Questões indígenas

“Não há Vale Europeu em Terra Indígena”, dizem lideranças indígenas sobre lei que dá nome de Vale Europeu para o Vale do Itajaí

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Em  por 

Lideranças Laklãnõ Xokleng da região distribuíram um manifesto contra a Lei Estadual Complementar 495, que denominou a Região Metropolitana do Vale do Itajaí como Região Metropolitana do Vale Europeu, de autoria do deputado estadual Egidio Ferrari (PL).

Segundo os autores do manifesto, a lei ignora que milhares de indígenas foram assassinados por colonizadores europeus que chegaram aqui no passado.

Confira o manifesto.

Não há Vale Europeu em Terra Indígena!

A Assembleia Legislativa de Santa Catarina – ALESC realizou uma “Sessão itinerante” na cidade de Blumenau no dia 07 de maio de 2024, onde aprovou um Projeto de Lei para alterar a Lei Complementar n.495, de 26 de janeiro de 2010, e denominar a Região Metropolitana do Vale do Itajaí como Região Metropolitana do Vale Europeu, essa lei foi feita sem que nenhum povo originário tenha sido consultado sendo que um número incalculável de nossos ancestrais foram assassinados justamente nesta região e expulsos e perseguidos até a morte, justamente pelos invasores europeus que lhes usurparam as terras, as florestas, as águas e inclusive nossas próprias vidas.

O povo Laklãnõ está profundamente ofendido com a possibilidade de o local onde estão depositados os restos mortais dos nossos ancestrais receba um nome que homenageia e enaltece os genocidas que aqui ceifaram milhares de vidas indígenas.

Independente das alegadas heranças “europeias”, “alemãs” ou “italianas” dos atuais residentes desta região, é fundamental que uma eventual mudança do nome da região seja realizada com consulta aos povos originários e que o novo nome seja respeitoso para os milhares de indígenas que foram mortos, as mulheres que foram repetidamente violentadas e as crianças que foram sequestradas. A história deste massacre é bastante documentada, e já não estamos mais no século XIX quando os jornais e os políticos locais enalteciam os genocidas como heróis da colônia que foram contratados para serviços mercenários. A situação só começou a mudar mesmo no início do século XX após a criação do SPI (que atualmente é a FUNAI), um órgão que foi criado JUSTAMENTE para tentar interromper o genocídio que era provocado ESPECIFICAMENTE contra os ancestrais do povo Laklãnõ / Xokleng.

Caso o a Funai desconheça a história deste massacre ela pode ser encontrada facilmente em alguns materiais, sendo o mais introdutório e direto o livro derivado da tese de doutoramento do professor Silvio Coelho dos Santos (“Índios e brancos no sul do Brasil”, publicado pela primeira vez em 1973) e fartamente disponível em qualquer biblioteca pública de nosso estado. Após a publicação do livro de Silvio Coelho dos Santos algumas situações se agravaram nos ataques contra o povo Laklãnõ / Xokleng, com destaque para os episódios envolvendo a Barragem Norte, e mais recentemente todo o descaso envolvendo a pandemia de COVID-19. Além disso, antigas situações foram descritas no relatório Figueiredo, que até então eram desconhecidos do grande público.

Mais recentemente tivemos, e ainda temos, toda a situação envolvendo o Marco Temporal, que vale lembrar, surge e ocorre na T. I. Laklãnõ e que há menos de 30 dias teve uma de suas lideranças locais assassinada no exato ponto do conflito que gerou toda a discussão sobre o Marco Temporal.

Sobre a Barragem Norte, é necessário lembrar o que o mesmo governador defensor do Marco Temporal, fez para garantir a execução da última oktoberfest, invadindo o Território Laklãnõ Xokleng com a Polícia Militar, descumprindo acordos e violando nossos direitos. Além de ameaçar nossas vidas, o fechamento da barragem causa o risco de um possível rompimento de uma barragem que é vinte vezes maior que Mariana e setenta vezes maior que Brumadinho. Vale lembrar que são cinco décadas de descaso e falta de manutenção na estrutura da Barragem Norte.

