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1º filme na Amazônia estreia mais de 100 anos após sua produção

“Santo Graal do cinema mudo brasileiro” –  Documentário de 1918 sobre a Amazônia é resgatado

(Imagem: Arquivo Národní filmovì)

Publicado em OLHAR DIGITAL por Pedro Borges Spadoni
Considerado o “Santo Graal do cinema mudo brasileiro”, filme roubado de seu diretor logo após ter sido produzido foi encontrado no início deste ano, quase um século depois, em arquivo checo. (The Guardian)

 

 

O pioneiro cineasta da Amazônia, Silvino Santos. Foto : Reprodução/CineSet

O filme traz imagens deslumbrantes do rio Amazonas, das cidades de Belém e Manaus, e do povo Huitoto

 

O renomado Festival de Cinema Mudo de Pordenone, na Itália, é palco da estreia mundial do filmeAmazonas, O Maior Rio do Mundo” nesta terça-feira (10). Esta obra, considerada um tesouro perdido, foi redescoberta na Cinemateca de Praga.

Para quem tem pressa:

  • O Festival de Cinema Mudo de Pordenone, na Itália, é palco da estreia mundial do filme “Amazonas, O Maior Rio do Mundo”, redescoberto na Cinemateca de Praga;
  • O filme de 1918 é aclamado por ser o primeiro longa-metragem filmado na Amazônia, destacando sua riqueza natural e recursos;
  • Os curadores do arquivo Národní filmovì enviaram o link de um filme catalogado como “Maravilhas da Amazônia”, mas o diretor do festival suspeitou que era mais antigo;
  • A equipe concluiu que se tratava da obra de Silvino Santos, um pioneiro do cinema brasileiro;
  • O filme traz imagens deslumbrantes do rio Amazonas, das cidades de Belém e Manaus, e do povo Huitoto.

O filme, datado de 1918, é aclamado por ser o primeiro longa-metragem filmado na Amazônia. Já naquela época, destacava a exuberante riqueza natural e os recursos desta área colossal, que abrange quase sete milhões de quilômetros quadrados. As informações são do jornal The Guardian.

Além da estreia na Itália, o filme será apresentado no Ji.hlava International Documentary Film Festival, na República Checa, e posteriormente no Brasil.

Saga do 1º filme sobre a Amazônia

(Imagem: Valter Campanato/Agência Brasil)

A descoberta foi possível graças ao trabalho dos curadores do arquivo Národní filmovì. Após uma visita ao local, enviaram ao diretor do festival, Jay Weissberg, o link para o filme catalogado como “Maravilhas da Amazônia”, uma produção estadunidense de 1925.

Ao iniciar a exibição, Weissberg teve a impressão que o filme era mais antigo – e, portanto, não poderia ser a produção dos EUA mencionada. Após uma minuciosa pesquisa, a equipe suspeitou que se tratava da obra de Silvino Santos.

O negativo original tinha sido furtado pelo sócio do diretor, que o levou para a Europa. Este, sem o conhecimento de Santos, reivindicou a autoria do documentário e alterou seu título.

Em segredo, estabeleceu acordos para a comercialização do filme no continente europeu, onde foi exibido a partir de 1921. Em 1925, chegou também à Checoslováquia – mas estava desaparecido desde 1931.

Silvino Santos, um português que se estabeleceu no Brasil em sua juventude, foi um dos pioneiros do cinema brasileiro. Após contato com Weissberg, o pesquisador Sávio Stoco, de Belém, especialista no cineasta, confirmou que o filme era, de fato, a tão procurada relíquia perdida.

“Amazonas, O Maior Rio do Mundo” traz aos espectadores imagens deslumbrantes do rio, das cidades de Belém e Manaus e do povo Huitoto.

Leia diretamente na fonte: https://olhardigital.com.br/2023/10/10/cinema-e-streaming/1o-filme-na-amazonia-estreia-mais-de-100-anos-apos-sua-producao/

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Saiba mais Puxando a Rede IPOL 

. Quem foi Silvino Santos?

https://portalamazonia.com/historias-da-amazonia/silvino-santos-o-cineasta-da-selva-1

O pioneiro cineasta da Amazônia, Silvino Santos. Foto : Reprodução/CineSet.

