atualmente e mais de 180 línguas que até hoje são faladas, a cultura dos povos originários se mantém viva e enraizada no Brasil, apesar de inúmeros movimentos diretos e indiretos de invisibilização.
Desse modo, a identidade indígena está presente na origem da formação cultural brasileira. “Todos descendem dessa construção histórica, não só no sentido biológico, mas também em tudo o que existe no Brasil: culinária, língua e cultura de um modo geral”, complementa. “No entanto, mesmo após 500 anos do início da colonização, a sociedade brasileira prossegue sem conhecer a fundo e com propriedade a cultura indígena”.
Pensando nisso, ela enfatiza a importância do trabalho com o tema nas escolas de forma concreta e institucionalizada. Desde 2008, a Lei n° 11.645 torna obrigatório o ensino da cultura, das histórias e dos saberes indígenas na formação básica. Porém, para Takuá, “é importante repensar o ambiente escolar e o seu papel dentro da sociedade, considerando uma mudança de currículo para abordar e respeitar essa pluralidade cultural do nosso país de forma consistente e prática”.
Para aprimorar essa abordagem e melhorar o aprendizado na sala de aula, a também filósofa sugere o uso da tecnologia para apresentar aos estudantes produções culturais indígenas, como livros e filmes, que são cada vez mais numerosas e podem ser acessadas com facilidade pela internet.
Sobre a BEĨ Educação. A BEĨ Educação desenvolve projetos educacionais baseado em experiências transformadoras que trabalham a cidadania, a identidade, as potencialidades, os conhecimentos, os valores e os sonhos dos estudantes. Com o propósito de educar para uma cidadania mais engajada e humanizada, ela busca criar um novo tipo de educação, mais relevante e atraente, para esta e as próximas gerações de estudantes e educadores. A BEĨ Educação é um desdobramento da BEĨ Editora, que há 30 anos vem construindo um catálogo de livros sobre arte, design, arquitetura, urbanismo, fotografia, economia e gastronomia, bem como organizando exposições e ações culturais relacionadas ao exercício da cidadania e à promoção da cultura brasileira. A empresa conta hoje com três frentes de atuação: introdução à educação financeira; vida urbana e noções de cidadania; arte, história e cultura indígena.
Fonte: SEGS
Na ONU, Nação Guarani realiza denúncia conjunta sobre violações contra seus povos na América Latina
Representantes da Nação Guarani se dirigiram às Nações Unidas durante evento virtual paralelo à 20ª Sessão do Fórum Permanente da ONU sobre Questões Indígenas
POR ALASS DERIVAS, ESPECIAL PARA A ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO – CIMI
O povo Guarani é um dos maiores das terras baixas da América do Sul, com mais de 280 mil pessoas distribuídas em seis países. Durante a 20ª Sessão do Fórum Permanente de Assuntos Indígenas das Nações Unidas, lideranças das principais organizações Guarani da Argentina, Bolívia, Brasil e Paraguai debateram o tema “Desterritorialização, livre determinação e pandemia, a situação dos direitos humanos dos Povos Guarani na América do Sul”. A atividade foi organizada pelo Conselho Continental da Nação Guarani (CCNAGUA) e contou com o apoio da rede indigenista Guarani nos quatro países.
O debate foi acompanhado por relatores do Alto Comissariado da ONU para Questões Indígenas. A intenção foi alertar a comunidade internacional sobre a situação dos Guarani no continente. Grande parte das 1.600 comunidades Guarani ainda não possui território garantido, o que causa um alto índice de migração para as cidades vizinhas em busca da sobrevivência de suas famílias e do Teko Porã (Bem Viver).
Para Elias Caurey, mediador do evento e integrante do Centro de Pesquisa e Promoção do Campesinato Boliviano (CIPCA), o povo Guarani pode ser a referência do novo mundo que está sendo construído, presente no Uruguai, Venezuela, Argentina, Bolívia, Brasil e Paraguai. Atualmente, 3 milhões de pessoas falam a língua Guarani no continente. Segundo Elias, é o segundo povo indígena mais populoso da América Latina, atrás apenas do Quechua.
Durante a saudação inicial, “evocar o espírito e a energia”, Elias Caurey convidou Getúlio e Alda Kaiowá, da Terra Indígena Reserva de Dourados. Os dois anciões cantaram e dançaram para dar a bênção espiritual aos participantes.
“Uma comitiva do meu povo acabou de regressar de Brasília, semana passada. Precisou se expor ao novo coronavírus para ir até a capital lutar para manter um direito”
O professor da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) Clóvis Bringhenti informou que no Brasil são cerca de 85 mil Guarani, habitantes do Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A maioria são crianças e jovens de até 25 anos. “O que traz vitalidade e esperança no seguir sendo guarani”, comenta Clóvis.
De 350 comunidades, grande parte segue sem garantia legal, sem demarcação. Apesar da determinação legal de que as terras Guarani sejam devolvidas, pontua Brighenti, a elite agrária, em conluio com o Estado brasileiro, através de obstáculos judiciais e da violência, não admitem que este povo originário recupere suas terras. Apesar da luta pelos seus direitos, tendo as retomadas como estratégia, em muitos casos o que resta aos Guarani, como consequência dos ataques, é a fome, assassinatos e suicídio.
