Nunca mais um Brasil sem nós!
A campanha “Nunca mais um Brasil sem nós” é uma ação que propõe dar visibilidade a luta dos 305 povos indígenas que resistem e existem no Brasil, e que garantem a preservação de 274 línguas faladas. Os povos indígenas habitam todos os biomas brasileiros e são os protagonistas da sua preservação.
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Línguas de povos originais se tornam “segundo idioma” em cidade cheia de aldeias – CREDITO: CAMPO GRANDE NEWS
“Eu creio que é um avanço, uma conquista para nossos direitos”, comentou morador da aldeia Lagoinha
Por Geniffer Valeriano | 26/04/2023 09:21
Mais três línguas são acrescentadas como “cooficiais” no município de Miranda, cidade que fica a 201 km da Capital. São como outras formas de comunicação paralelas à língua portuguesa. Desde 2017, a língua Terena já faz parte dessa lista, mas no dia 11 de abril deste ano, a língua Kinikinau, Libras (Língua Brasileira de Sinais) e a LTS (Língua Terena de Sinais) começaram a fazer parte também.
Morador da aldeia Lagoinha, Arildo Cebalio, de 49 anos, conta que vê a nova emenda publicada como um incentivo a preservação da cultura indígena. “Alguns anos atrás, crianças quando começavam a aprender a falar, primeiro aprendiam a falar o terena e depois a falar português. Hoje está bem diferente, nós vemos as nossas crianças a falar o português e não o terena”, disse.
Cercados pela língua portuguesa, Arildo conta que atualmente tem sido um desafio passar o ensinamento da língua Terena para os mais novos. “Hoje é até difícil de passar para os filhos, mesmo que eles tenham apoio e nós como pais, os mais velhos que ensinam, mas a gente já está rodeado de tanta coisa que já vem em português pra gente, né?”.
Com o novo decreto, fica estabelecido que não pode haver descriminação de nenhuma das línguas, sendo ela oficial ou cooficial. Sendo garantido o direito à escolha da opção pedagógica que mais parecer adequada às famílias.
“No caso dos estudantes que apresentem necessidades de comunicação, o acesso aos conteúdos deve ser garantido por meio da utilização de linguagens e códigos aplicáveis, como o sistema de Braille, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) e a Língua Terena de Sinais (LTS), sem prejuízo do aprendizado”, diz trecho do parágrafo único.
CREDITO: CAMPO GRANDE NEWS
Mestre Chico, o griô que planta palavras em Quimbundo, Iorubá e Lingala
Nos dedos, uma tartaruga. No pulso, um bracelete de metal. Nos olhos, fogo. Mestre Chico é um homem de Xangô. Para conhecer o seu terreiro, o Ponto de Cultura Tambores de Angola, assentado na Zona Norte de Porto Alegre, é preciso tirar os calçados. Ao entrar pela porta, e atravessar um longo corredor, saúda-se o dono da Casa, Exu, o senhor dos caminhos, que fez este encontro acontecer. “Eu não sabia as perguntas que você iria fazer, mas ele sabia”, diz o Mestre.
Francisco Paulo Jorge Pinto, o Mestre Chico, completa 70 anos este ano, e pelo menos 60 destes foram dedicados a vivenciar profundamente as tradições africanas e afro-brasileiras. Percussionista, artistas plástico e capoeirista nascido em Pelotas, ele é uma das únicas pessoas falantes de Iorubá, Quimbundo e Lingala no Rio Grande do Sul. Ele ensina a outros mestres e crianças, e acredita que as línguas africanas são como heranças ancestrais recebidas. São como vasos, preciosos e perecíveis, que, se não são alimentados na continuidade, desaparecem.
A Casa de Mestre Chico é um lar para os tambores, instrumentos recebidos ou confeccionados ao longo de sua vida, reunidos em uma única sala, que guarda também seus livros, fotografias, e um acervo com pedaços da história dos Sopapos, do Batuque e dos mestres e mestras do sul do país. Angola, Nigéria e África do Sul são alguns dos lugares de origem dos tambores que o Mestre têm. Os Sons de África vivem ali.
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Lançamento oficial da Década Internacional das Línguas Indígenas no Brasil
Sobre a Década Internacional das Línguas Indígenas
Cerca de 97% da população mundial fala somente 4% dessas línguas, e somente 3% das pessoas do mundo falam 96% de todas as línguas existentes. A grande maioria dessas línguas, faladas sobretudo por povos indígenas, continuarão a desaparecer em um ritmo alarmante. Por isso, a Assembleia Geral das Nações Unidas (Resolução A/RES/74/135) proclamou o período entre 2022 e 2032 como a Década Internacional das Línguas Indígenas (International Decade of Indigenous Languages – IDIL 2022-2032), para chamar a atenção mundial sobre a situação crítica de muitas línguas em perigo de desaparecimento e a necessidade de usá-las e preservá-las para as gerações futuras.
Leia mais em https://pt.unesco.org/news/lancamento-oficial-da-decada-internacional-das-linguas-indigenas-no-brasil
UNESCO: “até ao fim deste século 3000 línguas podem desaparecer”
Aproximadamente 3 mil das mais de 7 mil línguas atualmente faladas no mundo estão em perigo de desaparecerem até ao final do século XXI.

O “Dia Internacional da Língua Materna” foi aprovado pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) na Conferência Geral de 1999, por iniciativa do Bangladesh, e tem sido celebrado a 21 de fevereiro de cada ano, desde o ano de 2000.
Segundo dados da UNESCO, existem atualmente mais de 7.000 línguas faladas em todo o mundo, das quais 6.700 são faladas por povos indígenas e são “as línguas mais ameaçadas do mundo”.
Segundo o projeto de resolução adotado como parte do Ano Internacional das Línguas Indígenas da ONU, que foi criado em 2019, a UNESCO apelou aos Estados para estabelecerem fundos e mecanismos para a proteção das línguas indígenas.
Segundo a UNESCO, as populações indígenas, mesmo que constituam uma pequena proporção da população de um país, constituem a maior parte da sua diversidade cultural e linguística. O desaparecimento das línguas pode significar uma perda irreversível do cosmopolitismo e do património comum da humanidade.
Segundo o Atlas Mundial das Línguas em Perigo da UNESCO, desde 1950, as línguas que não faladas por ninguém são consideradas “extintas”.
Para que uma língua seja considerada “segura”, deve ser falada por todas as gerações e não podem existir quaisquer restrições à língua. De acordo com esta classificação, 4% das línguas faladas até à data foram consideradas “extintas”.
Das línguas faladas atualmente, 10% estão classificadas como “sob nível de ameaça crítica”, 9% “sob nível de ameaça grave”, 11% “sob nível de ameaça definitivo” e 10% como “vulneráveis”.
A UNESCO teme que estas línguas possam desaparecer até ao final deste século.
Publicado em:
https://www.trt.net.tr/portuguese/cultura-e-arte/2023/02/21/unesco-ate-ao-fim-deste-seculo-3000-linguas-podem-desaparecer-1949423