Língua Pomerana

Ações do Inventário da Língua Pomerana (ILP) repercutem no Boletim FAPERJ

VOLB-Pomer: Língua Pomerana ganha vocabulário web e interativo

Um idioma praticamente esquecido na Europa, mas que resiste no Brasil. O Pomerano, falado na região hoje compreendida pelo nordeste da Alemanha e noroeste da Polônia, é a língua mais falada na cidade de Santa Maria de Jetibá no Espírito Santo, que abriga grande número de imigrantes pomeranos no Brasil. Para discutir formas de valorizar sua tradição linguística e cultural, a Câmara Municipal dos Vereadores desse município recebeu, nos dias 12 e 13 de agosto, o Encontro de Falantes da Língua Pomerana. O evento teve como foco a apresentação dos resultados do Inventário da Língua Pomerana (ILP), coordenado pelo Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística (IPOL), sediado em Florianópolis, para possibilitar um melhor conhecimento sobre a atual situação da língua e credenciá-la para reconhecimento como Referência Cultural Brasileira, conforme previsto no Decreto Federal 7.387, de dezembro de 2010.

Durante o Encontro de Falantes, ocorreu o lançamento do Vocabulário de Línguas Brasileiras – Pomerano (VOLB-Pomer – Disponível em: https://volbp.paveisistemas.com.br/tabs/tab3), uma iniciativa inédita, concebida como um sistema web aberto e interativo, que se converteu em um instrumento de registro e promoção da língua pomerana no Brasil. “O Inventário da Língua Pomerana, se constitui enquanto ferramenta para o fortalecimento e o reconhecimento do mosaico sociocultural brasileiro, rico pela sua diversidade linguística”, disse a pesquisadora Mônica Savedra, coordenadora do Laboratório de Pesquisas em Contato Linguístico, da Universidade Federal Fluminense (Labpec/UFF). O desenvolvimento da plataforma VOLB-Pomer é um dos desdobramentos do seu projeto de pesquisa apoiado pelo programa Cientista do Nosso Estado, da FAPERJ. “Desde 2018 desenvolvemos, com a participação de alunos bolsistas de doutorado, mestrado e de Iniciação Científica, a plataforma VOLB-Pomer. É um projeto desenvolvido em uma grande parceria com o IPOL, responsável por entrevistas e registros de imagem de falantes da língua pomerana”, explicou ela, que esteve presente no evento.

A realização do Encontro de Falantes se converteu em dois dias relevantes, um marco para a história da cultura e língua pomerana do Brasil. “Foi um encontro de extrema importância para a diversidade etnolinguística cultural brasileira. O Pomerano torna-se assim um patrimônio imaterial brasileiro, uma referência cultural brasileira, cumprindo a política proposta pelo Inventário Nacional da Diversidade Linguística (INDL), sendo a quarta língua a ser inventariada ao lado da LIBRAS (Libras Brasileira de Sinais), Hunsrückisch e Guarani-Mbya”, citou Monica. “Os dois dias de debate sobre os resultados da pesquisa trouxeram à tona importantes demandas e sugestões para ampliar os espaços de usos e de valorização da língua pomerana”, completou.

A pesquisadora do Labpec/UFF Monica Savedra (ao centro, de vermelho) trabalhou em parceria com o IPOL no desenvolvimento do sistema do VOLB-Pomer, grande fonte de consulta online e interativa da língua pomerana (Foto: Divulgação/IPOL)

O trabalho contou com o apoio da FAPERJ e de outras organizações, como o Conselho Federal Gestor do Fundo de Defesa de Direitos Difusos (CFDD) e o Ministério da Justiça e Segurança Pública, e teve, como parceiros: o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a Cátedra Unesco em Políticas Linguísticas para o Multilinguismo/UFSC; a Prefeitura Municipal de Santa Maria de Jetibá, Estado do Espírito Santo; a Prefeitura Municipal de Pomerode, Estado de Santa Catarina; a Universidade Federal Fluminense (UFF); a Associação Pomerana de Pancas (APOP); o Grupo de Pesquisa (CNPq) “Culturas, Parcerias e Educação do Campo” do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Espírito Santo (PPGE/Ufes); o Núcleo de Pesquisa (CNPq) “Educamemória” do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande (PPGEDU/Furg) e o Grupo de Pesquisa (CNPq) “LABPEC – Laboratório de pesquisas em contato linguístico”, do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem (Posling/UFF).

O Pomerano é uma língua de migração, co-oficializada em oito municípios no Brasil: seis no Espírito Santo, um em Santa Catarina e um no Rio Grande do Sul. “Em alguns municípios, como por exemplo em Santa Maria de Jetibá, comunicar-se nessa língua extrapola o ambiente familiar. Pessoas de diversas faixas etárias falam pomerano no trabalho, no comércio, nos postos de saúde e em diversas outras ocasiões”, contou Monica.