. Leia matérias na Cineset!

https://www.cineset.com.br/silvino-santos-um-olhar-pioneiro-sobre-a-amazonia/

https://www.cineset.com.br/manuscrito-historico-de-silvino-santos-aguarda-publicacao-na-ufam/

 

. Leia a publicação premiada como melhor ensaio sobre cinema e que foi consultada para confirma a origem do filme encontrada em Praga

O CINEMA DE SILVINO SANTOS (1918-1922) E A REPRESENTAÇÃO AMAZÔNICA: HISTÓRIA, ARTE E SOCIEDADE, de Sávio Luís Stocco

Resumo

Essa tese investiga a representação da região amazônica nos filmes longas-metragens documentais do cineasta luso-brasileiro Silvino San- tos Amazonas, maior rio do mundo (1918-1920) e No paiz das Amazonas (1921/1922), considerando sua dimensão históricae estética. Busca-se discutir as particularidades apreendidas em cada um deles por meio da análise fílmica e à luz da história e das tradições discursivas sobre a região enfocada. As análises empreendidas procuraram demonstrar o multifa- cetado trânsito de referências históricas e culturais que se encontram na origem da criação cinematográficade Silvino Santos e das elites locais com os quais se relacionou. Foram utilizados elementos diversos, oriundos de relatóriosoficiais,críticasde jornais, livros,fotografias,pinturas,cartões postais que corroboram diversas estratégias de filmagens, sejam elas “do- cumentais”, ficionalizantes, encenadas etc.. Buscou-se dar a ver o trânsito complexo de raízes, procedimentos e efeitos reconhecidos nos objetos tra- tados. Bem como buscou-se atentar para a relação dos discursos fílmicos como contextocolonialistavigentenocinemaditosilencioso.Opercurso dapesquisa apresentatambémumestudopanorâmicosobreasprincipais produções discursivas, sobretudo visuais, que remontam ao final do século XIX, auge da economia da borracha e período da implementação da pro- paganda moderna financiada e demandada pelas elites governamentais e comerciais do Amazonas. Considerações da Nova História do Cinema, História Cultural e História Social da Arte foram tomadas como referen- ciais teóricos.

https://concultura.manaus.am.gov.br/wp-content/uploads/2023/03/O-Cinema-de-Silvino-Santos-1918-1922.pdf

Leia também sobre o cônsul Roger Casement na tese

. ROGER CASEMENT NA AMAZÔNIA – EXPLORAÇÃO, VIOLÊNCIA E GENOCÍDIO NO INTERFLÚVIO DA TRÍPLICE FRONTEIRA, de FREDDY ORLANDO ESPINOZA CARDENAS para a Universidade Federal do Amazonas em 2022

https://tede.ufam.edu.br/bitstream/tede/9444/8/Tese_FreddyEspinozaCardenas_PPGSCA.pdf

 

. The Guardian : Lost ‘holy grail’ film of life in Brazil’s Amazon 100 years ago resurfaces

Documentary from 1918 that has been hailed as a classic emerges from depths of Czech archive

https://www.theguardian.com/world/2023/oct/07/lost-holy-grail-film-of-life-in-brazil-amazon-100-years-ago-resurfaces

https://www.youtube.com/watch?v=UrCJJ_z51MI

 

 

Algo sobre esta etnia, Huitoto: https://www.jcam.com.br/noticias/mascaras-resgatam-cultura-witoto/

Registro Nacional de Lenguas Indígenas u Originarias – Tomo I – Lenguas Andinas (Lançamento)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

LESLIE CAROL URTEAGA PEÑA, Ministra de Cultura do Peru faz a apresentação do REGISTRO NACIONAL DE LENGUAS INDÍGENAS U ORIGINARIAS – RENALIO, publicado neste outubro de 2023.

