Línguas Indígenas

Dicionários de línguas indígenas estão disponíveis para download gratuito

Segundo a USP, estima-se que, antes da vinda dos portugueses, havia entre 600 a mil línguas sendo faladas pelos nativos indígenas

Foto: Reprodução

Adna Fernandes e Malu Souza / Agência UniCEUB

Com o objetivo de sensibilizar o país para a Década Internacional das Línguas Indígenas (2020-2032), o Museu do Índio, da Funai, desenvolveu quatro aplicativos com dicionários das línguas Guató, Ye’kwana, Sanöma e Kawahiva.

Segundo um estudo realizado pela Universidade de São Paulo (USP), de 2020, estima-se que, no período que antecede a vinda dos portugueses para o Brasil, havia entre 600 a mil línguas sendo faladas pelos nativos indígenas.

Antes que esses povos fossem colonizados, eles possuíam as próprias tradições; vestimentas; comidas; músicas; rituais e, é claro, as línguas tradicionais, criadas pelos ancestrais.

Histórico de lutas

Segundo a professora de linguística Flávia de Castro, o estudo sobre essas línguas é importante, porque, isso dá a possibilidade de conhecer a diversidade cultural do Brasil. “Isso inclui também ter conhecimento histórico, de reivindicações, de lutas”, afirma.

As linguagens indígenas diferem da língua que estamos acostumados a falar e escrever e, assim como o português, os idiomas desses nativos são riquíssimos, carregados de muita identidade.

Os aplicativos

Foram implementados quatro aplicativos, cada um com uma língua indígena diferente, desenvolvidos pelo Museu do índio da Funai, com o intuito de traduzir palavras dessas línguas (Guató, Ye’kwana, Sanöma e Kawahiva), para o português.

As tecnologias se encontram disponíveis para download no Google Play, de forma gratuita. Assim, o aprendizado dessas línguas, mesmo que básico, fica mais acessível e simplificado.

A construção de cada aplicativo contou com uma equipe de pesquisadores indígenas, não indígenas e por pessoas sábias das tribos.

O desenvolvimento de cada dicionário demandou a organização de oficinas com a pretensão de reunir todo o conhecimento necessário para aplicar na descrição de cada palavra, da fonética, na contextualização e para a gravação dos áudios.

Conheça o projeto de documentação das línguas indígenas

Em entrevista para o Museu do Índio, o pesquisador Helder Perri, principal responsável pela estrutura da Plataforma Japiim, destacou a importância do trabalho como devolução aos povos indígenas do resultado das pesquisas:

“Acredito que o dicionário digital possa aumentar o acesso dos povos indígenas ao material que se pesquisa e documenta sobre sua própria língua”, contou.

A professora Flávia de Castro, que também já teve a oportunidade de pesquisar sobre línguas indígenas, explica que o respeito às tradições é forma de resistência. “É interessante saber o que os povos indígenas pensam sobre essas pessoas, que não são nativas em suas tribos, que tem acesso a esses conhecimentos tradicionais. Isso também não é uma questão simples, temos que levantar”.

A pesquisadora também lembra de outra tecnologia envolvendo as linguísticas indígenas, a opção de celulares serem configurados nesses idiomas. Hoje, empresas que fornecerem smartphones inseriram as línguas Nheengatu, ou Tupi moderno, e o Kaingang, como alternativa de uso.

Os povos indígenas no Brasil

O Instituto Socioambiental (ISA) do Brasil disponibiliza todos os dados a respeito dos povos indígenas que existem no país, como políticas, direitos, iniciativas, terras e, acessando o site, Povos Indígenas no Brasil, é possível encontrar o nome de todas as tribos existentes, divididas por estado e todas as línguas, que são faladas por eles.

 

Plan de Acción Mundial para el Decenio Internacional de las Lenguas Indígenas (IDIL 2022-2032)

 

Plan de Acción Mundial para el Decenio Internacional de las Lenguas Indígenas (IDIL 2022-2032)

La Oficina Regional de Ciencias de la UNESCO para América Latina y el Caribe  invita a todos y todas para la Consulta Regional para América Latina y el Caribe con motivo de la preparación del Plan de Acción Mundial para el Decenio Internacional de las Lenguas Indígenas (IDIL 2022-2032), a realizarse los próximos días 27 y 28 de mayo con transmisión en vivo a través de YouTube .

