Conheça o Bibliolibras – Biblioteca Bilíngue de Literatura Infantil e Juvenil – Libras / Português
Criado há 10 anos, o Bibliolibras é um projeto que possibilita o acesso de surdos e deficientes visuais à literatura infantil e juvenil na língua portuguesa. A proposta após a escritora e professora de Línguas, Sueli Maria Regino, fundadora do projeto, identificar que os alunos com deficiência auditiva e visual não tinham a mesma experiência literária em Português que os demais alunos.
Por conta disso, Sueli começou a contar as histórias, fábulas, lendas brasileiras, contos curtos, entre outros. “Enquanto eu contava a história em Português, o surdo não usufruía da história que eu contava, mas acompanhava o intérprete de Libras muito atentamente. Por que precisava que alguém lesse esse texto? Para que o intérprete de Libras [Língua Brasileira de Sinais] pudesse fazer a interpretação para o aluno surdo”, contou Sueli.
A professora narrou ainda a vivência de um aluno que não perdia uma única apresentação de histórias. “É tão emocionante ver o resultado desse trabalho. No dia que eu contei a história de João e Maria, esse aluno disse: ‘Professora, sabe que desde pequenininho, eu sabia que existia essa história? Só não sabia como ela era’”.
Segundo Sueli, o estudante explicou que quando criança os professores davam quebra-cabeças para ele e em um dos jogos havia desenhos de João e Maria. Mas ninguém contou a ele como era realmente a história. “Nesse momento eu percebi a importância desse projeto”, declarou a escritora.
No entanto, Sueli acreditou que era preciso dar um passo a mais e, assim, adicionou uma nova fase do projeto. “Hoje, a Bibliolibras pode ser utilizada pelo aluno surdo, de qualquer idade, temos textos para crianças, adolescentes e também temos agora uma parte do acervo para os textos literários da graduação”, informou.
Além disso, a Bibliolibras também atende à demanda de alunos de baixa visão e cegas, autistas. O projeto teve início com 12 contos dos Irmãos Grimm e está em constante construção, com a edição de novos livros audiovisuais e outras coleções. “É uma biblioteca universal. Acredito que a tendência é aumentar”, reforçou a professora.
VIA Sagres
A obrigatoriedade do espanhol e a integração latino-americana

A lei de obrigatoriedade do espanhol, veio a ser pensada principalmente por dois fatores. O primeiro é possibilitar aos estudantes do nível médio e fundamental uma nova possibilidade de escolha de língua estrangeira para os estudantes. O segundo, que tem base com a ideia do fato de ser impossível dar aula de línguas sem estar vinculada a sua cultura, que é o maior conhecimento da região, o que pode resultar em uma maior integração regional.
Estes pontos são alguns dos principais, que integram outros inúmeros, que podemos pensar em se tratando desta lei de autoria do deputado federal Felipe Carreiras (PSB-PE) e o senador Humberto Costa (PT-PE), como resultado de uma luta incansável do Movimento Fica Espanhol.
Mesmo que o novo ENEM, tenha repercutido a saída do espanhol da prova mais importante do país, o que pode trazer um conflito ao ensino desta língua, por muitos estudantes acreditarem no ensino escolar apenas e unicamente para o ingresso a universidade.
O espanhol sempre foi uma língua vista em segundo plano, principalmente pela visão pejorativa de que ela é o mesmo que o português. O que vem atrelado ao fato da falta de interesse do país em se ver como parte da América Latina, por se sentir alheio ao resto da região por falar uma língua distinta da maioria dos países que a integram.
Por isso, de alguma forma, seria possível, que o ensino de espanhol, possa ser um ponto inicial, não somente para o brasileiro finalmente se perceber parte do continente, para consolidar “efetivamente a integração latino-americana”.
Vestibular dos Povos Indígenas do Paraná – número de inscritos é 40% maior que no ano passado