“O Ministério da Cultura, através do Vice-Ministério da Interculturalidade, na sua qualidade de órgão dirigente em matéria de cultura, é responsável por garantir o cumprimento dos direitos linguísticos nas suas dimensões individuais e colectivas. Nesse sentido, elaborou este documento denominado Cadastro Nacional de Línguas Indígenas ou Nativas – RENALIO. Tem como objetivo fornecer e divulgar informações demográficas e sociolinguísticas sobre áreas geográficas de uso, predominância e status oficial, bem como informações bibliográficas sobre as atuais e extintas línguas indígenas ou nativas do país. Esta publicação é composta por dois volumes: o primeiro refere-se às línguas indígenas ou nativas andinas, e o segundo, às línguas indígenas ou nativas da Amazônia.

O RENALIO é um instrumento técnico que contém a lista oficial das línguas indígenas ou nativas do país incluídas no Mapa Etnolinguístico do Peru. Desta forma, é a primeira base de informação sobre as línguas indígenas ou nativas do país dirigida tanto às entidades da administração pública como aos cidadãos em geral, com o objetivo de se estabelecer como ponto de partida para conhecer mais sobre a nossa grande diversidade linguística e os contextos em que se desenvolve. Por exemplo, nos departamentos de Apurímac, Puno, Huancavelica, Ayacucho e Cusco, mais de 50% da população aprendeu o quíchua como língua materna, o que o torna a língua indígena ou nativa predominante nestas áreas. Por sua vez, Lima é atualmente um dos departamentos com maior número de falantes de línguas indígenas ou nativas, enquanto Loreto é o departamento com maior número de línguas indígenas ou nativas historicamente faladas por sua população, com mais de 30 línguas. presente em seu território.

O Volume I – Línguas andinas indígenas ou nativas inclui informações sobre as línguas indígenas andinas vitais, ameaçadas e críticas, bem como sobre aquelas que estão extintas. Desta forma, quem mergulhar no mundo andino e nas línguas faladas pelos nossos antepassados ​​encontrará informações específicas sobre os nomes das línguas, a família linguística a que pertencem, o seu estado de vitalidade, a sua presença histórica e informações demográficas, bem como aquelas áreas em que o idioma é predominante. Por fim, você também encontrará informações bibliográficas básicas que o encaminharão para trabalhos de autores e pesquisadores que, interessados ​​em cada uma dessas línguas, desenvolveram importantes estudos que nos permitem conhecer mais sobre nossas línguas indígenas ou nativas, seus falantes, e o conhecimento e a sabedoria compreendidos em cada um dos seus contextos culturais no nosso país.
Por fim, é importante destacar que esta publicação compreende um primeiro passo para a construção de um importante registro de informações sobre línguas indígenas ou nativas, para que, a partir de agora, informações valiosas sobre nossas línguas possam continuar a ser incorporadas. ​​e, portanto, sobre a nossa identidade nacional.”

Conheça mais sobre as línguas originárias do Peru visitando a página do Ministério da Cultura, CRI – Centro de Recursos Interculturales: https://centroderecursos.cultura.pe/es

 

Iepha e UFMG farão dossiê para salvaguardar língua do povo indígena Maxacali

Da Redação – portal@hojeemdia.com.br – Publicado em 02/10/2023 às 07:29.

O povo indígena se concentra em aldeias nas cidades de Santa Helena de Minas, Bertópolis, Ladainha e Teófilo Otoni. (Espaço do conhecimento/UFMG)

O povo indígena se concentra em aldeias nas cidades de Santa Helena de Minas, Bertópolis, Ladainha e Teófilo Otoni. (Espaço do conhecimento/UFMG)

Único povo indígena de Minas que mantém a língua materna, com vida dinâmica no Vale do Mucuri, os Maxacalis vão ganhar importante reconhecimento. Um dossiê para o plano de salvaguarda dos conhecimentos ancestrais será elaborado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas (Iepha), em parceria com a UFMG. O objetivo é fazer um inventário das referências culturais da etnia para que posteriormente sejam declaradas Patrimônio Cultural Imaterial do Estado.