El objetivo principal de la consulta regional es contribuir al desarrollo del Plan de Acción Mundial para el Decenio Internacional sobre las lenguas Indígenas. Esto incluirá:

1.Reunir a una diversa gama de actores, incluyendo representantes de los gobiernos nacionales, pueblos indígenas, organizaciones indígenas, académicos y expertos en el campo de las lenguas indígenas, y otros para un diálogo constructivo sobre las lenguas indígenas y temas relacionados en los países de América Latina y el Caribe;

2.Identificar prioridades regionales, incluidos objetivos estratégicos, resultados, productos, areas de cambio (consideraciones temáticas) así como proyectos regionales emblemáticos y piloto para el Decenio Internacional en América Latina y el Caribe;

3.Sensibilizar sobre la importancia de las lenguas indígenas, la diversidad lingüística y el multilingüismo para el desarrollo sostenible;

4.Forjar asociaciones y redes entre diversas partes interesadas para el establecimiento de una red regional de colaboradores, comités nacionales y puntos de enlace para el Decenio en América Latina y el Caribe.

Se ofrecerá interpretación simultánea en inglés y portugués.

Programa

Google anuncia Woolaroo, app para preservar línguas indígenas

Imagem de: Google anuncia Woolaroo, app para preservar línguas indígenas
Imagem: Google/Reprodução

O Google anunciou, nesta quarta-feira (05), o Woolaroo, uma ferramenta de tradução e preservação de línguas indígenas. A ferramenta é gratuita e utiliza o Cloud Vision API, permitindo que as pessoas apontem a câmera para um objeto e recebam a informação de como aquilo se chama em uma língua nativa.

O yugambeh foi a primeira língua do aplicativo. Falada por um povo aborígene da Austrália, ela corre o risco de desaparecer. Além disso, a criação de novos produtos tecnológicos não foi refletida no vocabulário do yugambeh, fazendo com que termos naturais para nós não existam para eles.

A palavra “geladeira”, por exemplo, é chamada por eles por algo como “lugar gelado”. Os “telefones” são chamados de “lançadores de voz” e os sapatos são chamados de “coisas do pé”.

Google

“A tecnologia de hoje pode ajudar a fornecer uma forma educacional e interativa de promover o aprendizado e a preservação de línguas. Estou particularmente orgulhoso por yugambeh ser a primeira língua aborígine australiana a ser apresentada no Woolaroo”, disse Rory O’Connor, CEO do Museu Yugambeh.

A ferramenta

De acordo com o Google, os historiadores e pessoas que preservam as culturas indígenas ao redor do mundo podem adicionar listas de palavras e gravação de áudio (para ajudar na pronúncia) no Woolaroo.

Atualmente, a ferramenta suporta 10 idiomas globais: o crioulo da Louisiana; o grego da Calábria; o maori; o nawat (pipil); o tamazight; o siciliano; o yang zhuang; o rapa nui e o iídiche, além do yugambeh.

“Qualquer uma dessas línguas é um aspecto importante da herança cultural de uma comunidade. Crucial para as comunidades indígenas é que Woolaroo coloca o poder de adicionar, editar e deletar entradas completamente em suas mãos”, afirmou O’Connor.

Google

O aplicativo foi desenvolvido para celulares pelo Google Arts & Culture, um braço da gigante de tecnologia que cuida da divulgação e preservação de peças artísticas e culturais do mundo todo. Por enquanto, as línguas indígenas só estão disponíveis para ser traduzidas para o inglês, francês e espanhol.

 

Covid-19 em pauta: crianças indígenas e ribeirinhas ganham kit que ensina sobre a lavagem de mãos

Mais de 3 mil crianças no Amazonas e em Roraima receberam a cartilha lúdica. O material foi produzido em parceria com professores indígenas

Aprender brincando é o que promete a nova cartilha educacional desenvolvida pela Organização Internacional para as Migrações (OIM) entregue no Amazonas e em Roraima. O material intitulado ‘Cecí, Ana e Dário em: Vamos lavar as mãos e reforçar a prevenção contra à Covid-19’ traz histórias e atividades lúdicas para despertar a conscientização e cuidados preventivos sobre doenças, em especial, a COVID-19.

O kit educacional é composto por lápis grafite e de cores, folder sobre lavagem de mãos e a cartilha, que traz atividades como caça-palavras, labirinto e pintura. As brincadeiras guiam o leitor mirim a aprender como lavar as mãos, em quais momentos lavá-las, além de alertar sobre possíveis sintomas da COVID-19 e como evitar a contaminação.