Para além das questões envolvendo os contextos históricos e antropológicos que atingem os Laklãnõ desde o século XVIII, há questões jurídicas bastante básicas que estão sendo ignoradas e é onde entendo que surge o papel da Funai como interventor, seja com uma recomendação direta à ALESC e/ou ao governo do estado, seja com uma ação junto à DPU.

A primeira questão é que os indígenas não foram consultados, em quatro das cidades que fazem parte da dita região que passará a se chamar “Vale Europeu” temos aldeias indígenas maioritariamente ocupadas pelo povo Laklãnõ, algumas delas com mais de cem anos de ocupação contínua APÓS o confinamento forçado que ocorreu em 1914 com a criação do SPI.

A consulta aos indígenas é obrigatória, ela nem mesmo foi considerada em qualquer momento da discussão da dita lei. A lei em questão, seus trâmites, suas votações e encaminhamentos para governador em tempo recorde, durante a dita “ALESC itinerante”, deixam explícitos quais são os interessados na questão. O turismo que se embriaga em uma suposta identidade europeia e que para manter gente bêbada por altas horas da madrugada não vê problema em colocar centenas de indígenas debaixo d´água, fazendo inclusive uso de aparato policial de choque de uma força estadual que nem mesmo possui competência para atuar naqueles moldes dentro de Terras da União.

A nossa constituição também tem alguns artigos, dentre eles vale citar o 5º, o 231 e o 232 e a OIT 169, que garantem alguns direitos aos indígenas e que colidem frontalmente com um dispositivo estadual que valoriza genocidas como engenheiros de uma nova sociedade e identidade local. Enquanto o legislativo nacional discute o impedimento de homenagens a racistas e escravocratas, o legislativo de Santa Catarina dá três passos em marcha ré para não apenas os homenagear, como o faz no território que deve ser entendido como o maior cemitério de indígenas que temos na região sul.

Vale ressaltar que se pesquisarem nas aldeias Laklãnõ Xokleng e perguntar para qualquer indígena o que eles acham da mudança de nome de Vale do Itajaí para “Vale Europeu” não fará sentido na visão do povo. Não faz muito tempo que este mesmo vale, antes de ser chamado de “do Itajaí” era chamado de “Vale dos Bugres”. Parece que estamos voltando no tempo. E legitimando novas – que são antigas – violências contra os originários destas terras. finalizando pedimos que a Funai nos fortaleça neste movimento de luta contra os usurpadores das vidas Laklãnõ Xokleng.

Assinam esse documento as Lideranças Laklãnõ Xokleng:

Samuel Priprá
Dili Gakran
Neli Indilli
Marlene Patte
Setembrino kamlem
Nandja Priprá
Nandja Patté
Luis Nambla Priprá
Djeison Nhepan Gakran

 

https://www.informeblumenau.com/nao-ha-vale-europeu-em-terra-indigena-dizem-liderancas-indigenas-sobre-lei-que-da-nome-de-vale-europeu-para-o-vale-do-itajai/

 


Saiba mais sobre o povo Xokleng puxando a rede IPOL:

. XOKLENG

Os indígenas Xokleng da TI Ibirama, em Santa Catarina, são os sobreviventes de um processo brutal de colonização do sul do Brasil iniciado em meados do século passado, que quase os exterminou em sua totalidade. Apesar do extermínio de alguns subgrupos Xokleng no Estado, e do confinamento dos sobreviventes em área determinada, em 1914, o que garantiu a “paz” para os colonos e a conseqüente expansão e progresso do vale do rio Itajaí, os Xokleng continuaram lutando para sobreviver a esta invasão, mesmo após a extinção quase total dos recursos naturais de sua terra, agravada pela construção da Barragem Norte.