Os trabalhos de pesquisa, sensibilização em cidades próximas das aldeias, produção de peças e um filme, devem durar três anos. Os recursos para a realização do projeto – único contemplado no Brasil e um dos cinco na América Latina – são provenientes do Fundo dos Embaixadores dos EUA para a Preservação Cultural. Uma das estruturas fundamentais no projeto, a Escola de Música da UFMG recebeu aporte de R$ 915 mil.

Além da preservação da língua nativa, o trabalho visa valorizar as músicas das cerimônias, o artesanato e as técnicas de agricultura, pescaria e caça. O primeiro passo será o desenvolvimento de estudos e ações de proteção dos costumes, por meio da identificação e documentação dos sistemas de conhecimentos ancestrais da comunidade, o que deverá ser organizado de forma colaborativa.

Onde

O povo indígena se concentra em quatro principais áreas do território mineiro: nas aldeias de Água Boa, no município de Santa Helena de Minas; em Pradinho e Cachoeira, no município de Bertópolis; em Aldeia Verde, no município de Ladainha, e no distrito de Topázio, em Teófilo Otoni.

Representantes das aldeias de Água Boa e Pradinho celebraram. Sueli Maxakali ressaltou a importância da preservação dos conhecimentos ancestrais de seu povo. “Estou muito feliz. É meu sonho preservar a ‘memória viva’ dos nossos antepassados e transmiti-la às nossas crianças”, disse.

 

Sueli e Isael são curadores indígenas, na exposição, e mostram um pouco do povo Maxakali

Coordenador geral do projeto e professor da Escola de Música, Eduardo Pires Rosse ressaltou que a iniciativa enfrentará o “processo de ‘desertificação’ do povo Maxakali, desde a colonização do nosso país”. Ele acrescentou que, apesar do contexto histórico, “os povos Maxakalis resistem com seu vasto patrimônio. Nós temos muito a aprender com eles nesse diálogo”.

Entrega
A expectativa é que, até 2026, o estudo seja apresentado ao Conselho Estadual de Patrimônio Cultural (Conep), do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha/MG), para o registro como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado.

* Com informações do Iepha, Agência Minas e UFMG

 

Leia diretamente na fonte:

https://www.hojeemdia.com.br/minas/ufmg-fara-dossie-para-salvaguarda-da-lingua-do-povo-indigena-maxacalis-1.982052

Saiba mais puxando a rede!

A tradição e cultura do povo indígena Maxakali na Rede Minas

https://www.revistamuseu.com.br/site/br/o-escriba/12807-25-11-2021-a-tradicao-e-cultura-do-povo-indigena-maxakali-na-rede-minas-nesta-sexta.html

MINAS GERAIS, Belo Horizonte – Desde o século XVI o povo indígena Maxakali tem contato com os brancos e apesar dos longos anos de convivência, a cultura e a tradição indígena da etnia foram preservadas


Faixa de cinema exibe “quando os yãmiy vêm dançar conosco” (Crédito: Isael Maxakali)

A Faixa de Cinema, da Rede Minas, exibe o documentário “Quando os Yãmiy vêm dançar conosco”, dirigido por Isael e Sueli Maxakali e Renata Otto. A obra fala sobre a importância de conhecer os povos nativos e respeitar seus rituais e antigas tradições. Desde o século XVI o povo indígena Maxakali tem contato com os brancos e apesar dos longos anos de convivência, a cultura e a tradição indígena da etnia foram preservadas. A Faixa de Cinema, da Rede Minas, exibe o documentário “Quando os Yãmiy vêm dançar conosco”, dirigido por Isael e Sueli Maxakali e Renata Otto. A obra fala sobre a importância de conhecer os povos nativos e respeitar seus rituais e antigas tradições.

