Línguas africanas no ensino e seu estatuto político
Nos dias de hoje, a realidade face à utilização ou não das línguas africanas no ensino é caracterizada pelos seguintes três aspectos: monolinguismo de origem europeia; bilinguismo de origem afro-europeia; monolinguismo de origem africana. As duas primeiras representam as situações existentes nos sistemas escolares africanos, sendo o monolinguismo africano uma excepção.
Joseph Poth, especialista em didáctica de línguas junto do Instituto Nacional de Educação da República Centro Africana, informa-nos que a mera prática pedagógica, permite concluir que “as frequentes referências aos factos psicológicos próprios da criança europeia escondem e deformam a personalidade profunda da criança africana”. Justifica esta sua afirmação no facto de a “(…) criança africana ser marcada, desde o início da sua escolaridade, por uma situação de conflito grave, resultante do facto da sua língua materna, na qual até então se exprimiu e se afirmou correr o risco de ser brutalmente rejeitada.” Continue lendo
Só uma minoria da população dos PALOP e de Timor fala português
Dados que vão ser apresentados no IV Congresso de Cooperação e Educação (COOPEDU) revelam que menos de 30% da população de países como Timor-Leste, Guiné-Bissau e Moçambique fala português. “Não há 280 milhões de falantes de português no mundo”, garante uma das organizadoras.
Imagine que chegava à escola primária e as aulas eram dadas em chinês. Em casa e na rua falava português, mas os professores lecionavam em chinês. “Ia ser muito complicado. Ia demorar muito tempo até aprender alguma coisa”. Este é o cenário traçado ao DN por Clara Carvalho, investigadora do Centro de Estudos Internacionais (CEI) do ISCTE, para explicar a dificuldade que as crianças de algumas zonas dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e de Timor-Leste sentem quando chegam à escola. “Como é que se consegue ensinar crianças que chegam ao ensino não sabendo nada de português e onde o português é a língua materna?” Continue lendo
Promoção de idiomas africanos e a língua portuguesa
Pelo carácter identitário e de soberania, as questões linguísticas e culturais são vistas, em todo o mundo, como prioridades nacionais. Há decisões tomadas pelos chefes de Estado africanos e pelos seus ministros da Educação e da Cultura, direccionadas para a promoção e difusão das línguas e das culturas autóctones dos seus respectivos países. Mas a operacionalização dessas políticas têm sido pouco relevantes, sobretudo, por falta de vontade política e pelo baixo orçamento atribuído aos sectores governamentais que as têm de implementar.
Língua e cultura nunca foram uma prioridade em nenhum plano africano quinquenal e segundo Bangbose e Vic Webb “parece haver uma forte oposição de importantes agências internacionais, como o Banco Mundial, à ‘excessiva’ promoção das línguas e culturas autóctones”. Concomitantemente, numa lógica de exclusão e não de complementaridade, existem grandes forças a favor da assimilação linguística e cultural como justificação dos efeitos da urbanização, da industrialização, da comunicação internacional e do medo da etnicidade como uma eventual fonte motivadora de conflitos. Basil Davidson, em o “Fardo do Homem Negro” também se opôs a este argumento e considerou que o verdadeiro tribalismo era a corrupção e o clientelismo. Continue lendo
União de facto (ou de fato) no acordo orto … gráfico
A Academia Angolana de Letras (AAL) pediu hoje ao Governo que não ratifique o Acordo Ortográfico (AO), perante os “vários constrangimentos identificados” no documento, que necessita de uma revisão.
Adecisão foi apresentada pelo reitor da Universidade Independente de Angola e membro da AAL, Filipe Zau, numa conferência de imprensa em que, pela primeira vez, a Academia, criada oficialmente em Setembro de 2016 e que conta com 43 membros, tomou uma posição pública sobre o Acordo Ortográfico, apresentado em 1990. Continue lendo
Há 17 mil palavras portuguesas traduzidas para Changana
Um total de 17 mil palavras portuguesas estão traduzidas para a língua mais falada na capital de Moçambique, o Changana, no novo dicionário de Bento Sitoe, linguista e docente universitário.

ANTÓNIO SILVA/LUSA
Um total de 17 mil palavras portuguesas estão traduzidas para a língua mais falada na capital de Moçambique, o Changana, no novo dicionário de Bento Sitoe, linguista e docente universitário.
Além do muito recorrente “Khanimambu”, que significa “obrigado”, é possível construir inúmeras expressões, como “Ripelile va ka hina”, que quer dizer, “Boa noite compatriotas”, exemplifica o autor, em entrevista à Lusa. Continue lendo
Timor-Leste quer português como língua de trabalho da União Interparlamentar (UIP)
O presidente do Parlamento Nacional timorense apelou hoje às “nações amigas” para que o português seja aprovado como língua de trabalho da União Interparlamentar (UIP) na Assembleia Geral da instituição que decorre este mês em Genebra.
“Este é um assunto muito importante e, quando fui eleito presidente do parlamento, o primeiro assunto que tratei foi a luta para a introdução da língua portuguesa como língua de trabalho da UIP”, afirmou Arão Noé Amaral em declarações à Lusa.
“Enviei muitas cartas aos países da ASEAN e do G7+ para obter apoio nesta votação. Desejo que, com esta minha presença e intervenção na UIP, consiga que os nossos países amigos apoiem e deem um voto favorável a esta iniciativa”, acrescentou. Continue lendo