O encontro reuniu falantes, pesquisadores, gestores públicos e participantes de várias regiões do Brasil, como Espigão do Oeste (Rondônia), Pomerode, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Durante a programação decorreram apresentações culturais, com a presença de alunos da Escola Municipal de Recreio, e a apresentação do Grupo de Trombonistas da localidade de Alto São Sebastião. E ainda, a exibição do documentário Língua Pomerana, Língua Brasileira: História, memória e reconhecimento, do colaborador Arno Stuhr.

FONTE: Ascom FAPERJ

O Pequeno Príncipe ganha tradução para o pomerano: Dai Klair Prins

O Pequeno Príncipe é o terceiro livro mais traduzido do mundo, totalizando um número superior a 220 idiomas, e um dos mais vendidos por todo o planeta. O clássico recebeu diversas adaptações, seja no cinema ou em espetáculos teatrais e musicais. Escrito pelo francês Saint-Exupéry (1900-1944), o título original é Le Petit Prince, e a obra foi publicada pela primeira vez em 1943, nos Estados Unidos.

Antoine de Saint-Exupéry nasceu em Lyon (França), e estudou no colégio jesuíta Notre Dame de Saint Croix e no colégio dos Marianistas, em Friburg, na Suíça. Foi escritor, ilustrador e piloto civil, e o autor de um clássico da literatura: O Pequeno Príncipe. Saint-Exupéry morreu num acidente de avião que pilotava durante uma missão de reconhecimento, no mar Mediterrâneo, abatido por um caça nazista.

Entre as diversas frases mais fascinantes do clássico, estão: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”, “Foi o tempo que dedicaste à tua rosa que a fez tão importante”, “As pessoas são solitárias porque constroem muros em vez de pontes”, “Se não puderes ser um pinheiro no topo de uma colina, seja um arbusto no vale, mas seja”, e “Todas as pessoas grandes foram um dia crianças – mas poucas se lembram disso”. E ainda, como podemos visualizar na contracapa da versão pomerana: “Adeus – disse a Raposa – Este é o meu segredo. Ele é muito fácil: Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos”. Por meio desta afirmação da Raposa, concluimos que o verdadeiro valor de algo ou de um pessoa não pode ser percebido por uma visão superficial. Para conhecer o essencial, é necessário ver com o coração, ou seja, tirar tempo para conhecer, olhar sem preconceito e discriminação.

Do ponto de vista literário, a obra pertence ao tipo textual narrativo, do gênero textual fábula, no caso, uma fábula infantil para adultos. A fábula é uma narrativa de caráter alegórico, em verso ou em prosa, destinada a ilustrar um preceito na qual os personagens são animais, plantas, coisas inanimadas. A prosopopeia ou personificação é uma figura bastante utilizada em fábulas, nas quais os animais, plantas e coisas inanimadas ganham características humanas: falam, têm sentimentos, conflitos entre si, etc. A narrativa em prosa aqui apresentada é rica em simbolismos, com personagens como a Serpente, a Rosa, o Adulto Solitário e a Raposa.

O livro O Pequeno Príncipe conta a história dum encontro, que se tornou uma amizade, entre um piloto que teve que realizar uma aterrissagem de emergência em um deserto africano com um principezinho que habita um asteroide no espaço. Desacreditado de seu talento artístico – por ninguém compreender os seus desenhos -, o menino cresce e resolve ser aviador civil. Num certo dia, sua aeronave cai no deserto do Saara e o homem conhece a figura do Pequeno Príncipe, uma criança de cabelos dourados, vinda do Asteroide B-612.

O pequeno príncipe vivia sozinho num planeta pequeno, onde existiam três vulcões, dois ativos e um já extinto. Outro personagem representativo é a Rosa, cujo orgulho, levou o pequeno príncipe a uma viagem pela Terra. Na jornada, encontrou outros personagens que o levaram ao desvendamento do sentido da vida, de modo que este livro é marcado pelo seu alto teor poético e filosófico. Ao ouvir as aventuras do pequeno príncipe, o protagonista vai percebendo como as pessoas deixam de dar valor às pequenas coisas da vida conforme vão crescendo. Neste sentido, a obra é um apelo à humanidade, à amizade e ao respeito.

No segundo semestre de 2020, O Pequeno Príncipe foi traduzido para a língua pomerana pelo P. Em. Anivaldo Kuhn e revisado pelo Prof. Dr. Ismael Tressmann, e foi publicado pela Tintenfaß, na Alemanha, e depois pela editora Oikos, de São Leopoldo (RS), Brasil, com desenhos do autor. Nas edições dessa versão pela Tintenfaß, Dai Klair Prins é a 127a tradução publicada, num total de 134 línguas somente desta editora alemã.