O filme é registrado na língua da etnia Maxakali e as filmagens iniciam com o amanhecer e a chegada dos Yãmĩyxop na comunidade Aldeia Verde, em Ladainha (MG). Os pajés e as mulheres se mobilizam para receber os povos-espíritos. Para a recepção preparam comidas e realizam cantos e danças no pátio da aldeia, ao redor do poste dos Yãmĩyxop e à casa-de-religião. Nesses dias, vários povos-espíritos visitam o lugar, dentre eles o Tangarazinho-espírito que caça na floresta a pedido do gavião-espírito, entidade que é uma espécie de governo dos Yãmĩyxop.

O casal de diretores, Sueli e Isael Maxakali integram o povo indígena Tikmũ’ũn (Maxakali), habitantes do Vale do Mucuri, em Minas Gerais. Nos últimos anos eles têm se dedicado ao registro fílmico da história e dos rituais do seu povo. A diretora Renata Otto é graduada em Ciências Sociais pela UFMG e já trabalhou na produção e direção de outros filmes documentários

A Faixa de Cinema com o filme “Quando os Yãmiy vêm dançar conosco” vai ao ar nesta sexta (26), às 23h, pela Rede Minas. Os filmes também podem ser vistos, nesse mesmo horário, no site da emissora: redeminas.tv.

Assista o documentário “Quando os Yãmiy vem dançar conosco”O cineasta Isael Maxakali filma o amanhecer e a chegada dos Yãmĩyxop na Aldeia Verde (Ladainha/MG).

 

A chegada dos povos-espírito mobilizam os pajés e as mulheres na sua recepção com comidas, cantos e danças no pátio da aldeia junto ao poste dos Yãmĩyxop e à casa-de-religião. Por várias noites as mulheres-espírito Yãmĩyhex virão dançar, conta o pajé Mamey. Vários povos-espíritos visitam a aldeia nesses dias, dentre eles o Tangarazinho-espírito que caça na floresta a pedido do gavião-espírito – o ‘governo’ dos Yãmĩyxop, o último a partir da Aldeia Verde para as longínquas alturas da floresta. Direção: Isael Maxakali, Suely Maxakali e Renata Otto Fotografia: Isael Maxakali Montagem: Carolina Canguçu Produção: Milene Migliano Finalização de imagem: Bernard Belisário

 

 

Admitir indígena na ABL é admitir 200 línguas diferentes, diz Krenak

Ailton Krenak, pensador, ambientalista, filósofo, poeta e escritor mineiro, é o primeiro indígena eleito à Academia Brasileira de Letras. Foto: Wikimedia/Coletivo Garapa

Publicado em 07/10/2023 – 08:37 Por Bruno de Freitas Moura – Repórter da Agência Brasil* – Rio de Janeiro

O mais novo imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL), o escritor, filósofo e ativista Ailton Krenak considera surpreendente a eleição dele para uma instituição que resguarda a língua portuguesa. Krenak será o primeiro indígena a ocupar uma cadeira na ABL. Ele foi eleito na noite de quinta-feira (5), com 23 votos.  

“A academia é de língua portuguesa, então, admitir o Ailton lá é admitir mais ou menos 200 línguas diferentes”, disse à Agência Brasil e Rádio Nacional.

“Isso não é brincadeira, é como se a academia tivesse se abrindo para uma multiplicidade de diálogos que implicaria traduzir os textos para dezenas de línguas nativas”, observa o escritor que completou 70 anos no último dia 29.

Ailton Krenak se disse “muito surpreso” com a escolha de seu nome para a cadeira de número 5 da academia: “eu fiquei muito surpreso com a minha admissão neste lugar que, historicamente, nunca se abriu para a diversidade das culturas dos povos originários”.

Um fato que confirma a surpresa é que o escritor não acompanhou a votação na sede da ABL. Ele estava em um táxi, quando recebeu a ligação do presidente da academia, Merval Pereira, com a notícia de que fora eleito.

