Com escola, cinema e rituais, aldeia dos Fulni-ô mantém a única língua indígena viva em Pernambuco.
RESUMO DA NOTÍCIA
- Aldeia dos Fulni-ô, no sertão de Pernambuco, mantém viva o Yaathe (iatê, em ‘português moderno’)
- Língua está no currículo de três escolas da aldeia desde 2005
- Professores criam o próprio material didático para o ensino da língua materna
- Coletivo de cinema também produz filmes narrados em Yaathe
Na escola estadual Marechal Rondon, em Águas Belas, no sertão de Pernambuco, alunos do sétimo ano prestam atenção na fala do professor Taity Correia. Para quem é de fora da aldeia dos Fulni-ô, não é tão simples entender o que ele explica. A aula é de Yaathe — ou iatê, em “português moderno”—, única língua indígena ainda viva no Nordeste brasileiro.
Para a Funai (Fundação Nacional do Índio), a definição de única língua da região não considera as línguas dos povos do Maranhão, devido à inclusão do estado no território compreendido pela Amazônia Legal.
Inscrições abertas para o 1º Seminário Língua de Lutas na Amazônia
Direcionado para discussões sobre o ano internacional das línguas indígenas, o evento acontece no período de 5 a 8 de maio, na Ufam
Para fortalecer a pesquisa em Línguas e em Educação Indígenas no Estado do Amazonas, assim como fomentar projetos de vitalização, a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), em parceria com a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), realizam o 1º Seminário Língua de Lutas na Amazônia (Lilua) de 5 a 8 de maio. As inscrições para submissões de trabalhos e ouvintes já estão abertas, e os prazos e valores podem ser conferidos por meio do site https://www.even3.com.br/
Inscrições – Todas as inscrições devem ser realizadas pelo site do evento, independentemente de o participante apresentar ou não trabalho. A inscrição é necessária para a emissão de certificados.
A inscrição deve ser efetuada segundo a categoria específica do participante (aluno de graduação, aluno de pós-graduação, profissional, entre outros.) e será confirmada no momento do credenciamento, mediante apresentação de comprovação.
A inscrição como ouvinte pode ser realizada até o dia do evento na mesa de credenciamento, mediante comprovação da categoria do participante. Vale ressaltar que pessoas que queiram apenas assistir o evento não necessitam inscrição, mas também não serão certificadas.
O evento não distingue modalidades de apresentação segundo o nível do participante. Todos os participantes podem submeter trabalhos para serem apresentados nas mesas temáticas.
Programação – A agenda está dividida em dois simpósios de educação e de Linguística, e contará com apresentações orais, mesa-redonda, sessão de pôsteres e de trabalhos. Os conferencistas convidados são: Wilson de Lima Silva, da University of Arizona; Pilar Valenzuela Bismarck, da Chapman University; e Anderbio Marcio Silva Martins, da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD).
Além da apresentação de trabalhos, propriamente, o evento contará ainda com grupos que visam discutir e sistematizar resultados sobre os seguintes temas, com foco especial no Amazonas: Descrição, documentação e análise de línguas indígenas; Estudos históricos sobre línguas indígenas; Novos contextos de uso das línguas indígenas; Políticas linguísticas de línguas indígenas; Ensino de línguas indígenas; O lugar ocupado pelas línguas indígenas na Educação Escolar Indígena; Letramento e alfabetização na formação de professores indígenas; Línguas e culturas indígenas e o português indígena no processo de escolarização dos povos indígenas.
O evento é organizado pelo Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Escolar Indígena e Etnografia da UEA, Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado do Amazonas (PPGE/UEA), em parceria com o Grupo de Pesquisa sobre Línguas e Culturas Amazônicas (LCA/Ufam) e o Programa de Pós Graduação em Letras da Universidade Federal do Amazonas (PPGL/Ufam).
Ministerio de Cultura: TC revalora uso de lenguas originarias con noticiero en quechua
Precisa que 4.5 millones de peruanos hablan una de las 48 lenguas indígenas del país
Como parte de las actividades por la conmemoración del Día Internacional de la Lengua Materna, la viceministra de Interculturalidad, Angela Acevedo, destacó hoy que el Tribunal Constitucional (TC) revalora el uso de las lenguas originarias con su noticiero en quechua.
