Reconhecimento e cidadania: Prefeitura de Contagem entrega inventário à Comunidade Cigana ROM
A Prefeitura de Contagem entregou, no final de maio, no Ponto de Cultura Instituto Droma Romani, o inventário de proteção do Patrimônio Histórico do município ao Povo Cigano da etnia Rom de Contagem. A iniciativa, que contou com a coordenação da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania, por meio da Superintendência de Políticas Para Promoção de Igualdade Racial, e pelo Conselho Municipal do Idoso de Contagem (Comic), em parceria com a Diretoria de Memória e Patrimônio da Secretaria Municipal de Cultura, reconheceu, oficialmente, a importância cultural e histórica da comunidade cigana para a cidade, contribuindo para sua valorização e visibilidade.
O inventário é resultado de um processo de mapeamento dos povos e comunidades tradicionais de Contagem, conduzido pela Superintendência de Políticas para a Promoção da Igualdade Racial em conjunto com o Plano de Inventários do Patrimônio Cultural da Diretoria de Memória e Patrimônio. O objetivo é assegurar o reconhecimento da contribuição histórica da comunidade cigana, bem como sua salvaguarda como bem cultural de relevância pública.
A etnia ROM está presente em Contagem desde a década de 1940, quando se instalou, inicialmente de forma nômade, na região onde hoje se localiza a região Riacho, naquele momento, uma área ainda pouco habitada. Com o tempo, o grupo se fixou nas imediações da atual praça Marília de Dirceu, conhecida como “Praça do Cigano”, consolidando sua presença e legado no município.
Durante a cerimônia de entrega, o superintendente de Políticas para a Promoção da Igualdade Racial, João Pio, destacou o caráter simbólico e transformador do documento. “Estamos entregando esse inventário como uma conquista da Comunidade Cigana ROM de Contagem. Ainda enfrentamos desafios nas áreas da educação, saúde, geração de renda e trabalho. Assim como lutamos contra o racismo, é preciso combater também a ciganofobia, que ainda marginaliza essa população”, informou.
Para João Pio, o inventário é mais do que um documento técnico: é um marco de memória, pertencimento e resistência. “É a própria comunidade que preserva sua história e identidade. Esse registro é público e ficará disponível na Prefeitura. Ele abre caminhos para políticas públicas, respeito e visibilidade”, falou.
Cláudia Mayla, representante do Instituto Droma Romani, celebrou a iniciativa e agradeceu pelo reconhecimento institucional. “Esse é um momento muito simbólico para nós. Somos uma das comunidades pioneiras de Contagem e, por muito tempo, permanecemos invisíveis. Com esse gesto da Prefeitura, especialmente com o apoio da Cultura e da Igualdade Racial, temos, agora, a chance de ocupar espaços e conquistar mais oportunidades”, declarou.
A representante do povo cigano Rom e diretora étnica do instituto, Rosalva Caldeira, reforçou o impacto da medida para a autoestima e visibilidade do grupo: “Esse documento é muito importante. Nós sempre fomos os ciganos invisíveis. Agora, com o trabalho da Prefeitura de Contagem, esse reconhecimento, queremos mostrar que existimos e que nossa cultura tem valor”, afirmou.
Saiba mais sobre os povos ciganos na coletânea de artigos publicada pelo Ministério Público Federal: Povos ciganos : direitos e instrumentos para sua defesa
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