Para o mineiro de Itabirinha, na região do Vale do Rio Doce, o resultado da eleição rompe uma tradição na ABL. “A academia é uma instituição da lusofonia, da língua portuguesa, ela vigia o bom desenvolvimento da língua portuguesa. O Brasil é um país colonizado onde eu nasci, onde outros parentes nasceram de várias etnias”, diz.

Direito na Constituição

Autor das obras Ideias para adiar o fim do mundo (2019), A vida não é útil (2020), Futuro ancestral (2022) e Lugares de origem (2021), entre outras, Krenak é ativista socioambiental e pelos direitos dos povos indígenas. Um dos marcos na trajetória dele foi o discurso que fez na Assembleia Constituinte, em Brasília, em 1987.

Representando a União das Nações Indígenas, ele subiu à tribuna de terno claro e pintou o rosto de preto em uma crítica ao que classificava como postura anti-indígena nas discussões parlamentares. Foi uma voz ativa para que a carta magna brasileira garantisse os direitos indígenas à cultura e à terra.

A eleição para a ABL aconteceu justamente no dia em que a Constituição completou 35 anos. Passadas essas três décadas e meia, Krenak avalia que a Constituição Cidadã é fundamental para os povos originários. Ele ressalta o papel do Supremo Tribunal Federal (STF) para o cumprimento dos direitos garantidos pela lei. “Se não fosse assim, os povos indígenas teriam sido triturados”.

Exemplo

Preocupado com o legado para representantes de comunidades indígenas, o novo imortal diz que não deixa uma mensagem, mas sim, exemplo.

“A gente não deixa mensagem, deixa exemplo. Quem convive comigo, outros jovens indígenas, crianças, meus netos, eles têm o meu exemplo, eles que escolham o que querem fazer”.

Novas gerações

A trajetória de Krenak inspira outros artistas de origens indígenas. Um deles é a ativista e artista visual Daiara Tukano. “Ele é um pensador de Brasil e sua flecha é afiada”, disse à Agência Brasil.

Para Daiara, o acolhimento de Krenak pela ABL significa “muito mais que a chegada da primeira pessoa indígena nesse grupo historicamente fechado e dominado por homens brancos”.

“Ailton tem a rara qualidade de ser um corpo coletivo de território e pensamento. Caminha acompanhando as histórias de muitos povos e embalado nas vozes dos rios, das florestas e da própria natureza. Sua produção é mais que literária: carrega a força da oralidade que bate na alma ao declarar que o amanhã não está à venda, que a vida não é útil e o futuro é ancestral”, disse a artista plástica, inspirada em nomes de obras do novo imortal.

“Ele está espalhando sementes que conseguem segurar a terra no seu lugar, que nos permitem pensar em outros futuros”, conclui Daiara, que espera ver mais representantes de minorias eleitos para a ABL, para que a população brasileira “de fato, se reconheça”.

“Que possam vir não apenas os indígenas. Eu quero ver o mestre Antônio Bispo, com o pensamento quilombola, contracolonial, a Conceição Evaristo, uma mulher negra, uma filósofa”, conclui.

A eleição desta semana na ABL foi marcada pelo fato de ter dois candidatos representantes de minorias. O também indígena Daniel Munduruku ficou em terceiro lugar, com quatro votos. A historiadora Mary Del Priore obteve 12.

A posse de Krenak ainda não está marcada, mas deve ocorrer em 2024, segundo informações da ABL. A cadeira número cinco, era ocupada por José Murilo de Carvalho, morto em 13 de agosto de 2023.

 

*Colaborou Cristiane Ribeiro, repórter da Rádio Nacional

Leia diretamente na fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2023-10/admitir-indigena-na-abl-e-admitir-200-linguas-diferentes-diz-krenak#3b045d65-c7f5-498d-899b-f3b7acfe23be

Santa Sé: reafirmar os direitos dos povos indígenas, o desrespeito a eles é uma forma de violência

Dom Gabriele Giordano Caccia, Representante da Santa Sé na ONU em Nova York.
O arcebispo Caccia, observador permanente na ONU, discursou na Assembleia Geral em Nova York: “Os povos indígenas têm o direito de manter, controlar, proteger e desenvolver seu patrimônio cultural”.