O Governo do Estado realizou, no último domingo (12) e na segunda-feira (13), o 21º Vestibular dos Povos Indígenas do Paraná. Os 780 inscritos concorrem a 52 vagas nas sete universidades estaduais e na Universidade Federal do Paraná (UFPR), para ingresso em 2022. Nesta edição, houve acréscimo de 40% nas inscrições, em relação ao ano passado, quando 550 indígenas participaram do vestibular.
A iniciativa tem amparo em política pública de ação afirmativa, que assegura a promoção da diversidade étnica paranaense, a garantia dos direitos culturalmente diferenciados e as conquistas das organizações indígenas na área da educação.
Esta edição do Vestibular dos Povos Indígenas do Paraná é coordenada pela Universidade Estadual do Paraná (Unespar), em parceria com a Comissão Universidade para os Povos Indígenas (Cuia) e a Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti).
A ação tem o apoio das universidades estaduais de Londrina (UEL), de Maringá (UEM), de Ponta Grossa (UEPG), do Oeste do Paraná (Unioeste), do Centro-Oeste (Unicentro), do Norte do Paraná (UENP) e a UFPR.
No Paraná, vivem mais de 25 mil pessoas indígenas pertencentes a diferentes etnias, como Kaingang e Guarani, além de familiares descendentes dos Xetás e Xoklengs. Atualmente, 265 estudantes indígenas estão matriculados em cursos de graduação, a partir dessa modalidade diferenciada de vestibular. Até 2021, 166 alunos concluíram os cursos, em diferentes áreas do conhecimento.
Por: Marechal News Fonte: Secom Paraná
Debate Público “Língua, Estado e Democracia”
O Debate Público “Língua, Estado e Democracia” promoveu discussões sobre educação, diversidade cultural e pluralidade linguística. Em sua programação, o evento contou com a presença de doutores em linguística e teve como objetivo chamar atenção dos agentes políticos e da sociedade para o tema e provocar ações do poder público. Assista!
Portal de Saberes divulga a cultura da Terra Indígena Laklãnõ
Lançado na última quarta-feira, 8 de junho, o Portal de Saberes Laklãno/Xokleng, é um site desenvolvido para compartilhar registros e materiais sobre os saberes do povo Laklãnõ/Xokleng da Terra Indígena (TI) Ibirama Laklãnõ, do Alto Vale do Itajaí, Santa Catarina. Com o objetivo de divulgar sua história, identidade e cultura para outros povos e pessoas não indígenas, a página reúne patrimônio oral, artístico-cultural e produção científica Laklãnõ/Xokleng.
O projeto foi selecionado pelo Prêmio Elisabete Anderle de Apoio à Cultura – Edição 2020 e executado com recursos do Governo do Estado de Santa Catarina, por meio da Fundação Catarinense de Cultura. O site tem curadoria do estudante de jornalismo da UFSC Jucelino de Almeida Filho e da egressa da UFSC e atual doutoranda em Arqueologia na Universidade de São Paulo (USP) Walderes Coctá Priprá, ambos do povo Laklãnõ. Também conta com a participação de todas as aldeias da terra indígena, onde vivem também os povos Guarani e Kaingang. A TI é dividida nas aldeias Takaty, Bugio, Sede, Pavão, Kóplág, Toldo, Coqueiro, Figueira, Palmeira e Plipatól.
Com ilustrações do artista João Pedro Ruiz, também indígena, e projeto gráfico e webdesign de Marcos Walickosky, o site é dividido em 11 áreas: arqueologia, arte, audiovisual, biblioteca, comida, cura, fotografias, línguas, mapa, sons e quem somos. Parte do acervo apresentado é resultado de contribuições dos moradores da TI e da pesquisa para o documentário Vãnh gõ tõ Laklãnõ, sobre a resistência do povo Laklãnõ, dirigido por Barbara Pettres, Flávia Person e Walderes Coctá Priprá. O portal é vivo, aceita contribuições de materiais e permite baixar as informações, depois de preencher um formulário indicando a finalidade de uso.
O desaparecimento de um idioma é o começo do fim de um povo

A morte dos falantes e a falta de continuidade pelos mais novos são aspectos determinantes para o fim de uma língua – Fotomontagem sobre línguas nativas com imagem de Tiago Zenero/PNUD Brasil no Flickr – Arte: Ana Júlia Maciel
O idioma é parte fundamental de um povo. A preservação histórica de determinado grupo está diretamente relacionada à língua falada por ele. Diversos idiomas estão desaparecendo ou correm risco de extinção. Esse esvaziamento cultural é um sintoma decisivo e muito perigoso para o fim da história de uma comunidade. Conforme dados veiculados pelo Atlas das línguas em perigo da Unesco, a situação brasileira é alarmante. O Brasil possui 190 línguas em risco de extinção e, com isso, inúmeros grupos ameaçados.
O professor Eduardo de Almeida Navarro, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, analisa os motivos que levam ao desaparecimento de línguas: “O que provoca o desaparecimento de línguas nacionais, por exemplo, é o enfraquecimento do Estado ou o domínio de um outro povo sobre aquele Estado, como foi o caso da língua latina. O latim desaparece quando o Império Romano é invadido por outros povos e, a partir de um certo momento, se transforma completamente nas chamadas línguas neolatinas”.