https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Xokleng

. Visite o acervo do Instituto Socioambiental (ISA) https://acervo.socioambiental.org/

. visite a Biblioteca Digital Curt Nimuendajú, e siga o link para o livro de Sílvio Coelho  – Índios e brancos no sul do Brasil: http://www.etnolinguistica.org/biblio:santos-1973-indios

A Biblioteca Digital Curt Nimuendaju é um repositório de recursos sobre línguas e culturas indígenas sul-americanas, incluindo livros raros, artigos, dissertações e teses, com o objetivo de torná-los mais acessíveis a pesquisadores e outros interessados. Acesse esta obra de Sílvio Coelho e encontre outros links para mais obras sobre o o povo Xokleng.

 

. Armazém da Memória – O Centro de Referência Virtual Indígena apresenta a série especial Território e Resistência,  que retrata, em uma página especial, a história de luta dos povos indígenas em defesa das terras tradicionais em que vivem. Reúne em uma linha do tempo documentos destacados do Armazém Memória e outras fontes, abrindo uma janela para se olhar um conflito histórico e permanente entre nossa sociedade e os povos indígenas, percorrendo distintos momentos de nossa história. Nos ajuda a compreender o presente em que vivemos, entender os mecanismos seculares de opressão e desrespeito vivido pelo povo Xokleng do sul do Brasil, retratado neste especial, bem como a justeza da luta por demarcação de suas terras e respeito a seus direitos constitucionais.

Xokleng, território e resistência 

https://armazemmemoria.com.br/especial-xokleng/

 

STF apoia iniciativa de guias eleitorais em cinco línguas indígenas

Material foi lançado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Pará.

em 09/05/2024

 

Em comemoração ao “Abril Indígena”, o Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE-PA) lançou cinco guias bilíngues para algumas das populações indígenas que vivem no estado.

A iniciativa, apoiada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), apresenta de forma didática informações importantes sobre o processo eleitoral, como noções básicas sobre o voto, as campanhas eleitorais, o dia das eleições e a segurança da votação eletrônica.

Entre as 34 línguas indígenas faladas no Pará, foram escolhidas a Mebêngokrê, do tronco linguístico Jê; a Wai-Wai, do tronco linguístico Karib; e as línguas Munduruku, Nheengatu e Tenetehara, todas ligadas ao tronco linguístico Tupi.

O material faz parte do “Projeto Exercendo a Cidadania” e foi produzido em parceria com a Universidade do Estado do Pará (UEPA), a Secretaria dos Povos Indígenas e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

Constituição indígena

Em julho de 2023, em ação inédita, o STF lançou a primeira Constituição brasileira traduzida para a língua indígena Nheengatu.

A CF em Nheengatu foi feita por um grupo de 15 indígenas bilíngues da região do Alto Rio Negro e Médio Tapajós, em comemoração ao marco da Década Internacional das Línguas Indígenas (2022-2032) das Nações Unidas.

Para acessar a CF em Nheengatu, clique aqui.

Leia a matéria na fonte: https://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=536460&ori=1


 

Saiba mais puxando a rede IPOL____________________________

 

.  Programa Inclusão Sociopolítica dos Povos Indígenas

O projeto visa construir instrumentos de efetivação plena dos direitos de cidadania dos povos indígenas. A efetivação de direitos e garantias individuais e coletivas tem amparo na Constituição Federal, precisamente nos artigos 1º e 3º, quando, respectivamente, estabelece a cidadania como fundamento do Estado Democrático de Direito, e constitui objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil construir uma sociedade livre, justa e solidária. É também objetivo promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Aos povos indígenas são reconhecidas sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições (art. 231, da CF/88). Entretanto, a realidade dos povos indígenas, nomeadamente no que tange à efetivação dos direitos decorrentes da cidadania tem se mostrado cada vez mais desafiadora. A inclusão sociopolítica dos povos indígenas pressupõe dialogo e conhecimento dos obstáculos que prejudicam o exercício pleno da cidadania. Acesse o link abaixo e confira cartilhas, vídeos e relatórios do Programa.

https://www.tre-to.jus.br/institucional/escola-judiciaria-eleitoral/inclusao-sociopolitica-dos-povos-indigenas

. Em 2018 foi realizado no estado de Tocantins o Projeto Inclusão Sociopolítica dos Povos Indígenas.