Vatican News

“Reafirmar a dignidade e os direitos de todos os povos indígenas, juntamente com o respeito e a proteção de suas culturas, línguas, tradições e espiritualidade”. Este é o apelo da Santa Sé à Assembleia Geral da ONU em andamento em Nova York, expresso pelo seu observador permanente, o arcebispo Gabriele Caccia. Ao discursar no Terceiro Comitê sobre o Item 68 da Agenda (Direitos dos Povos Indígenas), dom Caccia disse: “A intolerância e a falta de respeito pelas culturas populares indígenas é uma forma de violência, baseada em um modo de ver frio e crítico, que não pode ser aceito.” Em seguida, pediu o reconhecimento da experiência dos povos indígenas “em vários campos, como a proteção do meio ambiente e da biodiversidade e a defesa do patrimônio cultural”; eles, de fato, “oferecem um exemplo de vida vivida em harmonia com o meio ambiente que conheceram bem e que estão empenhados em preservar”.

Povos indígenas, guardiões da biodiversidade

“Dada a sua relação privilegiada com a terra e com base em seus conhecimentos e práticas tradicionais, os povos indígenas podem contribuir para a luta contra as mudanças climáticas, aumentando a resiliência dos ecossistemas”, acrescentou o prelado. Além disso, suas terras contêm “80% da biodiversidade restante do mundo”, tornando os povos indígenas “guardiões insubstituíveis de sua conservação, restauração e uso sustentável”.

Os riscos de tráfico, trabalho forçado e abuso

Infelizmente, no entanto, Caccia enfatizou que “as áreas protegidas são frequentemente estabelecidas sem consultar ou obter o consentimento dos povos indígenas”, que, por sua vez, são “excluídos da administração e do gerenciamento de seus territórios tradicionais e deixados sem compensação adequada”. “Isso pode expô-los ao risco de mais danos”: tráfico, trabalho forçado e exploração sexual. A tudo isso se somam as “atividades extrativistas ilegais” que, destacou o observador permanente, “prejudicam ainda mais o meio ambiente, que é a expressão fundamental da identidade indígena”. “Nesse sentido, os direitos dos povos indígenas, incluindo o direito ao consentimento livre, prévio e informado, devem ser respeitados em todos os esforços”, acrescentou.

Manter, controlar e proteger o patrimônio cultural

Para dom Caccia, “o patrimônio cultural dos povos indígenas consiste em conhecimentos, experiências, práticas, objetos e lugares culturalmente significativos”. Portanto, “proteger e preservar esses componentes é essencial para atingir os objetivos da cultura, ou seja, o desenvolvimento integral da pessoa e o bem da sociedade como um todo”. Daí o apelo – de acordo com a Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas – para que esses povos “mantenham, controlem, protejam e desenvolvam seu patrimônio cultural”. Essencial, nesse sentido, é a “abertura ao diálogo” para “promover uma cultura de encontro contra um ‘indigenismo’ completamente fechado, a-histórico e estático que rejeita qualquer tipo de fusão”.

O risco do turismo insustentável

Concluindo seu discurso, o arcebispo Caccia expressou a preocupação da Santa Sé com as atividades turísticas insustentáveis: que, advertiu ele, “podem levar, entre outras coisas, à mercantilização, à perda e ao mau uso da cultura indígena, bem como à expropriação de suas terras e recursos”. A sustentabilidade do turismo, de fato, é medida pelo seu impacto nos ecossistemas naturais e sociais”, acrescentou. “O que é necessário é uma sensibilidade que amplie concretamente a proteção dos ecossistemas, de modo a garantir a passagem harmoniosa dos turistas em ambientes que não lhes pertencem. O risco é que o patrimônio extraordinário de muitos povos indígenas acabe “sendo comprometido por tentativas de impor um estilo de vida homogêneo e padronizado, inclusive pela indústria do turismo”, que “às vezes ignora as diferenças culturais e avança uma nova forma de colonização encoberta pela perspectiva de desenvolvimento”.