Mato Grosso do Sul: emergência humanitária
Como no caso dos Guarani e Kaiowá, povo ao qual pertence Otoniel Ricardo. Professor no município de Paranhos, Otoniel relatou o aumento das violações de direitos contra este povo após a eleição de um inimigo declarado dos indígenas, o presidente Jair Bolsonaro.
“Uma comitiva do meu povo acabou de regressar de Brasília, semana passada. Precisou se expor ao novo coronavírus para ir até a capital lutar para manter um direito. Colocamos nosso corpo na luta pelos direitos constitucionais para dizer não a garimpeiros e madeireiros nas nossas terras”, declarou.
Otoniel se refere à luta contra a aprovação do Projeto de Lei (PL) 191, que permitirá, se aprovado, o garimpo em Terras Indígenas. No dia 19 de abril, ocasião em que os Guarani e Kaiowá estavam em Brasília, Bolsonaro convocou lideranças cooptadas para ir à Capital Federal se manifestar a favor do PL. Indígenas contrários, com o apoio do CIMI, se articularam e ocuparam as imediações do Palácio do Planalto para dizer “não à mineração”.
Segundo Otoniel, o PL 191 é um de mais de dez instrumentos de morte que atualmente ameaçam as demarcações para beneficiar o agronegócio e os monocultivos de soja, cana e milho. O principal destes instrumentos é o marco temporal, tese inconstitucional que visa restringir o direito à terra aos povos que estavam sobre elas em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal.
Celso Japoty Alves, líder do povo Awá Guarani, educador e integrante da Comissão Guarani Yvyrupa (CGY), explica que os indígenas no Paraná tiveram territórios alagados com a construção da Itaipu Binacional
A esta tese se contrapõe o Indigenato, uma tradição legislativa que vem desde o período colonial e que reconhece o direito dos povos indígenas sobre suas terras como um direito originário – ou seja, anterior ao próprio Estado. A Constituição Federal de 1988 segue essa tradição e garante aos indígenas “os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam”.
“Por isso é importante a ONU entender nossa situação. A violência segue cercando nosso território”. Otoniel relata, como exemplo, os ataques às retomadas de áreas limítrofes à Reserva de Dourados, onde indígenas chegaram a sofrer tortura e os acampamentos atentados, sobretudo nos últimos três anos.
Além da luta pela terra, Otoniel reforça ainda que é preciso denunciar Bolsonaro na condução do combate à pandemia. A ausência de planejamento do governo federal e a falta de estrutura já anterior deixaram comunidades sem água, sem saneamento básico e sem assistência. Condição que sabotou as estratégias de autoproteção das comunidades. “Isso a gente chama de genocídio”, desabafa Otoniel, que relata a morte de lideranças, anciões, rezadores. “Nossa resposta será sempre a solidariedade, a luta, a resistência”.
IDH: estagnação na educação faz Brasil cair cinco posições no ranking da ONU
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O Brasil caiu cinco posições no ranking de desenvolvimento humano das Nações Unidas , que mede o bem-estar da população considerando indicadores de saúde, escolaridade e renda. Dados divulgados pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) mostram que o país recuou da 79ª posição em 2018 para a 84ª em 2019. A estagnação na educação foi a principal causa do resultado.
Apesar de o país não ter recuado nos indicadores de saúde, escolaridade e renda avaliados, outros países cresceram mais que o Brasil, por isso a queda de posição. O Índice de Desenvolvimento Humano ( IDH ) brasileiro é de 0,765.
Pelo critério da ONU , quanto mais perto de 1, maior é o desenvolvimento humano. Foi uma evolução de 0,003 em relação a 2018, considerado pelos pesquisadores do Pnud um “crescimento lento”.
Em 2019, a expectativa de vida era de 75,9 anos, um pouco maior que a registrada um ano antes (75,7). Em 2015, eram 75 anos. Já a renda per capita anual saiu de US$ 14.182 em 2018 para US$ 14.263 no ano seguinte. Em 2015, era de US$ 14.775.
É a falta de avanços na educação que está afetando o desempenho do Brasil. O período esperado para que as pessoas fiquem na escola parou em 15,4 anos desde 2016. A média de anos de estudo foi de 7,8 anos em 2018 para 8 anos em 2019.
O Relatório de Desenvolvimento Humano apresenta o IDH de 2019 para 189 países e territórios reconhecidos pela ONU. A Noruega lidera a lista, com 0,957, seguida por Irlanda, Suíça e Hong Kong. O pior colocado é o Níger (0,394).
Quando analisados os dados do Brics (grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), apenas a Rússia apresenta um IDH maior que o do Brasil, com 0,824.
No Brasil , o desenvolvimento humano despenca, no entanto, quando a desigualdade entra na equação. O país perde nada menos que 20 posições quando o indicador é ajustado à desigualdade. O IDH de 0,765 cai para 0,570, uma queda de 25,5%.
É a segunda nação que mais perde posições, atrás apenas de Comores, um país do leste da África com 830 mil habitantes. O IDH ajustado para a desigualdade é calculado para 150 países.