TRE-TO lança cartilhas bilíngues e traduz informações eleitorais para línguas indígenas do Tocantins

3ª ediçãoSérie Abril Indígena - TRE do Tocantins - 13.04.2023

A Justiça Eleitoral do Tocantins imbuída da missão de promover o pleno exercício e aperfeiçoamento da democracia lançou na tarde desta segunda-feira (24/9), quatro cartilhas bilíngues editadas em português e nas línguas maternas dos povos Panhi, (Apinajé), Iny (Karajá – Javaé – Xambioá), Meri (Krahô), Povo Akwe (Xerente). As publicações integram o projeto de Inclusão Sociopolítica dos Povos Indígenas e, de forma bastante didática, fornecem ao eleitor indígena informações importantes para que todos possam compreender e participar de forma consciente e efetiva do processo eleitoral.

Acesse o link para saber mais:

https://www.tre-to.jus.br/comunicacao/noticias/2018/Setembro/tre-to-lanca-cartilhas-bilingues-e-traduz-informacoes-eleitorais-para-linguas-indigenas-do-tocantins

. Em 2020 Eleições 2020: Justiça Eleitoral do Tocantins lança série de vídeos voltados ao eleitor indígena

Programa Inclusão Sociopolítica dos ...

Ao todo oito vídeos voltados ao eleitor indígena foram produzidos pelo Tribunal Regional Eleitoral do Tocantins (TRE-TO) e contam com a participação de indígenas para promover a inclusão cidadã e incentivar a participação política dos povos indígenas. A iniciativa faz parte do projeto de Inclusão Sociopolítica dos Povos Indígenas do Tocantins, realizado desde 2017, e que é um programa permanente do TRE-TO.

https://www.tre-to.jus.br/comunicacao/noticias/2020/Agosto/eleicoes-2020-justica-eleitoral-do-tocantins-lanca-serie-de-videos-voltados-ao-eleitor-indigena

Acesse o canal do TRE-TO no Youtube para assistir a série de vídeos:

https://www.youtube.com/watch?v=a3qgsKuzECw&list=PLdNdie2j-5WJYwZ_qaRvVy4b7uaCzur2L&index=1

 

.  Abril Indígena: TRE do Tocantins realiza programa de inclusão sociopolítica dos povos originários

Série Abril Indígena 10.04.2023

São diversas ações, como cartilha bilíngue, vídeos, momentos de conversa, orientação e troca de experiências em comunidades de diferentes etnias. Acesse a matéria no link abaixo:

https://www.tse.jus.br/comunicacao/noticias/2023/Abril/abril-indigena-tre-do-tocantins-realiza-programa-de-inclusao-sociopolitica-dos-povos-originarios

 

Com chamamentos públicos inéditos, MPI fortalece ações diretas de valorização dos povos indígenas

A iniciativa soma R$ 7,7 milhões de apoio financeiro a projetos sob quatro temáticas; inscrições começam em 10 de maio e poderão ser feitas na língua materna dos indígenas

 

Fotografia Tharson Lopes

Ministério dos Povos Indígenas (MPI) acaba de lançar uma série de editais de chamamento público, passo essencial rumo à execução de quatro novas linhas de ação focadas nos povos originários. Por meio desse mecanismo, o MPI concederá apoio financeiro a projetos desenvolvidos sob as temáticas “Ancestralidade viva: apoio e incentivo à cultura dos povos indígenas”, “Programa Esporte nas Aldeias”, “Karoá: Fortalecimento das mulheres indígenas do bioma caatinga na gestão socioambiental de seus territórios” e “Apoio à agricultura ancestral e produção de florestas que promovam a cultura alimentar dos povos indígenas”.