 

Siga o link: https://www.vaticannews.va/pt/vaticano/news/2023-10/santa-se-dom-caccia-assembleia-onu-nova-york-indigenas.html

 

LEIA TAMBÉM

Série documental trata sobre os idiomas falados no Brasil

‘Línguas da nossa língua’, de Estevão Ciavatta, que apresenta 11 línguas e sete falares, chega ao streaming no dia 14 de novembro

Correio do Povo
A série apresenta 11 línguas, como portuguesa, galega, guarani, baniwa, tukano, e sete falares, como caipira, tapuia, bahianês, carioquês, mineirês e linguagem neutra

A série apresenta 11 línguas, como portuguesa, galega, guarani, baniwa, tukano, e sete falares, como caipira, tapuia, bahianês, carioquês, mineirês e linguagem neutra

HBO e a HBO Max acabam de anunciar para 14 de novembro a estreia da nova série documental de quatro episódios, ‘Línguas da nossa língua’, na plataforma de streaming e no canal HBO, a partir das 20h, com estreias semanais em ambos. Com criação, roteiro e direção de Estevão Ciavatta, a produção da Pindorama Filmes terá pré-estreia em exibições especiais durante o Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro e na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, ambas em outubro.

‘Línguas da nossa língua’ aborda questões fundamentais sobre a construção do nosso idioma, como a variedade de 270 línguas nativas e africanas faladas no Brasil e como isso impacta a identidade cultural da nação. A série apresenta 11 línguas: portuguesa, galega, guarani, baniwa, tukano, patxohã, Iorubá, quimbundo, língua da Tabatinga, nhengatu, librase pajubá, língua de resistência das travestis, que terá sua primeira documentação e registro. Além de sete falares: português caipira, português tapuia, bahianês, carioquês, sergipanês, mineirês e linguagem neutra.

Com música de abertura original composta por Arnaldo Antunes e leitura exclusiva de autores clássicos da literatura brasileira por Maria Bethânia, a série documental traz um encontro emocionante entre Caetano Veloso e Yeda Pessoa de Castro, referência em estudos de línguas africanas no Brasil, que são parentes e não se viam há mais de 30 anos.

Além disso, tem participações de membros da Academia Brasileira de Letras, inclusive Nélida Piñon, em sua última entrevista antes de seu falecimento em dezembro passado; filmagens na Universidade do Minho, em Portugal, onde “nasceu” a língua portuguesa; registros da língua Baniwa em regiões remotas da Amazônia, e filmagem no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, com poetas surdos e ouvintes.

“É uma oportunidade para pensarmos o Brasil e nossa identidade a partir da enorme diversidade de línguas aqui faladas. Os brasileiros ainda falam português ou já temos uma língua brasileira?”, questiona Ciavatta.

‘Línguas da nossa língua’ é uma coprodução da Warner Bros. Discovery com a Pindorama Filmes. Do lado da Pindorama, a série conta com consultoria e seleção de textos de Eucanaã Ferraz e criação, produção executiva de Renata Carpenter e roteiro e direção de Estevão Ciavatta. Pela WBD supervisionam a produção Anouk Aaron, Adriana Cechetti e Marina Pedral.

Em um país tão diverso como o nosso, tem espaço pra mais de 150 idiomas! #LinguasDaNossaLingua estreia no dia 14 de novembro, com participações de Caetano Veloso, Maria Bethânia e Arnaldo Antunes.

 

 

Saiba mais lendo na fonte: https://www.correiodopovo.com.br/arteagenda/série-documental-trata-sobre-os-idiomas-falados-no-brasil-1.1399450

 

LÍNGUAS DA NOSSA LÍNGUA

Documentário/Documentary
Cor & P&B/Color & B&W 118′
Brasil – 2023

Direção/Direction:
ESTêVãO CIAVATTA
Roteiro/Screenplay:
ESTêVãO CIAVATTA
Empresa Produtora/Production Company:
PINDORAMA FILMES

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