Noticiero Constitucional
Defesa de Dissertação de Karai Tataendy
Aconteceu no dia 14 de fevereiro de 2020, no Horto Botânico do Museu Nacional-UFRJ, a defesa da dissertação de Karai Tataendy (José Benites), intitulada “Proposta para um sistema ortográfico unificado da língua Guarani
Mbya falada no Brasil”. O trabalho pretende contribuir para os estudos da língua Guarani Mbya,especificamente, para as investigações envolvendo o estabelecimento desistemas de escrita e definição de sistemas ortográficos de base fonológica para línguas de forte tradição oral, como é o caso do Mbya.
O sistema ortográfico proposto por Robert Dooley e por professores Mbya(1982/1998) é atualmente, o sistema utilizado pela maioria do povo Mbya (Sule Sudeste do Brasil). Somente poucas comunidades Mbya do Espírito Santo
optaram por um sistema ortográfico diferenciado, o que trouxe como resultado certo conflito ortográfico. O objetivo do trabalho de Karai Tataendy, portanto, é apresentar uma proposta de unificação do sistema ortográfico do Mbya falado no Brasil, a qual toma como base o sistema ortográfico de Dooley (1982/1998). Além disso, a partir da análise do sistema fonológico do Mbya, a proposta recomenda tanto a exclusão quanto a inclusão de grafemas consonantais.
De acordo com Karai Tataendy, esta proposta de unificação deve ser entendida como preliminar, já que deverá ser avaliada pelo povo Mbya, que decidirá se pode ou não ser implementada. Como um empreendimento complexo que é, caso seja aprovada, exigirá um comprometimento tanto do povo Mbya, quanto dos órgãos do Estado brasileiro responsáveis por políticas linguística e educacionais.
Vale salientar que este trabalho de pesquisa se inscreve no programa pós- graduação Mestrado Profissional em Linguística e Línguas Indígenas – PROFLLIND, que é oferecido de forma pioneira pelo Museu Nacional- UFRJ.
É um Curso de pós-graduação stricto sensu presencial e seu público-alvo é constituído por egressos de Cursos de Graduação ou de Cursos de Terceiro Grau indígena com atuação profissional marcada pelo desafio de enfrentar a
materialidade das línguas indígenas e os elos de sua inserção em contextos sociais e culturais específicos. E, ainda, por todos aqueles que necessitem dos instrumentos da Linguística para lidar com as línguas indígenas que são
parte do seu universo de trabalho. Como parte de seus resultados, está a capacitação específica ligada à pluralidade linguística e cultural existente no Brasil. A apropriação, por parte dos profissionais a serem formados, de
conhecimentos e técnicas no domínio da Linguística, deverá habilitá-los ao desenvolvimento de suas práticas e à transmissão de habilidades específicas em contextos de uso de línguas indígenas e/ou de reflexão sobre a herança
linguístico-cultural indígena, resultando daí valor pedagógico agregado em linguagem.”
Comunidade de Juína ganhará primeira biblioteca comunitária indígena de Mato Grosso
Com recursos do Edital da Rede de Pontos de Cultura de Mato Grosso, a BiblioÓca será instalada na comunidade Rikbaktsa, em Juína.
Preservar e valorizar a memória do povo indígena, fortalecer o sentimento de pertencimento e identidade cultural, perpetuar a cultura e o conhecimento tradicional das etnias. Estes são alguns dos objetivos da BiblioÓca, primeira biblioteca comunitária indígena em Mato Grosso, que será instalada na comunidade de Rikbaktsa, localizada às margens do rio Juruena, na divisa dos municípios de Brasnorte e Juína (735 quilômetros a Noroeste de Cuiabá).