Poderão participar pessoas físicas maiores de 18 anos, pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos, coletivos e comunidades indígenas. As inscrições, gratuitas, serão abertas às 9h do dia 10/05/2024 e se encerrarão às 17h59min do dia 10/06/2024. De maneira inovadora, serão admitidas propostas de coletivos indígenas (sem CNPJ), em formato escrito ou oral, admitida, inclusive, inscrição na língua materna do povo indígena. A divulgação dos projetos selecionados está programada para ocorrer até o dia 29/7/2024. Os resultados serão publicados no site do Ministério dos Povos Indígenas e no Diário Oficial da União.

A Secretaria Nacional de Articulação e Promoção aos Direitos Indígenas do MPI é a instância responsável pelo processo de seleção e aprovação das propostas. Os editais terão validade de um ano, a contar da data de homologação do resultado final. Os critérios de seleção e classificação estão especificados em cada um dos editais, com grau de pontuação e peso de cada um dos pontos exigidos.

Detalhamento

“Ancestralidade viva: apoio e incentivo à cultura dos povos indígenas” é o tema que norteia o Edital de chamamento público — Portaria GM/MPI nº 16/2024. A iniciativa fornecerá apoio financeiro a 50 propostas que visem a promoção da cultura e dos saberes indígenas, garantindo visibilidade e autonomia dos povos indígenas, com aporte global de R$ 1,3 milhão, nas modalidades “Festas Tradicionais e Festivais Indígenas”.

O edital especifica uma série de objetivos almejados. Uma das metas é a de promover e apoiar projetos culturais indígenas, com foco no fortalecimento das práticas tradicionais dos povos indígenas, visando a manutenção e a produção das atividades culturais nos territórios e possibilitando o intercâmbio e a troca de conhecimentos tradicionais entre os povos. A iniciativa está alinhada à meta de impulsionar ações voltadas à memória, cultura, línguas e saberes dos povos indígenas.

Já o Edital de chamamento público — Portaria GM/MPI nº 15/2024, focará no apoio de práticas de esportes nas aldeias, valorizando a cultura e o protagonismo esportivo indígena, no âmbito do Programa Esporte nas aldeias. Será concedido apoio financeiro a projetos que contemplem atividades esportivas das comunidades indígenas, com a seleção de quatro projetos por região (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul), ou seja, totalizando 20 projetos. O aporte global será de R$ 1 milhão nessa linha de atuação.

Entre diversos objetivos, esse edital visa promover e apoiar projetos de escolinhas de esportes indígenas e não indígenas, com foco no fortalecimento das práticas tradicionais e culturais dos povos indígenas, visando a manutenção e divulgação das atividades esportivas nas aldeias, como elemento cultural das comunidades indígenas. Também está previsto o objetivo de conceder bolsas para atletas indígenas que estão competindo em clubes esportivas nas variadas modalidades.

O tema “Apoio à agricultura ancestral e produção de florestas que promovam a cultura alimentar dos povos indígenas” é o foco do Edital de chamamento público — Portaria GM/MPI nº 17/2024. Ao lançar essa linha de atuação, o MPI está considerando a necessidade de fortalecer as iniciativas em territórios indígenas, especialmente fora do contexto amazônico. Dessa forma, serão apoiadas ações em Terras Indígenas situadas nos biomas Pantanal, Mata Atlântica, Pampa, Caatinga e Cerrado (52% do território nacional), que enfrentam ameaças de degradação ambiental e desmatamento. Essas áreas abrigam mais de 150 povos indígenas.

Serão contemplados dez projetos de até R$ 200 mil, cada. Ou seja, os recursos previstos para a esta linha de ação somam R$ 4,8 milhões. Entre os objetivos específicos desse edital estão os de restaurar áreas degradadas com espécies nativas e monitorar as mudanças nos ecossistemas nos vários biomas brasileiros; promover a transição ecológica e preservar a biodiversidade e garantir a segurança alimentar e nutricional.