A publicação desta obra no Brasil foi possível graças ao patrocínio dos Consulados Gerais da Alemanha no Rio de Janeiro (RJ) e em Porto Alegre (RS) bem como da Editora Tintenfaß, que cedeu os direitos autorais à editora Oikos, a qual imprimiu 500 livros. Deste modo, estes exemplares do Dai klair Prins estão disponíveis gratuitamente para as professoras e os professores que ministram esta/nesta língua em escolas bem como para os(as) pesquisadores(as) das áreas de línguas e culturas germânicas, especialmente as baixo-saxônicas, e bibliotecas públicas nos estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Rondônia, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Tanto a produção de dicionários multilíngues e/ou bilíngues quanto a de outros materiais educativos, como livros de leitura em Pomerano para as escolas e as comunidades, contribuem muito para visibilizar a língua pomerana, e podem gerar a convicção de que esta língua tradicional não tem préstimo apenas como canal de comunicação oral entre pessoas da zona rural ou das pequenas cidades.

Neste sentido, a partir da versão da obra Le Petit Prince para a língua pomerana, este idioma alcança o rol do universo literário escrito mais abrangente. Esperamos, assim, que esta tradução, além de servir como incentivo à leitura, seja um importante instrumento de valorização desta língua, especialmente para os(as) habitantes dos munícípios em que o Pomerano é falado, e para a comunidade científica.

Por Prof. Dr. Ismael Tressmann Via Nova Notícia 

 

Rádio Pomerana recebeu os organizadores do Encontro de Falantes do  Inventário Lingua Pomerana

Inventário da Língua Pomerana realizou o seu Encontro de Falantes entre os dias 12 e 13 de agosto 2022, presencialmente na Câmara Municipal de Santa Maria de Jetibá/ES. O evento teve como foco a apresentação dos resultados, debate e encaminhamentos para fortalecimento da língua Pomerana, uma língua brasileira de imigração!

Encontro de Falantes Pomeranos discute os resultados do Inventário da Língua Pomerana

Nos dias 12 e 13 de agosto de 2022, acontecerá em Santa Maria de Jetibá, Espírito Santo, o Encontro de Falantes da Língua Pomerana. O evento tem como foco a apresentação dos resultados do  Inventário da Língua Pomerana (ILP), uma pesquisa coordenada pelo IPOL para conhecer a situação atual da língua e credenciá-la para reconhecimento como Referência Cultural Brasileira, previsto no Decreto Federal 7.387, dezembro de 2010. O trabalho contou com o apoio do Conselho Federal Gestor do Fundo de Defesa de Direitos Difusos (CFDD), Ministério da Justiça e Segurança Pública, e teve, como parceiros: o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), a Cátedra UNESCO em Políticas Linguísticas para o Multilinguismo/UFSC; a Prefeitura Municipal de Santa Maria de Jetibá, Estado do Espírito Santo; a Prefeitura Municipal de Pomerode, Estado de Santa Catarina; a FAPERJ – Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro; a UFF – Universidade Federal Fluminense; a APOP – Associação Pomerana de Pancas; o Grupo de Pesquisa (CNPq) “Culturas, Parcerias e Educação do Campo” do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Espírito Santo (PPGE/UFES); o Núcleo de Pesquisa (CNPq) “Educamemória” do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande (PPGEDU /FURG) e o Grupo de Pesquisa (CNPq) “LABPEC – Laboratório de pesquisas em contato linguístico” do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem da Universidade Federal Fluminense (Posling/UFF).

Contando com a presença de falantes, pesquisadores, gestores municipais e público interessado, o Encontro promoverá o debate sobre os resultados e acolherá encaminhamentos para ampliar os espaços de usos e de valorização da língua pomerana.  Na programação estão previstas palestras, exibição de documentário e outras atividades culturais. 

Além disso, destaca-se o lançamento do VOLB-Pomer (Vocabulário de Línguas Brasileiras- Pomerano), um iniciativa inédita, concebida como um sistema web aberto e interativo que se converteu em um instrumento de registro e promoção da língua pomerana no Brasil.

 No VOLB-Pomer, o utilizador pode ouvir palavras pomeranas, descobrir se elas mudam de uma localidade para outra e pode ainda aprender novas palavras, ampliando seu conhecimento, além disso, a interface interativa e colaborativa acolhe a participação dos falantes que podem e devem contribuir para a ampliação da  base de palavras. 

Live – Povo Tradicional Pomerano: história, cultura e resistência

Inscrições aqui

Tese de doutorado em Educação “Práxis Docente Pomerana: cultura, língua e etnicidade.”

Já está disponível para consulta a Tese de doutorado em Educação de Jandira Marquardt Dettmann, defendida em maio de 2020 na UFES, com o título “Práxis Docente Pomerana: cultura, língua e etnicidade.”

O estudo desenvolvido em Santa Maria de Jetibá/ES, analisa como a práxis de professores de Língua Pomerana contribui para promover a cultura do Povo Tradicional Pomerano em contexto bilíngue. A pesquisa aponta que é importante intensificar a prática da oralidade nas aulas de Língua Pomerana, pela já demonstrada capacidade do Povo Tradicional Pomerano de fazê-la chegar à quinta geração de falantes no Brasil, ainda que sem a organização de um sistema de escrita. Destaca que é pela oralidade que ocorre o encontro da memória e das tradições do Povo Tradicional Pomerano, que revive e reconstrói sua memória social, acessando sua cultura para transmiti-la às gerações futuras.

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