Com recursos do edital da Rede de Pontos de Cultura da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel), a BiblioÓca foi lançada na quarta-feira (05.02), na comunidade Rikbaktsa, com a presença do secretário da Pasta, Allan Kardec, do adjunto de Cultura, José Paulo Traven, do prefeito Altir Peruzzo, lideranças indígenas, outras autoridades locais, servidores da Secel e da Prefeitura Municipal.
“Estamos muito felizes com esse projeto, pois será uma biblioteca pensada pelo povo indígena, com acervo sobre a cultura tradicional indígena e ribeirinha, e que terá ênfase nas histórias, na literatura e no conhecimento oral e escrito desses povos”, ressalta o secretário.
Lançamento da BiblioÓca na comunidade Rikbaktsa, em Juína.
Créditos: Jan Moura – Secel
Além disso, o espaço cultural será construído pelo povo Rikbaktsa, respeitando a arquitetura e o modo de vida local. “A comunidade está abraçando o projeto com muita alegria e é muito importante para nós poder mostrar nossa cultura e estimular os jovens a estudar a história do nosso povo”, destaca o cacique Jaime Rikbaktsa.
De outro lado, a presidente da Associação das Mulheres Indígenas, Marciane Rikbaktsa, explica como o projeto irá impactar positivamente a vida deles. “Vai melhorar nossa vida, pois, além de mostrar a nossa cultura, a divulgação e venda dos nossos artesanatos será uma fonte de ajuda para as nossas mulheres”.
De acordo com o prefeito de Juína, este é um projeto sonhado desde 2017 pelo Departamento Municipal de Cultura e o povo indígena Rikbaktsa, que foi concretizado por meio do Edital da Rede de Pontos de Cultura da Secel.
“Estamos muito felizes com essa parceria, principalmente por envolver a representação indígena através da Associação das Mulheres Indígenas da Comunidade de Rikbaktsa. A previsão é de que em 60 dias a BiblioÓca esteja pronta para ser o elo de ligação entre as culturas indígenas e não indígenas na região”.
Uma das lideranças indígenas à frente da iniciativa é Nelson Mutzie, que também comemora a implementação da BiblioÓca. “Vamos mostrar para sociedade que o povo indígena também é cultura, também é vida. Nós preservamos, cuidamos da terra, e tudo isso que fazemos com o maior cuidado e carinho é para a sociedade. Esperamos que as pessoas tenham essa compreensão ao divulgar nossa cultura e mostrar nosso espaço”.
Lançamento da BiblioÓca na comunidade Rikbaktsa, em Juína.
Créditos: Jan Moura – Secel
Primeira biblioteca comunitária indígena
A coordenadora do Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas de Mato Grosso, Waldineia Almeida, destaca que a BiblioÓca está sendo chamada de primeira biblioteca indígena comunitária do Estado porque não será um depósito de livros, como existe em outros lugares.
Diferente disso, a BiblioÓca atenderá a requisitos de classificação de bibliotecas públicas, que devem ser espaços culturais que ofereçam serviços de utilidade pública, contribuam para o fortalecimento da cultura local e, acima de tudo, sejam reconhecidos pela população como um ambiente de difusão de conhecimento e vivências culturais.
Waldineia ressalta que a BiblioÓca terá um acervo bilíngue, com obras escritas em línguas indígenas e estará integrada ao modo de vida do povo, com a comunidade produzindo informação e realizando atividades culturais no espaço. Também será um ambiente para gerar renda, onde serão comercializados artesanatos produzidos nas comunidades locais.
Vale lembrar que a construção do espaço será feita pela comunidade local, em parceria com os alunos do curso de arquitetura da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). O Departamento Municipal de Cultura de Juína auxiliará na composição de acervo e na organização do espaço.
O projeto prevê que o espaço seja um ponto de concentração de conteúdo composto por publicações, pesquisas, resultados de projetos sobre os índios Rikbaktsa que estão espalhados nos ambientes acadêmicos e institucionais. O acervo será especializado em temas dos povos indígenas do Brasil, política indigenista e questão ambiental em terras indígenas, bem como terá exemplares da literatura brasileira e mato-grossense. Contará ainda com dicionários e livros na língua Rikbaktsa.