Por fim, o Edital de chamamento público – Portaria GM/MPI nº 18/2024, que trata da temática “Karoá: Fortalecimento das mulheres indígenas do bioma caatinga na gestão socioambiental de seus territórios” será realizado no âmbito do Programa Mosarambihára: Semeadores do Bem Viver para Cura da Terra. Por meio dessa linha, o MPI concederá apoio financeiro a 20 propostas de até R$ 30 mil, voltadas para atividades de gestão socioambiental realizadas pelas mulheres indígenas do bioma Caatinga, com aporte total de R$ 600 mil.

Esse edital estabelece uma série de objetivos específicos a serem buscados, incluindo a recuperação e proteção de nascentes e rios do bioma; apoio à constituição de bancos de sementes tradicionais e crioulas nos territórios indígena, promovendo redes de trocas e circulação intealdeias de sementes de interesse. Todas as ações deverão contar com o protagonismo das mulheres indígenas.

 

Siga a leitura sobre editais na página:

https://www.gov.br/povosindigenas/pt-br/assuntos/editais/com-chamamentos-publicos-ineditos-mpi-fortalece-acoes-diretas-de-valorizacao-dos-povos-indigenas

Destruição da Amazônia reduz etnia Akuntsu a apenas 3 mulheres

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As três últimas sobreviventes da etnia indígena Akuntsu vivem nas matas da terra indígena Rio Omerê, no sudeste de Rondônia

Metrópoles:

 atualizado 

Foto colorida das últimas mulheres Akuntsu - Metrópoles

Fotografia: Luciana Keller

A pressão ao longo de décadas de colonizadores e desmatadores reduziu uma das pouco mais de 300 etnias indígenas do Brasil a apenas três representantes. Três mulheres que, no coração da Amazônia, guardam a cultura, a memória e história da etnia Akuntsu, que ocupa a terra indígena Rio Omerê, no sudeste de Rondônia.

Apesar das leis feitas para proteger os povos indígenas, o Estado demorou demais para os Akuntsu, que, quase extintos, não têm o que celebrar no Dia dos Povos Indígenas, que foi na sexta-feira (19/4). As sobreviventes são consideradas indígenas de recente contato, não possuem o português como língua e estão inseridas no tronco linguístico Tupi.

O território delas passou por diversas ameaças num passado recente, em especial a entrada de não indígenas que tinham interesse em ocupar o território. É o que explica Luciana Keller, doutoranda em antropologia pela Universidade de Brasília (UnB) e assessora indigenista do Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato (OPI), que realizou pesquisa sobre a etnia.

“Esse coletivo está habitando uma região no arco do desmatamento no sul de Rondônia. É uma região que sofreu muito com os com os projetos de colonização de desenvolvimento ao longo das décadas de 1970 e 1980”, explica a antropóloga.

A especialista destaca que a colonização do território ancestral foi o maior pivô para a morte do povo Akuntsu, mas conta que conflitos entre coletivos indígenas influenciaram no perecimento da população

As mulheres que sobreviveram são Pugapia, Aiga e Babawru. Não se sabe ao certo a idade delas, mas a estimativa é de que Pugapia tenha em torno de 60 anos, Aiga por volta de 50 anos e Babawru entre 35 e 39 anos.

Foto colorida das últimas mulheres Akuntsu - Metrópoles

Fotografia: Luciana Keller

Fotografia: Luciana Keller

Luciana relata que, seguindo a cultura dos Akuntsu, o nome de cada uma pode mudar em decorrência do tempo ou das experiências vividas. “Os nomes contam sobre um estado da pessoa, sobre um momento e ao longo da vida, dependendo da fase, muda o nome. Então Babawru, por exemplo, antes gostava de ser chamada de Canin, que significa criança na língua dos Kanoê”, exemplifica a antropóloga.