Na cartilha, os personagens Cecí, Ana e Dário também apresentam às crianças palavras do vocabulário de 8 línguas indígenas: Tukano, Kokama, Tikuna, Sataré Mawé, Baniwa, Nheengatú, Macuxi e Wapichana. Dessa maneira, as crianças poderão aprender a pronúncia e escrita de vocábulos como “sabão” e “água”, que incentivam a lavagem de mãos e criam um vínculo com avós e a população que só se comunica na língua nativa. Para crianças não indígenas, é uma oportunidade de conhecer a diversidade da região. Informações sobre a Língua Brasileira de Sinais (Libras) também foram incluídas.

O conteúdo foi desenvolvido com o apoio do Instituto Insikiran, da Universidade Federal de Roraima (UFRR), Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e lideranças das comunidades indígenas para que fosse adaptado culturalmente.

“Chegamos a comunidade Parque das Tribos, região de Manaus, com uma proposta que foi sendo adaptada com o apoio dos moradores, que davam sugestões sobre todo o processo criativo da história e dos personagens, avaliando o que era mais significativo para eles”, informa a assistente de projeto da OIM responsável pelo desenvolvimento da cartilha, Mariana Camargo.

A professora indígena Claudia Baré, educadora na comunidade Parque das Tribos, que participou do processo, destaca que a inclusão da comunidade é essencial para trazer representatividade indígena. “É sempre importante quando as organizações abrem essa porta para a gente. É a nossa fala, a nossa língua, tem alguns grafismos na cartilha que são símbolos da nossa cultura”, comenta a professora.

A estratégia do material foca ainda em disseminar a informação das crianças para as suas famílias. “Crianças são mobilizadoras para a educação, então quando conseguimos levar essa informação para compreensão e prática do dia a dia delas, elas acabam incentivando suas famílias também”, informa a coordenadora de Atenção Direta da OIM, Clara Seguro.

Em Roraima, o material será entregue nos municípios de Caracaraí, Rorainópolis e comunidade indígenas de Bonfim, beneficiando mais de 1.500 crianças. No Amazonas, as cartilhas serão distribuídas em mais de 26 comunidades indígenas e não indígenas urbanas e ribeirinhas, estimando-se atender cerca de 1.600 crianças.

Essa atividade conta com o apoio financeiro da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID).

Fonte: OIM

Indígenas usam tecnologias para manter língua e cultura vivas

O isolamento devido à crise sanitária também abriu a porta para uma pequena iniciativa de difusão da língua nativa
 (crédito: Thiago Gomes/Agência Pará)

(crédito: Thiago Gomes/Agência Pará)

O xokleng é uma língua falada apenas por uma comunidade indígena no Vale do Alto Itajaí, na região central de Santa Catarina, onde vivem mais de 2 mil pessoas. Boa parte das 170 línguas indígenas existentes no Brasil corre o risco de desaparecer. Por isso, desde a década de 1990, o linguista Namblá Gakran tem trabalhado para resgatar e manter vivo o idioma nativo. “Eu não sonhei em ser linguista, mas hoje eu sou”, diz o indígena sobre como se tornou um especialista durante a luta pela preservação da cultura do seu povo.

Gakran leciona em escolas indígenas da região e já formou duas turmas de licenciatura intercultural, para que também possam dar aulas e repassar os conhecimentos. A pandemia de covid-19 impediu a continuidade do curso neste ano. No entanto, o isolamento devido à crise sanitária também abriu a porta para uma pequena iniciativa de difusão da língua nativa.

Whatsapp

Desde o ano passado, a comunidade, que vive em áreas distantes fisicamente, se aproximou por meio de um grupo de Whatsapp onde compartilha seu dia a dia. Até indígenas que estão fora das aldeias, nas cidades, usam o canal para se comunicar com os que ainda vivem no território tradicional. A única diferença dos outros grupos de família e amigos da rede de comunicação é que nesse só é permitido se comunicar em xokleng. “Não se pode falar em português”, afirma Gakran.

Assim, as pessoas com menos conhecimento têm a oportunidade de praticar o idioma, especialmente em texto, com aqueles que têm maior domínio. “As pessoas que falam mais ou menos a língua entram no grupo e ali começam a aprender” explica o professor. Além dos fatos do dia a dia, como uma pescaria ou uma boa caça, o grupo, aos poucos, vai se tornando espaço para compartilhar as histórias tradicionais. “Quando surge uma oportunidade, nós contamos uma história do passado”, diz.

Importância da escrita

Reforçar a escrita do xokleng é um dos trabalhos que Gakran desenvolve ao longo dos últimos anos e considera fundamental para evitar que o idioma se perca. “O que falta é registro dessa língua. Não adianta só falarmos verbalmente, mas é preciso que a comunidade também possa manusear esse material”, defende, ao destacar a importância de publicações no idioma.

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