As mulheres Akuntsu conservam a ancestralidade por meio do contato com a fauna da Amazônia, em especial as aves. Essa relação harmoniosa com a natureza mantém vivos os conhecimentos transmitidos por gerações – até elas. “É encantador ver as atividades cotidianas girando ao redor dos cuidados com esses animais. Cada animalzinho é alimentado um por um. Elas mastigam um alimento e colocam na boquinha dele. Quando um deles fica doente assim elas ficam super triste”, relata a pesquisadora.

 Relação governamentalO Ministério da Saúde informou que acompanha com regularidade as mulheres Akuntsu, por meio da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), mas que há dificuldade de comunicação em decorrência da língua. A pasta completa que elas possuem o esquema vacinal completo e atualizado.

“Em escala de plantão permanente, um técnico de enfermagem fica à disposição durante os 30 dias do mês no posto de saúde localizado dentro da área indígena. Também é oferecido atendimento médico mensal, realizado por um clínico geral. O atendimento odontológico, psicológico e nutricional é semestral ou conforme a necessidade”, menciona o Ministério da Saúde.

Metrópoles entrou em contato com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) sobre a situação atual das mulheres Akuntsu, mas não obteve resposta. O espaço segue aberto.

Leia a matéria na fonte:

https://www.metropoles.com/brasil/destruicao-da-amazonia-reduz-etnia-akuntsu-a-apenas-3-mulheres

 


Saiba mais puxando a rede IPOL:

. A última dança dos Akuntsu

https://www.survivalbrasil.org/povos/akuntsu

. Líder e último xamã de pequena tribo amazônica morre

7 junho 2016

. Akuntsu, os últimos de uma etnia

https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Akuntsu

. Visite a página SURVIVALBRASIL.org

https://www.survivalbrasil.org/sobrenos#our-history

Turma de graduandos em Enfermagem da FCMA/UNICENTRO / Maranhão propiciam experiência em letramento na língua Tenetehar

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No ano de 2020 foi sancionada a lei de número 900 no município de Barra do Corda, estado do Maranhão, cooficializando  a língua Tenetehar-Guajajara (pertencente à família linguística tupi-guarani, tronco tupi).

“A cooficialização da língua guajajara obriga o município a:

I – criar Núcleo de Estudos multidisciplinar composto por indígenas falantes da língua Tenetehara-guajajara e especialistas na área para discutir e sistematizar o uso da língua indígena em ambientes oficiais do município;

II – manter os atendimentos ao público, nos órgãos da administração municipal, na língua oficial e na língua cooficializada;

III – produzir a documentação pública, campanhas publicitárias institucionais, avisos e comunicações de interesse público na língua oficial e na língua cooficializada;

IV– implementar placas indicativas de atrativos turísticos e topônimos locais relevantes para o povo tenetehara-guajajara na língua cooficializada.

V – incentivar o aprendizado e o uso da língua tenetehara-guajajara, nas escolas e nos meios de comunicação.

VI – ofertar vagas de intérprete em língua indígena em concursos públicos para o preenchimento de cargos direcionados ao atendimento do público indígena, exigindo para isso proficiência oral e escrita na língua Tenetehara-guajajara.”

Confira o texto da lei 900:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

O curso de Enfermagem da UNICENTROMA, Maranhão, traz entre seus conteúdos um que aborda as questões de saúde indígena e no âmbito do curso promoveram uma disciplina de extensão realizada pelos pesquisadores do curso chamada Letramento e alfabetização em lingua indígena Tenentehar. Tal formação faz parte das iniciativas de efetivar a cooficialiazação da língua do povo guajajara e promovem a entrega do texto da lei traduzida para o Tenetehar/Guajajara à Secretaria de Educação do município de Barra do Corda. Este ato visa provocar mais ações do poder municipal e discutir a sistematização do uso da língua Tenetehar/Guajajara em espaços da gestão pública, centros educacionais e comerciais e sistema de saúde no referido município.

 

 


 

. Saiba mais puxando a rede IPOL:

.Os Povos indígenas o do Brasil: https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Guajajara

Para saber mais sobre línguas cooficializadas acesse:

. Livro Leis e línguas no Brasil…  http://ipol.org.br/ipol-lanca-o-livro-leis-e-linguas-no-brasil-o-processo-de-cooficializacao-e-suas-potencialidades/

. Repositório Brasileiro de Legislações Linguísticas (RBLL)

https://direitolinguistico.com.br/repositorio/s/rbll/page/home

 

Museu da UFMT lança cartilha sobre aves em português e em xavante

 

A cartilha Aves do MuHna, do Museu de História Natural do Araguaia, retrata 10 aves de importância cultural para os xavante; lançamento foi em escola de Barra do Garças (MT)

GABRIEL TUSSINI · 19 de abril de 2024

 

    

 

O Museu de História Natural do Araguaia (MuHna) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) lançou nesta terça (16) a cartilha Aves do MuHna, com conteúdo bilíngue – em português e em a’uwe mreme, a língua xavante. A cartilha mostra informações sobre 10 aves, com explicações sobre a importância de cada uma para o povo xavante. O evento aconteceu na Escola Estadual Irmã Diva Pimentel, em Barra do Garças (MT), como parte da programação da Semana dos Povos Indígenas na escola.

A cartilha foi elaborada pelos professores Maxwell Gomes Miranda e Deyvisson Pereira da Costa, da UFMT, e traduzida para o xavante pelo professor Oscar Wa’raiwē Urebete, da Escola Estadual Indígena Dom Filippo Rinaldi. O lançamento contou com a participação e protagonismo dos estudantes indígenas, que leram a cartilha e explicaram aos colegas a pronúncia das palavras em sua língua e a importância das aves na cultura xavante.

A Escola Estadual Irmã Diva Pimentel recebeu uma doação de 100 exemplares da cartilha, e todas as escolas de Barra do Garças deverão receber exemplares até o segundo semestre. Outro evento de lançamento também será realizado em uma aldeia indígena, com data ainda a definir. No segundo semestre – quando o museu deverá ser reaberto após as reformas – será realizada uma exposição, também chamada “Aves do MuHna”, que contará com sons das aves e narração bilíngue. Uma versão digital da cartilha atualmente está em elaboração pela equipe do museu, e contará com áudios em xavante.

Segundo Márcia Pascotto, professora da UFMT e diretora do MuHna, a universidade tem uma “responsabilidade” com os xavante pelo fato do campus Araguaia, onde funciona, estar próximo ao território dos indígenas, que são “público assíduo” do museu. “É um compromisso social da Universidade e do MuHna, é um direito garantido em lei que todos os ambientes culturais devem ser acessíveis”, frisou a professora.

      

 

Ao programa MT1 Rondonópolis, da TV Centro América, o professor Deyvisson Pereira da Costa, um dos autores da cartilha, falou sobre a importância do material. “Esta é uma publicação bilíngue, ou seja, todas as informações estão em português e xavante. Acreditamos que assim, além de difundir o conhecimento, como é o propósito do museu, também valorizamos a cultura desse povo que é importantíssimo, imprescindível, para a preservação do meio ambiente, seja o Cerrado ou o Pantanal”, explicou.

No mesmo dia, os estudantes ainda puderam conferir a exposição fotográfica Modos de Ver, do fotógrafo Pio Tsimhoropupu Butsé. Nela, Butsé registrou o dia a dia e os rituais realizados nas aldeias do povo xavante. A exposição ficará disponível e aberta ao público na escola até o dia 19, data do Dia dos Povos Indígenas.

Siga o link: https://oeco.org.br/salada-verde/museu-da-ufmt-lanca-cartilha-sobre-aves-em-portugues-e-em-xavante/

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